Um
membro do Movimento Protetorado Lunda Tchokwe, detido há cerca de um mês em
Angola, foi libertado. Rafael Muambumba está hospitalizado devido às agressões
que sofreu e diz ter sido torturado na prisão.
As
autoridades angolanas puseram em liberdade um membro do Movimento Protetorado
Lunda Tchokwe, detido há cerca de um mês.
Rafael
Muambumba, de 28 anos, foi detido no dia 26 de junho por, alegadamente, ter em
sua posse material de propaganda de teor independentista a favor da região das
Lundas, e por apelar à população para que exija melhores condições de vida
junto das autoridades.
O
ativista faz parte do Movimento Protetorado Lunda Tchokwe, uma organização que
reivindica a autonomia da região designada Reino Lunda, que abrange as
províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico e Kuando Kubango.
Muambumba
foi posto em liberdade na semana passada e conta que durante o tempo em que
esteve detido foi várias vezes torturado por militares e agentes da polícia.
Está neste momento hospitalizado em consequência das agressões que sofreu.
"Eles
batiam-me. Batiam-me muito. Não me davam comida, nem sequer água. Agora estou
com tosse, não consigo falar, o peito e a coluna doem-me", disse o
ativista à DW África.
Afirmou
ainda que esteve encarcerado numa cela solitária e sem luz, e que antes de ser
posto em liberdade os investigadores da direção provincial dos Serviços de
Investigação Criminal lhe disseram que da próxima vez que for detido será
fuzilado.
"Ligavam
às vezes uma lâmpada bem forte de noite, e de manhã desligavam-na. Ouvia-os a
falar ao meu redor, a dizerem ‘vai morrer’", conta Rafael Muambumba.
"Crimes
contra a humanidade nas Lundas"
Entretanto,
José Mateus Zecamutchima, presidente do Movimento Protetorado Lunda Tchokwe,
voltou acusar o Governo do Presidente José Eduardo dos Santos de crimes contra
a humanidade na região das Lundas. Disse ainda que matar, perseguir e prender
todos aqueles que lutam pela autonomia da região não irá resolver os problemas
do povo.
"Lutarem
contra nós, colocarem pessoas na prisão e maltratarem-nas não resolve
absolutamente nada. O nosso desafio é que o governo apareça na mesa de diálogo
e discuta abertamente e com transparência com o povo Lunda Tchokwe. Vai
maltratando e vai tentando impedir os contestatários, mas não é com violência
que isso se resolve, porque a violência pode gerar mais violência",
declara Zecamutchima.
Apesar
de não acreditar no sistema judiciário angolano, o presidente do Movimento
Protetorado Lunda Tchokwe adiantou que a sua organização, através dos seus
advogados, pondera processar o Estado angolano.
"Já
temos esse processo encaminhado através da Associação Mãos Livres e do Dr.
Marcolino Moco, embora este não se encontre no país, para que a reação seja
feita de fora jurídica. Este governo, apesar de tudo o que faz ao povo, nunca
escuta ninguém. A justiça angolana está manietada pelo poder. A justiça demora,
mas um dia vai ter de falar."
A
DW África tentou contactar por diversas vezes a Polícia Nacional Angolana, mas
não obteve respostas até ao momento.
Nelson
Sul D'Angola (Luanda) – Deutsche Welle
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