Verdade
(mz) - Editorial
Desculpas
recebidas mas não o desculpamos, Senhor Presidente Jacob Zuma. Nem a si, nem ao
seu Governo que parece não respeitar a dignidade dos irmãos e irmãs de
Moçambique.
Não
o desculpamos porque nos quer fazer crer que os ataques xenófobos contra os moçambicanos
só aconteceram este ano. Mas nós não esquecemos Ernesto Nhamuave que em 2008
foi agredido e queimado vivo até morrer, tal como não esquecemos a morte de
outros 23 moçambicanos cujos nomes até hoje estão envoltos num manto de
silêncio.
Não
nos esquecemos de que ao longo destes sete anos o Governo da África do Sul não
resolveu os problemas que conduziram aos ataques xenófobos e poucos foram
responsabilizados pela onda de xenofobia que entretanto fez centenas de mortos.
A
Justiça sul-africana não encontrou provas nem testemunhas e, por ironia do
destino, em Fevereiro arquivou o caso.
Mas
nós não nos esquecemos de Ernesto que ainda exalava os últimos suspiros quando
a Polícia e um grupo de jornalistas chegaram perto dele, no bairro de
Ramaphosa. Ele tinha ido à “terra do rand”, como muitos compatriotas, procurar
trabalho e uma vida melhor para a sua família. Está na nossa retina a foto do
moçambicano apoiado nos braços e nas mãos com o corpo em chamas dos pés à
cabeça.
Hoje
o Senhor Presidente quer fazer-nos crer que os responsáveis pela violência
xenófoba recente são uma “minoria que se comportou mal"?
Foi
o rei zulu, Goodwill Zwelithini, por sinal seu monarca, que inflamou os ânimos
contra os moçambicanos e outros estrangeiros. Até um dos seus filhos, Senhor
Presidente, defendeu a deportação dos cidadãos estrangeiros mais pobres, como é
a maioria das centenas de milhares de moçambicanos que, procurando melhorar a
sua vida, contribuem significativamente para a economia da África do Sul todos
os dias.
Se
é verdade que os agressores de Emanuel Sithole, um dos três moçambicanos
vítimas da recente onda xenófoba, parecem ter sido encontrados, e temos que
aguardar que a Justiça faça o seu trabalho, não nos podemos esquecer de que o
senhor Presidente preferia que ninguém tivesse conhecimento da agressão
violenta que resultou na morte do moçambicano.
Nem
podemos ignorar que moçambicanos, e outros estrangeiros, é certo ilegais,
continuam a ser “caçados” só que, agora, em vez da “minoria que se portou mal”,
são detidos pelas as suas autoridades policiais e pelo seu Exército!
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