domingo, 28 de novembro de 2021

Portugal | POLÍTICA E POLITIQUICE

Inês Cardoso* | Jornal de Notícias | opinião

Encerrado um capítulo essencial para clarificar que alternativas se colocam aos portugueses na escolha do próximo primeiro-ministro, é tempo de o PSD se libertar de desalinhamentos internos e se focar na preparação da corrida decisiva que aí vem. E é tempo de todos os partidos mostrarem claramente ideias, projetos e a ambição que têm para o país, num momento em que a incerteza causada pela covid-19 volta a inquietar os portugueses.

A crise política não tem nada de dramático em si mesma (basta olhar em volta, na Europa, para se perceber o que é a normalidade democrática), mas será um problema se não trouxer mais maturidade e sentido de serviço público à nossa vida política. O taticismo que conduziu ao chumbo do Orçamento do Estado começa igualmente a manifestar-se nalguns discursos sobre a saúde pública e a covid-19 e sairemos todos a perder se houver aproveitamento do medo.

António Costa tem-se mantido resguardado, e essa será a melhor forma de gerir a obra que todos os dias vai sendo mostrada por uma equipa em funções, capitalizando os erros dos partidos de oposição, até aqui mais entretidos, à direita, a arrumar a casa do que a fiscalizar o Governo. Mas também sabe que o tom da campanha será determinado, em larga medida, pelo rumo da pandemia e pela capacidade de encontrar soluções para a grave crise que se vive nos hospitais.

Não será aceitável que as medidas de contenção sejam escolhidas em função de cálculos eleitorais. Da mesma forma que os portugueses saberão ler eventuais excessos em declarações ou ações que usem a covid como arma de arremesso. Além de cada vez mais cansados de politiquices, os portugueses sabem interpretar manobras táticas. Os partidos, os programas e os protagonistas não são todos iguais, por muito que vozes demagógicas tentem fazer crer o contrário. E no dia 30 a palavra é de quem vota.

*Diretora

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