O
título acima pode parecer de demasiada dureza mas não é. O que revela é o
efetivo desprezo dos governos dos países da CPLP pelos seus cidadãos. Assim não
fosse e os guineenses tripulantes do navio retido na Guiné Equatorial não
estariam há mais de um ano à espera que uma alma caridosa os repatrie para
Bissau. Eram sete homens mas atualmente são só cinco. Dois conseguiram
regressar à Guiné-Bissau por seus próprios meios.
O
caso tem vindo a ser referido há mais de um ano mas tem esbarrado na
indiferença dos governantes e políticos da Guiné-Bissau. Independentemente das
dificuldades económicas que o país está a atravessar não se compreende que por
uns míseros cinco milhares de euros ou menos os cidadãos guineenses não sejam
repatriados a expensas da Guiné-Bissau.
Constatado
o facto também nenhum país da CPLP providenciou para repatriar os cidadãos
guineenses em Malabo, vítimas de empresários criminosos. Também a Guiné
Equatorial, agora membro da CPLP, não teve a hombridade de prestar o apoio
necessário aos cinco homens. Obiang pode ter milhares de milhões de dólares
para tudo que cimente o seu regime ditatorial mas para ações humanitárias é que não tem. Dificilmente Obiang e seu
regime saberão o que é isso de humanitarismo, solidariedade, etc.
A
Associação para os Direitos Humanos guineense tem abordado o tema ao longo de
todo este tempo e recordado por diversas vezes a péssima situação humanitária
em que os cinco homens se encontram na capital da Guiné Equatorial. Inutilmente.
Todos os da CPLP têm feito ouvidos moucos. Evidente atitude de desprezo para
com cidadãos da comunidade. Pode haver milhões para tudo mas três ou cinco
milhares para repatriar os guineenses é que não.
Agora, a Associação para os Direitos Humanos apela a Ramos-Horta para ajudar a solucionar o problema. Podem acreditar que
Ramos Horta vai resolver. Se necessário, se viável, tirará do seu próprio bolso
os milhares necessários para devolver às suas famílias os cinco homens. Mas o seu empenho resolverá a triste sina dos cinco. De um
modo ou de outro podemos ficar com a certeza de que em breve eles vão
estar na sua Pátria, a Guiné-Bissau.
Para
a Guiné-Bissau e para os restantes países da CPLP fica a vergonha que deviam
ter mas que não têm - por serem desprovidos desse sentimento, que substituíram por
arrogância e desprezo pelos cidadãos da comunidade de língua lusa. Afinal estão para se servir e não para servir a comunidade.
Redação
PG
Associação
guineense pede ajuda internacional para repatriar retidos na Guiné Equatorial
A
Liga Guineense dos Direitos Humanos quer ver o antigo Presidente timorense e
prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, envolvido na resolução da situação de
cinco cidadãos da Guiné-Bissau alegadamente retidos na Guiné Equatorial há mais
de um ano.
Em
nota dirigida ao antigo representante do secretário-geral das Nações Unidas na
Guiné-Bissau, a Liga pede a Ramos-Horta que interceda, na sua qualidade de
ponto focal da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a Guiné
Equatorial, a favor dos cinco guineenses junto das autoridades de Malabo para
que possam regressar a casa.
A
Liga realçou o facto de os cinco guineenses terem sido apanhados no meio de uma
disputa entre os sócios da empresa pesqueira que os contratou, mas que os
abandonou à sua sorte no navio em que operavam.
No
total eram sete guineenses envolvidos nesta situação, mas dois deles acabaram
por regressar ao país, por meios próprios, e agora apelam às autoridades de
Bissau no sentido de ajudarem os restantes a regressar a casa.
"Os
referidos trabalhadores estão a enfrentar dificuldades de várias ordens,
nomeadamente a fome, exploração económica, sendo certo que, nesta luta pela
sobrevivência, estão expostos à mendicidade num território desconhecido",
refere a nota da Liga Guineense dos Direitos Humanos a que a Lusa teve hoje
acesso.
Na
semana passada, fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades
disse à Lusa que o assunto dos cinco guineenses retidos na Guiné Equatorial
"estava a ser tratado".
MB
// VM - Lusa
Leia
mais em Página Global
Sem comentários:
Enviar um comentário