O ministro angolano da
Comunicação Social, João Melo, afirmou que comparar as queimadas em vários
países africanos do centro-sul, como Angola, com os fogos da Amazónia "é
nonsense", admitindo, no entanto, o problema.
Na sua conta do Twitter, de domingo (25.08), o ministro fez alusão a um artigo
da agência Bloomberg, que se baseava em fotos da NASA, a agência espacial
norte-americana, e punha Angola no topo mundial em número de fogos,
considerando que a comparação não faz sentido.
"O artigo atribuído à
Bloomberg afirmando, com base em fotos da NASA, que há mais fogos em Angola,
Congo e outros países do centro-sul de África do que na Amazónia é um completo
nonsense. Como comparar queimadas, tradicionais nesta região, com o incêndio da
maior floresta do mundo?", escreveu João Melo.
De acordo com uma notícia da
Bloomberg, do dia 24 de agosto, que citava dados do satélite MODIS (Moderate
Resolution Imaging Spectroradiometer) da NASA, Angola tinha registado 6.902
fogos nas anteriores 48 horas, mais do dobro dos 3.395 na República Democrática
do Congo e mais do triplo dos 2.127 fogos registados no Brasil.
"Os fogos que grassam na
Amazónia podem ter colocado pressão sobre as políticas ambientais do Presidente
Jair Bolsonaro, mas o Brasil é, na verdade, o terceiro país no mundo em termos
de incêndios nas últimas 48 horas", referia a Bloomberg, salientando que
estes números não eram invulgares na África central, quando os agricultores
fazem queimadas para preparar a terra para cultivar.
Numa sequência de 'tweets', em
que interagiu também com os seus seguidores, João Melo criticou o
"carnaval" em torno das fotos da NASA e a confusão entre queimadas e
fogos florestais.
"Confundir fotos de capim a
arder na nossa região com incêndios massivos em florestas é brincadeira. E
misturar isso com politiquice barata é pior ainda. Lamentável", escreveu o
governante.
Ministro admite queimadas em
Angola
João Melo reconheceu, contudo,
que o problema existe e precisa de ser resolvido, respondendo a um seguidor que
"o Governo está a tomar medidas para enfrentar esses problemas. Mas
resolvê-los leva tempo".
O governante rejeitou ainda, em
resposta a outro internauta, que os seus comentários estivessem relacionados
com um 'tweet' do anterior ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Sales.
Sales reagiu às críticas do
Presidente francês, François Macron, sobre o 'ecocídio' da Amazónia,
escrevendo: "Mais fogo em Angola e Congo do que na Amazónia... e o Macron
não fala nada... Porque será? Será que é porque eles não concorrem com os ineficientes
agricultores franceses?".
"Não vi nenhum tweet de
nenhum ministro brasileiro ou de qualquer país sobre este assunto",
respondeu João Melo ao seguidor que o interpelou.
Fogos na Amazónia
O Brasil começou este domingo
(25.08) a distribuir 44 mil soldados na vasta região amazónica para combater os
incêndios florestais que ocorrem nesta região nas últimas semanas e que levaram
o Governo de Jair Bolsonaro a ser criticado internacionalmente por não ter
reagido a tempo.
Também neste domingo, os países
do G7 (maiores potências industriais) concordaram em "ajudar o mais
rapidamente possível os países afetados" pelos incêndios que se
multiplicaram nos últimos dias na Amazónia, anunciou o Presidente francês,
Emmanuel Macron.
"Há uma verdadeira
convergência para dizer: 'nós concordamos em ajudar o mais rapidamente possível
os países que são atingidos pelos fogos'", disse o anfitrião da cimeira de
sete grandes potências mundiais que decorre em Biarritz até segunda-feira.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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