A preocupação do Governo está nas
inundações urbanas para as cidades da Beira e Maputo, e também na bacia de
Licungo, na província central da Zambézia.
Mais de 500 mil pessoas estão em
risco de sofrerem inundações na época chuvosa 2019/2020 em Moçambique,
prevendo-se a ocorrência de chuvas com tendência acima do normal, anunciou a
Direção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH).
As autoridades moçambicanas
projetam a ocorrência de inundações em 13 rios das regiões sul, centro e norte
de Moçambique, entre outubro e novembro. Enquanto isso, quase dois milhões de
pessoas vítimas do Idai e Kenneth ainda precisam de apoio humanitário.
Segundo Agostinho Vilanculos – da
Direção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH), a maior preocupação
das autoridades governamentais está nas inundações urbanas "é aí onde
temos o risco muito elevado, tanto para os meses de outubro e novembro, assim,
como em janeiro e março, principalmente nas cidades de Maputo e Beira”, disse.
Vilanculos aponta a seguir os
fatores de risco nestas duas cidades "são cidades caraterizadas por
construções desordenadas, e com défices de escoamentos das águas fluviais”,
disse Vilanculos para quem a situação é mais preocupante na cidade da Beira e
explica "como todos nós sabemos a cidade da Beira está muito abaixo do
nível do mar, então esta situação é preocupante para
esse período”.
A DNGRH apela às autoridades
municipais das cidades da Beira e Maputo para que reforcem medidas de prevenção
de inundações urbanas, através da limpeza das valas de drenagem e reativação
dos comités locais de gestão de risco e "a população deve estar atenta e
às mensagens de alerta que vamos começar a emitir a partir do dia 1 de
outubro”, informou Agostinho Vilanculos.Entre janeiro e março, há um risco
moderado a alto de cheias em nove bacias hidrográficas das três regiões do
país, sendo que a preocupação maior das autoridades moçambicanas se refere a
bacia do Licungo.
Segundo Agostinho Vilanculos
"esta bacia é caraterizada por alta densidade da população (…) vivem mais
de 700 mil pessoas ao longo do baixo Licungo”, informou Agostinho Vilanculos
alertando que "também as bacias de Messalo, Megaruma na região norte do
país estão com riscos altos de ocorrência de inundações”.
Os dados da DNGRH referem que as
barragens de Cahora Bassa, Muda, Nampula, e Chipembe, no centro e norte do
país, poderão atingir 100% de armazenamento de água.
No sul, as barragens, à
exceção de Massingir, poderão não atingir 70%, uma vez que enfrentaram uma
grave crise de água nas últimas épocas chuvosas.
INGC em "alerta" máximo
Entretanto, o Instituto Nacional
de Gestão de Calamidades já está a preparar um plano de contingência para dar
resposta a possíveis necessidades das comunidades que poderão ser afetadas,
segundo garantiu em entrevista à DW África, Paulo Tomás, porta-voz da
instituição.
"Neste plano de contingência
que vamos desenhar na base desta antevisão que foi tornada pública pela DNGRH,
vamos espelhar todos os elementos a serem tomados em conta para a prevenção dos
eventos extremos que poderão ocorrer nesta época chuvosa”, garantiu Paulo
Tomás.
O INGC também está preocupado com
a ocupação de áreas propensas às inundações, de acordo com Paulo Tomás
"estamos a sensibilizar as comunidades e os governos distritais e
provinciais, sobre os perigos de ocupação destes locais e estamos a fazer o
mapeamento destas zonas e mostrar os seus perigos e isso é um desafio para
nós”.
Apoios às vítimas do Idai e
Kenneth precisam-se
Passados seis meses depois dos
ciclones Idai e Kenneth que assolaram Moçambique entre os meses de maro e
abril, estima-se que quase dois milhões de pessoas ainda precisam de
assistência humanitária, indicou Myrta Kaulard, coordenadora humanitária da
Organização das Nações Unidas em Moçambique.
A dirigente sublinha que
"existe uma obrigação moral e é urgente que a comunidade internacional
forneça apoio para salvar as vidas dos mais vulneráveis".
O INGC diz-se também preocupado e
garante que junto dos seus parceiros está a fazer de tudo para assistir todas
as pessoas necessitadas vítimas dos dois ciclones.
"Essas pessoas precisam do
seu tempo para se recompor dos estragos provocados pelos ciclones. Dentro do
processo de assistência e da planificação feita, o INGC e seus parceiros
continuam ainda a prestar apoio a um grupo alvo”, informou Paulo Tomás.
No total, 647 pessoas morreram
entre março e abril, como resultado direto dos ciclones Idai e Kenneth, que
destruíram 223.947 casas nas províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambezia,
assim como 93 unidades de saúde e 3.504 salas de aula.
Amós Zacarias | Deutsche Welle
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