Ex-mercenário Peter Lopes afirmou
na CPI que o ex-Presidente são-tomense, Manuel Pinto da Costa, foi alvo de
tentativa de eliminação física por duas vezes em 2003 e 2016 .
O ex-mercenário Peter Plácido
Lopes, autor da denúncia em 2017 de que ex-primeiro-ministro são-tomense,
Patrice Trovoada, é o financiador do golpe de Estado de 2003, voltou a
confirmar esta segunda-feira (17.06.) na Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) as suas afirmações.
Peter Lopes disse ainda que
o ex-Presidente são-tomense, Manuel Pinto da Costa, foi alvo de tentativa de
eliminação física por duas vezes.
A Comissão Parlamentar de
Inquérito ao golpe de Estado de 2003 em São Tomé e Príncipe retomou esta
segunda-feira as audições depois de na semana passada ter auscultado o ex-chefe
de Estado Fradique de Menezes, o antigo ministro da Defesa e Ordem Interna
Óscar Sousa, e o ex-mercenário, do extinto batalhão Búfalo, Arlécio Costa,
chefe dos golpistas.
Em declarações prestadas à CPI,
Peter Lopes disse que "estou aqui para dizer ao povo de São Tomé e
Príncipe que o cidadão Patrice Trovoada, deu-nos ordens para matar Pinto
da Costa, Fradique de Menezes, e Óscar de Sousa. Esses três líderes sabem que é
perfeitamente verdade”.
O mercenário do extinto batalhão
búfalo ao reafirmar que o ex-primeiro-ministro são-tomense Patrice Trovoada,
foi o financiador do golpe de Estado de 2003 acrescentou que "fui eu quem
ía à casa de Patrice Trovoada na altura quando era ministro dos Negócios
Estrangeiros....a sua casa no "Campo de Milho”, para buscar sacos de
dinheiro para sustentar os doze elementos que viviam no Quilombo. Quem
entrou com o armamento aqui em São Tomé, eles me usaram e depois dizem que sou
subalterno”.
Casa de Trovoada serviu de
logística
Peter Lopes explicou, por outro
lado que "nas primeiras horas da madrugada do dia do golpe, Patrice
Trovoada foi o primeiro dirigente que "apareceu no quartel-general.
Ligamos-lhe informando que já tínhamos tomado o poder”, disse o ex-mercenário.
Questionado por Cílcio
Santos,presidente da CPI, Peter Lopes deixou claro que a casa da família
Trovoada serviu de logística para o desencadear do processo.
"Há registos que durante a
execução do golpe em 2003, por intermédio do cidadão Peter Lopes, vinha da casa
da família Trovoada por intermédio do cidadão Patrice Trovoada, ajudas em
géneros alimentícios confirma isto? Sim confirmo”.
Segundo Peter Lopes, Patrice
Trovoada, contratou por duas vezes, o batalhão Búfalo para eliminar fisicamente
o ex-Presidente do país, Manuel Pinto da Costa, em 2003 e 2016. A estratégia de
acordo com os relatos de Peter Lopes, passava primeiro pela morte do então
chefe de campo de Pinto da Costa, o major José Maria Menezes, atual chefe do
destacamento militar na região do Príncipe.
"Em 2016 na campanha
presidencial ele nos mandou partir a perna do guarda-costas de Pinto da
Costa. Se eu Peter ou se um dos meus colegas fizesse isso o que diriam?... Vão
buscar o Patrice Trovoada, para que ele possa dizer o contrário.”
No seu depoimento diante da CIP,
Peter Lopes, explicou as motivações secundárias que terão levado Patrice
Trovoada a financiar a subversão da ordem em 2003.
"Toda a gente sabe da guerra
entre Pinto da Costa e a família Trovoada. Todo o mundo sabe do problema que
Fradique Bandeira Mello de Menezes teve com a família Trovoada. E ainda todo o
mundo sabe que Patrice Trovoada e Oscarito não se dão (…)”
Entretanto, o ex-Presidente
Manuel Pinto da Costa que deveria ser ouvido esta segunda-feira pelo CPI não
compareceu e não apresentou justificação, enquanto a ex-primeira-ministra,
Maria das Neves, que também seria auscultada, encontra-se ausente do país.
Depois de concluir as audições,
"será feito um relatório que será submetido à mesa do plenário da
Assembleia Nacional", de acordo com que tomará a decisão "que pode
passar pelo seu envio para o tribunal em função das provas produzidas".
Recorde-se, que a CPI foi criada
pela Assembleia Nacional por uma resolução parlamentar em fevereiro passado,
com votos a favor das bancadas do Movimento de Libertação de São Tomé e
Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), da coligação PCD-UDD-MDFM e
dos dois deputados independentes do Movimento por Caué, contra 23 da Ação
Democrática Independente (partido de Patrice Trovoada, agora na oposição) para
apurar um alegado envolvimento do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada no
golpe de Estado de 2003 em São Tomé.
Ramusel Graça | Deutsche Welle
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