BE NÃO ELEGE E CDU PERDE UM DEPUTADO
Pela primeira vez desde 1976, o
PSD perdeu hoje a maioria absoluta na Assembleia Legislativa da Madeira, numas
eleições em que o PS triplicou a votação e o CDS-PP ficou com menos de metade
dos deputados.
Segundo os resultados provisórios
das eleições regionais, os sociais-democratas obtiveram o pior resultado de
sempre, 39,42%, ficando pela primeira vez desde 1976 abaixo da 'fasquia' dos
40%, nas segundas eleições de Miguel Albuquerque como líder do PSD/Madeira.
Apesar de ter recolhido
praticamente o mesmo número de votos, 56.754 em 2015 e 56.448 agora, os
sociais-democratas perderam três mandatos, ficando com 21 deputados.
Contudo, relativamente ao
escrutínio de 2015, a
abstenção baixou de 50,42% para 44,49%(há quatro anos votaram 127.539 eleitores
e hoje os votantes foram 143.190).
Já em 2015, o PSD tinha
segurado a maioria absoluta apenas por um deputado, ao passar de 25 para 24
mandatos, com 44,36%.
Mas, foi quatro anos antes que se
verificou a primeira grande 'queda' social-democrata, nas últimas eleições
disputadas por Alberto João Jardim, que liderou o Governo Regional da Madeira
desde 1978.
Nessas eleições, o PSD alcançou
48,57% (71.561 votos), ficando pela primeira vez abaixo de 50% dos votos.
Em 2007, em eleições antecipadas
devido à demissão de Alberto João Jardim como protesto pelo facto de o então
primeiro-ministro socialista, José Sócrates, lhe ter "trocado as regras a
meio do jogo", aprovando a Lei das Finanças Regionais, o PSD tinha
tido um dos melhores resultados desde as primeiras regionais, com 64,24% e o
maior número de votos de sempre, 90.377.
Nos cinco atos eleitorais
anteriores, a tendência dos resultados dos sociais-democratas tinha sido
descendente: 62,36% em 1988, 56,86% em 1992, 56,87% em 1996, 55,95% em 2000 e
53,71% 2004.
Antes desta curva descendente, em
1984, o PSD e Alberto João Jardim tinham conseguido a vitória mais
expressiva, com 67,65%.
Nas primeiras regionais, em 1976, a vitória já tinha
sido esmagadora, com os sociais-democratas a chegarem aos 60,40% e subindo para
65,33% quatro anos depois.
Percurso diferente teve o PS ao
longo das últimas quatro décadas.
Apesar de ter sido durante mais
de 30 anos a segunda força política do arquipélago, os resultados alcançados
nunca chegaram a ameaçar a maioria social-democrata.
Conquistando em 1976 22,63%, o PS
desceu depois nas três eleições da década de 80 para resultados na ordem dos
15%. Nos atos eleitorais seguintes, os socialistas subiram, atingindo
em 2004 o melhor resultado, com 27,41% e 19 mandatos.
Em 2007, o PS voltou a descer
para os 15,42%, mas os 'anos negros' eleitorais acabaram por ser 2011 e 2015
(em coligação com o PAN, PTP e o MTP), com votações de 11,5%
(16.942 votos) e 11,43% (14.573 votos), que ditaram a 'queda' dos socialistas
para terceira força política, atrás do CDS-PP.
Esta noite, os socialistas
conquistaram 35,76%, quase quadruplicando o número de votos, 51.207.
Não obstante o papel decisivo que
deverá ter com um PSD minoritário no parlamento regional, o CDS-PP
perdeu esta noite quatro deputados, passando de sete mandatos para três (em
2015 tinha obtido 13,71% e esta noite não foi além de 5,76%).
De certa forma, foi um regresso
aos resultados registados até 2011, quando os democratas-cristãos elegeram
sempre entre um a três lugares da Assembleia Legislativa da Madeira.
Em 2011, deu-se o grande 'salto'
do CDS-PP, quando passou de dois para nove deputados, com 17,63%,
ultrapassando o PS, que conquistou apenas seis mandatos, com 11,5%.
Em 2015, os centristas
mantiveram-se como segunda força, embora perdendo votos e deputados: alcançaram
13,71% e sete mandatos.
Na segunda vez que disputa as
eleições regionais na Madeira, o JPP caiu agora para os 5,57%, com
três mandatos, depois dos 10,28% e cinco deputados alcançados em 2015.
A CDU (PCP/PEV), que
nunca teve grande expressão na Madeira, com resultados que não foram além dos
5,54% registados em 2015 e dos 5,51% de 2007, desceu hoje para 1,80%, perdendo
um dos dois mandatos conquistados há quatro anos.
O BE igualou o pior resultado de
sempre desde que foi pela primeira vez a votos na Madeira, com 1,74%, que ditou
a perda dos dois deputados regionais conquistados em 2015.
Os bloquistas tinham
conquistado em 2004 o primeiro mandato no parlamento madeirense, com 3,66%,
descendo ligeiramente para os 2,98% em 2007, mas mantendo um mandato.
Quatro anos depois, em 2011, o BE
voltou a descer, para 1,70% e perdeu o lugar na Assembleia Legislativa,
recuperando em 2015 para os 3,8%, quando conseguiu pela primeira vez eleger
dois deputados.
A Nova Democracia, que tinha
conquistado um deputado em 2015, não concorreu a estas eleições.
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto:
PSD/Madeira
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