terça-feira, 7 de abril de 2015

GUINÉ-BISSAU E RESTANTES PAÍSES DA CPLP MOSTRAM QUANTO DESPREZAM CIDADÃOS




O título acima pode parecer de demasiada dureza mas não é. O que revela é o efetivo desprezo dos governos dos países da CPLP pelos seus cidadãos. Assim não fosse e os guineenses tripulantes do navio retido na Guiné Equatorial não estariam há mais de um ano à espera que uma alma caridosa os repatrie para Bissau. Eram sete homens mas atualmente são só cinco. Dois conseguiram regressar à Guiné-Bissau por seus próprios meios.

O caso tem vindo a ser referido há mais de um ano mas tem esbarrado na indiferença dos governantes e políticos da Guiné-Bissau. Independentemente das dificuldades económicas que o país está a atravessar não se compreende que por uns míseros cinco milhares de euros ou menos os cidadãos guineenses não sejam repatriados a expensas da Guiné-Bissau.

Constatado o facto também nenhum país da CPLP providenciou para repatriar os cidadãos guineenses em Malabo, vítimas de empresários criminosos. Também a Guiné Equatorial, agora membro da CPLP, não teve a hombridade de prestar o apoio necessário aos cinco homens. Obiang pode ter milhares de milhões de dólares para tudo que cimente o seu regime ditatorial mas para ações humanitárias é que não tem. Dificilmente Obiang e seu regime saberão o que é isso de humanitarismo, solidariedade, etc.

A Associação para os Direitos Humanos guineense tem abordado o tema ao longo de todo este tempo e recordado por diversas vezes a péssima situação humanitária em que os cinco homens se encontram na capital da Guiné Equatorial. Inutilmente. Todos os da CPLP têm feito ouvidos moucos. Evidente atitude de desprezo para com cidadãos da comunidade. Pode haver milhões para tudo mas três ou cinco milhares para repatriar os guineenses é que não.

Agora, a Associação para os Direitos Humanos apela a Ramos-Horta para ajudar a solucionar o problema. Podem acreditar que Ramos Horta vai resolver. Se necessário, se viável, tirará do seu próprio bolso os milhares necessários para devolver às suas famílias os cinco homens. Mas o seu empenho resolverá a triste sina dos cinco. De um modo ou de outro podemos ficar com a certeza de que em breve eles vão estar na sua Pátria, a Guiné-Bissau.

Para a Guiné-Bissau e para os restantes países da CPLP fica a vergonha que deviam ter mas que não têm - por serem desprovidos desse sentimento, que substituíram por arrogância e desprezo pelos cidadãos da comunidade de língua lusa. Afinal estão para se servir e não para servir a comunidade.

Redação PG

Associação guineense pede ajuda internacional para repatriar retidos na Guiné Equatorial

A Liga Guineense dos Direitos Humanos quer ver o antigo Presidente timorense e prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, envolvido na resolução da situação de cinco cidadãos da Guiné-Bissau alegadamente retidos na Guiné Equatorial há mais de um ano.

Em nota dirigida ao antigo representante do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, a Liga pede a Ramos-Horta que interceda, na sua qualidade de ponto focal da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a Guiné Equatorial, a favor dos cinco guineenses junto das autoridades de Malabo para que possam regressar a casa.

A Liga realçou o facto de os cinco guineenses terem sido apanhados no meio de uma disputa entre os sócios da empresa pesqueira que os contratou, mas que os abandonou à sua sorte no navio em que operavam.

No total eram sete guineenses envolvidos nesta situação, mas dois deles acabaram por regressar ao país, por meios próprios, e agora apelam às autoridades de Bissau no sentido de ajudarem os restantes a regressar a casa.

"Os referidos trabalhadores estão a enfrentar dificuldades de várias ordens, nomeadamente a fome, exploração económica, sendo certo que, nesta luta pela sobrevivência, estão expostos à mendicidade num território desconhecido", refere a nota da Liga Guineense dos Direitos Humanos a que a Lusa teve hoje acesso.

Na semana passada, fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades disse à Lusa que o assunto dos cinco guineenses retidos na Guiné Equatorial "estava a ser tratado".

MB // VM - Lusa

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