A polícia moçambicana reteve em
Nampula 34 pessoas suspeitas de estarem a caminho de Cabo Delgado para integrar
grupos armados. Operações de patrulha reforçam a segurança na região.
O caso ocorreu na semana passada,
quando durante operações de patrulha a polícia mandou parar um veículo que saía
de Nacala-Porto, na província de Nampula, que faz fronteira com Cabo Delgado,
explicou Zacarias Nacute, porta-voz da polícia naquela província do norte de
Moçambique, em entrevista à agência de notícias Lusa esta quinta-feira (03.10).
"Quando foram abordados,
eles, na maioria jovens, tiveram dificuldades para explicar para onde seguiam.
Disseram que iam para Angoche [também em Nampula] para trabalhar numa fábrica
de castanha. A Polícia efetuou diligências e descobriu que isso era uma
mentira", explicou o porta-voz.
De acordo com a polícia
moçambicana, trata-se de um caso de recrutamento de pessoas que vão juntar-se
às fileiras dos grupos criminosos que têm protagonizado ataques na província de
Cabo Delgado desde outubro de 2017.
"Estes indivíduos foram
levados às suas zonas de origem e, neste momento, estamos a efetuar diligências
para localizar os mentores, na medida em que não foi possível identificar no
local o responsável pelo recrutamento", afirmou o porta-voz da polícia
moçambicana em Nampula, acrescentando que a corporação tem registado com
frequência este tipo casos e, por isso, foi reforçada a segurança.
Alguns distritos da província de
Cabo Delgado, norte de Moçambique, são alvo de ataques de grupos armados desde
há dois anos, havendo relatos de violência quase todas as semanas, apesar do
silêncio das autoridades.
De acordo com números recolhidos
pela Lusa, a onda de violência já terá provocado a morte de, pelo menos, cerca
de 200 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das forças de
segurança.
Os ataques ocorrem na região onde
se situam as obras para exploração de gás natural nos próximos anos. O grupo
jihadista Estado Islâmico tem anunciado desde junho estar associado a alguns
destes ataques, mas autoridades e analistas ouvidos pela Lusa têm considerado
pouco credível que haja um envolvimento genuíno do grupo terrorista nos ataques
que vá além de algum contato com movimentos no terreno.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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