domingo, 24 de abril de 2016

Portugal. Catarina Martins diz que UE é hoje projeto "contrário aos direitos humanos"



A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse que a União Europeia (UE) é hoje um projeto "em tudo contrário aos direitos humanos" por não ter sabido dar resposta à crise dos refugiados.

Na intervenção que encerrou o encontro da comissão executiva do Partido da Esquerda Europeia, que contou com a presença do candidato a secretário-geral das Nações Unidas António Guterres, Catarina Martins disse que nada diminui mais uma pessoa "do que normalizar a tragédia de tanta gente em fuga".

"Um dos sinais mais evidentes da crise na União Europeia é sem dúvida a incapacidade de integrar as milhares de pessoas que aqui acorrem como migrantes, como refugiados. Sermos incapazes de impedir a construção de muros de segregação em países-membros como a Hungria e de contribuir para atacar as causas das migrações faz da União Europeia um projeto que é em tudo contrário aos direitos humanos e o acordo com a Turquia é em boa medida espelho dessa atuação", declarou Catarina Martins, juntando-se assim a Guterres nas críticas ao acordo entre a UE e Ancara.

A porta-voz do BE respondeu ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que, no sábado, abriu a porta à simplificação das regras orçamentais europeias, dizendo que "é bom que a Europa reconheça que tem utilizado recursos que diz técnicos para impor políticas".

"Mas há conclusões que quer retirar que são em tudo perigosas e aquilo que fazem é apressar o caminho da Europa para o precipício. É que o presidente do Eurogrupo sugere que a solidez das contas públicas seja feita olhando apenas para a despesa permanente dos estados e não para a as receitas", ou seja, segundo Catarina Martins, a sugestão é a de que os países provem o seu equilíbrio orçamental "através da sua capacidade de cortar em despesas como a saúde, a educação, a proteção social".

Catarina Martins recordou, então, que Jeroen Dijsselbloem é ministro das Finanças da Holanda, "o país que é na Europa um 'offshore' onde a maior parte das empresas portuguesas foge para não pagar aqui impostos".

"[Isto] diz tudo sobre a natureza do Eurogrupo e sobre a necessidade de, nos nossos países, lutarmos contra esta ditadura dos ricos, dos mais ricos que tem vindo a retirar as possibilidades da condição de vida digna dos nossos povos", declarou a dirigente do BE.

TDI // MSF – Lusa

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