terça-feira, 24 de julho de 2018

Centeno dos milhões diz que não há dinheiro. Banqueiros & Cª desmentem, para eles há


Na Grécia estão em deflagração fogos enormes. Mortos e feridos já ultrapassam as três centenas. O Expresso trata disso em online. Em Portugal os fogos são outros. Sob fogo estão os professores, entre outros. A arma chama-se “não há dinheiro” e quem a detém é o ministro milagroso (até à fase pré-UE) de nome Centeno, dito das finanças. 

É uma arma mortífera, para milhões. Inoperante para uns quantos eleitos da banca e outros da camada elitista que usa imensos milhares e milhões em beneficio próprio, em cambalachos, como depois se conclui e reza em alguns dos "inventários" de offshores que até se vêm a saber, fora os que nunca chegam ao nosso conhecimento. Os centenos acham que nem precisamos de ter disso conhecimento, devemos calar e não bufar. O mesmo acham os pinhos, os salgados, etc. Os das “rendas” de bilros… De bilros? Não, rendas de pulhas, estilo EDP e adiante. Adiante.

Centeno, Centeno, Centeno. Ontem fez lembrar Salazar, com aquela conversa "democrática". Esse tal milagreiro que depois de ser puxado para a União Europeia mudou. O milagre operado até então desvaneceu. Foi para a UE e deixou de haver dinheiro. Deram-lhe a tal arma mortífera, lá está. E ele assimilou, juntamente com os muitos milhares que há-de ver chegarem à sua conta bancária. Isto se também não optar por offshores. Nunca se sabe. Como dizemos: no melhor pano cai a nódoa. Está por provar que era o "melhor pano".

A confiança nos políticos é praticamente inexistente, idem na justiça e nas putrefactas elites disto e daquilo que têm a insistência de ‘zanzar’ à volta dos partidos políticos da governação, dos deputados, dos ministros e outros das ilhargas. Uma seita. Diz o povo. Pois. Mas depois chega ao voto e dão-lhes mais uns anos de procuração para continuarem nos cambalachos, esmifrando o erário público e beneficiando com isso. Nem que seja à posteriori, saindo dos governos e integrarem as grandes corporações a que chamam empresas, que lembram Al Capone e os grandes sindicatos do crime dos filmes a preto e branco. Pois. Acreditar nisso? Sim. E nos protagonistas? Não. De vez em quando um ou outro, dos mais irrelevantes, lá vai preso uns diazitos, para depois sair e andar por aí a operar no saca aos milhões que se queixam por mais uns tostões. É a vida, pois.

Não há dinheiro para os plebeus… Mas os banqueiros e quejandos desmentem-no.

Chega (nunca chegando). Indo adiante vai dar com o Curto do Expresso. Daqui não levam mais nada. A não ser os sinceros votos (porque são de borla) de uma boa vida, sempre. Claro que isto é só ficção. Lá no topo eles dizem em tom baixo: querias. Depois admiram-se de quem usa as tais três letras: FDP. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Não há dinheiro. Qual destas três palavras não compreendeu?

João Silvestre | Expresso

Bom dia,

No tempo da troika, ficaram famosas duas frases que Vítor Gaspar dirigiu a um colega de governo durante um Conselho de Ministros: “Não há dinheiro. Qual destas três palavras não compreendeu?” Naquela época, não haver dinheiro podia querer dizer isso mesmo. Portugal estava sob resgate internacional, o financiamento era limitado e não havia grande margem para aventuras. Mas a situação agora é outra e completamente diferente: o défice é o menor da democracia, o Estado consegue financiar-se às taxas de juro mais baixas de sempre e não haver dinheiro pode simplesmente querer dizer que o Governo tem outras prioridades para o gastar.

Foi por isso que as recentes palavras de António Costa no Parlamento (ver vídeo no minuto 33:40), a dizer que não havia dinheiro para descongelar por completo as carreiras dos professores, causou algumas perplexidades. Afinal, como é que isso encaixa na narrativa de que a austeridade acabou?

Num Estado que gasta anualmente quase €90 mil milhões, não haver dinheiro tem que ser, forçosamente, um conceito muito relativo. E o próprio ministro das Finanças, ontem em entrevista ao Público, entrava no jogo da relatividade. Primeiro, não havia dinheiro: “Temos um orçamento que é para todos os portugueses e que tem de ser sustentável.” Ou seja, o descongelamento das carreiras dos professores e a recuperação do tempo de serviço acumulado tem que ser feito de acordo com a capacidade orçamental.

Mas, depois, talvez já houvesse algum. Para aumentos dos salários – “o OE não está fechado” – ou para o IRS, onde depois do fim definitivo da sobretaxa o ministro das Finanças admite voltar a aliviar a pressão sobre os rendimentos das famílias, ainda que não seja de “forma tão substantiva como em 2017 e 2018”.

(Esta é a altura certa para um pequeno parêntesis. E para alguma contas. O Governo conta fechar o ano com um défice de 0,7% do PIB e tem, segundo o Programa de Estabilidade 2018-2022, uma meta de 0,2% para o próximo ano. Se nada fizer, só com base no crescimento da economia e nos efeitos já em curso,vai ter um défice de 0,5% no próximo ano. Para chegar ao valor pretendido, Centeno conta em larga medida com a descida dos juros (cerca de €500 milhões). Mas, baixar o défice e, ao mesmo tempo, aumentar funcionários, aliviar IRS e subir pensões pode ser um exercício quase impossível.)

Quem não tem dúvidas de que há dinheiro é o PCP e o Bloco de Esquerda. Que até dão como certo que os professores vão ter o tempo de serviço completamente recuperado e não entram em contradição com o ministro da Finanças.

Mais ríspidas foram as reacções dos sindicatos dos professores. O STOP acusa Centeno de ter um “problema com a verdade”. Mário Nogueira da Fenprof, sem tirar o pin da lapela com o tempo de serviço a recuperar, vê nas palavras do ministro uma “provocação” e a FNE insiste que manifestou abertura para negociar.

Já agora, e porque é de austeridade que se está a falar, vale a pena recuperar a entrevista do economista Alberto Alesina à edição do Expresso do último sábado, no caderno de Economia. O italiano é considerado um dos 'pais' da austeridade, esteve na cimeira europeia de Madrid em 2010 a apresentar um estudo sobre consolidações orçamentais expansionistas e foi um dos ideólogos das políticas que marcaram o período da troika na zona euro. Agora, recusa paternidade da ideia mas avisa que, naquela altura, a alternativa era entrar em bancorrota. Qual das três palavras não entendeu?

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

Seguimos agora para um rápido saltinho a Turim, do Ronaldo do Eurogrupo para o Ronaldo da Juventus. A ideia de não haver dinheiro também foi ensaiada pelos trabalhadores da Fiat que protestaram contra a contratação do craque português ou melhor, contra o facto de não haver dinheiro para os aumentar. Só que, ao contrário de Centeno, o verdadeiro Ronaldo tem a capacidade de multiplicar os euros e não precisa sequer de lançar adicionais ao IMI ou ao ISP. Uma análise divulgada ontem pela consultora KPMG garantia que o emblema italiano pode ter um retorno de 340 milhões de euros só por ter Ronaldo no plantel (confira aqui o estudo Ronaldo Economics).

(A propósito de KPMG não confundir a KPMG que fez este estudo com a sucursal portuguesa que, como o Expresso revelou no último sábado, foi acusada pelo Banco de Portugal de omitir informação e mentir sobre os créditos do BES Angola que provocaram um rombo de muitas centenas de milhões de euros nas contas do banco.)

O ministro da Administração Interna ordenou a abertura de um inquérito ao caso das crianças detidas pelo SEF no aeroporto. O caso nada tem a ver com as práticas de separação familiar nos EUA mas não deixa de provocar calafrios. E muitos.

O dia de ontem ficou marcado por uma espécie de grande insólito da aeronáutica. O aeroporto de Beja, onde há meses onde apenas passa um passageiro, viu ontem aterrar um A380, o gigante da Airbus, com lugar para 500 passageiros. O evento atraiu tanta gente como nunca aquele aeroporto alentejano tinha visto (veja aqui o vídeo da aterragem). Mas fica a dúvida, como sublinhava ontem Miguel Sousa Tavares na SIC: quem quer aterrar em Beja para demorar uma hora e meia para chegar a Lisboa?

A propósito de aeroportos, o PCP voltou ontem à carga e pediu a reversão da privatização da ANA.

No futebol, houve sorteio das competições europeias: o Benfica defronta os turcos do Fenerbahçe na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões e, na Liga Europa, Sp. Braga vai jogar contra Zorya Luthansk da Ucrânia e o Rio Ave enfrenta os belgas do Gent (se passar a atual fase em que está envolvido)

A SIC transmite hoje à noite o 5º e último capítulo da Grande Reportagem "O Mal Entendido: as doenças a que chamamos cancro". O tema é a prevenção e diagnóstico precoce que se, devidamente aplicados, poderiam cortar a mortalidade para metade. Para quem não viu os episódios anteriores ou os quer recordar pode encontrá-los aqui.

Notícias rápidas:
- a corrida à Comporta está a rubro e o ‘príncipe’ francês Louis Albert de Broglie fez uma nova proposta de 159 milhões de euros, avançou o Expresso na edição online
Medina anexa 3 hectares para construir em Entrecampos em Lisboa
- Portugal vai ter primeira mulher general que irá assumir a direção do Hospital das Forças Armadas
- Miguel Maya já tem luz verde do Banco Central Europeu para liderar o BCP
- o açoriano julgado em Espanha por suspeitas de ligação ao Daesh tinha 65 mil fotos e 96 videos de decapitações e armas (link para assinantes do Expresso Diário)
- algumas criptomoedas poderão vir a ser supervisionadas pelo regulador do mercado de capitais – a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)

Manchetes dos jornais: ”Descongelamento [de carreiras] nas empresas públicas abrangeu 66 mil pessoas” (Público); “Lei do tabaco já rendeu um milhão em multas”(JN); “1,6 milhões de reformas abaixo do salário mínimo” (Correio da Manhã); “Mulher de Figo não quer sair de Madrid”(i); “Licenças de CO2 garantem expansão dos metros” (Jornal de Negócios); “A todo o gás [no Sporting]”(Record); “Jonas discute futuro com Vieira”(A Bola); “Mbemba aponta a títulos”(Jogo)

Lá fora

O braço-de-ferro entre João Lourenço e a família de Eduardo dos Santos continua. Depois de o presidente angolano ter retirado vários negócios aos filhos do ex-presidente e de Isabel dos Santos ter avançado com a possibilidade de recorrer para tribunal, Lourenço voltou à carga e admite mesmo processar o seu antecessor, como escrevia ontem o Expresso Diário.

As acções da Tesla começaram a semana em queda depois de o jornal The Wall Street Journal ter noticiado que a empresa está a enviar cartas aos fornecedores a pedir a devolução de parte significativa dos pagamentos feitos desde 2016.

Para não variar muito, Donald Trump continua a marcar a agenda de forma quase permanente. Ontem voltou a atirar contra o Irão com ameaças. No Financial Times, o colunista Gideon Rachman escrevia, ainda a propósito do encontro com Putin, que mais do que tudo o resto, o presidente russo humilhou os EUA. (Um alerta: à hora que ler este curto provavelmente já Trump disse, desdisse e voltou a dizer tudo o que tinha dito antes.)

Figuras nas notícias:

- Jair Bolsonaro, apologista da tortura e de execuções extrajudiciais, é candidato à presidência do Brasil
- Ryan Lochte, o segundo nadador com mais medalhas olímpicas de sempre, foi suspenso durante 14 meses pela agência americana antidopagem por ter recebido uma transfusão intravenosa não autorizada
- Sergio Marchionne vai deixar a liderança da Fiat Chrysler, o que já estava previsto, e também da Ferrari onde deveria permanecer até 2021
- Mezut Özil, que deixou a seleção alemã com acusações de racismo, mereceu ontem a intervenção de Angela Merkel que saiu em defesa do atleta

Em Espanha, segue a polémica sobre o curso da ex-presidente de Madrid. Foi ouvida no tribunal e tentou explicar porque não se encontra a sua tese. É mais um caso, entre muitos, de políticos cuja formação académica é posta em causa. Também o sistema de saúde de nuestros hermanos tem casos altamente polémicos. Um médico e um enfermeiro de um centro de saúde da capital espanhola foram condenados por não terem prestado auxílio a um doente que acabou por morrer.

O presidente francês, Emanuel Macron, está sob forte pressão por causo do caso Benalla relacionado com o facto do seu chefe da segurança, Alexandre Benalla,ter sido visto a agredir manifestantes. Escrevia ontem o correspondente do Expresso em Paris, Daniel Ribeiro, que este pode ser o Watergate de Macron(link para assinantes). Para compreender as várias contradições do caso entre os vários intervenientes, pode consultar o Le Monde.

Em Paris, uma das polémicas do momento é o salário do guarda-redes italiano Buffon no Paris Saint-Germain: €410 mil líquidos mensais.

Os problemas nos transportes públicos não são exclusivos portugueses e no metro de Nova Iorque a situação está cada vez mais complicada, com atrasos mas sem grandes acidentes como o que aconteceu no verão passado com um descarrilamento no Harlem.

Atenas está a arder e os incêndios, nos arredores da capital grega, já fizeram mais de 50 mortos e muitas dezenas de feridos. O governo já declarou estado de emergência.

FRASES

“Isto (a avioa) só no Alentejo é que podia aterrar”, Anónimo que assistiu à aterragem do A380 em Beja

“Senti que estava sozinho. Falta dinheiro e falta vontade política para levar a CNB para a frente. Falta fazer dela uma prioridade.”, Paulo Ribeiro, Diretor demissionário da Companhia Nacional de Bailado

O QUE ANDO A LER (E A VER)

“Os Anos Trump – o Mundo em Transe” é um pequeno livro com uma grande reflexão de Eduardo Paz Ferreira a propósito da presidência de Donald Trump. Mais do que Trump como objeto em si mesmo, Paz Ferreira debruça-se sobre a democracria representativa, sobre a forma com os excluídos da globalização continuam de fora das grandes decisões e sobre como o populismo, que de tudo isto se alimenta, não só não é a solução como pode agravar o problema.

E, entretanto, o mundo vai pulando e avançando enquanto Trump se mantém na Casa Branca. Um milionário que não é bem visto entre a elite económica e financeira que se reúne anualmente em Davos, onde alinha pelos protecionistas ao contrário do 'liberal' chinês Xi Jinping, mas que vai conseguindo passar mensagens dúbias que lhe permitem ser "normalizado".

Provavelmente já quase tudo se disse e escreveu sobre a guerra do Vietname entre filmes - muitos e bons - e livros, relatos ou reportagens. Mas a série Guerra do Vietname de Ken Burns e Lynn Nobvick, disponível em streaming no Netflix, é absolutamente imperdível para quem, como eu, se interessa por aquele conflito que foi muito mais do que uma guerra na selva asiática.

São 18 horas repartidas ao longo de 10 episódios que começam muito antes da chegada de tropas americanas ao país na década de 50. Começa por contar a história de Nguyen Sinh Cung, que ficou conhecido como Ho Chi Min (aquele que ilumina): exilado durante a 1ª Guerra Mundial, passou pela Rússia de Lenine e regressou ao seu país para combater os japoneses em plena 2º Guerra Mundial com auxílio dos EUA e da precursora da CIA. E isto é apenas o início de muito, muito mais.

Muito mais temos nós ao longo de todo o dia: em tempo real no Expresso Online e às 18 horas com os principais temas no Expresso Diário. Tenha uma excelente terça-feira de julho.


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