Na Grécia estão em deflagração
fogos enormes. Mortos e feridos já ultrapassam as três centenas. O Expresso
trata disso em online. Em Portugal os fogos são outros. Sob fogo estão os
professores, entre outros. A arma chama-se “não há dinheiro” e quem a detém é o
ministro milagroso (até à fase pré-UE) de nome Centeno, dito das finanças.
É
uma arma mortífera, para milhões. Inoperante para uns quantos eleitos da banca
e outros da camada elitista que usa imensos milhares e milhões em beneficio próprio,
em cambalachos, como depois se conclui e reza em alguns dos "inventários" de offshores que até
se vêm a saber, fora os que nunca chegam ao nosso conhecimento. Os centenos
acham que nem precisamos de ter disso conhecimento, devemos calar e não bufar. O
mesmo acham os pinhos, os salgados, etc. Os das “rendas” de bilros… De
bilros? Não, rendas de pulhas, estilo EDP e adiante. Adiante.
Centeno, Centeno, Centeno. Ontem fez lembrar Salazar, com aquela conversa "democrática". Esse
tal milagreiro que depois de ser puxado para a União Europeia mudou. O milagre
operado até então desvaneceu. Foi para a UE e deixou de haver dinheiro. Deram-lhe a
tal arma mortífera, lá está. E ele assimilou, juntamente com os muitos milhares
que há-de ver chegarem à sua conta bancária. Isto se também não optar por
offshores. Nunca se sabe. Como dizemos: no melhor pano cai a nódoa. Está por provar que era o "melhor pano".
A confiança
nos políticos é praticamente inexistente, idem na justiça e nas putrefactas elites
disto e daquilo que têm a insistência de ‘zanzar’ à volta dos partidos políticos
da governação, dos deputados, dos ministros e outros das ilhargas. Uma seita.
Diz o povo. Pois. Mas depois chega ao voto e dão-lhes mais uns anos de procuração
para continuarem nos cambalachos, esmifrando o erário público e beneficiando
com isso. Nem que seja à posteriori, saindo dos governos e integrarem as
grandes corporações a que chamam empresas, que lembram Al Capone e os grandes
sindicatos do crime dos filmes a preto e branco. Pois. Acreditar nisso? Sim. E
nos protagonistas? Não. De vez em quando um ou outro, dos mais irrelevantes, lá
vai preso uns diazitos, para depois sair e andar por aí a operar no saca aos
milhões que se queixam por mais uns tostões. É a vida, pois.
Não há dinheiro para os plebeus…
Mas os banqueiros e quejandos desmentem-no.
Chega (nunca chegando). Indo
adiante vai dar com o Curto do Expresso. Daqui não levam mais nada. A não ser
os sinceros votos (porque são de borla) de uma boa vida, sempre. Claro que isto
é só ficção. Lá no topo eles dizem em tom baixo: querias. Depois admiram-se de
quem usa as tais três letras: FDP. (MM | PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
Não há dinheiro. Qual destas três
palavras não compreendeu?
João Silvestre | Expresso
Bom dia,
No tempo da troika, ficaram
famosas duas frases que Vítor Gaspar dirigiu a um colega de governo durante um
Conselho de Ministros: “Não há dinheiro. Qual destas três palavras não
compreendeu?” Naquela época, não haver dinheiro podia querer dizer isso
mesmo. Portugal estava sob resgate internacional, o financiamento era limitado
e não havia grande margem para aventuras. Mas a situação agora é outra e
completamente diferente: o défice é o menor da democracia, o Estado consegue
financiar-se às taxas de juro mais baixas de sempre e não haver dinheiro pode
simplesmente querer dizer que o Governo tem outras prioridades para o gastar.
Foi por isso que as recentes
palavras de António Costa no Parlamento (ver vídeo no
minuto 33:40), a dizer que não havia dinheiro para descongelar por completo as
carreiras dos professores, causou algumas perplexidades. Afinal, como é
que isso encaixa na narrativa de que a austeridade acabou?
Num Estado que gasta anualmente
quase €90 mil milhões, não haver dinheiro tem que ser, forçosamente, um
conceito muito relativo. E o próprio ministro das Finanças, ontem em entrevista
ao Público,
entrava no jogo da relatividade. Primeiro, não havia dinheiro: “Temos um
orçamento que é para todos os portugueses e que tem de ser sustentável.” Ou
seja, o descongelamento das carreiras dos professores e a recuperação do tempo
de serviço acumulado tem que ser feito de acordo com a capacidade orçamental.
Mas, depois, talvez já houvesse
algum. Para aumentos dos salários – “o OE não está fechado” – ou para
o IRS, onde depois do fim definitivo da sobretaxa o ministro das Finanças
admite voltar a aliviar a pressão sobre os rendimentos das famílias, ainda que
não seja de “forma tão substantiva como em 2017 e 2018”.
(Esta é a altura certa para um
pequeno parêntesis. E para alguma contas. O Governo conta fechar o ano com
um défice de 0,7% do PIB e tem, segundo o Programa
de Estabilidade 2018-2022, uma meta de 0,2% para o próximo ano. Se nada
fizer, só com base no crescimento da economia e nos efeitos já em curso,vai ter
um défice de 0,5% no próximo ano. Para chegar ao valor pretendido, Centeno
conta em larga medida com a descida dos juros (cerca de €500 milhões). Mas,
baixar o défice e, ao mesmo tempo, aumentar funcionários, aliviar IRS e subir
pensões pode ser um exercício quase impossível.)
Quem não tem dúvidas de que há
dinheiro é o PCP
e o Bloco de Esquerda. Que até dão como certo que os professores vão ter o
tempo de serviço completamente recuperado e não entram em contradição com o
ministro da Finanças.
Mais ríspidas foram as
reacções dos sindicatos dos professores. O STOP acusa Centeno de ter
um “problema
com a verdade”. Mário Nogueira da Fenprof, sem tirar o pin da lapela
com o tempo de serviço a recuperar, vê nas palavras do ministro uma
“provocação” e a FNE insiste que manifestou abertura para negociar.
Já agora, e porque é de
austeridade que se está a falar, vale a pena recuperar a entrevista do
economista Alberto Alesina à edição do Expresso do
último sábado, no caderno de Economia. O italiano é considerado um dos 'pais'
da austeridade, esteve na cimeira europeia de Madrid em 2010 a apresentar um
estudo sobre consolidações orçamentais expansionistas e foi um dos ideólogos
das políticas que marcaram o período da troika na zona euro. Agora,
recusa paternidade da ideia mas avisa que, naquela altura, a alternativa era
entrar em bancorrota. Qual das três palavras não entendeu?
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro
Seguimos agora para um rápido
saltinho a Turim, do Ronaldo do Eurogrupo para o Ronaldo da Juventus. A
ideia de não haver dinheiro também foi ensaiada pelos trabalhadores da Fiat que
protestaram contra a contratação do craque português ou melhor, contra o facto
de não haver dinheiro para os aumentar. Só que, ao contrário de Centeno, o
verdadeiro Ronaldo tem a capacidade de multiplicar os euros e não precisa
sequer de lançar adicionais ao IMI ou ao ISP. Uma análise divulgada ontem pela
consultora KPMG garantia que o emblema italiano pode
ter um retorno de 340 milhões de euros só por ter Ronaldo no plantel
(confira aqui o estudo Ronaldo
Economics).
(A propósito de KPMG não
confundir a KPMG que fez este estudo com a sucursal portuguesa que, como o Expresso revelou
no último sábado, foi acusada pelo Banco de Portugal de omitir informação
e mentir sobre os créditos do BES Angola que provocaram um rombo de muitas
centenas de milhões de euros nas contas do banco.)
O ministro da Administração
Interna ordenou a abertura
de um inquérito ao caso das crianças detidas pelo SEF no
aeroporto. O caso nada tem a ver com as práticas de separação familiar nos EUA
mas não deixa de provocar calafrios. E muitos.
O dia de ontem ficou marcado por
uma espécie de grande insólito da aeronáutica. O aeroporto de Beja, onde há
meses onde apenas passa um passageiro, viu ontem aterrar um A380, o gigante
da Airbus, com lugar para 500 passageiros. O evento
atraiu tanta gente como nunca aquele aeroporto alentejano tinha visto
(veja aqui o
vídeo da aterragem). Mas fica a dúvida, como sublinhava ontem Miguel Sousa
Tavares na SIC:
quem quer aterrar em Beja para demorar uma hora e meia para chegar a Lisboa?
A propósito de aeroportos, o PCP
voltou ontem à carga e pediu
a reversão da privatização da ANA.
No futebol, houve sorteio
das competições europeias: o Benfica defronta os turcos do Fenerbahçe na
terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões e, na Liga Europa, Sp.
Braga vai jogar contra Zorya Luthansk da Ucrânia e o Rio Ave enfrenta
os belgas do Gent (se passar a atual fase em que está envolvido)
A SIC transmite hoje à noite o 5º
e último capítulo da Grande Reportagem "O Mal Entendido: as doenças a
que chamamos cancro". O tema é a prevenção e diagnóstico precoce
que se, devidamente aplicados, poderiam cortar a mortalidade para metade. Para
quem não viu os episódios anteriores ou os quer recordar pode encontrá-los aqui.
Notícias rápidas:
- a corrida à Comporta está
a rubro e o ‘príncipe’ francês Louis Albert de Broglie fez uma nova proposta de
159 milhões de euros, avançou o Expresso na
edição online
- Medina
anexa 3 hectares para construir em Entrecampos em Lisboa
- Portugal vai ter primeira
mulher general que irá assumir a direção do Hospital das Forças
Armadas
- Miguel Maya já tem luz
verde do Banco Central Europeu para liderar o BCP
- o açoriano julgado em Espanha
por suspeitas de ligação ao Daesh tinha 65 mil fotos e 96 videos de
decapitações e armas (link para assinantes do Expresso
Diário)
- algumas criptomoedas
poderão vir a ser supervisionadas pelo regulador do mercado de
capitais – a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)
Manchetes dos jornais:
”Descongelamento [de carreiras] nas empresas públicas abrangeu 66 mil pessoas” (Público);
“Lei do tabaco já rendeu um milhão em multas”(JN); “1,6 milhões de reformas
abaixo do salário mínimo” (Correio da Manhã); “Mulher de Figo não quer sair de
Madrid”(i); “Licenças de CO2 garantem expansão dos metros” (Jornal de Negócios);
“A todo o gás [no Sporting]”(Record); “Jonas discute futuro com Vieira”(A Bola);
“Mbemba aponta a títulos”(Jogo)
Lá fora
O braço-de-ferro entre João
Lourenço e a família de Eduardo dos Santos continua. Depois de o presidente
angolano ter retirado vários negócios aos filhos do ex-presidente e de Isabel
dos Santos ter avançado com a possibilidade de recorrer para tribunal, Lourenço
voltou à carga e admite mesmo processar o seu antecessor, como escrevia ontem o Expresso
Diário.
As acções da Tesla começaram
a semana em queda depois de o jornal The
Wall Street Journal ter noticiado que a empresa está a enviar cartas
aos fornecedores a pedir a devolução de parte significativa dos pagamentos
feitos desde 2016.
Para não variar muito, Donald
Trump continua a marcar a agenda de forma quase permanente. Ontem voltou a atirar
contra o Irão com ameaças. No Financial
Times, o colunista Gideon Rachman escrevia, ainda a propósito do
encontro com Putin, que mais do que tudo o resto, o presidente russo
humilhou os EUA. (Um alerta: à hora que ler este curto provavelmente já Trump
disse, desdisse e voltou a dizer tudo o que tinha dito antes.)
Figuras nas notícias:
- Jair Bolsonaro, apologista
da tortura e de execuções extrajudiciais, é
candidato à presidência do Brasil
- Ryan Lochte, o segundo
nadador com mais medalhas olímpicas de sempre, foi suspenso
durante 14 meses pela agência americana antidopagem por ter recebido
uma transfusão intravenosa não autorizada
- Sergio Marchionne vai
deixar a liderança da Fiat Chrysler, o que já estava previsto, e também da
Ferrari onde deveria permanecer até 2021
- Mezut Özil, que deixou a seleção
alemã com acusações de racismo, mereceu ontem a intervenção
de Angela Merkel que saiu em defesa do atleta
Em Espanha, segue a polémica
sobre o curso
da ex-presidente de Madrid. Foi ouvida no tribunal e tentou explicar porque
não se encontra a sua tese. É mais um caso, entre muitos, de políticos cuja
formação académica é posta em causa. Também o sistema de saúde de nuestros
hermanos tem casos altamente polémicos. Um médico e um enfermeiro de
um centro de saúde da capital espanhola foram condenados por não terem
prestado auxílio a um doente que acabou por morrer.
O presidente francês,
Emanuel Macron, está sob forte pressão por causo do caso Benalla relacionado
com o facto do seu chefe da segurança, Alexandre Benalla,ter sido visto a
agredir manifestantes. Escrevia ontem o correspondente do Expresso em Paris,
Daniel Ribeiro, que este pode ser o Watergate de Macron(link para
assinantes). Para compreender as várias contradições do caso entre os vários
intervenientes, pode consultar o Le
Monde.
Em Paris, uma das polémicas do
momento é o salário
do guarda-redes italiano Buffon no Paris Saint-Germain: €410 mil
líquidos mensais.
Os problemas nos transportes
públicos não são exclusivos portugueses e no metro de Nova Iorque a situação
está cada vez mais complicada, com atrasos mas sem grandes acidentes como o
que aconteceu no verão passado com um descarrilamento no Harlem.
Atenas está a arder e os
incêndios, nos arredores da capital grega, já fizeram
mais de 50 mortos e muitas dezenas de feridos. O governo já declarou estado
de emergência.
FRASES
“Isto (a avioa) só no Alentejo é
que podia aterrar”, Anónimo que assistiu à aterragem do A380 em Beja
“Senti que estava sozinho. Falta
dinheiro e falta vontade política para levar a CNB para a frente. Falta fazer
dela uma prioridade.”, Paulo Ribeiro, Diretor demissionário da
Companhia Nacional de Bailado
O QUE ANDO A LER (E A VER)
“Os Anos Trump – o Mundo em
Transe” é um pequeno livro com uma grande reflexão de Eduardo Paz
Ferreira a propósito da presidência de Donald Trump. Mais do que Trump
como objeto em si mesmo, Paz Ferreira debruça-se sobre a democracria
representativa, sobre a forma com os excluídos da globalização continuam
de fora das grandes decisões e sobre como o populismo, que de tudo isto se
alimenta, não só não é a solução como pode agravar o problema.
E, entretanto, o mundo vai
pulando e avançando enquanto Trump se mantém na Casa Branca. Um milionário que não
é bem visto entre a elite económica e financeira que se reúne anualmente em
Davos, onde alinha pelos protecionistas ao contrário do 'liberal' chinês Xi
Jinping, mas que vai conseguindo passar mensagens dúbias que lhe permitem ser
"normalizado".
Provavelmente já quase tudo se
disse e escreveu sobre a guerra do Vietname entre filmes - muitos e
bons - e livros, relatos ou reportagens. Mas a série Guerra do Vietname de
Ken Burns e Lynn Nobvick, disponível em streaming no Netflix, é
absolutamente imperdível para quem, como eu, se interessa por aquele conflito
que foi muito mais do que uma guerra na selva asiática.
São 18 horas repartidas ao longo
de 10 episódios que começam muito antes da chegada de tropas americanas ao
país na década de 50. Começa por contar a história de Nguyen Sinh Cung,
que ficou conhecido como Ho Chi Min (aquele que ilumina): exilado durante a 1ª
Guerra Mundial, passou pela Rússia de Lenine e regressou ao seu país para
combater os japoneses em plena 2º Guerra Mundial com auxílio dos EUA e da
precursora da CIA. E isto é apenas o início de muito, muito mais.
Muito mais temos nós ao longo de
todo o dia: em tempo real no Expresso Online e às 18 horas com os
principais temas no Expresso Diário. Tenha uma excelente terça-feira de
julho.
Imagem em A Estátua de Sal
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