domingo, 15 de janeiro de 2012

UMA CONTÍNUA CONSPIRAÇÃO - GUANTÁNAMO




Martinho Júnior, Luanda
II

A usurpação de Guantánamo data do ano de 1903, na sequência da Emenda Clark: Cuba alcançava a independência da coroa espanhola, tornando-se num protectorado à disposição dos Estados Unidos, tal como Porto Rico, Guam e as Filipinas… e Guantánamo foi cedida por arrasto, passando Cuba a receber a irrisória quantia de 4.085 USD “de compensações”!... (http://en.wikipedia.org/wiki/Cuba).

É evidente que a Revolução cubana tem toda a legitimidade e coerência em existir face aos agravos da opressão do império e à forma de actuação dos Estados Unidos, desde logo nas disputas da independência e no que se seguiu com governos títeres, que se identificavam com os interesses da potência a norte e com o prolongamento da opressão a que foi submetendo o povo cubano, no fundo um prolongamento do regime escravo que antes havia garantido aos senhores espanhóis as plantações de açúcar, de café e de tabaco dos tempos coloniais.

Quantos milhões e milhões de cubanos não foram vítimas do desrespeito pelos mais elementares direitos humanos ao longo da história e ainda durante todo o século XX e primeira década do século XXI?

Quantos africanos feitos escravos, uma escravatura alargada às práticas de toda a América, nem seres humanos eram considerados?

Em tempo como foram respondendo primeiro os impérios coloniais, depois o sucedâneo Estados Unidos da América, com que nexos, derivas, manipulações e ingerências de toda a ordem?

Como se tem comportado concomitantemente Israel perante os factos que vai consumando por todo o Médio Oriente e sobretudo em relação à Palestina?

Os Estados Unidos reagiram à Revolução Cubana com o bloqueio, mantendo Guantánamo como uma provocação em relação à soberania do estado cubano: tornaram a baía numa base da Navy e de há dez anos a esta parte, quando George W. Bush decidiu a “guerra contra o terrorismo”, integrou nela uma vasta prisão.

Essa prisão “modelo”, composta de vários campos, entre eles o Camp Echo, o Camp Iguana e o Camp X-Ray, tem sido utilizada para receber os detidos considerados de “terroristas” do Iraque e do Afeganistão, aos quais os Estados Unidos não aplicam as Convenções Internacionais, incluindo a de Genebra sobre os prisioneiros.

Os Estados Unidos possuem mais de 700 bases militares espalhadas pelo mundo, levam os conflitos, as tensões e as guerras a todo o planeta e, num acto de arrogância sem precedentes, tem sustentado durante 10 anos a prisão de Guantánamo!

É evidente que desse modo os “instrutores processuais” e guardas têm mãos livres para cometer todo o tipo de arbitrariedades e ilegalidades, de que aliás alguns têm vindo a ser acusados, por vezes com provas que circulam pela Internet e pelas televisões de todo o mundo.

A Amnistia Internacional e a Cruz Vermelha Internacional têm-se destacado pelas denúncias das torturas e do desrespeito pelos direitos humanos mais elementares.

Até que ponto esse fenómeno de poder, não é uma sequela dos tempos da escravatura, pondo em causa tudo o que os Estados Unidos apregoam em nome da “civilização ocidental”?

Há passagem dos dez anos de Guantánamo e quando é evidente que as promessas eleitorais do actual Presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama, não se vão concretizar, a Amnistia Internacional integrou o pelotão das denúncias públicas que foram eclodindo nos Estados Unidos e na Europa.

São “10 anos de vergonha” (http://ponto.outraspalavras.net/2012/01/11/guantanamo-solucao-provisoria-ja-dura-dez-anos/), essa doutrina de choque que choca com os anseios de toda a humanidade, mas em nome do império, em nome dos interesses de 1% dos 7 mil milhões de seres humanos, entre tantos horrores Guantánamo mantém-se!

“De la misma manera: ilegal, Estados Unidos a través de la Ley Helms-Burton , impuso un bloqueo económico, comercial y financiero a la isla.

Bloqueo que provocó daños multimillonarios, que el canciller cubano Felipe Pérez Roque puso de manifiesto en octubre del año pasado en la Asamblea General de la ONU.

Todos estos ataques, por dentro y fuera de la isla, perpetrados por Estados Unidos durante 50 años, muestra a las claras el fracasado objetivo de derrotar a la Revolución Cubana.

Pero ya no se puede detener esta bola de nieve que son las innumerables denuncias contra Estados Unidos por las violaciones a los Derechos Humanos.

En la ONU de sus 192 miembros, 185 votan contra el bloqueo y lo califican de criminal.

También condenan el bloqueo centenares de organizaciones y líderes de muchos países del mundo, por ejemplo la Presidenta de Chile, Michel Bachelet; la Presidenta de Argentina, Cristina F. de Kirchner (quién marcó cuánto más podrá hacer Cuba cuando se derrumben esas barreras comerciales y poder demostrar aún más ese potencial económico y de conocimientos); el Senado Mexicano el 20 de febrero que acordó por unanimidad exhortar al presidente a levantar el embargo.

Hasta en el propio núcleo yanqui, el Coronel Glen Alex Crowther, Prof. Univ. de Asuntos de Seguridad Nacional en el Instituto de Estudios Estratégicos (SSI), recomienda lo mismo.

El nuevo Presidente de Estados Unidos, Barak Obama, firmó decretos para cerrar dentro de un año la cárcel de Guantánamo, revisar los juicios a los allí detenidos y prohibir las torturas.

Pero estos crímenes deben detenerse ya y devolverse todo Guantánamo a su legítimo dueño, Cuba.

Tampoco debe esperar el levantamiento del bloqueo, recordemos que Obama prometió en su campaña electoral abrir negociaciones no condicionadas con Cuba y anular las decisiones de Bush de impedir los viajes de familiares hacia La Habana y la restricción al giro de ayudas monetarias a esos familiares.

Ese sería un buen primer paso pero hay que andarlo hasta el final, más temprano que tarde, para eliminar todo el bloqueo” (http://americalatinaunida.wordpress.com/2009/02/26/que-devuelvan-guantanamo-a-cuba-y-levanten-el-bloqueo/).

Para Guantánamo há uma única solução: entreguem-na a Cuba, respeitando sua independência e soberania, por que Cuba saberá melhor que ninguém utilizar as instalações em benefício da humanidade!

Aposto que ali nasceria de imediato uma escola exemplar, ou um eficiente hospital, desafiador por via da dignidade e do resgate histórico de todas as ignomínias acumuladas desde um passado de séculos!

Nota:
Este artigo homenageia os Antigos Combatentes dos movimentos de libertação de Angola e do Continente Africano, que perfilham todos os matizes filosóficos, ideológicos e políticos, por que a luta contra o subdesenvolvimento de todas as nações que emergiram da rota dos escravos, é uma luta comum, uma luta que só pode unir os dois continentes das margens do Atlântico.

Evoca ainda os 5 prisioneiros cubanos do império, 3 deles combatentes da causa do movimento de libertação em África contra o colonialismo e o “apartheid”.

O dia 15 de Janeiro é em Angola o Dia dos Antigos Combatentes.

*Ler partes anteriores deste título em MARTINHO JÚNIOR

Sem comentários:

Mais lidas da semana