domingo, 14 de junho de 2015

Portugal. TAP ABRIU INQUÉRITO AO “CÉREBRO” DA GREVE DOS PILOTOS




A TAP abriu um inquérito ao comandante Lino Rodrigues, ex-consultor do Sindicato dos Pilotos (SPAC) e que foi apontado como sendo o cérebro da greve dos pilotos em maio. Em causa estão, sabe o Dinheiro Vivo, as atividades extra-profissionais remuneradas que Paulo Lino Rodrigues desenvolvia ao serviço precisamente do SPAC e os tempos de descanso obrigatório estabelecidos por lei antes de um voo.

A notícia foi avançada pelo Jornal de Negócios, que dá conta da decisão da TAP em "avaliar a atividade extra-profissional em funções remuneradas de Paulo Lino Rodrigues, enquanto assessor do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), se esses serviços são eticamente aceitáveis, ou não, e se essa prestação de serviços colocou em causa a segurança operacional da TAP nos voos que efectuou". Um inquérito que deverá levar, apenas, algumas semanas a estar concluído e que será feito já com a audição do próprio Paulo Lino Rodrigues. Visa apurar se há, ou não, matéria para abrir um processo disciplinar.

No limite, em caso de processo disciplinar, o comandante da TAP pode mesmo vir a ser despedido com justa causa. Tal como pode ser arquivado, se não for encontrada matéria que justifique a acusação, garante fonte conhecedora do processo.

Além de analisar a atividade de consultoria que Paulo Lino Rodrigues desenvolvia junto do SPAC, "e que tem diretamente a ver com a sua atividade na empresa", o inquérito da transportadora aérea nacional pretende, ainda, apurar se não terá havido violação dos tempos de descanso. Uma questão estabelecida na lei, de forma "muito rigorosa". Ou seja, quanto um voo está próximo, é suposto que o piloto esteja mesmo em descanso.

Além de comandante da TAP no ativo, Paulo Lino Rodrigues é economista. Em maio, aquando da última greve dos pilotos, ficou a saber-se que Lino Rodrigues terá estado envolvido em todas as grandes negociações entre o SPAC e a transportadora aérea nacional, serviços pelos quais terá cobrado mais de um milhão de euros. Só a greve de 10 dias em maio teria rendido a este consultor qualquer coisa como 170 mil euros.

Estas notícias levaram o consultor do SPAC a "revogar o contrato que o vinculava legitimamente" ao sidicato, continuando a exercer as mesmas funções de forma graciosa. No entretanto, a direção do SPAC demitiu-se, mas não avançou com qualquer razão para justificar o afastamento. Na altura da greve, o sindicato assumiu que a sua ação permitiu "infligir um dano de 30 milhões de euros na companhia", considerando que tal "não devia ser desvalorizado pelo Governo".

Entretanto, o Sindicato dos Pilotos emitiu um comunicado negando o envolvimento de Lino Rodrigues nas negociações com a TAP ou na preparação, declaração e manutenção da greve. "É falso que o comandante Paulo Lino Rodrigues tenha sido o estratega da greve dos pilotos. A estratégia de fazer e declarar a greve foi decidida em Assembleia de Empresa que teve lugar no dia 15 de Abril de 2015, onde participaram 434 Associados e votaram 360 a favor da greve", diz o SPAC, que acrescenta que a decisão de declarar e de manter a dita greve foi "responsabilidade exclusiva" da direção.

No comunicado, a direção demissionária garante, ainda, que a colaboração da empresa de Paulo Lino Rodrigues com o SPAC "incidiu apenas sobre questões financeiras no âmbito das negociações levadas a cabo pela Direcção do SPAC sobre a interpretação do Acordo de Empresa e a sobrevigência do mesmo". Assegura, ainda, ser falso que a atividade de assessoria desenvolvida junto da direcção do SPAC " tenha colocado em causa, em algum momento, a segurança de voo".

O Sindicato dos Pilotos termina "repundiado, porque falsas, as as acusações imputadas pela TAP ao comandante Paulo Lino Rodrigues".

Dinheiro Vivo

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