domingo, 6 de dezembro de 2015

DIREITA RADICAL AVANÇA EM FRANÇA E POR TODA A EUROPA. E EM PORTUGAL?



Mário Motta, Lisboa

A direita radical avança. O mesmo é dizer que a Europa e uma significativa parte do mundo ruma ao fascismo. A responsabilidade de os eleitores optarem por votar à direita é da esquerda. Tem sido a dita esquerda que sem imaginação e sem ideologia adequada, sem prática que se diferencie grandemente da direita radical em imensos aspetos, conduziu os eleitores à desilusão e a presenciar o espetáculo de corrupio no passeio da corrupção, dos tachos e ordenados milionários para correlegionários, familiares e amigos. Os valores dos políticos de governos alegadamente de esquerda são praticamente siameses dos de políticos da direita radical. Ou só direita, ou extrema-direita, ou fascistas. O descrédito sobre os políticos destas duas últimas décadas é enorme. Na Europa assim acontece. Os eleitores, sem alternativas à esquerda voltam-se para o populismo. Populismo esse que em muitos aspetos está à direita, principalmente nos partidos da direita europeia. O que está a acontecer em França é disso exemplo.

Le Pen quase venceu as eleições regionais com maioria. O dia de hoje termina assim, com o sucesso da direita radical em França. Le Pen exulta. Nem ela estava à espera de tamanho sucesso para a Frente Nacional. Entre outros encontramos um partido socialista francês responsável. Francois Hollande é um péssimo presidente, o seu governo é um péssimo governo. Muito mais péssimo ainda por ser descaracterizado, sem ideologia que se adapte à realidade dos tempos modernos. Dizem-se socialistas mas não o são. O PS francês é produto dos mercados. É um acena cabeça com milhares de cabelos de concordância com os mais à direita na Europa se esse for os vetores dos interesses dos mercados, e são. Hollande é uma amálgama de gelatina com pudim flan, abana por todo o lado. Quem pode afirmar com verdade que aquele dirigente é socialista? Ninguém. Porque não o é. E se ele não é socialista torna-se evidente que o partido está refém de não socialistas. Está refém de súcias de mandaretes dos mercados e das políticas de direita que alastram por todo o mundo. E também na Europa, bastante.

Desta “lição” que vem de França, assim como de uma grande parte dos países da União Europeia, deveriam tocar as campainhas aos dirigentes dos partidos da suposta esquerda europeia. Muitos deles estão a mais e filiados nos partidos errados, se atentarmos nas declarações de princípios e estatutos vincadamente de esquerda. Nos seus motivos de fundação e objetivos.

Em Portugal temos o exemplo do PS – que agora está no governo. Quantos no PS são realmente socialistas? O que é a esquerda para eles? O melhor é sorrirmos, para não chorarmos. Existem no PS militantes deslocados que deveriam encontrar no PSD ou no CDS o seu partido político, considerando as provas que já deram. Pior ainda por não serem simples militantes mas sim dirigentes. Dirigentes esses que posteriormente vão ser governantes, para além de deputados ou simplesmente autarcas. É evidente que as suas políticas se desviam para a direita, por essa ser a sua ideologia adquirida e natural. É evidente que causam confusão e desilusões aos eleitores. Dizem-se de esquerda mas governam à direita ou muito próximo dela (chamem-lhe como quiserem). Só que é uma direita encapotada, falsa, que mente. Como falsa é também a esquerda. Uma confusão que baralha e desilude os eleitores.

No Partido Socialista alguns desses deslocados estão agora mais visíveis, até para os eleitores mais ingénuos ou distraídos. Foram alguns desses que vimos reagir ao impulso ligeiramente à esquerda que António Costa deu ao partido e o caminho que escolheu ao entender-se com partidos de esquerda. Mas a memória das pessoas é curta.
  
Também no PSD acontece o mesmo. Passos Coelho é na realidade social-democrata? Governou e disso não deu provas. Desculpa-o a situação de crise? Não. O seu comportamento foi e é o de um medíocre “self made men” que rasa a vigarice quando nela não penetra profundamente. O que Passos quer é “safar-se”. A si e ao seu bando. De social-democrata nada tem. Como Portas, como Hollande, como Cameron ou Merkel, como tantos outros, são obtusos servidores dos mercados que ao juntarem-se estão a arrastar a Europa para a direita radical, a entregá-la de bandeja aos fascistas que se acoitam nas esquinas mais densas e escuras de uma democracia em colapso.

Por isso o futuro é negro e nazi-fascista, sob a capa de democracia declarada que na realidade não o é nem será.

Não se infira dos resultados em França, excelentes para a direita radical, como assim acontece noutros países, que os eleitores são fascistas. Não. O que eles não sabem é para onde se virar, em quem votar. Isso por razão simples: a desonestidade, débito democrático e incompetência dos atuais dirigentes da alegada esquerda. Em Portugal não há muitos fascistas (fascismo, que é no que isto vai acabar). Também em França não há muitos fascistas. O que há é muitos maus governantes, maus dirigentes, bons aldrabões, bons vigaristas, bons ladrões e bons corruptos. Na Europa não há muitos fascistas… Mas vai haver, se a esquerda e todos os partidos realmente democráticos não arrepiarem caminho e não se souberem depurar das ilegalidades, imoralidades e erros cometidos.

Podemos vir a desaguar numa Europa novamente dominada pelo nazi-fascismo. É isso que querem?

Sem comentários:

Mais lidas da semana