sexta-feira, 22 de maio de 2015

Moçambique – África do Sul. NÃO O DESCULPAMOS, PRESIDENTE ZUMA



Verdade (mz) - Editorial

Desculpas recebidas mas não o desculpamos, Senhor Presidente Jacob Zuma. Nem a si, nem ao seu Governo que parece não respeitar a dignidade dos irmãos e irmãs de Moçambique.

Não o desculpamos porque nos quer fazer crer que os ataques xenófobos contra os moçambicanos só aconteceram este ano. Mas nós não esquecemos Ernesto Nhamuave que em 2008 foi agredido e queimado vivo até morrer, tal como não esquecemos a morte de outros 23 moçambicanos cujos nomes até hoje estão envoltos num manto de silêncio.

Não nos esquecemos de que ao longo destes sete anos o Governo da África do Sul não resolveu os problemas que conduziram aos ataques xenófobos e poucos foram responsabilizados pela onda de xenofobia que entretanto fez centenas de mortos.

A Justiça sul-africana não encontrou provas nem testemunhas e, por ironia do destino, em Fevereiro arquivou o caso.

Mas nós não nos esquecemos de Ernesto que ainda exalava os últimos suspiros quando a Polícia e um grupo de jornalistas chegaram perto dele, no bairro de Ramaphosa. Ele tinha ido à “terra do rand”, como muitos compatriotas, procurar trabalho e uma vida melhor para a sua família. Está na nossa retina a foto do moçambicano apoiado nos braços e nas mãos com o corpo em chamas dos pés à cabeça.

Hoje o Senhor Presidente quer fazer-nos crer que os responsáveis pela violência xenófoba recente são uma “minoria que se comportou mal"?

Foi o rei zulu, Goodwill Zwelithini, por sinal seu monarca, que inflamou os ânimos contra os moçambicanos e outros estrangeiros. Até um dos seus filhos, Senhor Presidente, defendeu a deportação dos cidadãos estrangeiros mais pobres, como é a maioria das centenas de milhares de moçambicanos que, procurando melhorar a sua vida, contribuem significativamente para a economia da África do Sul todos os dias.

Se é verdade que os agressores de Emanuel Sithole, um dos três moçambicanos vítimas da recente onda xenófoba, parecem ter sido encontrados, e temos que aguardar que a Justiça faça o seu trabalho, não nos podemos esquecer de que o senhor Presidente preferia que ninguém tivesse conhecimento da agressão violenta que resultou na morte do moçambicano.

Nem podemos ignorar que moçambicanos, e outros estrangeiros, é certo ilegais, continuam a ser “caçados” só que, agora, em vez da “minoria que se portou mal”, são detidos pelas as suas autoridades policiais e pelo seu Exército!

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