Vanessa
Martina Silva, São Paulo – Opera Mundi
Votação
vai definir se governo seguirá ou não tendo maioria no Congresso; pesquisas de
intenção mostram vantagem da oposição, mas cenário é indefinido
A
Venezuela celebra, neste domingo (04/12), a primeira eleição legislativa desde
a morte do ex-presidente Hugo Chávez, em 2013, e a primeira da gestão de
Nicolás Maduro. Estão em jogo no pleito o cargo de 167 deputados da Assembleia
Nacional e a maioria do Congresso, historicamente dominada pelo chavismo.
Estão
convocados para participar do pleito 19.496.296 venezuelanos, que deverão
escolher entre os 1.799 candidatos no país, onde o voto não é obrigatório, mas
a participação dos eleitores costuma ficar acima dos 60%, como na votação de
2010.
Entre
os aspirantes ao cargo, estão duas forças principais
•
Grande Polo Patriótico – coalizão que tem como maior expoente o PSUV (Partido Socialista
Unido da Venezuela) e congrega também os seguintes partidos e movimentos:
Tupamaro, Partido Comunista da Venezuela, Podemos (Pela Democracia) e Pátria
para Todos;
•
MUD (Mesa da Unidade Democrática) – coalizão de partidos opositores na qual se
destacam o PJ (Primeiro Justiça), do ex-candidato à presidência Henrique
Capriles; AD (Ação Democrática); ABP (Aliança Bravo Povo) e VP (Vontade
Popular), movimento fundado pelo líder opositor Leopoldo López, detido desde o ano passado por incitação a
protestos violentos e tentativa de golpe.
Maior
número de votos X maioria
Na
Venezuela, vigora o “sistema eleitoral paralelo”, espécie de sistema eleitoral
misto, segundo o qual são realizadas duas eleições simultâneas:
• cargos
nominais (em que o eleitor vota diretamente no candidato). Neste sistema serão
eleitos 113 cadeiras nas 87 circunscrições eleitorais, que são um conglomerado
de municípios e regiões que variam por estado;
• representação
proporcional (na qual se vota em deputados em lista fechada pelos partidos).
Neste sistema serão eleitos 87 deputados que são repartidos em cotas que variam
entre um e três deputados dependendo do estado e são divididos de maneira
proporcional entre as listas;
Assim,
cada eleitor pode emitir até quatro votos, dependendo de sua circunscrição. Ou
seja, pode votar em até dois candidatos nominais e um voto terá que ser dado
necessariamente nos deputados da lista de sua preferência. Nas regiões onde são
eleitas lideranças indígenas, os eleitores terão que eleger um candidato a
mais.
Devido
à complexidade do sistema eleitoral do país, a obtenção da maioria dos votos
por determinada coalizão não determina o maior número de cadeiras no Congresso.
Em
2010, a oposição conquistou 51% do total de votos nacional, mas obteve
representação de 40% da Assembleia Nacional. Isso porque os estados com maior
quantidade de eleitores do país (Zulia, Miranda, Carabobo, Lara, Aragua e o
Distrito Capital (Caracas) têm 52% dos eleitores e escolhem 64 deputados. Os
demais 18 estados, no interior do país e com maioria historicamente chavista,
elegem os 101 deputados restantes.
Sistema
auditável
O
voto na Venezuela é eletrônico e auditável, o que significa que é possível
recuperar mecanicamente os votos que são impressos e depositados em uma urna.
“Na primeira estação, o eleitor se identifica com sua cédula de identidade e
digital. Depois, encontra-se com a máquina. Após escolher seu candidato na
tela, confirma o nome no monitor e aperta ‘votar’. A máquina imprimirá o
comprovante, o eleitor confirma seu voto e o deposita na urna. Depois assina o
caderno de votação e pinta seu dedo mindinho com a tinta indelével”, explicou a
vice-presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela, Sandra
Oblitas, em entrevista à Comunica Sul em 2013.
Todo
esse processo faz com que o sistema eleitoral do país seja avalizado como
seguro por observadores internacionais e entidades de monitoramento de eleições
como o Instituto Jimmy Carter que, em seu relatório pré-eleitoral para o pleito
de outubro de 2012, afirmou que “o sistema de votação da Venezuela é um dos
mais conceituados sistemas automatizados do mundo”.
Ainda
assim, a oposição tem difundido a possibilidade de fraude entre diversos meios
de comunicação internacionais. No encerramento da campanha na última
quinta-feira, Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, foi taxativa: “podem
acontecer duas coisas em 6 de dezembro: ou ganha a oposição ou houve fraude”.
Pesquisas
Como
comprovado nas últimas eleições na América Latina, as pesquisas pré-eleitorais
não têm se mostrado precisas. É o que ocorre também historicamente na
Venezuela.
Nas
últimas semanas, diversas empresas que medem a intenção de voto no país têm
divulgado uma vantagem da MUD sobre o Polo Democrático, que oscilaria entre 60%
e 40% da preferência dos eleitores, dependendo da empresa, e 30% e 20% para os
governistas.
Mas,
nos últimos dias, as consultas têm revelado um aumento da popularidade de
Maduro, que passou de cerca de 20% para 32% no final de novembro.
Foto:
Efe
Leia
mais em Opera Mundi
Sem comentários:
Enviar um comentário