Martinho Júnior, Luanda
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– A carga ideológica com sinal feudal, que anima as doutrinas indexadas ao
capitalismo não foi suficientemente avaliada (ou reavaliada) e o papel de
indústrias como as de armamento, assim como as leituras relativas aos “entendimentos
geoestratégicos” sobre a utilização dos recursos e meios de inteligência,
bem como as actividades militares, qualquer que seja a barricada, constituem
evidente prova disso.
Como
não pode deixar de ser, a carga ideológica de raiz feudal que anima a “nova” doutrina
militar de Obama, reflecte-se no tipo de configuração da “ameaça”, ao
colocar a Rússia e o Emirato Islâmico no mesmo pé de igualdade e fugindo como
sempre à adequada consciência sobre a essência dos fenómenos e dos problemas.
A
doutrina militar de Obama, sendo um reaproveitamento da doutrina militar de
Bush, nesses termos possui toda a carga de “guerra psicológica”, coisa que
as sucessivas administrações de turno nos Estados Unidos, nunca abandonaram
desde a IIª Guerra Mundial, nem com o fim da “Guerra Fria”.
É
evidente que não há interesse algum em políticas que visem o desarmamento e a
complexa sociedade norte-americana é nesse sentido outra evidência.
A
repressão acentua-se sobre as camadas mais desfavorecidas da população
residente nos Estados Unidos, a ponto de serem as comunidades de
afrodescendentes e de latino-americanos, aquelas que mais sofrem, aquelas que
enchem as prisões em maior percentagem.
É
evidente que os processos dialécticos de raiz cultural prevalecem, de modo a
que por via das manipulações seja mais fácil ao capitalismo tal qual ele é
entendido pelos falcões, fazer-se sentir aglutinando os processos de
consumismo, de mercantilização e de deriva neo liberal.
O
recurso a conceitos ideológicos ultra conservadores, está garantido desde as
superestruturas da aristocracia financeira mundial, até às periferias
instrumentalizadas, cabendo aos “think tanks” a modelagem doutrinária
com o fito de melhor amarrar a panóplia de alianças, de “parcerias” (que
palavra tão capciosamente agradável) e a aplicação dos seus
conceitos e decisões.
O
grau de alienação nas sociedades do século XXI é comparativamente maior em
relação às sociedades da época da “Guerra Fria”.
Os “think
tanks” representativos, tornam-se assim elementos imprescindíveis para o
exercício do domínio que se concentra nos propósitos da hegemonia unipolar, que
tem sua base antropológica e cultural nos ambientes anglo-saxónicos, tirando
histórico partido do que foi um dia o império britânico.
O
inglês tornou-se, a par do dólar no sistema financeiro global, a língua tida
como a mais vantajosa nos contactos internacionais de todo o tipo.
Num
mundo caótico, onde o campo das alienações tem húmus para crescer e se
multiplicar, é fácil recorrer a mais uma alienação, ainda que ela no fundo
discorra a partir de elementos de interpretação marcadamente próprios das
trevas feudais.
Perante
o pântano ideológico a que o capitalismo nos conduziu, ainda assim há
necessidade de avaliar quem detém a carga agressiva e quem articula os meios
disponíveis de forma defensiva e simultaneamente de forma tão apassivante ou
persuasiva quanto lhe é possível, uma contradição que afinal garante a
longevidade do próprio capitalismo tornado processo de hegemonia unipolar.
Quero
com isto dizer que é muito difícil hoje defender-se a paz não redutora de
democracia e de liberdade, mais ainda que no tempo da “Guerra Fria”, pelo
que a honestidade e a responsabilidade dos políticos que enveredem por essa
trilha, tem de recorrer a uma dose maior de criatividade, de inteligência e de
efectiva argumentação, escapando ao anátema feudal que mentaliza os falcões e
torna tão disponível ao domínio o uso de armas… e escapando às grilhetas neo
liberais capazes de estrangular povos inteiros com a bancarrota, ou um regime
coercivo e prolongado de“austeridade”.
O
próprio Vaticano é expoente dessa situação: quando surgiu um Papa que com
consciência crítica passou a condenar o capitalismo selvagem, como agora com o
Papa Francisco, os “mídia ocidentais” controlados pela aristocracia
financeira mundial e pelas oligarquias vassalas, deixam de ser “caixa-de-ressonância” da
Igreja Católica Apostólica Romana, mesmo onde ela é “igreja dominante”…
…
E no entanto, ter presente a configuração das forças dos vários campos, é um
recurso indispensável para quem, num ambiente humano tão alienado quão hostil,
ousa ainda lutar pela paz!
*Integrado junto ao texto: Quadro
ilustrativo das 35 mais potentes forças armadas do globo. (clicar para ampliar)
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