quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

DA LIMPEZA ÉTNICA EM GAZA AOS PANACAS LUSOS QUE NÃO PASSAM DO BLÁ-BLÁ


Bom dia, se conseguirem. Depois de nós (PG) segue-se o Expresso (curto) que  nos trás a 'novidade' do monstruoso e repelente Trump - um homúnculo detestável, animalesco do piorio enxertado em abutre, hiena e cobra cuspideira. E ele cospe, cuidado. Cospe as coisas mais inverosímeis e desumanas. Afinal um paranoico que se julga dono do mundo abençoado pelo seu deus em forma de cifrão e diabo execrável. Um nojo de exemplar da dita e metamorfoseada espécie humana no formato aparente mas repleto de trampa lá por dentro, em todos os seus âmagos - bem lá pelo interior da abominável fera. Pois. 

Mas isso já todos sabem e se não sabem vão ficar a saber por via das desgraças que agora já está a causar e muito pior, terrifico, que futuramente causará. Preparem-se.

É disso que trata o Curto pela lavra de Pedro Cordeiro, do Expresso. Depois refere coisas & loisas sobre as eleições presidenciais lusas e conspícuos candidatos que serão mais do mesmo em tudo... E até a desbundar milhares de milhões de euros em desnecessidades. Quem paga somos todos nós, contribuintes. Pagamos e nem bufamos... Bico calado. Nisso e em quase tudo. Os portugueses são uns enormes panacas, está mais que provado. Parabéns, plebeus lusos moiros de trabalho e de exploração ao serviço de elites 'chulosas', oportunistas, corruptas, e mais, e mais - tudo do pior. Democracia? Justiça Social? Justiça Laboral? Direitos Constitucionais? Ora, ora. Nada! E assim acontece em Portugal e pelos mundos oligarcas. Até um dia. Talvez num 26 de Abril a sério, em paz e com Justiça adequada, corretamente. Pois.

Vamos longos. Fiquemos por aqui no desabafo mínimo. Isto só se tratará convenientemente num livro volumoso. Ou numa verdadeira, inteligente e pacífica revolução de mentes e de atitudes.

Só uma nota acerca do Curto de hoje: Estamos em Portugal, era bom que a edição correspondente usasse o português de Portugal e não o português do Brasil. Fernando Pessoa e outros(as) genuinamente portugueses agradecem que não avacalhem a língua lusa no seu berço. Gratidão se assim fizerem.

Bom dia, se conseguirem. Sigam para o Curto do Expresso, em baixo. A seguir.


Gaza para o turismo. Roubada por Trump e Netanyahu e cúmplices (limpeza étnica)

Primeiro tomamos a Gronelândia, depois tomamos Gaza

Pedro Cordeiro, editor da seção internacional | Expresso (curto)

Bom dia!

Começo fazendo um convite: hoje, às 14h, “Junte-se à Conversa” com David Dinis e Eunice Lourenço, para falar sobre as “Presidenciais: a pesquisa e o início da campanha”. Inscreva-se aqui .

Uma “Riviera no Médio Oriente”. Uma “localização fenomenal”. Um Mar-a-Lago no Mediterrâneo? Donald Trump acrescentou ontem a Faixa de Gaza à lista de territórios que quer dominar, adicionando parte do sempre adiado Estado palestino à Groenlândia, ao Canadá e ao canal do Panamá. O Presidente americano anunciou a “apropriação a longo prazo” e reabilitação dos 365 quilômetros quadrados que a guerra arrasa desde o ataque assassino do Hamas contra Israel,a 7 de outubro de 2023. Quanto aos dois milhões de pessoas que lá moravam, não há problema, a seu ver: Egito, Jordânia e países “com coração humanitário” que os acolham, ainda que já alberguem milhões de palestinos.

“Não acho que as pessoas devam voltar a Gaza. Acho que Gaza lhes foi muito pouco afortunada”, afirmou o inquilino da Casa Branca, alheio ao peso que deslocamento forçado tem na história dos palestinos. “Eles viveram como quem vive no Inferno. Gaza não é lugar para as pessoas viverem, e a única razão pela qual eles querem voltar é que não têm alternativa.” Seu enviado ao Oriente Médio, Steven Witkoff, corroborava há alguns dias: “Em qualquer cidade dos Estados Unidos, se houvesse um centesimo dos danos que vi em Gaza, ninguém seria autorizado a voltar para casa”. Argumenta, como o chefe, com falta de infraestrutura, insegurança, doença. Expulsar os palestinos é fazer-lhes um favor.

Ao lado de Trump, o primeiro-ministro israelense saudou sua “capacidade de pensar fora da caixa”. O americano não descartou o uso de tropas para colocar o plano em prática. Se até agora uma das certezas sobre o incertíssimo futuro de Gaza era que Israel não reocuparia a Faixa, poucos imaginaram uma operação que implicaria a maior mobilização de tropas americanas desde a ilegal e desgraçada invasão do Iraque há 22 anos. O milionário que voltou ao poder não comentou sobre os óbvios obstáculos legais, militares, políticos e sociais para seu projeto para o que ele descreve hoje como “local de demolição”. Ela soou mais como incorporadora do que como governante do país mais poderoso do mundo.

Netanyahu — sobre quem pendem um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional por causa da chacina dos últimos 16 meses e uma investigação do Tribunal Internacional de Justiça ao seu país por genocídio, além de acusações de corrupção em Israel — teria na ocupação alvitrada por Trump a garantia do fim do poder do Hamas na Faixa. Depois de ter decapitado o Hezbollah no Líbano e assistido à queda de Assad na Síria, ambos sintomas claros de debilidade do seu arqui-inimigo Irão, o líder israelita veria morrer, na prática, a solução de dois Estados que continua a ser a posição oficial da comunidade internacional, mas que os seus governos sempre fizeram por sabotar.

Satisfeitos ficariam, também, os aliados de extrema-direita de quem depende o Executivo de “Bibi”. Avessos a quaisquer acordos com os palestinianos, ministros como Itamar Ben-Gvir (que se demitiu em protesto pelo cessar-fogo) ou Bezalel Smotrich querem um Israel “do rio até ao mar”, isto é, do Jordão ao Mediterrâneo. A mesma geografia que os extremistas islâmicos reivindicam para a Palestina, não raro suscitando justas acusações de antissemitismo. Na outra parte do putativo futuro Estado, a Cisjordânia, que Smotrich e Bem-Gvir querem anexar, colonos israelitas, postos de vigilância e muros vão criando um rendilhado que dificulta qualquer contiguidade territorial. Também por ali se morre.

Claro está que o Cairo e Amã repudiaram a ideia de Trump. Obviamente que a Arábia Saudita não quererá, confirmando-se tais intenções, normalizar relações com Israel, na senda dos Acordos de Abraão que o Presidente americano patrocinou durante o seu primeiro mandato. Nada disso parece perturbar o milionário, que fala de “criar milhares de empregos” num empreendimento “de que o Médio Oriente poderá ficar orgulhoso”. Caso alguém pretendesse reduzir as suas palavras a exercício de retórica, alertou: “Não quero ser engraçado, não quero ser um espertinho”, assegurando que esta “não foi uma decisão tomada de ânimo leve” e que tem apoios “tremendos”. Não saia do seu lugar.

Outras notícias

DESPEDIDA I Nos deixou Maria Teresa Horta, a última das “Três Marias” que fizeram mossa no Portugal salazarista, sendo por isso perseguidas (as outras eram Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno). Poeta e prosadora, lembrada como lutadora por Luciana Leiderfarb , a mulher que morreu ontem disse há cinco anos para Bernardo Mendonça : “Sou uma pessoa extremamente triste, mas não sou frágil. Sempre lutei pela liberdade, desde os 15 anos”; e à Cristina Margato , em 2017: “A paixão pode machucar, mas é tudo o que há de mais maravilhoso”. Recupero seu poema “Silêncio”, tão breve quanto intenso: “Não posso meu/amor/saber a causa/daquilo que tu calas//amor/quando te afastas”.

DESPEDIDA II Morreu em Lisboa o Aga Khan IV, título do chefe espiritual dos muçulmanos ismaelitas, que atendia pelo nome de príncipe Karim Al-Husseini. “Acho que o pior dos desastres é ter uma vida sem propósito. É uma ideia horrível”, afirmou em entrevista à Alexandra Carita para o Expresso , em 2018. Não creio que esse risco alguma vez tenha pairado sobre este homem, cuja sucessão será revelada quando for aberto o seu testamento.

ACUSAÇÕES O Ministério Público deduziu acusações contra o vereador Ângelo Pereira, da Câmara Municipal de Lisboa, três presidentes de Junta da capital, todos do PSD, para quem pede perda de mandato, no processo Tutti-Frutti, que envolve ainda dezenas de políticos, parte deles do PS. Ilibados ficaram o ex-presidente socialista Fernando Medina e o seu vice, Duarte Cordeiro (e o Daniel Oliveira tem pertinente comentário a fazer sobre isso ). Micael Pereira e Eunice Lourenço contam tudo o que está em jogo, enquanto Paulo Baldaia conversa com Pedro Marques Lopes sobre o caso. O vereador Pereira e o deputado Luís Newton, que encabeça a freguesia da Estrela, pediram suspensão de mandato, escreve a Paula Caeiro Varela .

FURÕES 77 Se você não sabe quem são esses policiais, os camaradas Rui Gustavo e Hugo Franco explicam tudo para você . E também informam que um deles admite que a faca encontrada junto do corpo de Odair Moniz, presumivelmente morto por tiros de um agente da PSP e depois agredido, possa lá ter sido plantada para sugerir uma sequência de acontecimentos diferente da real.

MATANÇA Da Suécia, João Diogo Correia esclarece sobre a onda de violência que se traduziu, ontem, no assassinato de dez pessoas em uma escola em Örebro, no centro do país. Catarina Maldonado Vasconcelos resume o que aconteceu ali .

RESPOSTAS Já tentou comparar o discurso das diversas plataformas de inteligência artificial? Vai achar graça. A Salomé Fernandes tentou , e obteve informações diferentes consoante usava o ChatGPT, o DeepSeek ou o Qwen Chat. Conheça também, pela pluma da Inês Loureiro Pinto , o nerd Liang Wenfeng, criador do DeepSeek, que essa semana abalou os mercados.

Frases

“Enquanto o almirante projeta integridade sem precisar de o dizer, Mendes tenta vendê-la como slogan. Enquanto Gouveia e Melo é uma tela em branco na qual os eleitores se podem projetar, Marques Mendes chega já carregado de décadas de televisão e política de bastidores. O primeiro é um símbolo. O segundo, uma figura reciclada.”
Maria Castello Branco, colunista do Expresso

“A CDU, que tem sido um dos pilares da democracia alemã do pós-guerra, abriu assim uma brecha que poderá ter consequências duradouras.”
Miguel Baumgartner, colunista do Expresso, sobre a votação em que a direita democrática alemã aceitou a mão da extrema-direita

Podcasts a não perder

Para que serve uma internação psiquiátrica? Helena Bento explora o assunto numa conversa com o psicólogo e psicoterapeuta João G. Pereira e a designer Cláudia Godinho, mentores de um modelo para evitar as hospitalizações deste tipo, que envolven a pessoa em crise, familiares e profissionais. Ouça tudo no último episódio do Que Voz é Essa?

Fez recentemente 115 anos que foram assassinados o rei D. Carlos e o príncipe Luís Filipe, seu filho e herdeiro. Henrique Monteiro e Lourenço Pereira Coutinho evocam, em A História Repete-se , o reinado do penúltimo monarca português.

Quer ganhar dinheiro? Quem não, né? Já pensou em fazer isso com ETF? São fundos de índice e, se tal expressão for tão opaca para você quanto é para mim, ouça o Contas Poupança , onde Pedro Andersson fala sobre uma ferramenta financeira que, lentamente, começa a fazer parte da carteira de investimentos dos brasileiros.

O que ando a ler, ver e ouvir

Ele tem me acompanhado nos últimos dias “Conversas sobre a fé” , sequência de diálogos abertos entre Martin Scorsese, um dos meus cineastas favoritos, e o teólogo jesuíta Antonio Spadaro. Sob o pretexto do filme “Silêncio” (2016), sobre missionários portugueses no Japão, mas também abordando os encontros do diretor com o Papa Francisco, sua infância e outros marcos de sua obra e respectivas ressonâncias espirituais, do polêmico “A Última Tentação de Cristo” dos anos 80 ao recente “Assassinos da Lua das Flores”, eis um volume esguio que se lê rapidamente e com vontade e interesse.

Nos palcos, menciono apenas as mais recentes aquisições de ingressos. De um lado, uma peça que parte de trechos de Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena: “Um país que é a noite” estreia amanhã e fica até 16 de março na sala estúdio do Trindade. A autoria é de Tatiana Salem Levy e Flávia Lins da Silva, com direção de Martim Pedroso, que interpreta ao lado de João Sá Nogueira, Maria João Falcão e Rui Melo. Entre 22 de fevereiro e 2 de março, é hora de ir ao Liceu Camões ouvir um musical a partir de canções de Sérgio Godinho. “Rita, põe-te em guarda” , verso que qualquer fã identifica, é o título da história, com libreto e direção de Rita Lage e direção musical de Ana Luísa Almeida (ingressos aqui ). A propósito de Sérgio, santo muito do meu altar, recomendo este episódio do podcast Três Divãs , em que o homem dos sete instrumentos conversa com as psicanalistas Patrícia Câmara e Ana Teresa Sanganha.

Terminamos com música. Do sempre estimulante Mali vem “Héritage” , quarto e mais acústico álbum da banda de rock Songhoy Blues. O jornal britânico “The Guardian” destaca as “harmonias próximas e percussão delicada” de um trabalho que evidencia “fineza na escrita das canções”. Também maliano é Sidiki Diabaté, filho de Toumani Diabaté e, como este, mestre da kora, instrumento de cordas que quem não conhece deve imediatamente ir escutar… e tornar-se “Kora Lover” , como o músico se declara no nome deste seu quinto disco. Do vizinho Níger, espero para o dia 28 o lançamento de “Tears of Injustice” , de Mdou Moctar, releitura despida de eletricidade de “Funeral for Justice” , estreado em 2024 e mostrado ao vivo em Paredes de Coura.

Mais conhecido, mas nem por isso menos merecedor de atenção, é The Weeknd, que nos brinda com o longo “Hurry Up Tomorrow” , último tomo de uma trilogia que incluiu “After Hours” e “Dawn FM”. Mário Rui Vieira , na “Blitz”, ficou com mais dúvidas do que certezas. Eu gostei. E, já aqui na pátria e para não demorar muito, duas faixas soltas: de Capicua, a fortíssima“Making Teenage Ana Proud” , piscadela para um ersatz jovem que pode, como outro futuro da rapper , orgulhar-se do que está criando; de Benjamim, doce revisitação do emblemático “Volkswagen” a assinalar os dez anos do disco “Auto Rádio”, efeméride que vai percorrer o país e para a qual, é claro, já assegurei entrada no B.Leza , a 3 de abril.

Me despeço com a espuma desse café nada curto já transbordando da xícara, recomendando que continuem acompanhando toda a atualidade nos sites do Expresso . Até breve e até sempre!

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