domingo, 31 de maio de 2020

Covid-19 | Jovens infetados são a nova preocupação na região de Lisboa


A ministra da Saúde lembrou, este domingo, que os jovens são "o novo grupo de infetados" em Lisboa e Vale do Tejo, apelando para que estes fiquem em casa se forem infetados com a covid-19. O ministério vai "reforçar a intervenção" na região.

De visita a Sintra, onde reuniu com Basílio Horta, presidente da Câmara local, Marta Temido ouviu o autarca dizer que tem havido "um défice de comunicação" quanto ao número de infetados. A ministra admitiu que "é difícil passar algumas mensagens", mas considerou ser necessário "persistir".

A governante acrescentou ter percebido "com muita clareza" que é preciso "comunicar com públicos mais jovens", uma vez que estes constituem "o novo grupo de infetados em Lisboa e Vale do Tejo". Na sexta-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS) revelou que 92% dos novos infetados na Grande Lisboa pertencem a esta faixa etária.

Temido lembrou que, nestes casos, "a doença tende a ser mais ligeira em termos de sintomas", mas reforçou: "por favor, se estiverem doentes fiquem em casa e não contactem ninguém".


"Trabalho de proximidade vai dar frutos"

A ministra referiu, embora sem precisar, que as freguesias mais preocupantes são as que têm maior densidade populacional e, portanto, maior circulação de pessoas. "É possível fazer algumas atividades, mas só se isso for feito com imenso cuidado e imensa cautela", avisou.

A estratégia para Sintra passa por "reforçar a intervenção" ao nível de rastreio e testagem, à semelhança do que também foi definido para Lisboa, Amadora, Loures e Odivelas, os outros quatro concelhos que atualmente mais preocupam.

"Tenho a certeza de que este trabalho de proximidade vai dar frutos nos próximos dias", concluiu Marta Temido, embora admitindo que "poderá demorar um pouco mais do que aquilo que todos gostaríamos".

Basílio Horta: "O pior que podia acontecer era voltarmos para trás"

Basílio Horta também sublinhou a necessidade de se "atuar com ainda maior proximidade" em Sintra, de modo a conter o vírus. No entanto, disse que tem havido "um défice de comunicação" por parte do Governo e das autoridades de saúde.

"[Estivemos] três dias consecutivos com zero [casos confirmados]. Antes, já duas ou três vezes aconteceu o mesmo. Depois, de repente, no quarto ou no quinto dia, aparecem 70 ou 80 casos. As pessoas pensam que esta região está numa situação de calamidade, o que não é verdade, e isso cria prejuízos de vária natureza", afirmou o autarca.

Basílio Horta lembrou que Sintra é o segundo concelho mais populoso do país, apenas atrás de Lisboa, e apelou "à consciência das pessoas" para que não haja retrocessos.

"Parece que, num dia, temos de estar todos em casa e, no dia seguinte, já podemos ir à praia e aos restaurantes. Tudo isto tem de ser feito com grande cuidado e rigor, e não como se o vírus já tivesse desaparecido", afirmou.

No entanto, o autarca negou que haja "um foco" na região, preferindo falar num "conjunto de situações a que temos de responder".

"A pandemia não acabou e a pior coisa que podia acontecer ao nosso país era ter de voltar para trás. Ao lado da crise sanitária, temos uma crise económica e social".

João Vasconcelos e Sousa | Jornal de Notícias

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