Mário Tomé, militar de Abril e
ex-deputado da UDP, é contra "o disparate" da distinção com a Ordem
da Liberdade dos militares envolvidos no 25 de Novembro, o movimento que pôs
fim ao processo revolucionário em 1975.
"A Ordem da Liberdade, que
não foi dada a muitos dos que tiveram um papel fulcral no 25 em Abril, querem
dá-la agora a quem fez o 25 de Novembro? É um disparate completo", afirmou
à Lusa, num comentário à proposta do CDS para que os envolvidos neste
movimento, civis e militares, sejam agraciados com a distinção.
E, apesar de usar outros
argumentos, Vasco Lourenço duvida ser possível pôr em prática uma das ideias do CDS --
a distinção com a Ordem da Liberdade dos civis e militares envolvidos nos
acontecimentos de há 44 anos.
"Além do facto de muitos
capitães de Abril ainda não terem sido condecorados, apesar da sua ação relevante
no 25 de Abril (conspiração e operação militar), pergunto: quem está em
condições, isto é, tem competência para decidir sobre quem deve ser
condecorado?", perguntou.
Mário Tomé é, igualmente, crítico
de qualquer uma das propostas, do CDS, de direita, e do Chega, de
extrema-direita, de propor uma sessão evocativa ou sessão solene para assinalar
anualmente a data na Assembleia da República.
Para o militar, "quem anda a
propor isso é porque não tem mais nada para propor" - o CDS "porque
sofreu uma derrota nas eleições e o outro [Chega] quer mostrar que tem
iniciativa política".
Olhando para o passado, há 44
anos, Mário Tomé, que esteve do lado dos derrotados do 25 de Novembro, acha,
aliás, que "não há nada a comemorar" pelo que a data representou.
Desde esses acontecimentos,
"todas as grandes conquistas do 25 de abril foram todas
paulatinamente, com mais ou menos luta, claro, sendo liquidadas" e o que
existe hoje, acrescentou, é "uma memória, uma nostalgia" dessas
"grandes conquistas" que vão "existindo talvez no papel" e
"já não são a mesma coisa".
Uma delas é o Serviço Nacional de
Saúde (SNS) que o Governo minoritário do PS, nos últimos anos, "deixou que
se degradasse".
O 25 de Novembro de 1975 ditou o
fim do chamado "período revolucionário em curso", conhecido pela
sigla PREC, um movimento militar contra um possível golpe militar de
extrema-esquerda, tese ainda hoje contestada pela chamada "esquerda
militar", que saiu derrotada.
Um dispositivo militar, com base
no regimento de comandos da Amadora, sob a direção do então
tenente-coronel Ramalho Eanes, futuro Presidente da República, travou a
tentativa de sublevação de unidades militares conotadas com setores da
extrema-esquerda. Ao fim da tarde, foi decretado o estado de sítio em Lisboa.
Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Global Imagens
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