quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Justiça à portuguesa: Cidadania cega e surda, com cassete no lugar do cérebro


Um pouco fora de horas, eis o Expresso Curto… que dá sempre jeito aso que têm sede de atualidade (retardada-ou-nem-por-isso). Consuma-se sem perder pitada. Filipe Garcia é quem hoje manuseia o teclado que lhe espelha a alma, o saber e a inspiração, pegando aqui e ali no que já lá vai e no que aí vem. Um bom exercício, certamente que por muitos apreciado.

Abrir com campanha eleitoral é a receita. Costa e o armamento de Tancos está no miolo da meta que já foi ganha pela justiça portuguesa e pela média corporativa quando lançou novamente Tancos em plena campanha eleitoral para dar um empurrão ao PSD radical neoliberal e tramar o PS armado em socialista. Há os que dizem que não é bem assim… Claro que essa coisa de justiça (que até nem é justa, em inúmeros exemplos à vista) é unha com carne com a direita mais ao estilo do sistema “Às vezes democracia, mas nem sempre, nem a sério”, que é tantas vezes injusta e desprezível para os portugueses. Aos que assim não se apercebem, depois de tantos anos de “coincidências” aplica-se aquele dito do “tem pai que é cego”. No caso referido é certo e recomendável afirmar que “tem cidadão que é cego, surdo e usa cassete no lugar do cérebro”. Com o acrescento de que nas falas… bale.

Assim sendo e tomado por certo, vamos de seguida dar espaço ao Curto e deixemos para o lado os carneirinhos que teimam em nos adormecer, mesmo aos que não os contam para “chamar” a dormência, o sono, a ignorância das tramas que nos rodeiam e nos azedam a vivência. Mas no Curto há muito mais temas, felizmente. Convém é estaremos muito atentos... Porque, na maioria dos casos, o que parece, não é.

Bom dia de tarde, e à noite, neste 2 de Outubro. Pule para o Curto, é de ler e pensar.

SC | Redação PG



Costa à tona com Tancos em fundo

Filipe Garcia | Expresso

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Com a campanha na estrada, novidades do caso de Tancos e um furacão de força inédita nos Açores, o final da semana será agitado.

Sabe-se agora que na fase final do inquérito, o Ministério Público quis ouvir Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa como testemunhas sobre o assalto ao quartel em Tancos. Algo que o diretor do DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal) considerou desnecessário. Com o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, entre os 23 acusados, e João Cordeiro, general e ex-chefe da casa Militar de Belém, a merecer uma certidão por falsidade de testemunho, Tancos vai continuar a marcar os últimos dias da campanha.

E se a justiça não sairá da agenda, a hora da matemática está a chegar. Na estrada, com mais ou menos segurança, em carrinha de vidros fumados ou de híbrido, as novas sondagens já obrigam a contas. As duas mais recentes apontam ao mesmo: 7 pontos de vantagem dos socialistas face ao PSD - entre os 37 e os 30, entre os 35,6 e os 28,6 por cento, consoante a versão –, Bloco a rondar os 10% e duas quebras – uma, pequena, na CDU; outra, não tão pequena, no CDS. A fechar, o PAN estará perto do segundo deputado e o Livre chega aos últimos dias de estrada na frente dos candidatos a estreantes no Parlamento.

Com a possibilidade de Ferro Rodrigues ainda convocar a Comissão Permanente da Assembleia República para que os deputados discutam o caso de Tancos, a três dias do final, a campanha anda entre Metáforas pirosas ou fresquinhas, e uns quantos assuntos sérios. Tudo para seguir AQUI no site especial que o Expresso preparou para as Legislativas. Por lá, ainda pode experimentar o nosso comparador de programas.

O Furacão Lorenzo

Dizia Miguel Miranda, presidente do IPMA, ontem na SIC Notícias: temos de nos preparar para os fenómenos climáticos extremos. O panorama não é positivo, as infraestruturas foram pensadas para o clima ameno do século passado e, alertou, “estamos a experimentar acontecimentos que nunca conhecemos antes. Nesse sentido, o nosso sistema não está dimensionado para o que o futuro nos apresenta”. Aos Açores, Lorenzo já chegou cansado – de 5 já passara a categoria 1 e ainda assim apresentava extensão suficiente para cobrir Flores e Corvo, ondas entre os 10 e os 15 metros e vento a variar entre os 160 e os 200 km/h. A proteção civil decretou o alerta vermelho, convocou 700 operacionais e deixou outros 300 de prevenção. Mas o verdadeiro alerta deixou-o Miguel Miranda na SIC – é ao nordeste do oceano Atlântico que estão a chegar mais e maiores tempestades.

Prognósticos à parte, o Furacão Lorenzo foi mais forte entre os seis de Categoria 5 registados desde 2016 no Atlântico. Também foi o que chegou mais perto. No total, durante a noite foram desalojadas duas pessooas, registadas 15 ocorrências e encerradas 61 estradas e a manhã ainda será bem agitada pelo arquipélago.

Outras notícias.

70 de Pequim, 50 em Hong Kong

De um lado a gigantesca parada militar a assinalar os 70 anos do nascimento da República Popular da China. Do outro, em Hong Kong, a manifestação que assinalava o quinto aniversário do nascimento do movimento dos chapéus-de-chuva foi alvo de uma violência inédita por parte das autoridades. Quando se celebrava o Dia Nacional da China, as manifestações proibidas em Hong Kong acabaram marcadas pela mais violenta repressão desde que os protestos começaram: as forças de segurança usaram fogo real pela primeira vez, um jovem de 18 anos baleado, no final registaram-se 50 feridos e 100 detidos. Em dia novos protestos, todos os porquês estão explicados neste 2:59, O território que tenta livrar-se do guarda-chuva onde o querem abrigar em 2047.

Ricciardi em campo

José Maria Ricciardi voltou ontem às notícias. Sobre o caso do alegado favorecimento do ministro Manuel Pinho à EDP, o antigo banqueiro será inquirido pelos procuradores do Ministério Público sobre as ligações que mantinha com o antigo ministro socialista, o presidente executivo da elétrica António Mexia e Ricardo Salgado, antigo presidente do BES. Noutro campo, o anúncio foi feito sem pompa ou circunstância, apenas um comentário à agência Lusa, assinalando a reativação da página de Facebook usada na última campanha à presidência do Sporting e a reunião de um pequeno grupo para, diz na página, “erguer o Sporting”. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos, no DCIAP e em Alvalade.

A Liga dos Campeões

A vida não anda fácil para Bruno Lage. No campeonato, o Benfica está empatado com FC Porto, um ponto atrás do surpreendente Famalicão. Na Taça da Liga o jogo de estreia acabou empatado e na Europa, a missão - hoje às 20h - é apagar da memória a derrota (e a exibição) no jogo frente ao Leipzig. Pela frente estará o Zenit, teoricamente a equipa mais forte do grupo. Na Rússia, na conferência de imprensa de antevisão do jogo, Lage disse que joga sempre para ganhar, que se dá bem com a responsabilidade sobre os ombros e ainda fez um apelo ao voto no Domingo. Mais um discurso simpático do treinador do Benfica. Aguardemos o resultado e o tom da conferência de imprensa de rescaldo. Tudo para ler na Tribuna.

A frase

“Não vou negar que esta seja a parte difícil, mas chegamos ao momento da verdade”

Boris Johnson, primeiro-ministro inglês na entrevista à Sky News em que também teve de responder pela relação amorosa que terá tido com Jennifer Arcuri, empresária norte-americana que recebeu fundos públicos de Londres quando Johnson era Mayor.

O que ando a ouvir

Os Dead Combo anunciaram ontem o seu fim. Desde 2003 que Tó Trips e Pedro Gonçalves se vestem de cangalheiro e gangster para, em palco ou em disco, nos presentearem com alguma da melhor música nacional dos últimos anos – soam a Lisboa, soam a música tradicional portuguesa e nunca cheiram ao pó, aquele que cobre músicos especialistas em fórmulas usadas à exaustão. Sete discos, um número incontável de concertos e distinções que chegaram em formato de galardão ou apenas em forma de convite – como o que Anthony Bourdain lhes endereçou, para aparecerem e musicarem o episódio de No Reservations que gravou em Lisboa.

A despedida ficou marcada para 2020 e a promessa é que seja “em grande”, depois de uma digressão que deverá arrancar ainda este ano. Voltei ontem a ouvi-los. Suspeito que me deixarei ficar por uns tempos.

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