quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Novela Trump, Boris, mentiras eleiçoeiras, Tancos e a fartura de animais


Curto com Martim Silva na banca redatorial, propriedade do tio Pinto Balsemão, Chico para os amigos. Os EUA estão em vantagem no que vai ler. Tem mais parágrafos dedicados ao país dos guerreiros e maiores assassinos dos povos do mundo – direta ou indiretamente. Desta feita é outra vez Trump e a sua destituição que vem à baila. Lana caprina, já se sabe. Mas vai fazer muita tinta nos jornais, horas infindas nas televisões e rádios… O habitual. Depois vai dar em nada.

Outros assuntos vêm à baila neste Curto do Expresso, até futebol e cultura. Para além da campanha eleitoral cá pelo cantinho à beira-mar prostrado, fixado numa alienação profunda que é contágio da Europa Raramente Unida.

Fixe esta, dita pelo PR Marcelo a propósito das armas roubadas de Tancos e onde gentalha grada parece estar envolvida: “… é bom que fique claro que o presidente não é criminoso". Pois claro, se ele o diz… E outros amigos.

Por aqui somos nós cúmplices… em dar olhos ao Expresso Curto e partilhá-lo consigo. Às vezes ficamos a saber coisas…

Bom dia. Cuidado com os dejetos caninos e os cães que mordem ou que pelo menos ladram e ameaçam (assustam) os transeuntes nos passeios pedestres. E os donos(as) felizes, assim como o PAN, sem preocupações que a exponencial fertilidade das cadelas esteja a preparar-se para invadir o país com aquela espécie de animais domésticos que nos presenteia a toda a hora com cagalhotos nos passeios e nos sítios menos convenientes.

Dos gatos já não podemos tanto reclamar, são mais caseiros e discretos – ainda não pegou a moda de passear os felinos com trela e “ornar” os passeios pedestres também com dejetos, urinas e vomitados de bolas de pêlos. Claro que aos amigos não se fecha a porta. Venham mais amigos de quatro patas que para os de duas já não há pachorra nem confiança. O PAN aplaude, apesar de falta de educação e civismo dos donos desses nossos amigos. E até quer SNSaúde para eles, apesar de muitos humanos lusos serem vítimas do descalabro do SNSaúde que tantos tentam (conseguindo) arrasar, decapitar, morder, despedaçar...

Adiante. Siga para o Curto, que já são horas.

CT | Redação PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Sai um ‘impeachment’ para a mesa do canto

Martim Silva | Expresso

Bom dia,

Enquanto por cá os motores aceleram a fundo na campanha eleitoral para as eleições legislativas, com os líderes partidários nas tradicionais voltas pelo país, e Centeno e as turras à esquerda a dominarem atenções, lá fora, nos EUA, iniciou-se final e formalmente o tantas vezes falado processo de destituição – impeachment - do presidente Donald Trump (o passo foi dado pelos Democratas na Câmara dos Representantes)… já em Inglaterra, o processo do Brexit volta a ter um nó em cima dos já existentes, com a declaração de ilegalidade da suspensão do parlamento britânico decretada por Boris Johnson. Enquanto isso, os líderes políticos mundiais (incluindo Marcelo) desfilaram na Assembleia Geral das Nações Unidas – com as alterações climáticas ainda no centro das atenções depois da cimeira do clima e antes da greve climática global.

O país e o mundo andam agitados. Este é o seu Expresso Curto. Venha daí.

CAMPANHA ELEITORAL

A campanha esteve ontem pelo menos parcialmente dominada pelos efeitos do último debate televisivo, a seis na RTP, com os candidatos a continuarem a dar explicações sobre as turras e os desentendimentos entre António Costa e Catarina Martins, às voltas com a origem da geringonça e saber-se quem é o mais geringonçeiro de todos e há mais tempo – aqui pode ler um texto do Expresso de 2016 sobre a criação da aliança.

Os dois acabaram a tentar colocar uma pedra sobre o assunto (leia aqui sobre o dia de campanha do BE).

Enquanto isso, Rui Rio, que parece estar em recuperação depois de meses de marasmo, deixou no ar a ideia de que o Governo ainda vai fazer mais encenações e desafiou o ‘Centeno do outro’ para um debate com o seu.

O Centeno de Costa, qual popstar, entrou em campanha, com o PS a tentar recuperar o terreno que lhe parece ter fugido nos últimos dias.

Entre os comunistas, Jerónimo diz que outros se enfeitam com o que o PCP conseguiu. No CDS, a campanha anda cheia de nomes do passado. Do apoio de Paulo Portas ao regresso, não inteiramente pacífico, de Manuel Monteiro.

Entre os mais pequenos, destaque ontem para a campanha do Livre, de Rui Tavares, que embora nunca tenha eleito um deputado aponta a fasquia para os três. E para o Chega, de André Ventura.

O Expresso anda pelo país com os candidatos. Mas também na redacção se olha para o que se passa na campanha, com vários vídeos diários a analisar a campanha. Não deixe de nos seguir.

Hoje, quarta-feira, boa parte dos líderes partidários vai rumar a sul. Rio anda em Beja, Serpa, Mourão, Évora e Vidigueira. Cristas em Vila Real e Viseu. O PS pelo Algarve. O PCP em Braga e Viana. O Bloco em Setúbal e Faro. E o PAN em Sines e Mértola.

EUA

É claro que há um antes e um depois de Trump, mas nunca na história dos Estados Unidos um Presidente foi destituído do cargo num processo de impeachment. Já se tentou por três vezes. No século XIX com Andrew Johnson, no final do século XX com Bill Clinton e Richard Nixon (demitiu-se antes da votação).

O processo agora iniciado é eminentemente político e dificilmente terá concretização real e efetiva. Isto na medida em que mesmo que seja votado e aprovado na Câmara dos Representantes, teria sempre de ser aprovado num Senado em que os Republicanos têm uma maioria clara. Aqui pode perceber quais os passos que se seguem.

O mais surpreendente neste caso não é o processo de impeachment em si, ontem anunciado por Nancy Pelosi, a líder dos Democratas, no Congresso, até porque na sequência das investigações Mueller (sobre as ligações EUA-Rússia) já há várias comissões do Parlamento a analisarem pontos que poderiam levar a uma destituição. Aliás, desde que Trump foi eleito que se pergunta se o Presidente conseguirá ou não levar o mandato até ao fim.

O mais surpreendente é mesmo o motivo no qual é sustentado este pedido de destituição. Não tem nada que ver com as investigação de Robert Mueller. Não tem nada que ver com a Rússia. Não tem nada que ver com Putin. O caso agora espoletado baseia-se numa polémica recente (mais uma) envolvendo alegadas pressões de Trump sobre o Presidente da Ucrânia, Zelensky, para que este investigasse os negócios de Joe Biden (provável adversário nas presidenciais) e do seu filho no país. Como se não bastasse, Trump teria ainda congelado um pacote de ajuda militar à Ucrânia, como forma de pressão. Agora é acusado, politicamente, de abuso de poder.

Trump já respondeu e fala em “caça às bruxas”.

BREXIT

O Supremo Tribunal do Reino Unido decretou ontem que a suspensão dos trabalhos do Parlamento britânico até 14 de outubro, em cima da data de saída do país da União Europeia, é ilegal. Um golpe em Boris Johnson, autor da iniciativa. Mal se soube da notícia, o speaker da Câmara dos Comuns anunciou a reabertura do parlamento. Para hoje às 11h30. O líder trabalhista, o apagado Jeremy Corbin, respondeu ontem, dizendo que aceita eleições mas só depois de ficar afastada a hipótese de uma saída da UE sem acordo, com que Boris tem ameaçado. E o primeiro-ministro promete voltar à carga, não se dando por vencido.

NAÇÕES UNIDAS

Marcelo Rebelo de Sousa discursou na última noite na Assembleia Geral das Nações Unidas, defendendo o papel e a força e a importância da organização no panorama global e lembrando o fracasso da Liga das Nações, antecessora da ONU, surgida após a I Guerra Mundial e que não evitou o caminho para o abismo da II Guerra.

Em caminho oposto foram intervenções como a de Donald Trump, que subiu ao palco para decretar que o futuro é dos patriotas e não dos globalistas.

Já António Guterres, o anfitrião, falou no risco de uma fratura no planeta. “Numa altura em que aumenta o número de refugiados e de pessoas deslocadas no mundo exige-se solidariedade. A diversidade não constitui uma ameaça, mas sim uma riqueza”

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,

Embora estivesse em Nova Iorque, na Assembleia Geral das Nações Unidas, Marcelo decidiu desta vez falar da vida interna portuguesa, coisa que sempre andou a prometer não fazer. Fê-lo para falar sobre si próprio, a propósito de Tancos, cuja acusação vai sair cá para fora entre hoje e amanhã.

As pensões de reforma vão ter um aumento acima da inflação, depois das revisões dos números do PIB (esta notícia podia estar no pacote das notícias de campanha).

Metade dos médicos do SNS tem mais de cinquenta anos.

A falência do operador turístico inglês Thomas Cook tem consequências por cá. Os operadores turísticos no Algarve, por exemplo, fazem contas aos prejuízos, leia-se dívidas da Thomas Cook que agora não têm forma de recuperar.

A CMVM anunciou que a Cofina tem até ao dia 11 de outubro para depositar a OPA sobre a Media Capital, proprietária da TVI, depois de no sábado ter sido anunciada a conclusão do negócio entre a proprietária do Correio da Manhã e os espanhóis da Prisa.

Elisa Ferreira já foi indigitada como Comissária Europeia mas no Parlamento Europeu continua-se o trabalho de escrutinar o percurso da socialista, antes de esta poder mesmo chegar ao cargo. Em cima da mesa continuam as questões relacionadas com o emprego do seu marido.

Um antigo mercenário português é o garganta funda num caso de homícidio de um autarca em Espanha.

Lá fora,

Falhadas as negociações para um governo em Espanha, já foi publicada oficialmente a data das novas eleições gerais, a 10 de novembro. E lá vão os espanhóis outra vez às urnas…

Vinte e três pessoas foram detidas numa investigação ao tráfico de pessoas no Canal da Mancha.

Os EUA sancionaram empresas de Chipre e Panamá que transportam petróleo da Venezuela.

Já vai em nove o número de vítimas dos cigarros eletrónicos nos Estados Unidos. As autoridades continuam sem conseguir explicar o que se passa ao certo.

Plácido Domingo, que está a ser acusado por várias mulheres de assédio sexual, abandonou a produção de Macbeth na Ópera de Nova Iorque, o Met.

DESPORTO

Não é todos os dias que se consegue uma entrevista a Bernardo Silva, hoje em dia um dos melhores futebolistas portugueses e europeus. Foram 12 minutos ao telefone mas vale bem a pena ler, aqui na Tribuna.

Na TVI,  Luís Filipe Vieira foi ontem à noite entrevistado. Aqui fica o resumo do que de mais significativo o presidente do Benfica falou.

O estado de saúde do Sporting continua a dar que falar, e apesar de Leonel Pontes ter dirigido o treino de ontem da equipa, já se fazem apostas sobre quem será o homem que se segue à frente dos leões.

Hoje regressa a Taça da Liga, antes de nova jornada do campeonato.

O QUE ANDO A LER

Acaba de sair por cá o último livro do incrível pensador Malcolm Gladwell (autor de bestsellers como Blink e Outliers). Pensar fora da caixa, densidade, profundidade, ousadia. Ele tira-nos da zona de conforto do nosso pensamento e das nossas certezas. Agora o tema resume-se no próprio título da obra, “Falar com Desconhecidos”, e trata sobre a dificuldade que temos em perceber, interagir e discernir o comportamento daqueles que não conhecemos bem. As histórias que desfia no livro vão, por exemplo, da negra parada pelo polícia de trânsito branco nos EUA que se suicida três dias depois, ao espião cubano que deserta para o Ocidente em plena Guerra Fria, passando por tantos outros exemplos, como a forma como Madoff foi agindo durante anos, sem que quem com ele lidava percebesse que se tratava do maior golpe financeiro da História.

Todas estas histórias para mostrar como o ser humano prefere instintivamente apostar na perceção da verdade, em vez de ser cético.

Nos intervalos de Gladwell, tenho nas mãos a releitura de um dos melhores livros que a ficção humana já produziu. “Amor em Tempos de Cólera”. Este nem recomendo aos leitores do Expresso Curto. De certeza que já o leram.

Última sugestão para os vários podcasts do Expresso. Como o de política, o de economia ou o de internacional, além da Beleza das Pequenas Coisas. Se ainda não ouviu, vá espreitar.

Por hoje é tudo. Continue por aí, com o Expresso. Sábado tem edição semanal do jornal, e com a sua compra é oferecido aos leitores um livro de Alain de Botton.

Boas leituras

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