domingo, 28 de novembro de 2021

Angola | O DRAMA DO DESEMPREGO

Agostinho Chitata* | Jornal de Angola | opinião

O Instituto Nacional de Estatística acaba de divulgar a Folha de Informação Rápida (FIR) relativa ao terceiro trimestre do presente ano. A fotografia com que nos brinda este tão importante documento deve merecer a atenção e a preocupação de todos nós.

Verificou-se, digamos assim, uma subida considerável da taxa de desemprego, comparativamente ao segundo trimestre, que apresentava tendência de melhorias. Passou-se dos anteriores 30.5 para 34.1.

Os números quando perdem a sua frieza e se distanciam da abstração que as estatísticas nos apresentam, revelam-nos que temos mais de cinco milhões de angolanos em idade activa que não trabalham, ou seja, não têm um emprego.

Se se olhar com um pouco mais de atenção, vamos constatar que a nível da área urbana, esta taxa é bem mais elevada. Fala-se de 43.4 por cento. Entretanto, mais preocupante ainda, é a informação segundo a qual perto de 81 por cento dos que são considerados empregados actuam no sector informal.

O que, fazendo uma avaliação desapaixonada, são números assustadores. Claro que não constitui uma realidade exclusiva de Angola, pois os países a nível do globo têm estado a se deparar com este grande dilema.

Se juntarmos a esta informação o facto de Angola fazer parte dos dez países que mais crescem, registar um crescimento médio de um milhão por ano, mais preocupantes ainda nos parecem estes números.

Reconhece-se que o Executivo angolano tem estado a fazer um esforço ingente. O Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) tem mostrado muito dinamismo e uma capacidade de abordagem realista a estes problemas e fenómenos.

Referimo-nos de uma iniciativa que foi, sexta-feira última apreciada em Conselho de Ministros do incentivo para a contratação de jovens entre os 18 e os 30 anos, isentando as empresas que assim o façam.

Como noticiou o Jornal de Angola, os empregadores singulares ou colectivos do sector público e privado que celebram contratos de trabalho com os jovens com as idades acima avançadas vão passar a beneficiar de uma redução de 50 por cento e isenção da taxa contributiva da sua responsabilidade.

O diploma diz, ainda, que a decisão se enquadra no âmbito das medidas de apoio à retoma da actividade económica e de reforço à resiliência das empresas no contexto de superação da crise sanitária.

E o Plano de Acção para a Promoção da Empregabilidade (PAPE) reforça este desiderato, com uma série de iniciativas e um grande enfoque a nível da formação profissional. Lançado em Outubro de 2019, o PAPE prevê gerar um total de 83.500 empregos para jovens até ao próximo ano.

Tal, pelos dados a que tivemos acesso, tem permitido que milhares de jovens tenham oportunidade de aprender uma profissão. Só nestes anos, como avançam as estatísticas, mais de 55 mil jovens foram formados nos mais variados cursos.

Sublinha-se a  grande iniciativa dos estágios profissionais, que demonstra ser este o caminho. Entretanto, a julgar pelos números e gravidade das situações, pensa-se que se deve apostar um pouco mais, com meios e recursos para que o país, grosso modo, possa encarar este fenómeno de frente. 

Colocar a questão do desemprego na principal pauta de preocupação das entidades governativas e da sociedade. É bem verdade que os ventos de mudança nos trazem alguma esperança, pois a expectativa é que se volte a crescer. As projecções para o próximo ano apontam para 2.4 por cento o crescimento do PIB.

Obviamente que isto vai reanimar a economia e permitir a que mais empresas contratem trabalhadores, façam mais negócios e rendimento para as famílias. O desemprego é um verdadeiro drama, mas não é um problema exclusivo de Angola. Mas que, por conseguinte, deve preocupar e mobilizar a todos.

* Jornalista

Sem comentários:

Mais lidas da semana