Os reitores de duas universidades
e professores do português na Guiné-Bissau pediram hoje ao chefe da diplomacia
lusa o reforço do ensino daquela língua no país que pretendem ver falada por
académicos, políticos, taxistas, vendedeiras de rua ou carpinteiros.
O repto foi lançado a Augusto
Santos Silva numa palestra a que este presidiu na Universidade Amílcar Cabral
em Bissau, perante uma assistência de cerca de cem pessoas, entre alunos e
professores.
Entre os vários intervenientes
que antecederam a comunicação de Santos Silva, que falou da importância do
português no mundo e as suas múltiplas variantes nos países do espaço lusófono,
destaca-se o apelo lançado por Domingos Gomes, responsável pelo ensino do
português na escola de formação de professores, “Tchico Té”.
“Queremos levar o português para
as oficinas para aí seja falado por carpinteiros, serralheiros, queremos ver o
taxista guineense a se dirigir ao cliente em português, ver a vendedeira do
mercado a negociar os produtos expressando-se em português”, disse o professor
Domingos Gomes.
Dirigindo-se sempre a Augusto
Santos Silva, apresentado como um académico renomado, Zaida Pereira, reitora da
Universidade Católica da Guiné-Bissau, corroborou as exortações de Domingos
Gomes para salientar que “à língua portuguesa não tem sido dada a devida
atenção” no país.
O reitor da Universidade Amílcar
Cabral, a única pública da Guiné-Bissau, Fodé Mané considerou preocupante
constatar que na China existem mais de 40 universidades a ensinarem a língua
portuguesa e que na instituição que dirige “não exista sequer um leitorado de
português”.
Para Fodé Mané, qualquer projeto
de cooperação com a Guiné-Bissau “para ter frutos terá que passar antes” pelo
apoio ao ensino superior, dando respostas aos cerca de sete mil alunos que
anualmente concluem o ensino liceal, disse.
“Ajudar a estruturar a
universidade Amílcar Cabral é apoiar na redução do nível de conflitualidade que
existe na sociedade guineense”, observou Mané.
DN Madeira | Lusa
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