Exercícios ocorrem em meio a
crescentes tensões entre os dois países. Maduro acusa Bogotá de preparar
agressão após presidente colombiano dizer que regime venezuelano oferece abrigo
a rebeldes guerrilheiros.
A Venezuela iniciou na
terça-feira (10/09) exercícios militares na fronteira com a Colômbia, atendendo
a uma ordem dada na semana passada pelo presidente do país, Nicolás Maduro, em
meio a uma crescente tensão com o governo da vizinha Colômbia.
Tanques, veículos blindados
carregados com mísseis e dezenas de soldados começaram os exercícios no
aeroporto de La Fría, no estado de Táchira. Ordenadas por Maduro após ele
denunciar um suposto plano da Colômbia para lançar um "conflito
militar", as manobras são planejadas para terminar no dia 28 de
setembro.
Fontes ligadas à Força Armada
Nacional Bolivariana (FANB) disseram a jornalistas que há 150 mil soldados
e policiais na região da fronteira, mas não ficou claro se todos
participarão dos exercícios.
Bogotá negou ter qualquer plano
contra a Venezuela, pedindo "serenidade" nesta terça-feira, diante da
escalada de acusações.
A relação entre Maduro e o
presidente conservador colombiano, Iván Duque, está desgastada há algum tempo.
O governo venezuelano suspendeu as relações com a Colômbia em fevereiro, depois
que Duque declarou seu apoio ao rival de Maduro e autoproclamado presidente
interino da Venezuela, Juan Guaidó. Na luta pelo poder entre Maduro e Guaidó,
que já dura meses, a Colômbia é um dos principais apoiadores do líder da
oposição.
Na terça-feira da semana passada,
Maduro acusou a Colômbia de usar o rearmamento de alguns integrantes da antiga
guerrilha Forças Armadas Revolucionária da Colômbia (Farc) como uma
"manobra" para "começar um conflito militar" entre os
dois países e declarou um alerta na fronteira.
Depois de mais de um ano de
paradeiro desconhecido, o antigo número dois das Farc e principal negociador do
acordo de paz de 2016, Iván Márquez, reapareceu a
29 de agosto último, num vídeo, com outros ex-líderes do grupo, anunciando o
regresso às armas. Em seguida, o presidente colombiano anunciou a criação de
uma unidade especial e acusou Caracas de dar abrigo a rebeldes das Farc.
"Apelamos a todos os
colombianos para que tenham serenidade", afirmou a vice-presidente
colombiana, Marta Lucía Ramírez. "Temos uma força pública suficientemente
equipada e capaz. Não temos que responder a essa ameaça, pois seria uma insensatez
pensar que possa ser real", acrescentou.
Guaidó afirma que os exercícios
militares são uma estratégia de Maduro para distrair a população da crise
econômica que abala o país nos últimos anos.
O chefe do Comando Estratégico
Operacional da FANB, Remigio Ceballos, comandou o primeiro dia de exercícios e
afirmou que a Venezuela tem "amigos no mundo tudo", uma resposta à
oposição, que denuncia a presença de soldados russos e cubanos entre os
militares do país.
Em discurso, Maduro disse que o
Exército está pronto para as manobras militares e anunciou que manterá o
"alerta laranja" na fronteira, decretado após o líder chavista
afirmar que o governo da Colômbia planeja invadir a Venezuela.
"É para deixar tudo pronto,
para defender nosso território. Não ameaçamos ninguém, mas estamos prontos para
nos defendermos se necessário", ressaltou Maduro.
Deutsche Welle | MD/efe/lusa/afp/dpa
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