O
último ano, 2014, teve um novo mínimo: 82.367 bebés. Até agora, 2015 teve uma
ligeira recuperação, mas os especialistas garantem que está (e vai continuar a
estar) muito longe de ser suficiente.
Portugal
é um dos países do Mundo onde nascem menos crianças. O último ano, 2014, teve
um novo mínimo: 82.367 bebés. Até agora, 2015 teve uma ligeira recuperação, mas
os especialistas garantem que está (e vai continuar a estar) muito longe de ser
suficiente.
Durante
a campanha eleitoral, a TSF selecionou 10 perguntas para a futura legislatura. Hoje queremos conhecer a medida prioritária dos partidos para aumentar a
natalidade.
Entre
2012 e 2013, últimos anos com dados comparáveis na OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico), Portugal partilhou com a Coreia do Sul
o pouco desejado título de país desenvolvimento com a taxa de fecundidade mais
baixa.
Para
garantir a substituição das gerações, as mulheres deviam ter, em média, 2,1
filhos. Em Portugal isso não acontece desde 1982 e atingiu mesmo recordes
mínimos nos últimos três anos: 1,28 em 2012; 1,21 em 2013; e 1,23 em 2014. Há 6
anos que as mortes superam os nascimentos.
A
presidente da Associação Portuguesa de Demografia, Maria Filomena Mendes,
sublinha que os nascimentos podem recuperar um pouco nos próximos tempos, mas
será quase impossível inverter a tendência de forma significativa.
Também
o presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal
acrescenta que o aumento de nascimentos de 2015 é uma 'gota-de-água' nas quedas
dos últimos anos. Pedro Graça recorda que entre 2011 e 2013 o país perdeu 18
mil partos, por ano, pelo que os 3 mil que se espera recuperar em 2015 serão
bom mas "muito pouco".
O
especialista que recebe diariamente grávidas no consultório admite que a
ligeira recuperação dos nascimentos em 2015 deve-se, em parte, porque muitas
mulheres perceberam que não podiam adiar mais a maternidade.
Um
casal que já desistiu
Paula
e José são um casal junto há 15 anos. Ele é professor de música e tem sido
sempre colocado muito longe da mulher, razão que levou a adiarem,
consecutivamente, o nascimento de uma criança.
José
Barros conta que tinha esperança de se ir aproximando, mas aconteceu o
contrário. Ultimamente foi colocado no Baixo Alentejo, muito longe da mulher
empregada na Segurança Social de Bragança. Aos 44 anos, Paula admite que sempre
pensaram ter filhos, mas agora já sabem que não será possível. José conta que
não queria ter uma criança e vê-la de 15 em 15 dias.
Cláudia
Rodrigues é um caso diferente de Paula e José. Vive em Coimbra e está quase a
dar à luz, pela primeira vez, perto de fazer 35 anos. A nova mãe explica que
antes deste passo pensou, acima de tudo, na carreira.
Sem
dramatizar e constatando acima de tudo um facto, Cláudia recorda que a sua
geração tem um dia-a-dia muito diferente dos pais: "entramos mais tarde no
mercado de trabalho e dificilmente conseguimos estabilizar".
A
mãe da pequena Leonor tem várias colegas, da mesma faixa etária, a ficarem
grávidas por esta altura e acredita que, "a não ser que emigremos todos, a
nossa geração acaba se estivermos à espera de salários altos e estabilidade
profissional.".
Nuno
Guedes com Afonso de Sousa e Miguel Midões – TSF – Foto Fernando Fontes/ Global
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