Jornal de Angola -
editorial
Hoje completam-se
hoje 50 anos desde a fundação da organização continental que lutou para
libertação de África, empenha-se na emancipação económica e progride a caminho
da integração.
Há 50 anos, quando
o continente dava os primeiros passos para a sua emancipação, surgiu a
necessidade dos países recém libertados da colonização se unirem em torno de
objectivos comuns.
A libertação de todo o continente do jugo colonial que vigorava há várias
décadas em mais de dois terços de África passou a ser o objectivo que unia
povos ainda oprimidos e levou à criação da organização.
No dia 25 de Maio de há 50 anos, 32 chefes de Estado africanos, que se opunham
à subordinação a que o continente estava submetido durante séculos, reuniram-se
e fundaram a Organização da Unidade Africana (OUA). A agenda da organização
predecessora da União Africana era clara, na medida em que o colonialismo, o
neocolonialismo e a “partilha de África” por parte das potências mundiais
ameaçavam o percurso livre, soberano e independente dos Estados.
A OUA centrou a actuação na defesa da independência dos países africanos
colonizados, dos interesses políticos, económicos e sociais dos países-membros
e de África em geral, bem como na luta contra qualquer manifestação de
colonialismo ou neocolonialismo e na promoção da paz e da solidariedade.
Não se tratou de um processo fácil devido às interferências exteriores ao
continente e às ligações que muitos Estados recém libertados mantinham com as
antigas potências colonizadoras.
A gestão de numerosos conflitos no continente, internos e entre Estados, a que
se juntaram outros males absorvidos durante a colonização, contribuíu para o
atraso que África que registou e infelizmente continua a registar.
Até há relativamente pouco tempo falava-se de África como um continente
perdido, mas essa ideia começa a desaparecer, tal como a do chamado
“afro-pessimismo”.
As reformas políticas que o continente empreendeu nas duas últimas décadas
permitiram uma abertura que proporciona milhares de oportunidades a
investidores, quer africanos, quer estrangeiros.
Nunca se falou tanto como agora das condições vantajosas em que o continente se
encontra quando se referem os passos que se dão para resolver conflitos e
encontrar soluções para a estabilização.
A comemoração do jubileu relativo à fundação da organização continental
constitui um marco relevante, sobretudo quando se trata de fazer o balanço dos
esforços para eliminar o pesado legado pelo colonialismo - que inclui, entre
outros males, o analfabetismo e a pobreza – e da luta pelas independências
nacionais dos Estados e a integração regional.
Mais de meio século depois prevalecem em algumas regiões do continente os
mesmos desafios a que continuam a não ser alheios. na maioria dos casos,
interesses estrangeiros, mas noutras o repto agora é pelo desenvolvimento
sustentável, pelas tecnologias de informação, pela democratização dos Estados e
pela observância dos Direitos Humanos, no fundo pelo progresso e bem-estar das
populações.
Em finais da década de 1980 e princípios da seguinte sopraram no continente os
ventos do pluralismo e do multipartidarismo que foram abraçados pelas elites
políticas.
A maioria dos países africanos ensaiou um ou outro tipo de abertura política,
numa altura em que as famosas conferências nacionais serviam para preparar a
adesão à democracia.
Mais de 90 por cento dos Estados africanos experimentou o exercício democrático
e perto de metade já o tem consolidado.
A realização de eleições livres, democráticas e transparentes passou a ser o
novo paradigma da vida política em África, que teve como impacto o exercício de
direitos, liberdades e garantias fundamentais.
O continente gradualmente transforma o crescimento económico em vitórias no
campo social. Muitos dos objectivos perseguidos pela OUA foram já alcançados,
mas outros ainda não devido à nova realidade africana e mundial. Os conflitos
regionais, as disputas fronteiriças, as mudanças inconstitucionais de regimes
políticos, o tráfico de seres humanos e de droga e a pirataria passaram a
dominar a agenda de vários países e de todo o continente.
A Organização da Unidade Africana deu lugar em 2002 à União Africana, que se
propõe, entre outros objectivos, continuar a lutar pela emancipação política e
económica, para promover a consolidação dos blocos económicos e a integração
regional. A criação em 2004 do Conselho de Defesa e Paz, tal como a dos fóruns
de concertação entre Estados, foi um passo importante para a solução dos
conflitos sub regionais.
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