Mário
Silva – Expresso das Ilhas, opinião
O
nepotismo tornou-se tema de combate político. É que muitos resolveram
reconciliar-se com a família à volta do orçamento das entidades públicas. E
isso não é muito canónico. Numa República democrática, claro está.
As
famílias esforçam-se. Os filhos são bons técnicos. Competentes. Mas empregos,
bons empregos mesmo, só para os filhos do regime. É vê-los: marido e
mulher; pai e filho; tio e sobrinho. Factos são factos.
Muitos
saíram ontem da Escola. Já são chefes, gestores de projectos e assessores. E
mal sabem redigir um ofício. Um relatório. Pouco importa: são filhos! Dão
o corpo pelo regime. Dão! E a alma também. Sabem que, se o regime cair
nas próximas eleições, é um drama. Pessoal? Não, seria suportável. Familiar?
Sim, a minha família não! O regime não pode cair.
E
assim o interesse público vai ficando para traz. E assim a ética vai
desaparecendo. E assim a Administração Pública vai sendo assaltada por
famílias. Justiça seja feita: o regime tem sido justo para com os
seus filhos. E os outros? Injustiça seja denunciada: ficam desempregados. Aqui
e acolá, acontece uma adopção política. Cirurgicamente. Como que a
justificar que os outros não são esquecidos.
Não
podemos continuar com acusações recíprocas. Se estamos de acordo que o
nepotismo é um mal, temos de erradicá-lo.
Uma
vez que os princípios não são suficientes, seria bom que houvesse uma lei
contra o nepotismo, para entrar em vigor no início da próxima legislatura. A
República agradece. Até porque, não se sabe ainda quem vai ganhar as eleições.
Deste modo, ninguém se sente atingido.
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Ou será que sabes quem vai ganhar as próximas legislativas, Joa Quim?
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