quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Israel tortura e maltrata presos palestinianos -- diz advogado

Advogado confirma maus-tratos e torturas a um dos presos palestinianos capturados

O advogado Khaled Mahajna encontrou-se com Mohammad Ardah, tendo afirmado que este foi severamente espancado, submetido a privação do sono, negação de comida e água, e tratamento humilhante.

O advogado, da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, contou hoje à imprensa detalhes do seu encontro com um dos seis presos palestinianos que escaparam da cadeia de alta segurança israelita de Gilboa no passado dia 6 e que entretanto foi capturado pelas forças israelitas, assim como outros três foragidos.

O encontro de Mahajna com Mohammad Ardah foi possível depois de um tribunal israelita ter levantado a proibição imposta pelos Serviços de Segurança Israelitas às visitas de advogados aos quatro prisioneiros, revela a agência WAFA.

Mahajna disse à Palestine TV que as forças de ocupação israelitas atacaram violentamente Ardah no momento da captura, sexta-feira passada, tendo sublinhado que o preso palestiniano tem múltiplas feridas e não recebeu tratamento até agora.

Desde sábado, disse o advogado, Ardah tem sido submetido a interrogatórios contínuos e dormiu apenas dez horas em cinco dias.

Mahajna afirmou que Ardah está numa cela de dois metros por um, que lhe foi negada comida e água, que foi privado de sono e descanso, e que esteve sempre na cela e na sala de interrogatório, pelo que não tem noção do tempo.

«Andei pelas ruas do meu país ocupado durante cinco dias e tive esperança de encontrar a minha mãe», disse Ardah ao advogado. «Isto bastou-me para compensar todos os anos de encarceramento.»

O prisioneiro palestiniano referiu que as forças isaerlitas que o prenderam, assim como Zakaria al-Zubeidi, atacaram primeiro al-Zubeidi antes de serem separados no centro de interrogatórios; a partir daí, não soube mais nada de Zubeidi.

Encontro também com Mahmoud Ardah

Outro advogado da Comissão, Raslan Mahajna, encontrou-se com Mahmoud Ardah, que lhe disse que os seis que escaparam de Gilboa não tentaram entrar em terras árabes nos territórios ocupados em 1948, actual Estado de Israel, para poupar os habitantes palestinianos das retaliações por parte das forças israelitas.

Ardah disse ao advogado que os seis escaparam de Gilboa e andaram juntos até à aldeia de al-Naoura, seguindo depois em grupos de dois por caminhos separados. Disse ainda que tentaram chegar à Margem Ocidental ocupada mas que não conseguiram por causa dos pontos de controlo militares.

Os advogados da Comissão devem agora encontrar-se com os restantes presos capturados que escaparam de Gilboa, Zakaria al-Zubeidi e Yacoub al-Qadri, refere a WAFA.

Zakaria al-Zubeidi foi severamente espancado e tem duas costelas partidas

A Comissão revelou ainda, esta quarta-feira, que Zakaria al-Zubeidi, um dos quatro palestinianos detidos após ter escapado de Gilboa, sofreu maus-tratos e torturas durante a detenção e na sua sequência, tendo sido transferido para um hospital porque lhe partiram duas costelas. Além disso, apresenta cortes e hematomas múltiplos espalhados pelo corpo.

Esta madrugada, um advogado conseguiu entrar em contacto com ele, noticia a WAFA. Al-Zubeidi disse ao advogado que, nos quatro dias em que estiveram fora da cadeia, não pediram ajuda a ninguém, preocupados com as medidas repressivas que o povo palestiniano pudesse sofrer, que não beberam água e que comeram apenas fruta que encontraram nos campos.

Presos cancelam greve de fome nas cadeias israelitas

Quase 1400 presos palestinianos iam começar uma greve de fome por tempo indeterminado na próxima sexta-feira, para exigir o fim da política de detenção administrativa, dos maus-tratos, do isolamento, das transferências, das punições colectivas a que têm sido submetidos desde que seis deles escaparam da chamada «caixa forte», como é designada a cadeia de Gilboa, pela sua alegada inviolabilidade.

Em comunicado ontem emitido, Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 1380 os presos palestinianos iam dar início a um protesto por fases em diversos cárceres israelitas.

No entanto, a Sociedade dos Presos Palestinianos revelou hoje que o protesto foi cancelado, depois de os serrviços prisionais israelitas terem aceitado as exigências dos presos, noticia a WAFA.

AbrilAbril

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