Nas celebrações da independência
de Cabo-Verde o movimento Sokols 2017 saiu às ruas de São Vicente mais uma vez
para manifestar-se contra a discriminação política, São Vicente já sente essa
diferença na economia local.
Cabo-Verde tornou-se independente
de Portugal a 5 de julho de 1975, há precisamente 44 anos. As atividades para
assinalar a independência estão a decorrer esta semana em todo o país e na
diáspora com encontros, palestras, concertos e tertúlias, além da tradicional
sessão solene na Assembleia Nacional.
O movimento Sokols 2017 também
convidou a população de São Vicente de Cabo-Verde para voltar a sair às ruas
hoje (05.07) para uma manifestação contra o bloqueio governamental no mesmo dia
em que o país comemora mais um aniversário da sua independência. Esta é a
sexta manifestação do grupo contra o governo do MPD. A DW África entrevistou
Salvador Mascarenhas líder do movimento Sokols 2017 para saber quais as suas
intenções.
Salvador Mascarenhas (SL): São
os mesmos motivos que anteriormente. Só que agora adicionado ao facto de ter
havido um bloqueamento dos transportes aéreos e marítimos à ilha de São
Vicente. Como se sabe a companhia de bandeira a Cabo-Verde Airlines deixou de
voar para o aeroporto internacional Cesária Évora em São Vicente e ao mesmo
tempo desviou-se o hub marítimo para a cidade da Praia. Apesar de não ser
oficial pelo facto da própria sede da Companhia Transinsular, que é companhia
que ganhou o concurso de ligação entre as ilhas ser na Praia. Veio fazer com
que a economia caísse muito.
DW África: Quais são as
consequências dessas alterações?
SL: Por exemplo muitas
pessoas compravam coisas aqui em São Vicente, da zona centro e da zona norte.
Hotéis compravam todos os seus consumíveis. Houve um amigo meu que deslocou o
seu agente de compras de São Vicente para a Praia porque só tem um barco
semanal, quando há, que é um barco vai de ilha a ilha. Mas Santiago tem
barcos todos os dias. Além disso temos um centralismo grande desde da independência,
que tem destruído a nossa economia. Temos uma má gestão do país pelos políticos
de todos partidos. Também apelamos que os políticos sejam mais capazes, sejam
mais competentes.
DW África: O movimento queixa-se
da marginalização do norte do arquipélago, isso é intencional ou é má política?
SL: Agora é intencional.
DW África: Quais são as vossas
propostas de soluções para os problemas que se queixam?
SL: Haver mais autonomia, a
meritocracia, o combate à corrupção e a descentralização. Mas isso não chega, o
que nós achamos em Cabo-Verde é que temos um problema grave de partidocracia.
As pessoas estão muito partidarizadas, o que tem hipotecado um pouco o futuro
do país. Nós não vamos ficar apenas pelas manifestações. Nós achamos que a
solução é política. Nós somos o barómetro da governação, somos uns watchdogs.
Mas uma das propostas que fazemos é estimular a cidadania ativa. Vamos apelar
com muito mais força e tentar junto da sociedade civil para que possa emergir
uma nova força política independente para que possa candidatar-se às próximas
eleições autárquicas e para poder mudar esse paradigma.
Nádia Issufo | Deutsche Welle
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