<> Mário Motta, Lisboa ---
Bom dia. Expresso Curto sobre o
que interessa e também levemente sobre a queda do governo Montenegro numa moção
de confiança maioritariamente e justamente reprovada. Vamos ter novamente eleições
legislativas
Assistimos ontem em direto ao quanto está impregnado de baixeza democrática e intelectual Luís Montenegro e o PSD/CDS. O agora primeiro-ministro em gestão demonstrou ontem aos portugueses essa mesma baixeza de carácter e de honestidade intelectual. Gente assim é capaz de tudo – comenta a vox populi. Assistimos ao jogador, ao propagandista, ao resistente a não pôr com transparência os segredos que tem sobre as suas falcatruas de receber a dois carrinhos como empresário via avenças e de todos nós no cargo de primeiro-ministro. É o que entendemos porque ele não explica, não esclarece tim-tim por tim-tim o processo de falcatruas que colocou sobre desconfiança acerca da sua honestidade e cumprimento das regras que o impossibilitam de receber como empresário e como primeiro-ministro. Fora o muito provável resto da cena rasteira. Existem conflitos de interesses que talvez só na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) se clarifiquem. Dúvidas sobre Montenegro e suas negociatas abundam. Com justificação. Por isso o governo caiu e vamos ter de voltar a eleições legislativas passado um ano.
Montenegro, ontem, no Parlamento, jogou (vicio de casino), chantageou, propagandeou, manipulou e foi sujo ao querer a portas fechadas falar com o líder do Partido Socialista para um eventual acordo em segredo a fim de tudo continuar como antes. Pedro Nuno Santos, chefe do PS não aceitou, os deputados do PS não aceitaram. Deputados de outros partidos políticos manifestaram o seu desacordo com acordos nas costas dos representantes legítimos dos portugueses. PSD/CDS Montenegro demonstrou quão é desleal e de acordos secretos à porta fechada. Traindo a democracia e os portugueses. Aumentaram as suspeitas sobre o seu mau-caracter no desempenho de primeiro ministro e político. Um verdadeiro nojo, digno de completa desconfiança como político, como primeiro-ministro.
Os portugueses estão muito saturados de serem vilmente enganados por políticos desonestos, vigaristas, desleais… Parece que é um destino tenebroso a que nos querem sujeitar. Assim tem sido e é, infelizmente!
O Curto a seguir esclarece o ontem e o agora sobre o que aconteceu e os procedimentos seguintes. Não há crise, vamos a eleições intercalares. Fruto de um trapalhão a transbordar de truques para esconder a sua índole política, antidemocrática e opaca.
Bom dia, se conseguirem. Não há
crise. São só novas eleições
Mário Motta | Redação PG
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Montenegro, olho vivo falcatruas |
Pedro Cordeiro, editor da secção internacional | Expresso (curto)
Bom dia.
O XXIV Governo Constitucional
está, desde ontem à noite, demissionário e em funções de gestão. A tanto leva o
chumbo de uma moção de confiança que esteve (mas esteve?) quase para ser
retirada enquanto era debatida, com o país a assistir ao vivo a negociações
que, em boa verdade, teriam tido tempo de acontecer mais cedo caso fossem a
sério. A secção de política do Expresso contou tudo o que se passou na Assembleia da
República.
Antes da votação, abundaram trocas de acusações e paragens tentadas e
consumadas do debate, aqui narradas pela Liliana Valente. O PSD tentou suspender
a sessão para dialogar à porta fechada com o PS, que anunciara uma comissão de
inquérito aos negócios do primeiro-ministro, exposição que a moção de
confiança, de resto, visou contornar. Mas os socialistas insistiram em que os
esclarecimentos se querem públicos.
O Governo ainda tinha (fracas) cartas na manga. Se no hemiciclo o ministro dos
Assuntos Parlamentares se dispôs a aceitar a comissão de inquérito, mas
limitada a 15 dias (o requerimento de Pedro Nuno Santos indicava 90 dias), mais
tarde, durante uma pausa imposta pelo CDS, terá ido até aos dois meses, mas sem
possibilidade de extensão. A sensação que fica é que ontem já nada do que se
propunha era para valer.
Pela sobrevivência do Executivo votaram os dois partidos que o compõem (PSD e
CDS) e ainda a IL, cujo discurso oscila entre criticar Luís Montenegro —
a crise nasce de um caso pessoa seu e teria sido evitada com o seu afastamento
— e postular-se como sua aliada caso a aritmética parlamentar o permita após
legislativas antecipadas que devem acontecer a 11 ou 18 de maio. Contra votaram
PS, Chega, BE, PCP, Livre e PAN.
O Presidente da República acelera os trâmites para convocar eleições: recebe
hoje os partidos com representação parlamentar e amanhã reúne o Conselho de
Estado. A interrupção da legislatura, lembra o David Dinis, paralisa relevantes dossiês do Estado (mas o PRR
safa-se, conta a Mariana Coelho Dias, que também aborda o tema no
podcast Economia Expresso). Já agora, sabe que até ontem só um
Governo tombara por rejeição de uma moção de confiança? Foi há 48 anos e no dia
de anos do seu chefe, como escreveu yours truly e exploraram no podcast A História repete-se o Henrique Monteiro e o Lourenço
Pereira Coutinho.
Vale a pena, no rescaldo, ler artigos de opinião no Expresso e na concorrência.
Recomendo os de Ana Sá Lopes, Manuel Cardoso, Fernanda Câncio, Vítor Matos, Henrique Monteiro, Valentina Marcelino, Pedro Adão e Silva, Helena Pereira, Manuel Carvalho, Teresa de Sousa, Maria João Avillez ou Helena Garrido. E aguardar com calma os próximos capítulos,
esperando que a campanha não seja demasiado feia.
Este Curto foi surripiar título a um verso da canção “We are young”, de fun. e Janelle Monáe, em cujo refrão se
canta: “Esta noite somos jovens, por isso vamos pegar fogo ao mundo/Podemos
arder com mais brilho do que o sol”
Outras notícias
NEGOCIAR A Ucrânia aceitou um cessar-fogo de 30 dias, em negociações com os
Estados Unidos conduzidas na Arábia Saudita. Falta saber se a Rússia, que leva
a melhor no terreno militar, está pelos ajustes. A Catarina Maldonado
Vasconcelos conta tudo sobre este avanço negocial, sobre o qual Paulo
Baldaia conversa com José Milhazes no Expresso da Manhã de hoje. Com a Catarina e a Ana
França, foi também esse o assunto do podcast O Mundo a Seus Pés, da secção internacional do Expresso.
JULGAR O agente da PSP que matou Odair Moniz vai ser julgado por Catarina
Pires, magistrada a quem o caso foi atribuído por sorteio, e que também
presidiu ao julgamento que culminou na absolvição de um polícia pelas agressões
a Cláudia Simões, passageira de um autocarro que se queixou de violência
policial. Este texto do Rui Gustavo esclarece o que está em causa.
ADIAR O Governo atrasou de dezembro último para janeiro o Plano
Estratégico Nacional para o Desporto, e agora diz que só estará “finalizado
para consulta” em maio, mês
RETALIAR Donald Trump impõe a partir de hoje tarifas de 25% sobre os
metais que entram nos Estados Unidos. A presidente da Comissão Europeia, Ursula
von der Leyen, classificou as taxas como “restrições comerciais
injustificadas” e os 27 prometem reciprocidade, escreve o David Dinis.
PERDER O Benfica não conseguiu, em Barcelona, contrariar a vantagem (0-1)
que os blaugrana obtiveram na Luz, na semana passada. Derrotados por
3-1, os encarnados estão fora da Liga dos Campeões. O Pedro Barata recorda essa triste partida.
PRENDER Uma operação da Polícia Federal brasileira e da Judiciária levou à detenção em Portugal de um brasileiro de 38 anos que
tinha como missão a logística da entrada de cocaína na Europa. Gabriel de Souza
é membro do Primeiro Comando da Capital, uma organização criminosa de São
Paulo, como detalham o Rui Gustavo e o Hugo Franco.
TOMBAR A escolha da canção ‘Deslocado’, dos madeirenses Napa, para representar Portugal
no Festival da Eurovisão não ajudou às hipóteses de vitória de Portugal,
constata o Luís Guerra, após consulta às casas de apostas. A banda
lusa entra na primeira meia-final, a 13 de maio, à procura de lugar na final, a
17 do mesmo mês, em Basileia, na Suíça.
Frases
“Pelo menos, ele só foi preso. Os
nossos entes queridos foram mortos no local”
Amy Jane Lee, filipina cujo marido foi morto a tiro em 2017, sobre a detenção
do ex-Presidente Rodrigo Duterte, por ordem do Tribunal Penal Internacional
“O povo quer mudança. Queremos mais negócios para financiar o nosso bem-estar.
Não queremos a independência amanhã, queremo-la com bons alicerces”
Jens-Frederik Nielsen, chefe do partido Democratas (oposição), que venceu as
legislativas de ontem na Gronelândia
O que ando a ler, ver e ouvir
Nos livros, prata da casa.
Recomendo desde já as obras recentes de duas camaradas da secção internacional
do Expresso. A Ana França retoma o assunto das migrações, sobre o qual tanto (e
bem) tem escrito neste jornal, em “Lampedusa: ir e não chegar” (Tinta da China), que é lançado
na Livraria Travessa, em Lisboa, quinta-feira às 19h. Já a Catarina Maldonado
Vasconcelos deu à estampa “A mais breve história do Líbano” (Ideias de Ler). Assuntos
bem atuais pela pena de excelentes profissionais.
Na música, ando encantado com o novo disco de Lady Gaga, “Mayhem”, que o Mário Rui Vieira achou “maravilhoso” e que autopsia aqui, canção por canção. Na Gulbenkian,
entretanto, o deleitoso Grigory Sokolov apresenta-se em recital de piano este sábado, com um curioso programa a
incluir William Byrd e Johannes Brahms. Para a semana, no mesmo local, há a Missa em Si Menor de Bach. E na agenda estão também
concertos de Valter Lobo, Benjamim e Sérgio Godinho.
Acabo com o teatro (como não?): hoje vou ao Meridional ver “Lá”, de José Luís Peixoto; e para breve haverá tempo para “Um Jantar de Família”, na Comuna; e “Nora Helmer”, no Aberto. Com a prole, o musical “A família Addams”, no Maria Matos.
O Curto despede-se, o Expresso continua a borbulhar. Acompanhe connosco toda a atualidade. Até breve e… até
sempre!
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