O
número de suicídios em Portugal aumentou em 2014, segundo o relatório da
Direção-Geral da Saúde sobre doença mental, apresentado esta manhã de
quinta-feira, o que vem confirmar que o período de crise económica registou a
mais elevada mortalidade por suicídio.
A
taxa de mortalidade por suicídio passou para 11,7 por 100 mil habitantes, em
2014, quando em 2012 e 2013 tinha sido de 10,1, por 100 mil habitantes.
A
Direção-geral da Saúde (DGS) recorda contudo que 2014 foi o primeiro ano em que
o registo das causas de morte passou a ser feito através de uma nova
metodologia, com 2013 a ser o último ano baseado no certificado médico de óbito
registado em papel.
O
relatório "Saúde Mental em Números -- 2015" analisou a variação da
mortalidade por suicídio, ao longo de três intervalos de tempo (1989-1993,
1999-2003 e 2008-2012), concluindo que o período mais recente - "de
crise" - apresentou "a mortalidade por suicídio mais alta",
assim como "a taxa bruta mais alta".
Entre
1989-1993 e 1999-2003, a taxa de suicídio tinha diminuído 5,4%; já desde o
segundo período até 2008-2012 registou-se um aumento de 22,6%.
Segundo
este estudo por intervalos temporais, os homens apresentam uma taxa de suicídio
três vezes maior, assim como os maiores aumentos de taxa, entre os diferentes
períodos de tempo analisados.
Há
também uma distribuição geográfica marcada no suicídio, que é tradicionalmente
menor no Norte e maior na região Sul.
Nas
últimas décadas, contudo, esta divisão geográfica Norte/Sul parece ter vindo a
esbater-se, "devido ao aumento das taxas na região Centro e no interior da
região Norte".
O
estudo encontrou ainda uma associação estatística entre os altos níveis de
ruralidade e de privação material e a taxa de suicídio aumentada para os
homens.
São
mudanças recentes nestes padrões que poderão resultar do atual período de
crise, indica o relatório.
Segundo
o documento da DGS, as perturbações mentais e do comportamento mantêm um peso
significativo no total de anos de vida saudável perdidos pelos portugueses, com
uma taxa de 11,75% - por comparação, a taxa é de 13,74% nas doenças
cerebrovasculares e 10,38% nas doenças oncológicas.
As
perturbações mentais representam ainda 20,55% do total de anos vividos com
incapacidade.
Jornal
de Notícias
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