FARC-EP
A tonta arrogância de Duque [1] é
a causa desta bela sublevação da dignidade e do despertar das consciências.
Fica a saber este governo de vândalos e monstros repressores que o povo tem a
força para derrubá-lo. E o povo constatou que, se lutar unido sob a bandeira da
mudança, não haverá mau governo que lhe resista. Se esse caudal bravio, de
povo, for orientado em direcção ao Palácio de Nariño [2] ,
suportado por militares e polícias com sentimento de pátria e humanidade,
teremos novo governo, ou pela força irresistível das massas ou pela via
constitucional. Isso é seguro.
Basta, Duque! Não mais repressão militar nem tratamento de guerra contra um
povo inerme. Pare o uso desproporcionado da força. Não ataque o povo com
helicópteros, nem o intimide com sobrevoos de aviões dia e noite sobre as
cidades, não corte a energia eléctrica para disparar a moradores de bairros
populares utilizando lentes de visão nocturna. Recolha seus sicários
paramilitares que agora estão a disparar contra os dirigentes dos protestos.
Atenda à exortação da ONU e da União Europeia a cessar a repressão. Responda
pelos civis mortos e pelos desaparecidos. Não se lembre de decretar a comoção
interior [3] porque
o povo a esmagará e passará por cima dela.
Conclamamos os integrantes da força pública a não se deixarem utilizar mais por oligarcas egoístas e violentos, que converteram uma instituição – que por mandato do Libertador [5] deve defender as garantias sociais – num exército privado, guardas dos seus lucros e garantidores da sua permanência no poder. Definitivamente não há respeito pelo povo uniformizado. Os senhores também podem ser como Chávez, como Torrijos [6] , como Velasco Alvarado [7] e o coronel de Abril, Francisco Caamaño [8] . O posto dos senhores é ao lado do povo e com o próprio povo – em unidade cívico militar –, apoiar o pacto ou acordo político nacional para o estabelecimento de um novo governo de paz completa, democracia verdadeira, justiça social e soberania pátria.
FARC-EP
Segunda Marquetália
06/Maio/2021
[1] Iván Duque Marquez, actual presidente
da Colômbia.
[2] Palácio da Presidência da República.
[3] Estado de emergência.
[4] Refere-se a Álvaro Uribe Velez. A sua biografia não autorizada está aqui .
[5] Simón Bolívar.
[6] Omar Torrijos, comandante da Guarda Nacional do Panamá, assassinado pela
CIA num acidente simulado de aviação.
[7] General Velasco Alvarado, ex-presidente do Peru que iniciou a Reforma
Agrária no país e promoveu reformas progressistas.
[8] Coronel Francisco Caamaño, que em 1965 restabeleceu a democracia na
República Dominicana até que o seu país ser invadido por tropas dos EUA e do
Brasil.
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