Supostos ataque com armas
químicas executado pelo regime Assad e bombardeio de base militar síria por
Israel estimulam retórica de guerra entre Estados Unidos, Rússia, França,
China, Turquia e Irã.
A China advertiu nesta
terça-feira (10/04) os Estados Unidos contra uma opção militar na Síria e
defendeu um acordo político como solução, após o presidente Donald Trump ter
prometido uma decisão nas próximas horas sobre uma resposta militar ao alegado
ataque químico em Duma.
Já a Rússia, aliada do regime do
presidente Bashar al-Assad e que tem negado acusações de um ataque químico
contra civis, advertiu os Estados Unidos contra as "graves
consequências" de uma ação militar.
"Pedimos aos ocidentais que
desistam da retórica de guerra", disse o embaixador russo na ONU, Vassily
Nebenzia, no início de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para
abordar o ataque em Duma, nesta segunda-feira. Ele afirmou que não houve ataque
químico e que não há provas.
Nesta terça-feira, o ministro
russo do Exterior, Serguei Lavrov, disse que seu país vai apresentar um projeto
de resolução na ONU exigindo um inquérito conduzido por peritos independentes
da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) sobre o alegado ataque
químico em Duma.
Já o presidente da Turquia, Recep
Tayyip Erdogan, adversário de Assad, condenou o suposto ataque e afirmou que os
seus autores vão "pagar caro". A Turquia, segundo maior Exército da
Otan, conduz uma operação militar no norte da Síria contra as milícias curdas.
O Irã, aliado de Assad, alertou
por sua vez que um ataque conduzido por Israel contra uma base militar síria,
nesta segunda-feira, não ficará sem resposta. A agência de notícias oficial
Tasnim afirmou que sete iranianos morreram no ataque.
Segundo a Rússia, Israel
bombardeou na noite de segunda-feira a base militar síria T4, no centro do
país, provocando a morte de 14 pessoas. Embora Israel não tenha confirmado o
ataque, a imprensa americana informou que o governo do primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu compartilhou seus planos com os EUA antes de dois aviões
israelenses lançarem oito projéteis, desde o território libanês, contra a base
aérea.
Na Europa, a França afirmou nesta
terça-feira que haverá uma resposta se for provado que as forças leais a Assad
são responsáveis por um ataque com armas químicas. Trump conversou
por telefone com o presidente Emmanuel Macron, e analistas avaliam que os
EUA estudam uma resposta internacional coordenada.
Diante da troca de ameaças e
acusações, a China pediu que se aguarde o resultado de uma investigação
"exaustiva e imparcial, baseada em métodos científicos e provas sólidas
que determine que se tratou de um ataque químico".
A Opaq anunciou nesta segunda-feira
que investiga as informações sobre um alegado ataque químico à cidade de Duma,
então o último reduto rebelde na região de Ghouta Oriental, mas que
seu inquérito ainda está em fase preliminar.
Segundo os Capacetes Brancos, uma
organização dedicada ao resgate de vítimas da guerra civil síria, o ataque
causou mais de 40 mortos e é de responsabilidade das forças leais a Assad.
As forças do governo sírio estão
de prontidão depois de Trump ter advertido, nesta segunda-feira, que não exclui
a possibilidade de uma intervenção militar na Síria, afirmou o Observatório
Sírio de Direitos Humanos, uma ONG baseada em Londres.
AS/lusa/efe/ap/afp/rtr | Deutsche
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