Ana
Alexandra Gonçalves* | opinião
O
ainda líder do PSD, Pedro Passos Coelho, vem manifestando uma inusitada
atracção por números: antes dos números do desemprego haviam sido os números de
vítimas mortais de Pedrogão, tudo em escassos dias, sendo certo que o antigo
primeiro-ministro optou por deixar aos seus apaniguados a tarefa de entrar em
discussões surreais e abjectas. Mas a obsessão com os números está lá.
Agora
o PSD, desta feita através do seu líder, continua não só com a referida
obsessão como com os delírios. Então não é que a redução significativa do
desemprego, recuando para níveis de 2008, se deve ao PSD e não ao Executivo que
está há quase dois anos em funções.
O
actual primeiro-ministro recordou as palavras do líder do PSD que davam conta
dos perigos de um aumento do salário mínimo, correlacionando esse aumento com a
subida do desemprego. António Costa recordou ainda outro fascínio de Passos
Coelho: a emigração. Assunto sobre o qual já se disse e escreveu o suficiente.
Não
deixa pois de ser curioso assistir não só à atracção que Passos Coelho sente
por números, sempre num contexto de delírio.
Já
se sabe que o séquito do ex-primeiro-ministro defenderá o seu líder recorrendo
aos truques do costume: bancarrota (alheios ao contexto externo ou à acção do
seu próprio partido ao chumbar o PEC IV, apostados numa outra obsessão: José
Sócrates) e a inevitável troika, coisa pouca para Passos Coelho para quem era
necessário ir ainda mais longe. E é deste modo que se pretende justificar tudo
e mais alguma coisa até os delírios de Passos Coelho, quando estes têm uma
explicação bem mais simples: são fruto do desespero. Puro e simples.
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