domingo, 24 de novembro de 2019

Portugal | 25 de Novembro: Mário Tomé contra "o disparate" da condecoração


Mário Tomé, militar de Abril e ex-deputado da UDP, é contra "o disparate" da distinção com a Ordem da Liberdade dos militares envolvidos no 25 de Novembro, o movimento que pôs fim ao processo revolucionário em 1975.

"A Ordem da Liberdade, que não foi dada a muitos dos que tiveram um papel fulcral no 25 em Abril, querem dá-la agora a quem fez o 25 de Novembro? É um disparate completo", afirmou à Lusa, num comentário à proposta do CDS para que os envolvidos neste movimento, civis e militares, sejam agraciados com a distinção.

E, apesar de usar outros argumentos, Vasco Lourenço duvida ser possível pôr em prática uma das ideias do CDS -- a distinção com a Ordem da Liberdade dos civis e militares envolvidos nos acontecimentos de há 44 anos.

"Além do facto de muitos capitães de Abril ainda não terem sido condecorados, apesar da sua ação relevante no 25 de Abril (conspiração e operação militar), pergunto: quem está em condições, isto é, tem competência para decidir sobre quem deve ser condecorado?", perguntou.


Mário Tomé é, igualmente, crítico de qualquer uma das propostas, do CDS, de direita, e do Chega, de extrema-direita, de propor uma sessão evocativa ou sessão solene para assinalar anualmente a data na Assembleia da República.

Para o militar, "quem anda a propor isso é porque não tem mais nada para propor" - o CDS "porque sofreu uma derrota nas eleições e o outro [Chega] quer mostrar que tem iniciativa política".

Olhando para o passado, há 44 anos, Mário Tomé, que esteve do lado dos derrotados do 25 de Novembro, acha, aliás, que "não há nada a comemorar" pelo que a data representou.

Desde esses acontecimentos, "todas as grandes conquistas do 25 de abril foram todas paulatinamente, com mais ou menos luta, claro, sendo liquidadas" e o que existe hoje, acrescentou, é "uma memória, uma nostalgia" dessas "grandes conquistas" que vão "existindo talvez no papel" e "já não são a mesma coisa".

Uma delas é o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que o Governo minoritário do PS, nos últimos anos, "deixou que se degradasse".

O 25 de Novembro de 1975 ditou o fim do chamado "período revolucionário em curso", conhecido pela sigla PREC, um movimento militar contra um possível golpe militar de extrema-esquerda, tese ainda hoje contestada pela chamada "esquerda militar", que saiu derrotada.

Um dispositivo militar, com base no regimento de comandos da Amadora, sob a direção do então tenente-coronel Ramalho Eanes, futuro Presidente da República, travou a tentativa de sublevação de unidades militares conotadas com setores da extrema-esquerda. Ao fim da tarde, foi decretado o estado de sítio em Lisboa.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Global Imagens


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