<> Artur Queiroz*, Luanda ---
O Conselho de Segurança da ONU impôs sanções pesadas à direcção da UNITA no ano de 1998, porque após a assinatura do Protocolo de Lusaka (20 de Novembro 1994) não desarmou as suas tropas como devia ter feito, após a Assinatura do Acordo de Alvor, em 1 de Maio 1991. Não devolveu à Autoridade do Estado os municípios do Andulo, Bailundo, Mungo e Nharea. O partido abandonou o regime democrático e enveredou pelo terrorismo em forma de “rebelião armada”.
Em defesa da jovem Democracia Angolana, Savimbi e o seu grupo de criminosos de guerra viram as contas bancárias congeladas. Os dirigentes e familiares directos foram proibidos de viajar. Nas áreas ocupadas militarmente pela UNITA foi imposta a exclusão aérea. Aviões ucranianos que abasteciam a rebelião de Savimbi deixaram de voar para o Bailundo e Andulo. Mas a medida mais importante foi a proibição da venda dos diamantes roubados ao Povo Angolano por Savimbi e seus bandoleiros armados. Foi assim que nasceu o conceito de “diamantes de sangue”. Os terroristas, assassinos e kamangistas foram altamente penalizados pela comunidade internacional.
O Presidente José Eduardo dos Santos deu posse ao Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN) no dia 11 de Abril 1997. Ministros e secretários de Estado da UNITA governavam. Os deputados eleitos nas listas do Galo Negro legislavam. Ao mesmo tempo Savimbi e seus bandoleiros armados matavam e destruíam portos, aeroportos, caminhos-de- ferro, pontes, barragens, sistemas de energia e água, instalações de serviços do Estado. Andavam aos tiros contra a democracia.
Nunca se viu nada igual na História Universal. Um partido representado no Governo e na Assembleia Nacional disparava contra os órgãos de soberania, depois de passar anos ao lado dos racistas de Pretória tentando aniquilar a Soberania Nacional e fazer tudo para desintegrar Angola em sobados.
Após a Paz de Luena (4 de Abril 2002), a UNITA foi ao cardápio e escolheu protagonizar outros crimes. Adoptou o vandalismo como arma de combate político. Directamente ou contratando bandidos. Todos os dias são destruídos equipamentos sociais, nomeadamente sistemas de produção e abastecimento de energia e água. Todos os dias há sabotagens protagonizadas pelos bandoleiros a soldo. São as calças novas prometidas por Savimbi nas eleições de 1992. Qualquer besta insanável percebe que não pode alugar as suas armas toda a vida nem roubar diamantes até à eternidade, ainda que eles sejam eternos. Mudaram de ramo.Adalberto da Costa Júnior, chefe do Galo Negro, de repetente apareceu no Leste de Angola sem aviso prévio. Confesso que temi o regresso do partido à kamanga. Agora sabemos que o secretário da UNITA no Moxico, Afonso Ndumba, é suspeito de estar envolvido numa rede de produção e distribuição de dinheiro falso. A este crime normalmente estão associados o tráfico de droga e a prostituição. As autoridades competentes emitiram um mandado de captura contra este dirigente da UNITA. Após a visita de Adalberto ao Leste, ele desapareceu. Mas foi visto na comitiva do líder do Galo Negro quando ele regressava a Luanda.
Elementos da UNITA, descontentes
com a protecção a um suspeito de crimes graves, revelaram que o secretário
provincial da UNITA no Moxico, foragido à Justiça, estava na comitiva de
Adalberto Costa Júnior, quando o chefe do Galo Negro regressava a Luanda. Foram
vistos os dois, de braço dado,
O secretário nacional da Comunicação e Marketing da UNITA, Evaldo Evangelista, fez esta declaração: “O desaparecimento do secretário provincial no Moxico, Afonso Baptista Ndumba, é muito preocupante e por isso vamos colaborar com a Justiça”. Sobre a presença do foragido na comitiva do líder da UNITA no seu regresso a Luanda, silêncio total. As calças novas da UNITA passam pela falsificação da moeda nacional. E é legítimo concluir que Adalberto foi ao Leste para servir de capa à fuga de Afonso Ndumba. Nada de novo. O Galo Negro também serviu de capa às tropas dos racistas da África do Sul na guerra contra Angola. De nada serviu.
A ministra Vera Daves, quando era menina, queria ser bailarina ou médica. Mas depois entrou na sua vida o Espírito Santo, fez muitas orações, entregou-se a Deus e sendo “mulher e preta” triunfou. Lidera a pasta das Finanças no Executivo. Lamento informar sua excelência que ajudar João Lourenço é cadastro. Era melhor juntar-se a Ana Clara Guerra Marques. A arte vale incomensuravelmente mais do que o dinheiro dos cofres públicos.
Ao associar o seu sucesso a ser mulher e preta, foi uma habilidade indigna. A menagem é esta: Quem me criticar é contra as mulheres e racista! Essa cabecinha precisa mesmo muito de ajuda médica. Deixe as Finanças e vá para kimbanda. Alimente o sonho.
O que me trás a este tema é mais grave. Na entrevista que Vera Daves concedeu a uma publicação dedicada à economia, a senhora ministra das Finanças nunca assumiu as suas responsabilidades pelos crimes graves cometidos na Autoridade Tributária e na Direcção Geral dos Jogos, sob sua tutela. Nunca. A sua formação, as suas habilidades, o seu sucesso, tudo se deve às orações, ao Espírito Santo e a Deus. Mulher de fé. Nada a opor. Mas Vera Daves faz parte do Bureau Político do MPLA. O partido do qual é alta dirigente não conta para ela. Não existe. Pelo seu palavreado, embrulhado em fanatismo religioso, ficou claro que não conhece o programa político do MPLA. Não conhece a História do MPLA.
Vera Daves, para ser ministra das Finanças, vestiram-lhe a capa do MPLA. Mas fica-lhe mal porque o partido nada tem a ver com Deus nem com o Espirito Santo. O MPLA não faz política orando aos deuses. Luta ao lado do Povo Angolano por uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais livre, mais próspera. Ainda ninguém lhe explicou, quando está a dançar na corda bamba, que o MPLA apoia o Executivo na Assembleia Nacional e fez de João Lourenço o Presidente da República. Não foi Deus nem o Espírito Santo.
Para não ofender os militantes do partido, Vera Daves deve demitir-se do Bureau Político do MPLA já que não se demite do Executivo, porque é bom ter a caixa das bolachas à disposição. Respeite as mulheres pretas ou de qualquer cor, que lutaram pela Liberdade, pela Independência Nacional, pela Soberania, pela Integridade Territorial. Vá-se curar e dançar a tarraxinha.
Hoje faleceu o General e Embaixador Alberto Neto. Um amigo a quem mando mukandas cronicadas todos os dias. Tanta tristeza. Os meus pêsames à família.
* Jornalista
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