sexta-feira, 3 de junho de 2016

TUNÍSIA: A CONVERSÃO DO ENNAHDA



O partido político dos Irmãos Muçulmanos na Tunísia, Ennahda (o movimento da Renascença), decidiu aquando do seu Xº Congresso Nacional, a 22 de Maio de 2016, separar as suas actividades religiosas da sua política, a fim de se tornar um «partido civilista».

Além disso, esta reforma será destinada a impedir a acumulação de um cargo electivo com a responsabilidade da pregação. O Partido definir-se-á sempre como «islâmico», ele não abandona as suas actividades religiosas e continuará a seguir a interpretação da religião feita pelos Irmãos. Em nenhum caso o Partido se tornará secular, ou seja, nada no fundo mudará.

Para julgar a sinceridade desta reforma lembraremos, simplesmente, que o actual Presidente do partido, Rached Ghannouchi, participou na tentativa de golpe Estado islâmico de 1987, e pregou ao lado de Osama bin Laden no Sudão, em 1990. E que ele de nada se arrepende.

As relações públicas do Congresso (incluindo o convite, com todas as despesas pagas a mais de cem jornalistas estrangeiros) foram asseguradas pelo MI6 britânico; o que prova que se os Estados Unidos se distanciaram da Irmandade Muçulmana, Londres continua a trabalhar com eles.

O Presidente da República, Beji Caid Essebsi (ex-Destouriano), veio saudar a «reforma» da imagem do Partido, aí pronunciando um discurso que incluiu numerosas referências religiosas; sinal, pois, que os Irmãos detêm agora os principais poderes na Tunísia.

Voltaire.net - Tradução Alva

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