Em
Hong Kong uma ilha artificial, que é parte essencial do projecto da ponte Hong
Kong-Macau-Zhuhai, está “a mover-se”. A conclusão da obra já foi adiada para
depois do final de 2016. Em Macau, o trabalho está concluído e não se regista
nada de semelhante, assegura o Gabinete para o Desenvolvimento de
Infra-estruturas.
Cláudia
Aranda – Ponto Final
Em
Hong Kong, uma ilha artificial de cerca de 130 hectares – tida como um
elemento-chave da infra-estrutura da ponte que vai ligar Hong Kong-Macau-Zhuhai
– está “a mover-se”. As autoridades de Hong Kong estão novamente a rever a data
de conclusão do aterro, sendo improvável que a empreitada seja concluída até ao
final de 2016.
Em
resposta a um pedido de esclarecimento solicitado pelo PONTO FINAL, o Gabinete
para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), interlocutor do Governo da
RAEM no projecto tripartido da ponte, assegurou que a secção da obra em Macau
está concluída e não regista problemas: “Não se regista na ilha artificial de
Macau qualquer fenómeno semelhante ao que se tem verificado na ilha artificial
de Hong Kong”, esclareceu o gabinete.
O
GDI acrescenta que, em Macau, “a ilha artificial da ponte Hong
Kong-Macau-Zhuhai foi executada através do método de dragagem e construção de
ensecadeira”, sendo esta uma “forma de execução diferente da que foi utilizada
em Hong Kong”. Dado que a obra já está concluída, a sua utilização terá início
com a abertura do trânsito na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, acrescenta o GDI.
O
Governo da vizinha Região Administrativa de Hong Kong confirmou à RTHK (Rádio e
Televisão de Hong Kong) que foram detectados movimentos “de até sete metros” na
ilha artificial. Um porta voz do Departamento de Transportes de Hong Kong
afirmou que há registo de movimentos desde o início da construção do aterro no
ano passado, considerando esse facto “normal”, uma vez que está a ser usada uma
técnica nova. Os engenheiros optaram por utilizar um método “não-dragado” para
a construção do aterro. Esta técnica tem como grande vantagem ser menos
prejudicial em termos de impacto para o ambiente marinho.
As
autoridades de Hong Kong estão agora a rever a data de conclusão do projecto.
De acordo com um porta-voz do Executivo de CY Leung, o departamento do Governo
responsável pela acompanhamento da obra já havia comunicado à Assembleia
Legislativa no início de 2015 que iria falhar o seu objectivo de conclusão da
empreitada no final do próximo ano.
Howard
Winn, jornalista independente responsável pelo blogue HowardWinnReports.com,
sustenta que o local onde foi conduzida a intervenção abrange uma área
considerável de lama e lodo. A abordagem convencional teria envolvido a
dragagem desta lama mole e o subsequente preenchimento com areia, uma técnica
que provoca danos ecológicos consideráveis, afectando a qualidade da água e
criando ruído que pode perturbar o habitat do golfinho cor-de-rosa, espécie em
risco de extinção. A opção por outra solução que não a dragagem exigiu a
construção de um paredão de aço compreendendo grandes estruturas circulares com
um diâmetro de cerca de 30 metros e 450 toneladas. As estruturas são inculcadas
na lama até que atinjam uma camada rija.
Howard
Winn cita relatórios sobre o projecto que dizem que o “período de execução da
obra é apertado”. Muitos das estruturas ainda estão a ser instaladas e a
afundar “a uma taxa de 100 milímetros por mês”. “Não se espera que a parede
falhe, mas pode não manter a forma correcta”, dizem engenheiros familiarizados
com a obra.
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