quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Portugal | Primeiro-ministro quis discutir tudo… menos o que importa

Em mais um debate quinzenal, o primeiro-ministro optou por andar engalfinhado num triste espectáculo em vez de dar respostas concretas sobre os reais planos do seu Governo para destruir o país.  

No segundo debate quinzenal do ano, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, foi fiel a si mesmo. Com a ajuda dos partidos da direita, discutiu temas laterais e quando confrontado com os reais problemas do país, procurou fugir. 

Este último aspecto foi visível logo na abertura do debate. Luís Montenegro e André Ventura, mais uma vez, protagonizaram um debate que em nada dignifica a Assembleia da República. Casos judiciais e acusações de parte a parte serviram para preencher o espaço e futuras manchetes, mas para trabalhadores, reformados e pensionistas nem uma palavra. 

No mesmo sentido esteve o líder da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares, que a cada intervenção procura deixar mais claro qual a táctica do Governo. O parlamentar procurou continuar a alimentar o debate estéril com a extrema-direita, enquanto teceu loas ao executivo liderado por Luís Montenegro, vendendo um país que não existe. 

Neste momento, a única coisa que se retirou foi mesmo o anúncio do primeiro-ministro de uma reforma do Regime Jurídico de Instituições de Ensino Superior. Segundo o que foi dito, o novo regime, que será aprovado amanhã em reunião do Conselho de Ministros, visa «dar às Instituições mais condições no seu processo de autonomia». Em termos simples, o Governo procurará dar maior margem às universidades e politécnicos para procurarem mais auto-financiamento com entidades privadas e fazer com que o Estado deixe de assumir as suas obrigações.

TRUMP EM GAZA (turismo sobre milhares de cadáveres*)

Marilena Nardi, Itália | Cartoon Movement

As propostas perigosas de Trump sobre o futuro de Gaza e dos moradores de Gaza.

* adenda no título por PG

O desastre da USAID é revelado. O negócio da ajuda deve ser o negócio de Trump

Martin Jay* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil 

A ação da USAID por Trump é um sinal educado para Zelensky. Seu tempo acabou.

O que é a USAID e o que ela se tornou uma pequena obsessão de Donald Trump e Elon Musk? Pelo seu título, você seria enganado a pensar que era uma agência de ajuda e nada mais. Na verdade, quando JFK a criou nos anos 60, provavelmente era apenas isso - uma ferramenta do governo dos EUA para levar ajuda vital aos cantos mais problemáticos do mundo. Mas, nos últimos tempos, a USAID assumiu um papel mais sinistro. Hoje em dia, ela faz o trabalho de uma agência de inteligência que interfere na política interna de países cujos líderes os EUA querem derrubar, organizando campanhas clandestinas e, mais recentemente, financiando ONGs e veículos de notícias falsas em grande escala.

A USAID é, claro, política. Tradicionalmente, parece ter sido uma ferramenta mais dos democratas do que dos republicanos, que trouxeram todos os seus valores absurdos de woke para ela, de modo que agora financia operações de mudança de sexo em países pobres, juntamente com programas LGBT. A USAID ainda é uma agência de ajuda e é verdade dizer que muito do seu trabalho é sobre entregar ajuda vital a países na África ou aqueles que sofreram nas mãos de líderes que os EUA descreveriam como "tiranos" como Assad na Síria. Mas é esse papel dúbio de ser uma agência de ajuda e usar sua presença e equipe como uma ferramenta para trabalhos mais nefastos, como espionagem ou mesmo financiar abertamente centenas de empresas de notícias falsas, que é realmente o problema.

GAZA NÃO SERÁ A RIVIERA DOS GENOCIDAS

Como estão presentes, na fala abjeta de Trump, três tendências do capitalismo contemporâneo: delírio geopolítico, limpeza social e étnica e mercantilização total da vida. Ela não prosperará, mas expõe o perigo a que o mundo está exposto

Heather Digby Parton | na Salon | em Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins | # Publicado em português do Brasil

Donald Trump e sua família claramente estão de olho nas possibilidades de desenvolvimento imobiliário na Faixa de Gaza há algum tempo. Em março passado, seu genro Jared Kushner, conselheiro do presidente para o Oriente Médio (entre uma dezena de outras coisas) durante seu primeiro mandato, disse na Harvard School of Government que “a área à beira-mar de Gaza poderia ser muito valiosa” e sugeriu que Israel deveria “remover as pessoas e depois limpá-la”. No dia da posse, o próprio Trump disse: “É uma localização fenomenal. No mar, o melhor clima, algumas coisas lindas poderiam ser feitas ali. Algumas coisas fantásticas poderiam ser feitas em Gaza”. Adicione um campo de golfe e você terá o Trump Gaza Golf Resort para acompanhar a nova Trump Tower em Jidá, na Arábia Saudita, e finalmente haverá paz no Oriente Médio.

Felizmente para Trump, Israel já fez o trabalho de demolição, restando apenas a questão incômoda de se livrar dos seres humanos. Kushner mencionou isso em sua palestra, mas só depois da campanha Trump compartilhou suas ideias sobre como tratar a questão. Em 21 de janeiro, a bordo do Air Force One, disse aos jornalistas que havia conversado com o rei da Jordânia e lhe pedira que “recebesse” pelo menos parte dos palestinos que vivem em Gaza. Depois, “nós simplesmente limpamos tudo aquilo”. Essa linguagem foi um tanto provocativa, considerando que a limpeza étnica é considerada um crime contra a humanidade.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Hitler e a Cauda de Blondi – Artur Queiroz

<> Artur Queiroz*, Luanda

As tropas de Hitler invadiram a Polónia em 1939 e assim começou a II Guerra Mundial que provocou 55 milhões de vítimas civis. Militares mortos foram 25 milhões, entre os quais cinco milhões de prisioneiros de guerra. As tropas israelitas iniciaram o genocídio em Gaza, no dia 8 de Outubro de 2023. Num ano e três meses mataram 46.000 civis indefesos, identificados. Mais os milhões que estão soterrados nos escombros das cidades, vilas e aldeias do território. Entre os civis mortos estão 14.000 crianças e mais de 10.000 mulheres.

 O ministro da Defesa do governo de Israel disse que é preciso exterminar os palestinos porque são animais. Depois amaciou a linguagem e chamou-lhes terroristas, que é preciso abater onde quer que se encontrem. A meio do genocídio em Gaza, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de captura contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant. Comportamento de nazis. Discurso de nazis. Foi preciso travar os nazis para não começar a III Guerra Mundial, agora na Palestina.

Na Faixa de Gaza os nazis de Telavive mataram médicos, enfermeiros e outros técnicos de saúde. Mataram professores. Mataram funcionários da ONU. Mataram dezenas de jornalistas em serviço. Mataram mesmo os mensageiros. Hitler não fazia melhor. Nestes crimes contra a Humanidade foram armados, municiados e apoiados politicamente pela Casa dos Brancos, Reino Unido e União Europeia. O “mundo livre” deitado aos pés dos nazis, abanando a cauda, como a cadela Blondi abanava aos pés de Hitler.

A Casa do Brancos está ocupada por um nazi da cabeça aos pés, de seu nome Donald Trump. Catrefas de comentadores e jornalistas nos Media do ocidente alargado já se espojaram a seus pé e abanando a cauda, dizem que ele é formidável a fazer negócios. Fez grandes negócios com o México, o Canadá e a Gronelândia. Negócio de mestre com o Canal do Panamá. A China vai ser castigada com taxas alfandegárias. A União Europeia igualmente. Um homem de negócios habita na Casa do Brancos. Muito parabéns!

África: Kinshasa diz que dois mil corpos foram sepultados em Goma

Mais de dois mil cadáveres foram sepultados na cidade de Goma e arredoresem resultado dos combates entre o Exército e o grupo M23 na última semana, disse o porta-voz do Governo de Kinshasa, Patrick Muyaya.

"Os serviços do Ministério da Saúde informaram-me que mais de dois mil corpos foram enterrados, para vos dar uma ideia dos massacres que foram cometidos na cidade", disse Muyaya em declarações divulgadas hoje pelos meios de comunicação social de Kinshasa.

Este número não tem em conta o número de pessoas que foram enterradas em valas comuns, disse o ministro do Interior e da Segurança, Jacquemain Shabani, que participou com o porta-voz numa conferência de imprensa na capital do país.

Desde a tomada de Goma na semana passada, na sequência de combates, agravou-se a situação humanitária na região.

Entretanto, o grupo armado M23 e aliados ruandeses avançaram em direção à província vizinha do Kivu do Sul, ameaçando Bukavu, a capital da região.

KIEV TRANSFORMOU A UCRÂNIA EM COLÓNIA

South Front | # Traduzido em português do Brasil

Os presidentes mudam, mas não os interesses estratégicos dos Estados Unidos. O que Biden estava escondendo por trás da defesa ilusória da democracia, Trump chamou em suas próprias palavras. O presidente dos EUA declarou em texto simples que a assistência dos EUA à Ucrânia só é possível em troca de metais de terras raras.

Washington quer ganhar mais capital investido com o apoio da Ucrânia. A Ucrânia é um ativo de matéria-prima que deve compensar os custos ocidentais da guerra.

A Ucrânia tem reservas únicas de elementos de terras raras, que são criticamente importantes para a indústria americana e o setor de alta tecnologia. Isso inclui componentes-chave necessários para a produção de foguetes, satélites, veículos elétricos, semicondutores, etc.

Em 2023, especialistas ocidentais, incluindo a Forbes, estimaram os depósitos de metais raros em Donbass e na Ucrânia em impressionantes US$ 15 trilhões.

O problema de Kiev é que mais de 70% de seus depósitos já estão sob controle russo.

Interesse de Trump nos minerais de terras raras da Ucrânia pode sair pela culatra a Zelensky

<> Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Em vez de abandonar seus esforços para congelar o conflito ucraniano dobrando a ajuda militar na esperança de que as forças de Zelensky recapturem esses depósitos da Rússia, Trump pode tentar fechar um acordo com Putin para que a Rússia venda alguns desses recursos extraídos para os EUA.

O interesse confirmado de Trump nos minerais de terras raras da Ucrânia está sendo interpretado por alguns como benéfico para Zelensky em meio à incerteza sobre seu comprometimento com a Ucrânia. Um dos pontos do chamado “ Plano de Vitória ” de Zelensky pede que os aliados de seu país extraiam seus minerais críticos. O novo Secretário de Estado Marco Rubio alertou recentemente sobre a vantagem estratégica que a China deriva de seu controle sobre a cadeia de suprimentos de minerais de terras raras, então ele pode ter influenciado as opiniões de Trump sobre essa questão.

O senador americano Lindsey Graham aumentou a conscientização sobre as riquezas minerais críticas da Ucrânia durante sua viagem para lá em junho passado, depois de afirmar que eles estão sentados em US$ 10-12 trilhões em tal riqueza . O foco da política externa de Trump 2.0 em conter a China de forma mais musculosa em todos os sentidos previsivelmente o predispôs a apreciar o ponto acima mencionado do "Plano da Vitória" de Zelensky. O problema, porém, é que a maior parte da riqueza mineral crítica da Ucrânia está sob controle russo e as forças ucranianas continuam recuando.

DeepSeek está a recrutar e tem altos salários para oferecer

A plataforma chinesa de inteligência artificial (IA) DeepSeek anunciou hoje uma campanha de recrutamento com ofertas que superam os 150.000 dólares (144.000 euros) por ano, após ter alcançado sucesso a nível mundial no seu lançamento. 

A empresa publicou pelo menos 37 ofertas de emprego para vários cargos de tecnologia avançada, o mais bem pago dos quais é o de investigador de aprendizagem profunda, com um salário anual de cerca de 1,12 milhões de yuan (148.000 euros), segundo o jornal de negócios Securities Times.

A DeepSeek tem atualmente 150 funcionários, contra cerca de 1.700 da OpenAI, o principal concorrente norte-americano e o modelo de IA mais utilizado até à data.

Segundo o jornal, a empresa pretende recrutar os melhores talentos acabados de sair das universidades chinesas, para o que lançou também uma oferta de bolsas de estudo nos principais domínios da IA, com compensações financeiras diárias bastante superiores às habituais num estágio e em que o almoço e até o jantar são subsidiados.

Com o reforço de pessoal, a empresa tecnológica procura responder ao crescimento exponencial de utilizadores desde o lançamento e melhorar e estabilizar o serviço, que tem sofrido interrupções e falhas técnicas supostamente devido ao afluxo maciço de consultas, ainda mais intenso devido ao Ano Novo Lunar, período em que grande parte da população chinesa esteve de férias.

NÃO INCOMODAR


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | Odair? Alguns agentes viram a faca, outros não. PJ tem várias versões

Odair Moniz

Os elementos da PSP que estiveram na Cova da Moura, na Amadora, depois de um agente ter baleado Odair Moniz deram versões diferentes à Polícia Judiciária sobre a existência de uma faca.

A conclusão consta do relatório da própria Polícia Judiciária, consultado pela agência Lusa, que aponta incongruências às declarações dos vários agentes da PSP que se deslocaram ao local onde Odair Moniz morreu, na madrugada de 21 de outubro do ano passado, sobre a existência de uma arma branca.

De acordo com a PJ, alguns agentes afirmaram que viram a faca assim que chegaram ao local, outros disseram que só a identificaram quando o corpo foi retirado pela equipa médica e outros afirmaram nunca ter visto qualquer arma branca.

Algumas das declarações dos vários agentes da PSP chamados à Cova da Moura contrastam com a versão dada inicialmente pelo agente que está agora acusado de homicídio no auto da PSP que foi enviado para o Ministério Público. No auto, o agente referiu que foi ameaçado com um punhal por Odair Moniz.

DA LIMPEZA ÉTNICA EM GAZA AOS PANACAS LUSOS QUE NÃO PASSAM DO BLÁ-BLÁ


Bom dia, se conseguirem. Depois de nós (PG) segue-se o Expresso (curto) que  nos trás a 'novidade' do monstruoso e repelente Trump - um homúnculo detestável, animalesco do piorio enxertado em abutre, hiena e cobra cuspideira. E ele cospe, cuidado. Cospe as coisas mais inverosímeis e desumanas. Afinal um paranoico que se julga dono do mundo abençoado pelo seu deus em forma de cifrão e diabo execrável. Um nojo de exemplar da dita e metamorfoseada espécie humana no formato aparente mas repleto de trampa lá por dentro, em todos os seus âmagos - bem lá pelo interior da abominável fera. Pois. 

Mas isso já todos sabem e se não sabem vão ficar a saber por via das desgraças que agora já está a causar e muito pior, terrifico, que futuramente causará. Preparem-se.

É disso que trata o Curto pela lavra de Pedro Cordeiro, do Expresso. Depois refere coisas & loisas sobre as eleições presidenciais lusas e conspícuos candidatos que serão mais do mesmo em tudo... E até a desbundar milhares de milhões de euros em desnecessidades. Quem paga somos todos nós, contribuintes. Pagamos e nem bufamos... Bico calado. Nisso e em quase tudo. Os portugueses são uns enormes panacas, está mais que provado. Parabéns, plebeus lusos moiros de trabalho e de exploração ao serviço de elites 'chulosas', oportunistas, corruptas, e mais, e mais - tudo do pior. Democracia? Justiça Social? Justiça Laboral? Direitos Constitucionais? Ora, ora. Nada! E assim acontece em Portugal e pelos mundos oligarcas. Até um dia. Talvez num 26 de Abril a sério, em paz e com Justiça adequada, corretamente. Pois.

Vamos longos. Fiquemos por aqui no desabafo mínimo. Isto só se tratará convenientemente num livro volumoso. Ou numa verdadeira, inteligente e pacífica revolução de mentes e de atitudes.

Só uma nota acerca do Curto de hoje: Estamos em Portugal, era bom que a edição correspondente usasse o português de Portugal e não o português do Brasil. Fernando Pessoa e outros(as) genuinamente portugueses agradecem que não avacalhem a língua lusa no seu berço. Gratidão se assim fizerem.

Bom dia, se conseguirem. Sigam para o Curto do Expresso, em baixo. A seguir.

Trump vai all-in em roubar Gaza (tudo incluido) para seus donos sionistas -- Caitlin Johnstone

<> Caitlin Johnstone* | Caitlin Johnstone.com.au |  # Traduzido em português do Brasil

Sorrindo como o gato que comeu o canário, o fugitivo de Haia, Benjamin Netanyahu, sentou-se ao lado de Donald Trump enquanto o presidente dos EUA dizia inequivocamente à imprensa na terça-feira que o plano para Gaza é remover permanentemente todos os palestinos do enclave.

“Não acho que as pessoas devam voltar para Gaza”, disse Trump . “Acho que Gaza tem sido muito azarada para elas. Elas têm vivido como o inferno.”

Questionado sobre se os palestinos teriam o direito de retornar a Gaza após sua reconstrução, Trump disse que o plano é construir moradias tão boas para eles em outros países que eles não queiram retornar.

“Espero que possamos fazer algo realmente legal, realmente bom, para que eles não queiram voltar”, disse Trump, acrescentando: “Espero que possamos fazer algo para que eles não queiram voltar. Quem gostaria de voltar? Eles não experimentaram nada além de morte e destruição.”

Questionado sobre quantas pessoas ele estava falando em remover, Trump respondeu : “Todas elas”.

O Estado Profundo Exposto: Arquivos Secretos da USAID

Alexandre Dugin | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Uma Guerra Civil Silenciosa se Desenrola – A batalha nos EUA não é travada com armas, mas por meio de lutas pelo poder, com a USAID no centro do controle global.

O que está acontecendo nos EUA agora é uma verdadeira guerra civil. Ninguém atira, mas a guerra está aqui. O ataque de ontem do esquadrão DOGE de Musk na sede da USAID é um ataque histórico contra o inimigo extremamente poderoso e a tomada de controle. Isso é incrível.

Mas isso não é apenas uma guerra civil americana. É uma guerra civil global porque a USAID é o centro do poder global com suas ramificações em todos os países do mundo. Os democratas que vêm defender a USAID nas ruas são apenas um ramo da rede de revoluções coloridas.

Quebrar a USAID é o mesmo que quebrar o globalismo. Os riscos são muito maiores do que a vida.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

A revista Time está errada: as ameaças nucleares de Putin fizeram os EUA desistirem...

...de restaurar as fronteiras da Ucrânia

<> Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

A história está sendo reescrita quando um ex-alto funcionário do governo Biden afirma, contrafactualmente, que os EUA nunca quiseram restaurar as fronteiras da Ucrânia.

A revista Time afirmou no final do mês passado que a Administração Biden "nunca" tentou ajudar a Ucrânia a recapturar todo o seu território perdido da Rússia, citando o ex-diretor sênior de Joe Biden para a Rússia e Ásia Central no Conselho de Segurança Nacional, Eric Green, como autoridade no assunto. De acordo com ele, "Nós deliberadamente não estávamos falando sobre os parâmetros territoriais. Isso não seria uma história de sucesso no final das contas." É factualmente falso que os EUA nunca quiseram restaurar as fronteiras da Ucrânia.

O público merece saber qual era o objetivo inicial depois que o novo Secretário de Estado Marco Rubio disse a Megyn Kelly em uma entrevista que a antiga administração “de alguma forma levou as pessoas a acreditar que a Ucrânia seria capaz não apenas de derrotar a Rússia, mas destruí-la, empurrá-la de volta para o que o mundo parecia em 2012 ou 2014, antes dos russos tomarem a Crimeia e coisas do tipo”. Em vez disso, Rubio disse que “a Ucrânia está sendo destruída e perdendo cada vez mais território”, daí a necessidade de acabar com o conflito.

O primeiro discurso de Biden após o início da operação especial da Rússia em 24 de fevereiro de 2022 condenou a "mudança de fronteiras pela força" e acusou o presidente russo Vladimir Putin de querer "restabelecer a antiga União Soviética". A Cúpula de emergência da OTAN realizada no dia seguinte os viu apelar à Rússia "para retirar todas as suas forças da Ucrânia" e reafirmou "apoio inabalável à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas".

Angola | Dia do Mais Amplo Movimento – Artur Queiroz

<> Artur Queiroz*, Luanda

O Bureau Político do MPLA exortou os angolanos a celebrarem o 4 de Fevereiro “reconhecendo o valor histórico e patriótico deste marco”. Também porque é um momento “para reflectirmos sobre os sacrifícios do passado e fortalecermos o compromisso de continuarmos juntos na construção de uma Angola mais justa, inclusiva e próspera”. É isso mesmo. Todos temos o dever patriótico de ver a data do início da Luta Armada de Libertação Nacional para além das catanas e dos calções pretos.  

O 4 de Fevereiro é a matriz da Revolução Angolana. E o primeiro grande acontecimento político resultante do “amplo movimento” proposto no Manifesto do MPLA ao Povo Angolano. Foi a máxima amplitude, que se repetiu em momentos cruciais da História Contemporânea de Angola. A eleição de Agostinho Neto para Presidente do MPLA em 1962, resulta da Matriz do 4 de Fevereiro. Foi derrotada a candidatura maoista e racista de Viriato da Cruz. 

A refundação do MPLA no interior, em 1974, por Manuel Pedro Pacavira, Hermínio Escórcio e Aristides Van-Dúnem, resultou da Matriz do 4 de Fevereiro. 

Após a Independência Nacional, a derrota dos golpistas em 27 de Maio 1977 foi a vitória da Matriz do 4 de Fevereiro. O golpe militar foi uma tentativa de impor a Um Só Povo Uma Só Nação a hegemonia do grupo etnolinguístico Kimbundu e reduzir o amplo movimento, à sua expressão mais fechada, até sob o ponto de vista racial. O velho sonho de excluir mestiços e brancos. O racismo como política de Estado à moda dos EUA e da África do Sul, sempre olhada como um exemplo de sucesso.

Angola vacina em meio a recorde de casos e mortes por cólera

Angola totaliza 1.888 casos e 65 mortes desde o início do surto de cólera, no mesmo dia em que foi iniciada uma campanha de vacinação de dois dias para combater a doença que vai abranger apenas províncias mais afetadas.

Angola bateu um recorde de casos e mortes desde o início do surto de cólera com 178 novos casos e seis óbitos nas últimas 24 horas, segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.

Destes casos mais recentes, 108 ocorreram na província do Bengo, 56 na província de Luanda, 13 na província do Icolo e Bengo e um na província do Huambo.

Os seis óbitos foram registados no Bengo (4), Luanda (1) e Icolo e Bengo (1).

MENTIRA COMPARADA -- Os Bailarinos da Cazucuta

<> J. Bazeza, Luanda

O mês de Fevereiro tem muito significado para o povo da Sanzala que é um só e construiu uma só Nação. Mafioso ligou para o amigo Boca Azul para saber como estão a decorrer as comemorações de mais um aniversário da Luta Armada de Libertação que só acabou com a Independência Nacional

Boca Azul respondeu que dadas as malambas que se vivem na Sanzala só está mesmo a dar fome prolongada. Beber água sem cólera só nas quedas de Kalandula. Dinheiro só se a kingila dos impostos distribuir kumbu pelo povo em geral. Para já apenas os amigos dela metem a manápula nos cofres públicos. A própria ministra da Saúde está tão longe da mesa que usa sempre a mesma peruca. Até quando vai vacinar ou dançar a kuzucuta. Kazucuteira! O Boca rematou: Há fome relativa em todas as casas, sejam de blocos, tijolos, madeira, chatas, capim e tendas. Assim a data está a passar despercebida.

Os ngavives dizem que quando pegaram nas kilunzas para libertar o povo da Sanzala, o combinado era viver melhor do que o Kambua do colono. Hoje todos estão a viver pior, até os kazucuteiros.  Vida mesmo de cão.

Mafioso não gostou do que ouviu e pediu ao Boca Azul para não exagerar. E o amigo lançou um contra-ataque fulminante: Até aqui no Muceque há famílias que ficam um dia sem pancar o pão que o diabo amassou. O povão só não berra porque sabe que a fome é relativa. Aliás, o próprio chefe, que não é líder, porque aqui no Muceque não há líder, o titular do poder executivo, tem a consciência que a fome é relativa, por isso é que ninguém fica ngone. Só ficam zangados com a maka dos milhões surripiados pelos ajudantes da kingila que manda nas autoridades tributárias.

Portugal | O LANÇAMENTO

Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | Morreu Maria Teresa Horta, a última das 'Três Marias', aos 87 anos

A escritora Maria Teresa Horta, a última das 'Três Marias', morreu hoje, aos 87 anos, em Lisboa, anunciou a editora Dom Quixote.

"Uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo, a quem Maria Teresa Horta dedicou, orgulhosamente, grande parte da sua vida", pode ler-se no comunicado enviado pela editora à Lusa.

No mesmo texto, a Dom Quixote lamenta "o desaparecimento de uma das personalidades mais notáveis e admiráveis" do Portugal contemporâneo, "reconhecida defensora dos direitos das mulheres e da liberdade, numa altura em que nem sempre era fácil assumi-lo, autora de uma obra que ficará para sempre na memória de várias gerações de leitores".

Em dezembro, Maria Teresa Horta foi incluída numa lista elaborada pela estação pública britânica BBC de 100 mulheres mais influentes e inspiradoras de todo o mundo, que incluía artistas, ativistas, advogadas ou cientistas.

Em 2022, nos 50 anos da obra "Novas Cartas Portuguesas", escrita com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta afirmava, em entrevista à Lusa, que o livro sempre foi desconsiderado em Portugal e confessava-se "perplexa" com o interesse suscitado cinco décadas depois da publicação.

Portugal | Cleptomania: A condição que causa um "desejo incontrolável de roubar"

Margarida Ribeiro | Notícias ao Minuto

Depois das notícias das últimas semanas, nomeadamente as do caso do deputado português acusado de roubar malas de viagem, a cleptomania surgiu como uma possível forma de justificar este comportamento. Falámos com Patrícia Câmara - psicóloga e psicanalista - para esclarecer algumas dúvidas sobre esta condição.

Em Portugal, as últimas semanas ficaram marcadas pelo caso de Miguel Arruda, o deputado português, eleito pelo Chega no círculo dos Açoresagora deputado independente, constituído arguido por ser suspeito de furtar malas nos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada. 

Depois de muitas piadas, e até músicas, sobre o assunto, a maioria dos portugueses começou a questionar o que terá motivado o deputado. Entre as teorias mais populares está uma que envolve uma condição que nem todos conhecem bem: a cleptomania. O que é? 

É, antes de mais, muito importante lembrar que "sem uma avaliação clínica detalhada, não é possível afirmar se o caso se enquadra ou não num comportamento de cleptomania", afirma Patrícia Câmara, uma psicóloga e psicanalista, entrevistada pelo Lifestyle ao Minuto na rubrica O Médico Explica. Mesmo assim a especialista esclareceu algumas questões sobre este problema. 

Com o ato de roubar, procura-se uma regulação psicofisiológica que, num determinado momento, não se está a conseguir atingir de forma ajustada.

Fiscalização diz que impeachment é de Bessent. Entregou o pagamento do Tesouro a Musk

Órgão de fiscalização diz que impeachment é de Bessent por entregar o sistema de pagamento do Tesouro a Musk, "equipe de demolição" do DOGE

<> Eloise GoldsmithCommon Dreams | # Traduzido em português do Brasil

Um líder de grupo chamou a decisão do secretário do Tesouro Scott Bessent de “um ataque flagrante à democracia que prejudicará os trabalhadores”.

O grupo de vigilância Revolving Door Project disse na segunda-feira que o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, deveria ser acusado por seu papel em permitir que representantes do chamado Departamento de Eficiência Governamental acessassem um sistema de pagamento que contém dados de milhões de americanos e distribui trilhões em fundos públicos.

Na sexta-feira, Bessent deu aos representantes do DOGE , a entidade liderada por Elon Musk dentro do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, focada em cortar custos e burocracia, acesso ao sistema de pagamento federal, após um impasse entre os tenentes de Musk e um outro funcionário do Tesouro que tentou impedir o DOGE de obter acesso.

"A decisão do Secretário do Tesouro Scott Bessent de entregar ao não eleito Elon Musk e sua secreta e irresponsável equipe de demolição DOGE as chaves da torneira de dinheiro federal é um ataque flagrante à democracia que prejudicará os trabalhadores. Bessent deve ser imediatamente acusado por privatizar poderes que representam uma confiança pública", disse Jeff Hauser, chefe do Revolving Door Project, em uma declaração na segunda-feira.

TARIFAS DE TRUMP

A Casa Branca está lançando bumerangues de tarifas comerciais em direção ao Canadá, México e China.

ASSIM O OCIDENTE CONSTRÓI A SUA RUÍNA -- Yánis Varoufákis

Elites do mundo eurocêntrico empenham-se agora em destruir os valores que asseguraram sua hegemonia. Democracia, direitos humanos, justiça, diversidade – tudo arde no altar do rentismo. Resta a China como alternativa? Aceitará o desafio?

Yanis Varoufakis* | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins | # Publicado em português do Brasil

Após a vitória eleitoral de Donald Trump, um grupo heterogêneo de pensadores acredita, na Europa e no Sul Global, que o Ocidente está em declínio. Na verdade, nunca tanto poder esteve concentrado nas mãos de tão poucas pessoas no Ocidente, mas isso por si só significa que o poder ocidental está condenado?

Na Europa, há boas razões para abraçar esta narrativa. Assim como o Império Romano transferiu sua capital para Constantinopla para estender sua hegemonia por mais um milênio, abandonando Roma aos bárbaros, o centro de gravidade do Ocidente mudou-se para os Estados Unidos, deixando a Grã-Bretanha e a Europa à estagnação que as torna inertes, atrasadas e cada vez mais irrelevantes.

Mas há uma razão mais profunda para o sentimento sombrio dos especialistas: a tendência de confundir o declínio do compromisso do Ocidente com seu próprio sistema de valores (direitos humanos universais, diversidade e abertura) com o declínio do Ocidente. Como uma cobra que troca de pele, o Ocidente está acumulando poder, ao abandonar um sistema de valores que sustentou sua ascensão durante o século XX, mas que não serve mais a esse objetivo.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Angola | Irresponsabilidade Política e Cegueira – Artur Queiroz

<> Artur Queiroz*, Luanda

O MPLA defende-se a si próprio com o seu papel na História de Angola e a sua prática na defesa do Povo Angolano desde 10 de Dezembro de 1956. Milhares de militantes e dirigentes deram a vida pela Independência Nacional. Resgataram a liberdade e a dignidade de todos os angolanos, mesmo dos que se colocaram ao lado dos colonialistas e dos racistas de Pretória, como é o caso da UNITA. Convém não esquecer nunca.

O Presidente da República e Titular do Poder Executivo é líder do MPLA. Está a causar mais danos ao partido do que causaram os traidores, os colonialistas de Lisboa e os racistas de Pretória. É uma evidência. Não é preciso andar com uma lanterna à procura desses danos, escondidos nos confins da escuridão.  Está tudo à vista. É uma agenda política que tem no topo a destruição do MPLA para a Casa do Brancos e Bruxelas melhor subjugarem o Povo Angolano e roubarem os valiosos recursos naturais do país. Compreende-se o embaraço de actuais e antigos dirigentes do partido e dos seus militantes.

O que se passa na Autoridade Tributária tem de ser analisado à luz de um princípio fundamentalíssimo: A presunção de inocência dos altos funcionários detidos, por suspeitas de terem cometido crimes graves, que causaram elevados danos ao Estado Angolano. Até existir uma sentença transitada em julgado são inocentes. Podem estar a ser vítimas de uma armação. Aguardemos pelo despacho de pronúncia e, se for caso disso, a sentença após o julgamento lá onde se faz Justiça em nome do povo. 

O Presidente João Lourenço já devia ter agido. Só não o fez porque tem uma agenda que lhe recomenda deixa andar ou bota fogo e deixa arder. O campeonato dele é a paz em África onde conquistou a taça de campeão. E inesperadamente assumiu o papel de mordomo da Casa dos Brancos na África Austral. O presidente Trump acaba de ameaçar a África do Sul e os países da região fingiram que não perceberam. Nomeadamente Angola, que até 2017 foi o país que mais se destacou na libertação da região e na derrota do regime racista de Pretória.

Restituição de bens culturais a África ganha força na comunidade internacional

O debate em torno da restituição de bens culturais a África sofreu uma mudança significativa, com a comunidade internacional a reconhecer nos últimos anos a sua necessidade, não apenas como ato comercial, mas como gesto simbólico e até religioso.

"Omais interessante é que, num tema tão sensível como este, que implica questões históricas e críticas, o discurso mudou por parte dos países ocidentais, especialmente na Europa e nos Estados Unidos da América", afirmou o diretor-adjunto da Unesco para a cultura, Ernesto Ottone, em entrevista à EFE.

Ottone, que esta semana marcou presença numa conferência sobre a restituição dos bens culturais africanos, organizada pela Unesco na capital da Etiópia, assinalou que nos últimos sete anos "se avançou muito" nesta matéria.

"O mais importante foi reconhecer que a restituição de um objeto ou artefacto valioso tem um significado que não é apenas comercial, mas sobretudo simbólico e, muitas vezes, religioso", sustentou.

Na conferência, que reuniu pela primeira vez os 54 países do continente, participaram vários especialistas para analisar novos modelos de cooperação.

"Devem-se procurar modelos adequados para cada caso, respeitando o acesso das comunidades ao seu próprio património", defendeu Ottone.

Cabo Delgado: Ruanda quer ser "mártir" de Moçambique

Sandra Quiala* | Deutsche Welle

Ruanda vai enviar novo contingente militar para apoiar combate ao terrorismo em Cabo Delgado. Analista moçambicano diz que o Ruanda procura tornar-se "mártir" de Moçambique, servindo interesses dos seus financiadores.

Ruanda vai reforçar a sua presença militar em Moçambique com o envio de novo contingente para apoiar o combate aos grupos terroristas em Cabo Delgado, com apoio financeiro da União Europeia. O Conselho da União Europeia aprovou em novembro um apoio adicional de 20 milhões de euros para as forças do Ruanda no combate ao terrorismo na província.

No entanto, ao mesmo tempo que se posiciona como aliado na luta contra insurgentes, o Ruanda é acusado de apoiar o grupo rebelde M23 na República Democrática do Congo, contribuindo para a instabilidade na região.

Essa dualidade levanta questões: estará Kigali a expandir a sua influência na África Austral com aval internacional? E como justificar o financiamento de uma força militar que enfrenta acusações de desestabilização em outros países?

Angola | Sucessos Esmagados por Retrocessos – Artur Queiroz

<> Artur Queiroz*, Luanda

Angola tem muitas riquezas mas falta-lhe a mais importante, recursos humanos qualificados. Essa parte é que faz a pobreza que vai da envergonhada à extrema. O problema vem de longe, muito longe. Nos primórdios do colonialismo português, a actividade mais lucrativa na colónia era o tráfico de escravos. Durou desde a ocupação até à publicação da legislação que aboliu a escravatura, em 10 de Dezembro de 1836, mas que apenas foi aplicada, lentamente, entre 1850 e 1860. Até final do século XIX estava tudo falido. Entre 25 de Abril, 1974 e 11 de Novembro 1975, regredimos a essa época. Nem Economia nem Estado.

As debilidades económicas eram evidentíssimas no último quartel do século XIX. Os colonialistas de Lisboa impuseram à economia angolana os interesse da metrópole. A indústria era praticamente proibida. Agricultura, só o que não se produzia em Portugal. A Conferência de Berlim, em 1885, deu lugar ao nascimento do “capitalismo colonial”. Trabalhos forçados dos angolanos, em vez do negócio de escravos puro e duro. Nem a I Guerra Mundial (1914-1918) mudou este quadro. A rebelião armada de Jonas Savimbi, em 1993, fez Angola regredir a esses anos mas com a máscara do petróleo. 

Na última década do século XIX aconteceu o milagre da borracha, petróleo da época num quadro de economia totalmente dependente da metrópole e perda de poder económico da burguesia negra. Entrou em cena o nacionalismo. Triunfo da Imprensa Livre sob o comando dos angolanos negros, excepção feita a Silva Rocha (jornal O Mercantil) e Alfredo Troni (jornal Mukuarimi). 

Arantes Braga, um angolano negro, fundou o jornal Pharol do Povo, subtítulo Folha Republicana, em plena monarquia. Júlio Lobato, jornalista negro, fundou em 1908 o jornal A Voz de Angola que tinha como legenda: Libertando pela Paz; Igualando pela Justiça; Progredindo pela Autonomia. Não estamos a honrar esse passado. Os Media angolanos de hoje regrediram pelo menos cem anos em relação à Imprensa Livre do século XIX. Ninguém luta pela liberdade e seus suportes: Pão, saúde, educação, trabalho com salário digno. Ninguém liberta pela paz nem iguala pela justiça.

Deslocados na República Democrática do Congo enfrentam futuro incerto após fugir de Goma

Aljazeera | # Traduzido em português do Brasil

Mais de 100.000 pessoas deixaram o campo de Kanyaruchinya após a tomada da cidade pelo M23 na República Democrática do Congo.

Antes lotado de cabanas brancas improvisadas, o enorme campo de Kanyaruchinya para pessoas deslocadas nos arredores de Goma, na República Democrática do Congo (RDC) devastada pela guerra, parece assustadoramente vazio agora.

Desde que Goma foi tomada pelos combatentes do M23 apoiados por Ruanda na semana passada, cerca de 100.000 deslocados internos deixaram a encosta lotada, que eles chamavam de lar por vários anos.

A ofensiva do M23 no leste da República Democrática do Congo, rico em minerais, é a mais recente a deixar marcas em uma região que tem testemunhado conflitos implacáveis, envolvendo dezenas de grupos armados, que mataram cerca de seis milhões de pessoas ao longo de três décadas.

“A vida no campo é uma vida de sofrimento e fome”, disse Christine Bwiza, uma das últimas pessoas a deixar Kanyaruchinya, que fica perto da fronteira com Ruanda.

Enquanto Alemanha se prepara para as eleições, apoiar a extrema-direita AfD não é um tabu

<> Gouri Sharma | Aljazeera

O partido linha-dura tem "uma influência crescente na opinião pública", dizem analistas, já que os eleitores priorizam a migração como uma questão fundamental.

Berlim, Alemanha – Para Susanne, uma professora de creche em Berlim, não há competição.

Ela decidiu votar no partido populista de extrema direita, a Alternativa para a Alemanha (AfD), em 23 de fevereiro, nas eleições federais antecipadas do país.

A eleição segue o colapso do governo tripartidário do chanceler Olaf Scholz em novembro. A coalizão governante, conhecida como a aliança do semáforo, consistia do Partido Social Democrata (SPD) de centro-esquerda de Scholz, os Verdes e o Partido Democrático Livre (FDP) pró-negócios.

Perdendo o favor da União Democrata Cristã (CDU) por sua posição pró-vacina desde a pandemia da COVID-19, Susanne, na faixa dos 50 anos que solicitou que a Al Jazeera não divulgasse seu sobrenome, disse que a AfD é o "único partido que está fazendo algo diferente nas questões que determinam nossa vida cotidiana".

Portugal | PARTIDOS A DAR TIROS NA DEMOCRACIA

<> Vítor Santos* | Jornal de Notícias, opinião

Como à mulher de César, aos partidos não basta serem credíveis, é preciso parecerem credíveis. O envolvimento recente em polémicas tão desastrosas como desnecessárias é tudo o que Chega, BE, PS e PSD não precisavam. A democracia também não, porque os casos e casinhos são o melhor combustível para alimentar a ideia de que os partidos não servem para nada. Depois, ficamos todos surpreendidos com o aparecimento de figuras sem pensamento político ou obra pública bem colocadas para vencerem eleições. Autoproclamado guardião da decência, o Chega conduziu à Assembleia da República o deputado das malas, agora arguido; promotor de projetos destinados a defender a maternidade, o Bloco dispensou funcionárias que tinham sido mães há pouco tempo; tradicionalmente humanista e defensor de políticas de apoio e respeito pelos imigrantes, o PS, através do seu líder, agrafou o partido a ideias defendidas pela Direita, enquanto o PSD, que durante o Governo de António Costa tanto apontou o dedo, viu agora um secretário de Estado do seu Executivo demitir-se por ligações, no mínimo, duvidosas a negócios privados na esfera das áreas que tutela. Falta de vergonha, irresponsabilidade, comunicação deficiente e desleixo. É bom que os líderes partidários tenham noção que os eleitores não dormem. Mais relevante, estão a ser acordados da pior maneira, pelos despertadores distorcidos e manipuladores das redes sociais. Os golpes na credibilidade dos partidos também atingem a democracia. Portanto, defendam-na, porque para isso foram eleitos.

* Diretor JN

ERC recusa cumprir lei para avaliar sondagem fraudulenta que beneficia Gouveia e Melo

<> Pedro Almeida Vieira | Página Um

PORTUGAL | Fraude. Não há outra palavra que possa caracterizar a mais recente sondagem da Pitagórica para a TVI e CNN Portugal que teve as Presidenciais de 2026 como ‘prato forte’. Apresentada no passado dia 9 de Janeiro, a sondagem – cujos detalhes só esta madrugada [ontem pelas 23:03 horas ainda não estavam] foram disponibilizados pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) –, a sondagem destacou que “Gouveia e Melo é o preferido dos portugueses para a Presidência”, mas a metodologia para a obtenção desta conclusão radica em erros e enviesamentos graves que anulam a sua validade (e até a legalidade).

Com efeito, de acordo com a primeira notícia desta sondagem da TVI – que seria repercutida, de forma acrítica, pela imprensa generalista, tornando-se alvo de inúmeros debates e artigos de opinião –, “o até há pouco tempo chefe do Estado-Maior da Armada é quem reúne as preferências, ficando à frente de figuras que ainda não abriram o jogo quanto a uma candidatura, mas também de outras pessoas que estariam potencialmente bem colocadas”.

A notícia salientava que “a sondagem dividia-se em quatro respostas: ‘votaria de certeza’; ‘talvez votasse’; ‘jamais votaria’; ‘não conhece o candidato / não consegue ou não quer avaliar o candidato’”, e acrescentava então que, “neste cenário, Gouveia e Melo obteve 28% no ‘votaria de certeza’, um número só igualado por António Guterres” e que, “ainda assim, há mais pessoas que ‘talvez votassem’ no almirante (29%) do que no antigo primeiro-ministro (26%)”.

Numa apresentação televisiva desta sondagem, o jornalista Pedro Benevides, além de mostrar uma lista exaustiva de proto-candidatos, com as percentagens relativas à questão “em quem votaria?”, afirmou, de forma categórica, que Gouveia e Melo, colocado na primeira posição, tinha “28% das intenções de voto dos portugueses que foram consultados nessa sondagem; 28% que dizem que vão mesmo votar nele”.

Mostra-se evidente que a sondagem, por dolo, negligência ou incompetência, deveria ter tido um único destino: o ‘caixote do lixo’. Com efeito, tendo sido inquiridas apenas 400 pessoas – um número que, estatisticamente, para o universo dos recenseados, implica uma margem de erro anormalmente elevada (5%) –, se se somarem apenas os números relativos às respostas ‘votaria de certeza’ alcançar-se-iam 1.032 votos. Ou seja, em média, cada inquirido terá indicado que ‘votaria de certeza’ em 2,6 candidatos.

Em concreto, se Gouveia e Melo teve 28% dos inquiridos a dizerem que votariam nele ‘de certeza’, então foi porque 112 pessoas assim o garantiram na sondagem; se António Guterres teve a mesma percentagem, correspondeu então a 112 pessoas; se Passos Coelho teve 23%, então contam-se mais 92 pessoas; se António Costa teve 22%, significa mais 88 pessoas. Ora, só com estes quatro proto-candidatos se contabilizavam 404 votos em 400 inquiridos.

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O COBRADOR VESTE MAGA

<> Pedro Candeias, subdiretor | Expresso (curto)

Bom dia,

Os monólogos de Donald Trump são caracterizados pelas ideias desconexas, pelos saltos narrativos e pelas incoerências. Trump chama-lhes “weaving” — tecelagem, em português — o que significa que por trás das divagações intermináveis há segundo ele uma refinada técnica retórica desconhecida por todos nós; coser várias considerações que se atropelam umas às outras num só discurso é uma arte, diz Trump.

Cabe aos analistas encontrar pontos comuns, uni-los e transmiti-los numa mensagem. Uma das que costuma sussurrar ao microfone é esta: “As tarifas são a palavra mais bonita do dicionário. Precisam é de uma equipa de relações públicas para as defender”.

Donald Trump usou-a durante a campanha e usou-a novamente quando foi eleito para antecipar a guerra comercial que pretende impor ao mundo. O primeiro ensaio aconteceu com a Colômbia, quando ameaçou com tarifas ao café se o governo local não aceitasse receber os imigrantes deportados. Dobrou a vontade dos colombianos e ganhou balanço.

A seguir, Trump decretou taxas alfandegárias sobre os seus parceiros comerciais privilegiados — que, normalmente, são os que estão mais próximos geograficamente — e sobre o arqui-inimigo: Canadá, México e, claro, a China. Os argumentos utilizados vão desde o défice nas trocas comerciais entre países até à epidemia do opioide fentanil que varreu cidades e vidas americanas.

Contas feitas, estas medidas abrangem 42% — leu bem, 42% — das importações americanas. O potencial disruptivo nos preços finais e nas cadeias de distribuição é enorme e com consequências imprevisíveis.

Ora, estas tarifas pesadíssimas entram em vigor na terça-feira, e o Canadá, o México e a China já garantiram retaliações sobre os produtos norte-americanos. Nos casos canadiano e mexicano, cujas economias juntas representam apenas um sétimo da economia americana, esperam-se respostas à la carte, que incidam rotativamente sobre exportações dos EUA, nomeadamente sobre o influente setor automóvel.

Os três mercados deste continente estão intimamente ligados, há componentes que circulam livre e diariamente entre as fronteiras de todos, de norte a sul, de sul a norte, e os representantes preveem o caos.

Trump reconhece que os americanos vão “sofrer” com a inflação, mas sustenta que a balança penderá a seu favor no final. Os seus teóricos acreditam em várias coisas: o isolacionismo vai potenciar o dólar, estimular a indústria norte-americana a produzir mais e os cidadãos também a consumirem mais internamente; a redução nos impostos levará as empresas a reduzir as suas margens de lucro sem perder muito dinheiro, absorvendo o impacto da inevitável subida de preços.

Por outro lado, as tarifas podem contrabalançar a perda de receitas resultante dos cortes na tributação — e sobretudo funcionar como arma dissuasora para quiser contrariar as novas políticas de imigraçãoa diplomacia musculada e as exigências de Trump. E “muito em breve”, intimidou o presidente dos EUA esta madrugada, a Europa irá ser alvo da estratégia do cobrador da MAGA.

Weaving? 

Trump vai impor taxas aduaneiras sobre produtos europeus "muito em breve"

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os produtos europeus vão ser sujeitos a taxas aduaneiras "muito em breve", na sequência da imposição de tarifas à importação de produtos do Canadá, México e China.

"Estão realmente a aproveitar-se de nós, temos um défice de 300 mil milhões de dólares [293 mil milhões de euros]. Não levam os nossos automóveis nem os nossos produtos agrícolas, praticamente nada, e todos nós compramos, milhões de automóveis, níveis enormes de produtos agrícolas", disse no domingo à imprensa.

A União Europeia lamentou no mesmo dia o aumento das taxas aduaneiras pelos Estados Unidos da América sobre produtos do Canadá, do México e da China, e disse que vai retaliar fortemente se for alvo de tarifas injustas.

"A UE acredita firmemente que direitos aduaneiros baixos promovem o crescimento e a estabilidade económica", disse a Comissão Europeia em comunicado, através do qual considerou a imposição de mais tarifas pelos EUA como "nocivas para todas as partes".

Já, se o bloco europeu for também alvo dessas medidas, o executivo comunitário vai "retaliar fortemente".

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