Hong
Kong, China, 19 set (Lusa) - As autoridades de Pequim estão a observar de perto
o referendo à independência da Escócia e a avaliar cuidadosamente o impacto que
a votação pode ter nos seus territórios, diz o jornal de Hong Kong South China
Morning Post.
Desde
que as urnas abriram, não foi feito qualquer comentário oficial, mas a atenção
do público é elevada, descreve o diário.
Stephen
Notman, um escocês que trabalha na China e regressou a casa para votar, garante
que os seus amigos chineses têm feito muitas comparações entre a Escócia e os
desenvolvimentos em Taiwan, Xinjiang e Tibete.
Outro
escocês em Pequim, Stephen Nashef, professor de inglês, contou que alguns dos
seus amigos chineses consideram o referendo como algo "estranho".
"Julgo
que o Reino Unido é olhado como sendo um país poderoso e bem-sucedido. Muitas
pessoas acham estranho que [partes desse país] se queiram separar",
comenta.
O
primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse ao primeiro-ministro britânico,
David Cameron, durante uma viagem a Londres em junho, que a China queria ver
"um Reino Unido forte, próspero e unido".
Analistas
explicam ao jornal que o assunto é sensível para Pequim, já que tem o potencial
de encorajar debates sobre se o futuro de Taiwan, do Tibete ou até de Hong Kong
deve ser "decidido pelas pessoas".
"A
República Popular da China nunca gostou da ideia de realizar este tipo de
referendos em Taiwan ou em qualquer outro sítio considerado território
chinês", comenta Dali Yang, professor de Ciência Política na Universidade
de Chicago.
Titus
Chen Chih-chieh, professor de Relações Internacionais na Universidade Nacional
de Chengchi, em Taiwan, acredita que as implicações para Hong Kong e Taiwan são
uma séria preocupação.
"A
China Continental não quer, obviamente, que a forma como os escoceses decidem o
seu futuro seja vista como um exemplo para Taiwan e Hong Kong", diz.
Na
segunda-feira, o jornal oficial chinês Global Times, escreveu que a decisão de
Cameron de permitir o referendo foi "imprudente" e irá torná-lo um
"pecador" no Reino Unido, caso a Escócia se torne independente.
"Se
a auto-determinação nacional se tornar um princípio supremo, a Europa vai estar
constantemente a separar-se em pequenas frações, o que contraria a integração
europeia", dizia o jornal.
ISG
// JCS - Lusa
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