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Rui Rocha da Iniciativa Liberal vira casacas com o PM Montenegro |
AbrilAbril, editorial
O primeiro-ministro Luís Montenegro, líder do executivo PSD/CDS-PP, pode ainda não ter compreendido «a gravidade da situação» em que os negócios obscuros com o poder económico o meteram, mas isso não é motivo suficiente para impedir o voto favorável da Iniciativa Liberal (IL) na moção de confiança, a apresentar na próxima terça-feira.
Em comunicado, a Iniciativa Liberal afirma que «os partidos e vários actores políticos estão a fazer baixa política, colocando interesses partidários e pessoais à frente dos interesses do País», interesses esses que os liberais identificam como sendo a continuidade de um Governo que a própria IL considera estar completamente controlado por interesses económicos e empresariais.
«Entre a Spinumviva [empresa de Luís Montenegro] e o País, decidiu pela Spinumviva», criticou Rui Rocha, numa declaração prestada na Assembleia da República, por ocasião da moção de censura apresentada pelo PCP (rejeitada pela IL). «São as decisões do primeiro-ministro», reiterou Rocha, «que não põe o País no primeiro lugar».
Uma situação que, para a Iniciativa Liberal, aparenta configurar os tais «superiores interesses dos portugueses» e justificar a decisão liberal de votar a favor na moção de confiança apresentada pelo Governo PSD/CDS-PP. Ao início da semana, os liberais não estavam disponíveis para «uma estabilidade a todo o preço, uma estabilidade que contamina as instituições», hoje a estabilidade de um Governo ferido de conflitos de interesse apresenta-se como indispensável para a IL, um partido pouco interessado em fazer «baixa política».
Recuperamos outras declarações de Rui Rocha, prestadas aos jornalistas à margem de uma iniciativa na Universidade do Minho nesse dia: «O primeiro-ministro sai desta situação muito fragilizado. Sai como uma pessoa que não prestou esclarecimentos no momento certo, que os prestou sempre a reboque das circunstâncias, que tomou as decisões pelo mínimo sempre e, portanto, em nenhum dos momentos chave deste processo tomou uma decisão que tranquilizasse os portugueses».
Ainda assim, a Iniciativa Liberal defende que «esta era a altura de dizer "que se lixem as eleições" e governar», pese embora, no debate da moção de censura, Rocha ter considerado o Governo de Montenegro responsável pelas «mesmas filas de espera que existiam durante o Governo do PS», «as mesmas urgências fechadas», «os preços da habitação que não param» e «a escola pública sem professores». Escamoteando o facto de os liberais, inspirados por Milei, apresentarem um programa muito longe das respostas que o País precisa. «É esta a situação do País: Luís Montenegro escolheu sempre pela Spinumviva, nunca decidiu pelo País», insistia Rui Rocha.
«A Iniciativa Liberal terá sempre os interesses superiores dos portugueses e do País à frente de tudo o resto». Mas, afinal de contas, em que medida é que defender o Governo do PSD e do CDS-PP, que prossegue o ataque aos serviços públicos, mantém o empobrecimento dos trabalhadores e pretende reatar promiscuidades com os grupos económicos da saúde (só para dar alguns exemplos), serve o «superior interesse» do País?
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