Ferreira
Fernandes – Diário de Notícias, opinião
Era
inevitável, a reação não ia aceitar o que o grego simbolizava. Não suportavam
ele anunciar o futuro. No domingo, alguém disse: "Ele vai ganhar", e
ele ganhar significaria derrubar décadas de supremacia alemã. Os conservadores
atemorizavam-se com o diálogo dele e as multidões. A simbiose entre o grego e o
povo - e era isso que mais fazia tremer o velho mundo - ganhava já adeptos
entre os moderados... Os possidentes reagiram: ontem, o grego perdeu. Eis a
saga de Nick Kyrgios, o tenista de origem grega. Tinha 19 anos quando, no ano
passado, venceu o então número 1, Rafael Nadal, em Wimbledon. Já este
ano, no Open da Austrália, a sua terra, para onde o pai grego emigrara, Kyrgios
derrotou o italiano Andreas Seppi, que acabara de vencer Roger Federer. Agora,
voltava a Inglaterra, já uma lenda: "Ele pode vencer Wimbledon!",
disse, no domingo, a lenda americana John McEnroe. A acontecer, com 20 anos,
seria o mais novo desde o alemão Boris Becker. Entretanto, Nick Kyrgios era o
menino bonito do grupo The Fanatics, fãs australianos que vão para as tribunas
de Wimbledon gritar como numa manifestação na Praça Syntagma. Kyrgios entre
duas boladas conduzia os cânticos dos Fanatics. Os cartolas ensaiavam vaias,
mas jovens londrinos e até tenistas (Djokovic) gostavam deste ténis inovador.
Ontem, tanta pressão, e um qualquer venceu Nick Kyrgios. Ele praguejou
bullshit!, vai levar pesada multa. Não foi desta, ainda, o novo mundo.
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