Negociações entre
os dois blocos se arrastam há anos e têm como principal nó a exigência
sul-americana de mais acesso ao mercado agrícola europeu. Dilma muda discurso e
diz que o pior da crise do euro já passou.
O Brasil e a União
Europeia (UE) se comprometeram nesta quinta-feira (24/01) a destravar as lentas
negociações para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e o bloco
europeu.
O compromisso foi
acertado durante encontro, em Brasília, entre a presidente Dilma Rousseff e os
presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho
Europeu, Herman van Rompuy. Eles participaram da 6ª Cúpula Brasil-União
Europeia.
As negociações
serão um dos temas a serem tratados também durante a cúpula da UE e da
Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) neste fim de
semana em Santiago, no Chile.
Dilma, Barroso e
Van Rompuy destacaram ainda a criação de uma comissão para avaliar o potencial
das relações entre Brasil e UE e estudar maneiras de incentivar investimentos
bilaterais. Durante discurso, a presidente brasileira afirmou que a
"percepção geral" é de que a pior parte da crise europeia "já
ficou para trás".
Negociações
emperradas
As negociações
entre Mercosul e UE começaram em 1999. Cinco anos mais tarde, as conversas
foram suspensas por conta, entre outros motivos, do atrito causado pelo pedido
sul-americano de mais acesso ao mercado de produtos agrícolas da UE. Desde 2010
foram realizados vários encontros, mas sem resultados.
"O ponto mais
importante foi hoje, pois reforçamos nossos esforços para chegar a um acordo de
associação que seja abrangente, equilibrado e ambicioso", afirmou Barroso.
Van Rompuy também reforçou a necessidade de uma "rápida conclusão" do
acordo, ressaltando que a Europa vive uma intensa luta contra o desemprego.
Os investimentos
bilaterais sofreram um abalo no ano passado. Os europeus aplicaram 28% menos
recursos no Brasil em 2012 com relação ao ano anterior. A queda foi ainda mais
acentuada quando se trata dos investimentos brasileiros no bloco europeu: 63%.
Houve ainda uma redução de 7% no volume de exportações brasileiras à UE. Já a
Europa exportou 3,5% a mais para o Brasil no ano passado.
Na quarta-feira,
Barroso participou de um encontro com empresários brasileiros na Confederação
Nacional da Indústria (CNI). Representantes do setor produtivo ressaltaram que
o Brasil precisa se empenhar em fechar acordos comerciais significativos com os
europeus para não perder o mercado para outros países emergentes.
Acordo na área
agropecuária
Brasil e União
Europeia também vão constituir um grupo de trabalho para intercâmbio regular de
informações e cooperação técnica para o "bem-estar" de animais de
produção – que trata dos cuidados que devem ser tomados com os animais, desde o
nascimento até o momento do abate. O acordo também foi assinado nesta quinta.
Segundo o
secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), Célio Porto, o Brasil tem "duas pendências" com
a UE em relação às exportações de carne bovina. A primeira refere-se à
exigência de certificação individual de propriedades, a qual não é cobrada de
outros países. Com isso, o número de propriedades credenciadas para exportar
carne bovina para os países europeus caiu de 12 mil para cerca de 3 mil.
Outra questão a ser
resolvida está relacionada à cota de exportação de cortes nobres. Devido à
exigência de que o gado seja alimentado apenas por pastagem, o Brasil não
consegue atingir nem 10% dessa cota.
MSB/dpa/abr/lusa/afp
- Revisão: Alexandre Schossler
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