Macau,
China, 22 out (Lusa) - Ativistas pró-democracia convocaram hoje o primeiro
protesto no novo campus da Universidade de Macau (UM), localizado na Ilha da
Montanha, um território do outro lado da fronteira, na China Continental, mas
que se encontra sob jurisdição de Macau.
O
protesto, marcado para 31 de outubro, tem como alvo os alegados ataques à
liberdade académica - este ano dois professores de Ciência Política perderam os
seus empregos, tanto no ensino público como privado - e também alegados casos
de assédio sexual na UM.
"Queremos
que toda a gente que esteja preocupada com a liberdade académica em Macau
participe", apelou Jason Chao, antigo aluno da UM e um dos principais
ativistas políticos locais.
Os
promotores da manifestação notificaram hoje o Instituto para os Assuntos
Cívicos e Municipais da sua intenção de ali organizar o protesto, mas receiam
que "as autoridades façam algo para impedir a atividade".
"Se
negarem o pedido, iremos novamente para tribunal", assegurou o ativista.
No
início deste ano, a UM transferiu o seu campus para a Ilha da Montanha, um
território que fica na China Continental, mas está, em parte, sob jurisdição de
Macau. O terreno onde fica a universidade, apesar de geograficamente do outro
lado da fronteira, é agora administrado por Macau e, em teoria, aplicam-se ali as
mesmas leis da região administrativa especial - incluindo direitos e garantias
que não estão previstos na China.
Jason
Chao explicou que o protesto vai decorrer ao ar livre, desejando que aconteça
"como qualquer manifestação num espaço público".
A
liberdade académica tem estado no centro do debate político e social em Macau,
depois de dois docentes, Bill Chou, da UM, e Éric Sautedé, da Universidade de
São José, terem perdido os empregos como professores de Ciência Política devido
ao que consideram ser "motivações políticas".
Apesar
de o protesto estar marcado para o campus da UM, Jason Chao esclarece que
pretende atrair todos os que se preocupam com a questão, mesmo fora daquele
estabelecimento de ensino. "Espero que o Éric Sautedé venha e os seus
[antigos] alunos também", disse.
A
manifestação pretende também alertar para casos de assédio sexual na
universidade, depois de um grupo de estudantes ter denunciado o caso de um
professor suspenso por 12 dias devido a acusações de assédio a uma aluna.
Na
terça-feira, alunos pertencentes a uma das listas concorrentes à liderança da
associação de estudantes apelaram ao "Fim do assédio sexual na
universidade", colocando fotos com cartazes no Facebook.
Contactados
pela agência Lusa, os alunos recusaram prestar declarações sobre o assunto.
ISG
// VM - Lusa
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