sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Timor-Leste. COMEMORAÇÃO DO 41º ANIVERSÁRIO DAS FALINTIL



No dia 20 de agosto, comemora-se o 41.º aniversário das FALINTIL, as Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste. 

O Governo expressa o seu profundo respeito e gratidão às FALINTIL honrando todos os Combatentes da Libertação Nacional que, com coragem e sacrifício, durante 24 anos de luta, conduziram a um Timor-Leste livre e independente.

O Primeiro-Ministro, Rui Maria de Araújo, declarou que “os seus sonhos de libertação e a sua determinação em fazer com que o sonho se tornasse uma realidade serão lembrados de geração em geração”.

A comemoração oficial do Dia das FALINTIL terá lugar no Quartel-General das F-FDTL, no sábado, 20 de agosto, mas vão decorrer vários eventos nos dias que a antecedem.

No dia 18 de agosto, realiza-se um seminário sobre “FALINTIL na História de Timor-Leste”, no Auditório do Quartel-General da F-FDTL, com a participação do Dr. Mari Alkatiri, do Dr. José Ramos-Horta e do Dr. Francisco Guterres [Lu-Olo], moderado pelo Professor Dr. Aurélio Guterres.

Na sexta-feira, 19 de Agosto, Dom Virgilio do Carmo, Bispo da Diocese de Díli, realiza uma Missa de Ação de Graças na Catedral de Díli. À noite, realiza-se uma Cerimónia de colocação de coroas de flores no Jardim dos Heróis, em Metinaro.

No sábado, 20 de Agosto, tem lugar a cerimónia principal no Quartel-General das F-FDTL, em Fatuhada, Díli. Entre os convidados, conta-se o Primeiro-Ministro do Camboja, Hun Sen, e sua delegação, bem como militares, veteranos e diplomatas de todo o mundo.

O programa oficial inclui a cerimónia do Içar da Bandeira, distribuição de prémios e promoções militares, discurso do Presidente do Parlamento Nacional, Adérito Hugo da Costa, e parada militar.

O almoço oficial será realizado no Quartel-General das F-FDTL. Após a cerimónia do Arrear da Bandeira, em Fatuhada, será realizado um jantar oficial para os convidados, no Centro de Convenções de Díli, oferecido pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Major-General Lere Anan Timur.

O Porta-Voz do VI Governo Constitucional, o Ministro de Estado Agio Pereira, referiu que "a liberdade, a paz e a estabilidade que temos hoje foi construída pelo sacrifício daqueles que partiram antes de nós.

Nos próximos dias, lembraremos as FALINTIL e todos aqueles que serviram nas suas fileiras, com um profundo sentimento de apreço pelo seu sacrifício e coragem. Eles inspiram-nos a continuar a construção de uma Nação digna dos seus esforços.

Nos próximos dias – e em todos os dias! –, das altas montanhas até à costa, da mais pequena aldeia até às cidades, homens e mulheres, jovens e velhos, nós os honramos. Vivam as FALINTIL!”.

@Portal Governo de Timor-Leste – SAPO TL – Foto: @marcelinasancho

LEIA MAIS EM TIMOR AGORA em português

Nyusi nomeia oficial da Renamo para vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas



O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, nomeou hoje Raúl Luís Dique, oriundo da antiga guerrilha da Renamo, principal partido de oposição, vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), refere um comunicado da Presidência da República

Segundo a nota, antes de o nomear para o cargo, o chefe de Estado moçambicano promoveu Dique à patente de major-general.

Dique substitui no cargo Olímpio Cambona, também proveniente da antiga guerrilha da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), exonerado do posto em julho.

A indicação de uma figura da Renamo para aquele posto segue uma tradição iniciada na sequência do Acordo Geral de Paz (AG), assinado entre o principal partido de oposição e o Governo moçambicano em 1992, para pôr termo a 16 anos de guerra civil.

O acordo, apesar de o Governo moçambicano referir que já não é vinculativo, previa que as FADM tivessem uma hierarquia bipartida entre as forças governamentais e a guerrilha da Renamo, que combateu as ex-Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM), do Governo, até 1992.

A Renamo acusa o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) de marginalizar os oficiais da sua antiga guerrilha, substituindo-os pelos quadros militares do partido no poder.

A despartidarização das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas é uma das exigências da Renamo nas negociações em curso com o Governo, visando o fim da atual vaga de violência armada, que eclodiu na sequência da recusa do principal partido de oposição de reconhecer a derrota nas eleições gerais de 2014.

PMA // EL - Lusa

Governo moçambicano e Renamo em silêncio um dia após ronda negocial polémica



As delegações do Governo moçambicano e da Renamo voltaram a reunir-se hoje em Maputo no âmbito das negociações de paz, mas saíram em silêncio um dia depois de uma ronda polémica, focada na nomeação de governadores provinciais da oposição.

O encontro de hoje durou mais de quatro horas, na presença de mediadores internacionais, mas ao contrário do habitual, as delegações do Governo e da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) não emitiram um comunicado conjunto.

"Hoje não vamos falar, a reunião continuará amanhã [sexta-feira]", limitou-se a dizer Mario Raffaelli, antigo mediador chefe do Acordo Geral de Paz, firmado por Governo e Renamo em Roma em 1992, e um dos nomes indicados pela União Europeia para o novo processo negocial em curso.

A reunião de hoje aconteceu um dia depois de uma ronda marcada pela polémica, no ponto de agenda que diz respeito à revindicação da Renamo em governar nas seis províncias que alega ter ganho nas eleições gerais de 2014.

No início da tarde de quarta-feira, José Manteigas, líder da equipa negocial do maior partido de oposição, falando na qualidade de porta-voz da comissão mista, leu um comunicado conjunto declarando que, "sobre a governação nas seis províncias, as delegações concordam que devem ser encontrados mecanismos legais para a nomeação provisória dos governadores provinciais oriundos do partido Renamo o mais cedo possível".

Horas após a leitura deste comunicado, a delegação governamental convocou os jornalistas para esclarecer que a comissão mista não tem mandato para um acordo sobre a nomeação de governadores da oposição e que este só poderá ser firmado pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama.

"A decisão não é da comissão mista. Nós temos o mandato de preparar o encontro deles", precisou Jacinto Veloso, acrescentando que a reivindicação da oposição não pode ser analisada de forma isolada em relação aos outros pontos da agenda, igualmente "muito importantes".

Além da exigência da Renamo sobre as seis províncias, a agenda das negociações integra a cessação imediata dos confrontos, a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamento do braço armado da oposição.

A primeira fase das negociações tem estado focada na reivindicação do maior partido de oposição e Jacinto Veloso deu conta de que não é certo que, mesmo havendo um acordo final, este abranja as seis províncias.

Noutra passagem do comunicado, em que é mencionada a nomeação dos governadores da Renamo "o mais cedo possível", Veloso afirmou que foi imposta pelos mediadores internacionais e que nem devia constar no documento.

"Está claro que este 'logo que for possível' não é daqui a um mês", enfatizou Jacinto Veloso, que lembrou a necessidade de um novo pacote legislativo e que, "só quando houver uma aprovação no parlamento, é que poderá haver os mecanismos legais para uma eventual nomeação de governadores oriundos da Renamo".

No comunicado lido pelo porta-voz da reunião de quarta-feira, prevê-se a criação de uma subcomissão, que inclui os mediadores internacionais, para preparar um pacote legislativo para entrar em vigor antes das próximas eleições gerais, em 2019.

José Manteigas disse que o pacote deverá estar concluído até novembro para sua posterior submissão à Assembleia da República, como forma de garantir que a exigência do maior partido de oposição em Moçambique seja discutida "no quadro da unidade nacional e no processo de descentralização da administração".

A delegação do Governo já avisou que o prazo de novembro "é irrealista".

Entre os pontos em avaliação, destacam-se a revisão pontual da Constituição da República, das leis das assembleias provinciais e de bases da organização e funcionamento da administração pública, bem como uma nova lei das finanças provinciais.

A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) de ter cometido fraude no escrutínio.

EYAC/HB // EL - Lusa, ontem

PARTIDOS PORTUGUESES SÃO CÚMPLICES DO SOFRIMENTO DO POVO ANGOLANO



Angola é independente há 40 anos. Tem petróleo, diamantes e muitas riquezas naturais. O presidente Eduardo dos Santos e o MPLA governam desde sempre com os mesmos resultados: um dos regimes mais corruptos do mundo, pobreza generalizada, economia inexistente, uma das maiores taxas de mortalidade infantil.

Paulo de Morais – Folha 8

Os dirigentes dos partidos portugueses presentes, por estes dias, no Congresso do MPLA (PS, PSD, PCP, CDS) são cúmplices do sofrimento do povo angolano. Envergonham Portugal.

Angola tem recursos humanos, dimensão geográfica, dispõe de múltiplas riquezas naturais, é um dos países mais ricos do mundo. Mas a sua população é das mais pobres, sofre com uma das maiores taxas de mortalidade infantil do mundo, a educação é inexistente, o desenvolvimento é uma miragem.

Este contra-senso tem um primeiro responsável, José Eduardo dos Santos. Em trinta e nove anos de presidência, JES não conseguiu – ou não quis! – melhor do que isto: Angola é um país riquíssimo, influente na política internacional, mas com gente pobre, a viver na miséria.

O presidente angolano instituiu um regime corrupto e cleptocrático. Distribuiu, ao longo de décadas, de forma feudal, privilégios pelos seus apoiantes. JES criou uma oligarquia que lhe é agradecida e subserviente, a quem permitiu um enriquecimento obsceno. A maioria dos altos dirigentes angolanos beneficia de luvas nas transacções em negócios de estado.

A família Dos Santos é hoje uma das mais ricas e extravagantes do mundo. A sua filha Isabel exibe os seus luxos nas redes sociais sem vergonha, esquecendo que a sua riqueza assenta na fome do povo do seu país. Dispõe hoje duma fortuna colossal, é das mulheres mais ricas do planeta. Usa Lisboa como porta de entrada privilegiada dos seus capitais na Europa. Domina a economia portuguesa: tem participações de relevo na energia, nas telecomunicações ou na Banca, os homens mais ricos do país são seus sócios.

Como ganhou peso económico, movimenta-se bem no campo da promiscuidade entre interesses privados e gestão pública, uma das marcas da política portuguesa. O poder político corrupto em Portugal submete-se-lhe, para o que conta com as ligações do “papá” Dos Santos. Com efeito, JES domina a política portuguesa. Começando pelo governo, este como os anteriores, passando pelo Partido Comunista, que trata o MPLA como “partido irmão”; mas também pelo PS, parceiro do MPLA na Internacional Socialista, PSD e CDS.

Só aliás esta cumplicidade, à qual não escapou o anterior presidente Cavaco Silva, permitiu que o estado angolano não tivesse sido minimamente beliscado com o mega escândalo “Espírito Santo”, em parte resultante dos empréstimos realizados no BES (Angola) e na transferência descontrolada de capitais de Portugal para Angola, para concessão de empréstimos sem contrapartidas.

Este enorme buraco resulta, em grande parte, de empréstimos concedidos a personalidades ligadas a JES. No topo da lista está a sua irmã, Marta dos Santos, que usufruiu dum crédito de 800 milhões de dólares. Estes serviram para financiar negócios imobiliários em Talatona, numa parceria com o construtor José Guilherme. O conjunto de bafejados pelo BES de Portugal e pelo BESA com muitos milhões é extenso, com destaque para membros da cúpula do MPLA, de Roberto Almeida a João Lourenço ou França Ndalu.

Os tentáculos de JES, com a sua sede de poder, não estão infelizmente confinados a Angola e a Portugal. Através da CPLP (Comunidade de Povos de Língua Portuguesa), que domina, JES controla uma parte significativa do petróleo mundial. São membros desta comunidade produtores como São Tomé, Timor, Guiné Equatorial, cujos dirigentes políticos JES controla; ou até o Brasil, cuja ex-presidente Dilma é também aliada de JES.

JES tem uma estratégia de poder mundial, baseada na corrupção. Os seus parceiros nos negócios não são nada recomendáveis. O chinês Sam Pa, de quem foi companheiro de bancos de escola, actual presidente da China Sonangol, é perseguido pelas autoridades americanas, por associação ao tráfico de diamantes; o empresário português Hélder Bataglia suja-se com múltiplos casos de corrupção em Portugal, desde as luvas pagas na compra de submarinos pelo Estado português aos alemães até aos que levaram à prisão do ex-primeiro-ministro José Sócrates, ou Ricardo Salgado.

JES poderá nunca vir a ser julgado em vida por corrupção e pelos danos que infligiu ao seu país. Mas o julgamento da História está feito: JES é um líder que destruiu o seu país, porque nunca gostou do seu povo.

Leia mais em Folha 8

Angola. A HISTÓRIA ENQUANTO EIXO DE LEGITIMAÇÃO DO PODER POLÍTICO



O presidente José Eduardo dos Santos parece sempre voltado para o passado. Em todas as suas comunicações importantes, sobressaem o eixo histórico e o passado da luta anti-colonial.

Miguel Gomes – Rede Angola

As intervenções públicas de José Eduardo dos Santos, seja no âmbito partidário ou nacional, são sempre aguardadas com curiosidade. As razões são fáceis de perceber. O Presidente da República fala poucas vezes em público e raramente concede entrevistas aos meios de comunicação social nacionais. Mas ao longo do tempo, há um aspecto comum às comunicações importantes: o eixo histórico e o passado da luta anti-colonial.

No ano passado, na comemoração dos 40 anos de independência, o discurso do 11 de Novembro foi ocupado, em cerca de dois terços do tempo total, a relembrar as façanhas da luta armada e da expulsão do colonialismo português e da sua máquina política e administrativa.

O discurso arrancou em 1482, com a chegada dos portugueses, e veio de forma quase cronológica até ao 11 de Novembro de 1975, entrando depois nas querelas entre os três movimentos de libertação, na luta contra oapartheid, na libertação da Namíbia e por aí adiante. Só nas últimas duas partes do discurso de 11 de Novembro de 2015 se aborda o presente, mas quase sem olhar para o futuro.

Parece que há a necessidade de justificar a sua longa permanência no poder, seja no cargo de Presidente da República, seja à frente do MPLA, com as dificuldades que o processo histórico-político angolano tem enfrentado.

“Os representantes do Rei de Portugal chegaram ao Reino do Congo em 1482 e, em sucessivas missões, estabeleceram relações de amizade e cooperação que se desenvolveram normalmente e com benefícios recíprocos para as duas partes durante cerca de cem anos”, disse JES, em Novembro de 2015.

“Entretanto, Portugal modificou, unilateralmente, a sua política de cooperação bilateral e iniciou pela força a ocupação do território do Rei do Congo e de outros soberanos vizinhos. Nesse território passou a extrair recursos naturais, a ocupar terras e a fixar cidadãos portugueses e iniciou, como um negócio muito lucrativo, o comércio de escravos, que eram transportados em navios, em grande número, para o Brasil e para outras paragens do continente americano. Segundo alguns historiadores, dos cerca de quatro milhões de escravos levados de África para o Brasil, metade, isto é, cerca de dois milhões, saíram de Angola. Essa deve ser a principal razão porque a população de Angola não é mais numerosa, pois supõe-se que ela devia ser hoje superior a 50 milhões de habitantes, em vez dos cerca de 26 milhões que somos. O desenvolvimento desta política de ocupação e pilhagem levou as autoridades portuguesas à definição de um estatuto político-administrativo, económico, social e cultural, com regras militares e de segurança, para o controlo absoluto da colonização do país e para a submissão dos angolanos, que passaram a estar integrados em todos os territórios retirados pela força aos soberanos mortos ou desaparecidos”, recordou o Presidente da República, em Novembro passado.

São episódios que representam uma geração de angolanos, uma geração que está agora no poder (tanto no governo, como na oposição) e que tem tido bastante dificuldade em olhar para o país fora da retórica anti-colonial.

Também é certo que a rejeição colonial é um dos princípios fundadores das três repúblicas no pós-independência (partido único de orientação marxista-leninista, até 1991; transição democrática e abertura ao multipartidarismo e à economia de mercado, até 2010; nova Constituição e assumpção do regime presidencialista atípico, desde 2010 até ao momento).

Mas os jovens, que são a larga maioria da população angolana, também reclamam por um acertar definitivo de contas com o passado. Para que se possa projectar o futuro com outra segurança, entregando a história, a antropologia e a sociologia ao espaço das liberdades (de expressão, de investigação, de opinião) e do debate de ideias, mesmo que envolvam os diferentes partidos.

Na quarta-feira, 17, na declaração de JES que deu início aos trabalhos do VII Congresso Ordinário do MPLA, que acaba amanhã, em Luanda, o início da comunicação parece ser uma repetição do mesmo filme. Mesmo quando está em causa apenas o partido.

“Fundado em 1956, o MPLA venceu o colonialismo e conquistou a Independência Nacional, sob a forte liderança de Agostinho Neto. Refundado mais tarde em Partido-MPLA, pôs fim às agressões externas, garantiu a paz e a unidade nacional e tem vindo a consolidar o Estado Democrático de Direito”, disse JES, logo no segundo parágrafo. “O MPLA nunca abandonou o povo e nunca combateu contra o povo”.

“Um facto, porém, temos de sublinhar. Não conseguiram matar a nossa esperança em conquistar a paz e manter a liberdade! Felizmente, a tempestade passou, a guerra terminou e a paz foi conquistada. É justo render a merecida homenagem a todos os que se bateram e deram a vida para que hoje estejamos livres e em paz. Que a vida dos que tombaram não tenha sido em vão e que o passado nos sirva a todos de lição”, lembrou o líder do MPLA desde a morte de Agostinho Neto.

Só depois da introdução e do enquadramento histórico é que JES mudou o diapasão. E então, sim, deixou alertas, queixou-se dos falsos empresários – não referindo que a larguíssima maioria dos empresários angolanos são militantes e dirigentes do próprio MPLA.

Mais tarde, na apresentação ao congresso da moção estratégica do líder, ainda abriu portas à realização de eleições e à instituição de um rendimento mínimo garantido.
É uma estrutura de comunicação que se repete. Quase de forma exaustiva, sobretudo quando JES fala no âmbito do partido e no papel de Presidente da República. Há até frases que parecem estar sempre presentes, com uma ou outra palavra a mais ou a menos.

Como aconteceu, por exemplo, na abertura do 5º Congresso Extraordinário do MPLA, a 4 de Dezembro de 2014.

“Em 10 de Dezembro de 1956 nascia assim, num contexto social e político difícil, o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) como guia do povo angolano, empenhado em mobilizar, organizar e dirigir todo o povo angolano na luta pela libertação e pela independência nacional”, lembrava JES, em 2014.

A oposição, com a UNITA e a CASA-CE (os dois maiores partidos da oposição) à cabeça, vai criticando as mensagens repetidas e a falta de uma retórica consequente sobre o presente e o futuro dos angolanos.

As críticas são reforçadas pelo facto do país viver um período de forte pressão sobre a inflação – que o governo estima em 45 por cento para 2016 – e sobre o kwanza. Os dois factores resultam numa dramática perca de poder de compra para a maioria dos angolanos, ao mesmo tempo que inúmeras empresas estão a encerrar e a despedir os seus trabalhadores.

Até agora, o VII Congresso Ordinário do MPLA fez a tradicional resenha histórica, auto-legitimou-se, reconheceu alguns erros, mas pouco foi aflorado sobre o dia-a-dia das pessoas.

O secretário-geral da UNITA, Marcolino Nhany, citado pela agência Lusa, considerou normal que “sendo um congresso fossem abordadas questões político-partidárias”, mas espera que sejam analisados também aspectos sobre a consolidação da paz, a reconciliação nacional e o aprofundamento da democracia.

“Estou expectante para ver, de facto, se estes temas merecerão um estudo, uma análise, um debate”, disse o dirigente da UNITA.

Nhany pediu ainda que, mais do que reconhecer que o MPLA falhou, JES devia apontar em que áreas e em que medida se registaram as falhas. “Isto é que é importante. Mais do que reconhecer que falharam é preciso dizer onde e até que ponto os erros estão relacionados com a crise que se vive no país”, acrescentou.

Por sua vez, o representante da CASA-CE, a terceira força política, Milu Tonga, disse que o discurso voltado para os quadros do MPLA não trouxe “nada de especial, salvo um apelo interno para os seus militantes”. Para Milu Tonga, o discurso não correspondeu às expectativas da CASA-CE porque é uma “retórica constante, permanente, que já é conhecida”.

“Sabemos quem são os empresários nesta sociedade, isto não é nada de novo”, disse o dirigente, em referência à crítica do líder do MPLA a grupos de empresários que enriquecem ilicitamente. Milu Tonga disse que esperava ouvir no discurso de JES uma alusão aos temas actuais, como as demolições, por exemplo.

O VII Congresso Ordinário do MPLA conta com a participação de 2.530 delegados de todo o país e do estrangeiro. Termina amanhã, sábado, dia 20 de Agosto e prevê a reeleição de José Eduardo dos Santos, candidato único ao cargo de presidente do MPLA, a análise e a aprovação da Moção de Estratégia do líder do partido e a confirmação da nova composição do Comité Central.

Foto: Francisco Bernardo/JA Imagens

São Tomé e Príncipe. FRAUDE ELEITORAL TOMA POSSE NA PRAÇA DA INDEPENDÊNCIA



Em conformidade com o dito e redito sobre as eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe, assim como o alegado sobre irregularidades eleitorais por parte de testemunhos e dos próprios candidatos presidenciais, não podemos aqui no PG fazer de conta que foi tudo normal em São Tomé e que as eleições foram democráticas e isentas de parcialidades em todo o processo que o anunciado candidato eleito (anunciado vencedor por três vezes pela Comissão Eleitoral Nacional), Evaristo Carvalho, vai ser empossado PR do país com um historial limpinho-limpinho. Não. Aliás, não deixa de ser de admirar como Evaristo de Carvalho se sujeita tal situação de submissão ao querer e poder do PM Patrice Trovoada. A transparência e a honestidade devem ser características de qualquer político, talvez ainda mais de alguém que é candidato a Presidente da República. Seja em que país for e em São Tomé também.

Não existem dúvidas sobre o processo fraudulento ou irregular como o alegado e nomeado PR foi eleito. Essa é a razão do título que usamos e que consideramos justificado pela enorme opacidade do processo. Evidentemente que na STP press o título não poderia ser o que usamos. Importa obedecer e agradar aos poderosos em país tão pequeno e entregue a uma clique que pode cantar de poleiro: Uma maioria, um governo, um presidente, um país. É o unanimismo imposto devido a umas eleições presidenciais que se crêem e foi sendo demonstrado terem sido fraudulentas.

Mário Motta / PG

Evaristo Carvalho será empossado na histórica praça da independência

São Tomé, 18 Ags ( STP-Press ) -  O presidente eleito de São-Tomé e Príncipe, Evaristo Carvalho será empossado a 03 de Setembro em cerimonia a realizar-se, pela primeira vez, na histórica Praça da Independência, no centro da capital de São-Tomé, - anunciou hoje um  porta-voz parlamentar.

De acordo com o programa enviado a STP-Press,  a cerimonia a iniciar-se as 08:00 horas locais, terá como ponto alto a mensagem a Nação do novo Chefe de Estado são-tomense, logo após a prestação de juramento e da assinatura do auto de posse, diante do presidente do parlamento, José Diogo que presidirá as sessões.

Com a duração de cerca de quatro horas, a cerimónia contará ainda com honras militares ao novo presidente da república bem como a sessão de cumprimentos em actos a serem transmitidos em directo pela TVS e a Radio Nacional de São Tomé e Príncipe.

Com este programa, o presidente eleito Evaristo Carvalho passará a ser o primeiro a tomar posse na histórica Praça da Independência, onde albergou a memorável cerimónia da proclamação da independência de São Tomé e Príncipe a 12 de Julho de 1975.

Com uma longa trajetória política, além de ter sido Presidente da Assembleia Nacional entre 2010/2012, Evaristo Carvalho exerceu funções de primeiro-ministro por duas vezes, em 1994 e entre final 2001 e inicio 2002, tendo ocupado ainda as funções de ministro da Defesa e Ordem Interna.

RN – STP press

São Tomé e Príncipe vítima de doenças modernas



Em São Tomé e Príncipe a malária continua a ser uma das grandes preocupações em termos de morbilidade e mortalidade. Este ano o país registou um caso de óbito, no entanto as autoridades de saúde reconhecem os avanços e acreditam que vão alcançar os objetivos da OMS que pretende erradicar a doença até 2030.

Apesar de o país ter registado avanços no combate à doença “o paludismo continua a ser umas das grandes preocupações em termos de morbilidade e mortalidade”, salienta Celso Matos, médico ortopedista do hospital central de São Tomé.

Em 2016 o país registou um caso morta, todavia em 2014 e 2015 não se verificou nehum caso de malária. Uma situação que deixa óptimista as autoridades sanitárias que acreditam conseguir alcançar a meta da Organização Mundial da Saúde que quer erradicar a doença em 2030.

Doenças dos países desenvolvidos

Nos últimos anos o país começou a diagnosticar doenças não transmissíveis que são mais comuns nos países desenvolvidos, como e caso da diabetes, tensão arterial e doenças cardíacas. Segundo Celso Matos estas doenças podem estar associadas “muitas vezes ao consumo excessivo de álcool, mas podem ter repercussões em outras doenças como é o caso da tuberculose”.

O médico alerta para os casos consideráveis de tuberculose lembrando que se deve olhar melhor para tuberculose, que é uma das causas de mortalidade no país, e destaca igualmente os casos hepáticos.

Miguel Martins – RFI - Entrevista realizada por Liliana Henriques, enviada especial a São Tomé.

Liga Guineense dos Direitos Humanos considera ilegal prisão de ex-secretário de Estado



A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) considerou hoje ilegal a detenção do ex-secretário de Estado dos Transportes e Comunicações, João Bernardo Vieira, por ocorrer durante as férias judiciais.

A posição da LGDH foi transmitida por Alex Bassuko, secretário para a informação da organização, segundo o qual a lei guineense diz que os atos processuais não podem ser praticados por nenhum órgão durante as férias judiciais.

As férias judiciais decorrem durante todo o mês de agosto.

João Bernardo Vieira foi detido na terça-feira por ordens do Ministério Público, que o acusa de ter faltado a convocação de uma audiência no âmbito das investigações sobre vários processos ligados à secretária de Estado dos Transportes e Comunicações.

O advogado do ex-governante, Carlos Pinto Pereira, defendeu que este não compareceu à audiência por não ter tomado conhecimento da notificação do Ministério Público.

Para a Liga Guineense dos Direitos Humanos, a detenção de João Bernardo Vieira "é um ato processual" que não podia ocorrer neste momento mas sim depois das férias judiciais.

" (A detenção) é uma violação aos direitos humanos, uma afronta aos direitos, liberdades e garantias do João Bernardo Vieira", diz Alex Bassuko, acrescentando ainda que toda situação não passa de "um atentado à dignidade" do político.

O ex-secretário de Estado dos Transportes e Comunicações foi hoje presente a um magistrado do Ministério Público para ser ouvido, diligência que a Liga Guineense dos Direitos Humanos considera que irá determinar a sua prisão preventiva.

MB // JMR – Lusa – Na foto: João Bernardo Vieira

Governo da Guiné-Bissau pede apoio a Portugal para descentralizar serviços do Estado



O Governo da Guiné-Bissau solicitou hoje a Portugal apoios técnico e financeiro para executar o seu programa nacional de descentralização dos serviços do Estado.

O pedido do Governo guineense foi feito pelo ministro da Administração Territorial, Sola Nquilin, ao embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, António Leão Rocha, com quem manteve uma reunião de trabalho.

O programa nacional de descentralização dos serviços do Estado, ainda por aprovar a nível do conselho de ministros, visa, entre outros pontos, a realização das primeiras eleições autárquicas na Guiné-Bissau e ainda a instalação de departamentos públicos nas regiões do interior do país.

O ministro da Administração Territorial fez o pedido, mas não revelou a resposta do embaixador António Leão Rocha, embora saliente que "Portugal não pode virar as costas à Guiné-Bissau".

Sola Nquilin considerou que Portugal "se não é o principal parceiro" da Guiné-Bissau "é o privilegiado" em termos de cooperação e "por razões óbvias", disse acreditar que os apoios solicitados irão chegar.

A saída da audiência com o governante guineense, o embaixador português remeteu para Sola Nquilin quaisquer esclarecimentos sobre o teor da conversa entre os dois.

MB // EL - Lusa

Jorge Carlos Fonseca espera disputas autárquicas "fortes, leais e festivas" em Cabo Verde



Jorge Carlos Fonseca, Presidente da República de Cabo Verde com mandato suspenso, desejou que as disputas autárquicas no país, cuja campanha eleitoral arrancou hoje, sejam "fortes, leais e festivas".

"Começou a campanha para as eleições autárquicas de 4 de setembro. Auguro disputas fortes, leais, festivas também. Todos devem participar nas campanhas e, sobretudo, na votação", escreveu Jorge Carlos Fonseca na sua página pessoal na rede social Facebook.

Segundo o chefe de Estado, com mandato suspenso por ser um dos candidatos na disputa presidencial marcada para 02 de outubro, apesar das dificuldades, críticas e exigências, o poder local vai-se afirmando.

"Reforçar e aprofundar o poder local e a sua autonomia é alargar e dar solidez à democracia. Ter, lutar, construir uma democracia avançada deve ser a nossa 'marca, a nossa principal 'marca'", apelou.

Jorge Carlos Fonseca deu conta que, como candidato presidencial, irá, durante a campanha das autárquicas, afastar-se das ações externas e públicas, que o podem permitir cruzar ou intrometer-se nas atividades para as eleições municipais no país.

Nesse período, indicou que irá privilegiar o trabalho de reflexão e de organização interna da candidatura e suas estruturas de apoio.

Jorge Carlos Fonseca é um dos três candidatos nas eleições presidenciais em Cabo Verde, marcadas para 02 de outubro. Os outros são Albertino Graça e Joaquim Monteiro.

Em relação às autárquicas, a campanha arrancou hoje e prolonga-se até o dia 02 de setembro. A votação nos 22 municípios do país será no dia 04.

As autárquicas e as presidenciais completam o ciclo de eleições este ano em Cabo Verde, depois das legislativas em março último.

RYPE // EL - Lusa

EMBARAÇOS NA CHAMADA UNIÃO EUROPEIA




Nada disto é vital, nada disto é normal e escapa ao equilíbrio estabelecido pelos ideais fundadores da UE, que desejavam um equilíbrio de forças impeditivo de qualquer hegemonia.

Estabelece-se esmerada confusão entre o propósito e o realmente tido como tal. O recente imbróglio, estabelecido na "União" Europeia, durante meses, a fim de apavorar Portugal e Espanha, resultou numa coisa pífia, afinal conducente a um resultado nulo. Mas preocupou populações durante meses. O próprio presidente da UE alimentou esse equívoco, especialmente provocado pela Alemanha. O mal-estar desenvolveu-se durante meses. E criou embaraços insistentes em países como Portugal. Entendeu-se que esta Alemanha deseja, antes de tudo, criar um nivelamento com duas nações a dirigir e o resto a ser dirigido.

Nada disto é vital, nada disto é normal e escapa ao equilíbrio estabelecido pelos ideais fundadores da União Europeia, que desejavam um equilíbrio de forças impeditivo de qualquer hegemonia. A ideia, generosa, é antiga, e nunca deu resultado, acicatando, pelo contrário, as históricas tendências dominantes germânicas.

Quem manda e quem dirige a Europa actual? O duo Alemanha-França é falacioso. A importância dos alemães advém do seu poder económico, da sua necessidade de desenvolvimento territorial que explica e justifica o seu poder. França obedece a uma estratégia antiga, que determinou a sua minimização. A história da invasão alemã é suficientemente elucidativa. E os livros e os filmes dessa miséria moral são elucidativos das componentes vitais de um tempo e de uma época desastrosos.

A União Europeia é tudo menos aquilo que a expressão pretende enunciar. Constituiu para nós, portugueses, uma ignomínia. As comissões dirigidas por Sócrates ou Passos Coelho, cuja subserviência em relação a Angela Merkel assumiram, tiveram sempre as características de total sujeição. E as coisas não vão melhorar. Alguns países não escondem a incomodidade em submeterem-se às injunções alemãs, ameaçando abandonar a União. Esta, devido a circunstâncias especiais, tem sido dirigida pela gestão de Direita, com os resultados conhecidos e uma crescente incomodidade da parte de alguns recalcitrantes.

Isto, para assinalar que as coisas não correm no melhor dos mundos. As grandes questões são constantemente ocultadas ou dissimuladas, e a recente saída do Reino Unido assinalou os abalos que a União atravessa. As coisas estão seriamente ameaçadas, e não se trata, apenas, da supremacia alemã, mas sim das próprias debilidades da construção do projecto. As coisas estão à vista, e nem os discursos apaziguadores dos dirigentes europeus conseguem neutralizar o mal-estar que se vive na Europa. 

*Jornal de Negócios - 12 de agosto 2016

O EMBUSTE DA ISENÇÃO - Jornalistas, grupos de media e sustentabilidade no mercado da Informação




Um axioma, repetido ad nauseum, estipula categoricamente: "o Jornalista não deve ser objecto da Notícia". Aceitar acriticamente tal postulado envolve riscos, mormente: afastar o "foco" dos protagonistas, colocando-os a salvo de qualquer escrutínio

Na aparência de tocante e humilde inocência, tal axioma é a expressão sublimada da “monumental” hipocrisia que impera, neste sector como em tantos outros. Na penumbra desta “verdade” acoitam-se a condescendência arrogante, o corporativismo de classe como forma de auto-protecção, a cumplicidade na preservação do “estatuto social” que garante o, tão discreto quanto omnipresente, usufruto de pequenas “regalias” e privilégios vários, materiais ou simplesmente relacionais, isto é, de poder.

Um pacto de silêncio, não formalizado mas implícito, vigora na classe. Uma hierarquia, não regulada mas empiricamente aceite por todos, determina as relações de poder entre jornalistas de diferentes áreas e suportes de comunicação. No topo da “cadeia alimentar” estão os pivôs dos jornais televisivos seguidos de perto pelos seus camaradas que “aparecem” nos ecrãs. A rádio perdeu o “charme” e o carisma de antanho mas é uma boa montra para aceder à televisão.

Na imprensa escrita a hierarquia é determinada pelas editorias com as de Internacional, Política e Economia em primeiro plano devido ao tipo de contactos e relações que proporcionam; a Cultura, agora sobretudo entretenimento, mantém alguma respeitabilidade derivada do objecto; a Sociedade – Educação, Saúde, Justiça, etc. – é tratada ou por jornalistas muito aplicados e conhecedores do seu métier ou por estagiários entrados ontem para despedir amanhã. O Desporto – leia-se Futebol – é uma coisa algures entre o nítido nulo das perguntas repetidas e idiotas nas conferências de imprensa e os “doutos” pareceres dos veteranos da área, com uma enorme vantagem sobre as áreas mais “nobres”: traz mais público e audiências; A Ciência e a Tecnologia, durante muito tempo parentes pobres tratados na categoria de curiosidades, estão a subir, finalmente, na cadeia alimentar. O “social” cor-de-rosa, desprezado por todos – que fingem o contrário graças às audiências que, tristemente, daí advêm.

Outras “áreas”, associadas aos “estilos de vida”, como automóveis, electrónica de consumo, moda, decoração, beleza, “saúde”, viagens, gastronomia, imobiliário, e podia continuar indefinidamente, dirigem-se a públicos-alvo específicos, finitos, nichos de mercado, umas vezes maiores outras mais pequenos, que permitem estabelecer um nexo directo entre as empresas que operam no mercado em causa e os “consumidores” interessados na informação que estas pretendem comunicar. É como pescar num aquário: é pouco desportivo mas não tem como falhar.

Qualquer que seja a posição relativa na “cadeia alimentar” há um aspecto comum a todos os Jornalistas. Todos dependem da sua carteira de contactos e, a maioria – nos tempos que correm – acredita que tem de “seduzir” aqueles que ocupam os cargos que proporcionam os convites para as “viagens”, para os almoços em restaurantes de luxo, para os gadgets com que impressionam os amigos, ou, por vezes, com um “exclusivo” (cacha).

Do outro lado estão, amiúde, ex-jornalistas ou jornalistas com a Carteira Profissional suspensa, camaradas, tipos “porreiros” que convém manter devidamente “lubrificados” não vá dar-se o caso de escolherem um concorrente para o “slot” da viagem ou para darem a “entrevista” exclusiva que tanto gostariam de ter.

Isto é, há muito que a “agenda” dos Jornalistas e dos OCSs não é feita pelos próprios, sendo antes “cozinhada” nos gabinetes de imprensa e nas agências de comunicação das empresas, dos ministérios, dos corredores do poder em geral. As redacções estão reféns desta relação inquinada.

Factores de distorção da concorrência

Fortemente dependentes da economia e dos seus avanços e recuos, os mercados da Publicidade e dos Patrocínios são significativamente distorcidos pelos inúmeros elementos espúrios presentes nesta “arena”. A saber:

Centrais de Compras

As Centrais de Compras (de espaço/tempo de publicidade) surgiram como meio de permitir às agências de publicidade “forçar” os meios de comunicação a baixar os preços, comprimir as margens e reduzir a independência dos meios. Há vários equívocos que lhes estão associados de que destaco dois:

1. o embuste do custo por contacto. Não raro os brokers colocam o cliente final perante o seguinte raciocínio: um anúncio televisivo à hora da novela custa, suponhamos, 10 mil euros, alcançando uma audiência de 1 milhão de espectadores. A operação é fácil de efectuar: basta dividir 10 mil euros por um milhão de espectadores para apurar quanto custou cada “visita”. No nosso exemplo seria de 0,01 cêntimos. Um valor realmente baixo de “custo por contacto”;

Mas… e se o anúncio em causa for de um produto topo de gama, dispendioso portanto? Apesar de haver um milhão de espectadores quantos destes são, realmente, potenciais compradores desse produto? Se forem apenas 10 mil o custo por contacto sobe para um euro. Numa publicação especializada o mesmo anúncio custará, digamos, mil euros, chegará a 10 mil pessoas apenas, mas em que todas são, de facto, compradoras potenciais do produto. Isto é, o custo por contacto será de o,1 €. Melhor negócio, não?

2. o afunilamento das compras nos grandes grupos. Por mais “certeiros” que sejam os órgãos de informação especializados não interessam às Centrais de Compras pela simples razão de que estas não estão interessadas nos resultados das campanhas dos clientes finais, sabem que dificilmente estes poderão ou saberão identificar a proveniência das suas vendas e, em consequência, a qualidade relativa dos investimentos realizados em cada OCS;

Todavia há uma coisa que as Centrais de Compras sabem muito bem: o “rappel” anual estabelecido com os grupos de comunicação, cuja percentagem aumenta em função dos investimentos dos clientes finais para eles encaminhados, em regra definidos em escalões que podem representar vários milhões de euros de diferença no final do ano.

Centrais de tráfico de influências

O nacional-porreirismo, o amiguismo, as obediências secretas (como a Maçonaria, a Opus Dei e outras), a promiscuidade com os partidos do Poder, são outros tantos factores de distorção do mercado, permitindo o êxito de incompetentes e condenando ao fracasso projectos interessantes e bem orientados.

O determinismo da “dimensão do mercado”

O mercado nacional, os diferentes mercados, não representam volumes de compras (procura) interessantes excepto no topo de gama. O fosso entre ricos e pobres tem vindo a aumentar e o anterior governo contribuiu muito para o empobrecimento da classe média e para o surgimento em larga escala de novos pobres – da pobreza envergonhada.

As grandes corporações, nacionais ou multinacionais, e de um modo geral os protagonistas com poder, dinheiro e influência, esmeraram-se em pesquisar, e encontrar, “o elo mais fraco” no processo de divulgação dos seus produtos de modo a mexer no mercado. Nessa demanda encontraram a forma ideal de enfraquecer os meios e os empresários de comunicação – grandes ou pequenos. Encontrado o elo mais fraco, os jornalistas, e recorrendo às agências de comunicação para encurtar o orçamento anteriormente atribuído à publicidade, lograram “matar dois coelhos de uma cajadada”. A saber: colocar as empresas de media em” estado de sítio”, através da redução dos investimentos publicitários, e manter uma visibilidade de “marca” e de produto através das agências de comunicação, da falta de recursos financeiros dos próprios editores e da vontade de ascensão social dos próprios jornalistas.

Há Indústrias onde este marketing virou ciência. A Renault lançou um porta-bagagens no Egipto. Chamou-lhe Chamade mas na verdade era apenas um porta-bagagens. Teve honras de 16 páginas nas principais revistas do sector em todo o mundo. Cingindo-me ao que conheço de perto, da Grande Muralha da China a um passeio de trenó sobre o Círculo Polar Ártico, o que menos falta nesta indústria é imaginação. A estes eventos comparecem, a convite do fabricante organizador, Jornalistas de todo o mundo. Nas suas editoras não há dinheiro para lhes pagar a cobertura do evento. Pode haver algum ou alguns meios que viagem a expensas próprias. Desconheço se assim for.

É mais barato pagar a agências de comunicação para “sensibilizar” jornalistas que pagar publicidade. Os Jornalistas aceitam, os Editores, sem meios para financiar as viagens de outro modo, também. Esta estratégia estendeu-se a todas as indústrias com mais ou menos charme e poder de influência.

Na política, na economia, na justiça, os elementos perturbadores da verdade jornalística são, desde logo a complexidade das relações com as fontes, e, logo a seguir, as viagens, os hotéis de 5 estrelas e os restaurantes de luxo a que não poderiam chegar com recursos próprios. E, claro, a “pena suspensa”: se não escreves o que eu quero nunca mais és convidado.

Há exemplos que configuram situações de verdadeira corrupção: voltando à indústria automóvel, onde existe um “parque” de imprensa com carros que circulam entre “meios” para “testes”, pode acontecer que um jornalista interessado em adquirir um determinado modelo de certa marca veja o carro em causa ser adicionado ao “parque” de imprensa, ser-lhe emprestado com zero Kms para os tais “testes” e, terminados estes, devolvido ao referido “parque”, ficar retido até lhe ser vendido como “usado”, uns milhares de euros abaixo do seu preço de mercado e sem os impostos correspondentes.

Já na Política, na Economia e na Justiça muitos jornalistas desempenham com brio o papel que lhes é atribuído de “pés-de-microfone” ou, a pretexto das supra referidas promessas de “cachas”, de veículo de transmissão de algo que convém à sua “fonte” pôr a circular. Não raro “invenções” absolutas e absurdas destinadas a produzir um determinado resultado.

Entre o interesse dos proprietários dos OCS, na publicidade, e os dos próprios jornalistas, nos benefícios, privilégios e isenções, as grandes empresas, os políticos e os spin doctors têm larga margem de manobra. Claro que isto não abrange toda a classe, nem todos os OCS, mas vai aumentando à medida que os jornalistas seniores vão sendo excluídos das redacções para darem lugar a estagiários, gratuitos, fungíveis, e desconhecedores dos seus direitos e prerrogativas, como dos seus deveres deontológicos.

A tudo isto, a Comissão da Carteira, a ERC e o próprio Sindicato dos Jornalistas dizem… nada!

Voltarei, ainda e sempre a este assunto!

*Jornal Tornado

CONTRA A ARROGÂNCIA ECONOMICISTA



Pedro Bacelar de Vasconcelos – Jornal de Notícias, opinião

Os efeitos da conjugação da globalização económica com a desregulação financeira internacional ativamente promovida por Washington e adotada como ortodoxia pelas instituições da União Europeia provocaram a desqualificação da vontade democrática e a degradação da soberania interna dos estados, conduzindo à crescente subordinação do mundo da política aos interesses e à lógica da ciência económica. Não sou economista e, por uma questão de princípio, não me permito opinar sobre matérias que desconheço ou de que não tenho conhecimentos suficientes para analisar dados, questionar metodologias, avaliar a pertinência dos respetivos postulados e extrair conclusões supostamente científicas.

Seria lógico esperar igual prudência e sobriedade da parte dos economistas que se pronunciam sobre questões que não dominam suficientemente ou que conhecem apenas na perspetiva estrita do saber económico. Contudo, este padrão de elementar seriedade académica não é confirmado pelo exuberante entusiasmo com que um significativo setor de comentadores de assuntos económicos se atirou aos índices do modesto desempenho da economia portuguesa agora divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística. Um entusiasmo que se revela em estranha sintonia com o mote escolhido para a Festa do Pontal que marcou, neste fim de semana, o regresso de férias do principal partido da oposição, responsável pelo Governo anterior.

O mote é este: a produção de riqueza, em Portugal, está a crescer muito lentamente e, pior ainda, a um ritmo que esmorece, continuadamente, desde março do ano passado! Em março de 2015, convém recordar, o chefe do Governo que iria perder as eleições em outubro anunciara o fim da austeridade e invocava esses frágeis indícios de aceleração económica como prova da inversão do ciclo de degradação da situação económica do país e a demonstração do sucesso das suas políticas de austeridade, duramente aplicadas ao longo de uma legislatura inteira. É bom de ver que nenhuma correlação pode ser estabelecida entre o pretenso sucesso das políticas de austeridade aplicadas ao longo de uma legislatura inteira e os índices económicos relativos ao primeiro semestre de uma governação que se propôs exatamente demonstrar a viabilidade de uma alternativa às opções políticas que o Governo anterior executou. Infelizmente, logo em agosto do mesmo ano, os dados publicados pelo INE desmentiam o triunfo reclamado por Passos Coelho, mas nem por isso arrefeceram a sua euforia eleitoral que se prolongou até à tomada de posse do novo Governo.

Noutras longitudes e com propósitos muitos diversos - comentando o programa de Hilary Clinton para as eleições presidenciais americanas - Paul Krugman, no "New York Times" de terça-feira, entrega-se a uma reflexão que devia merecer a melhor atenção dos nossos comentadores domésticos de economia! Interrogando-se acerca do que sabemos sobre os ciclos de crescimento económico, constata, conforme os dados oficiais, que não existem variações significativas no ciclo de crescimento estável que começou com Ronald Reagan e terminou com Bill Clinton, nem no ciclo de desaceleração do crescimento que foi inaugurado por George W. Bush e que se mantém até ao final do mandato de Barack Obama. E conclui o óbvio: "Esta história sugere que não há atalhos para mudar as tendências".

Mas Paul Krugman vai mais longe nas suas conclusões e afirma: "Quando os conservadores prometem taxas fantásticas de crescimento económico, como na era de George W. Bush, o que pretendem é esconder quantos programas sociais vão suprimir para pagar as reduções de impostos". E quando desprezam as questões da igualdade e da distribuição da riqueza em nome do crescimento económico, "o que pretendem realmente é evitar as questões políticas que efetivamente nos dividem". E digo eu, resignado à minha

*Deputado e professor de direito constitucional

DIA DAS FALINTIL EM TIMOR-LESTE. “ARRASTÕES NOTICIOSOS”, POR CÁ, É TODOS OS DIAS



Bom dia. Em 20, amanhã, as Falintil, em Timor-Leste, comemoram 41 anos da sua fundação. Resistência patriótica que queremos homenagear. Viva as Falintil e vivam os bravos heróis timorenses! Viva Timor-Leste!

Hoje é sexta-feira e não é dia 13. Que sorte. Para os crentes no diabo e associados, nas bruxas e nos azares, hoje não precisam de bater na madeira. Deixem a madeira em paz. Mas lembrem-se da Madeira. Um milhar de deslocados, imensos que ficaram sem casas. O governo regional está a tratar do assunto rapidamente. Parece que no continente há quem deva aprender com Miguel Albuquerque, presidente daquele governo. É PSD, e depois. Aqui não se deixa de elogiar quem sabe da poda e serve como deve a coisa pública, tendo por prioridade as pessoas. Boa Miguel. Já agora vê se atiras com o desnaturado e suposto social-democrata Passos para um qualquer partido neoliberal-fascista da Europa. Cá ele está a mais. O PSD está com a imagem toda faralhada à conta desses traidores, vendidos e imbecis que se apoderaram do PSD. E de Portugal, por quatro anos.

A cafeína do Curto de hoje é do jornalista Valdemar Cruz, do Expresso. Vamos ver se o Expresso arrepia caminho e não entrega o Curto só aos diretores disto, daquilo e de nada. Nós gostamos dos jornalistas, só jornalistas, caramba! É que esses, mais que os diretores e preferidos do tio Balsemão – figurativamente, porque há lá mais quem puxe os cordéis nas sombras da manipulação e do fazer-cabeças, da propaganda - podem conhecer melhor as realidades e não estarem tão de colarinhos brancos e engravatados... O Valdemar refere “arrastões noticiosos”. Pois são. Parece que na comunicação social acamparam os tipos com muito jeito e canudos universitários para a publicidade que convence esquimós a comprarem frigoríficos, os carecas a comprarem pentes e escovas para o cabelo que não têm. Assim como os habitantes de países tropicais em que a temperatura ambiente nunca desce mais que dos 18º, a comprarem caloríferos. E fogões a gás ou a eletricidade, dos sofisticados, aos nómadas no deserto do Sahara. Pois. São esses que fazem as cabeças às pessoas, que não sendo estúpidas acabam por ficar mais que estúpidas. Vai daí lêem só o Correio da Manha e outros tablóides, sem visitarem a informação alternativa. Pois é Valdemar, o jornalismo é o que é e atualmente o que era já não é. Até parece que leram todos pela mesma cartilha.

Basta. Um adeus e bom fim-de-semana para todos. Não esqueçam que em 20, amanhã, é o Dia das Falintil, em Timor-Leste. Fundada há 41 anos. A resistência ao gigante criminoso da região, a Indonésia. Pode saber mais sobre Timor-Leste no Timor Agora, nosso parceiro. Vá até lá. Não se assuste com textos em tétum se não sabe a língua nacional timorense. Repare no topo direito do Timor Agora e tem lá dispositivo que uma vez clicado o passa para os textos em português. Convidamos a que o faça porque não podemos trazer tudo para o Página Global, por falta de tempo e devido às limitações da equipa. E as férias.

O dia de praia hoje é diferente, mas ameno. Chovem borrifos. Está fresco mas bom e a água está um mimo. O Oceano Atlântico está fixe. Já experimentei e adorei. Vá lá. Pois.

Não deixe de ler o Curto de hoje. Sempre há o que interessa saber ou esclarecer melhor por via de links que contem.

Propaganda, é sobre isso que o jornalista Valdemar abre o Curto. Não tem açúcar mas tem realismo e afeto.

Bye, bye.

Mário Motta / PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Valdemar Cruz – Expresso

A última imagem e o próximo combate

Rapaz numa ambulância. O estupor provocado por uma imagem, um só retrato, uma só punhalada nas certezas acomodadas, pode ter um efeito demolidor. A repetição até a náusea dessa imagem arrasadora, nas televisões, nos jornais, nas redes sociais, mesmo se aparentemente inevitável numa sociedade cada vez mais dependente da mediatização dos acontecimentos, tem um reverso perigoso e para o qual cada vez será mais difícil encontrar antídotos. Assistimos à banalização de uma dor incomensurável e impossível de reduzir a uma imagem cujo significado corre o risco de se esgotar na emoção do momento, até a próxima criança, até a próxima imagem, até o próximo combate do qual resulte mais um olhar desesperado, mais um rosto a rasgar a sensibilidade das consciências. E essa é, também,uma das gritantes e deploráveis hipocrisias associadas a estes arrastões noticiosos, sobretudo quando abafam a complexidade dos conflitos onde são gerados. A Síria é hoje palco de uma guerra onde se confrontam demasiados poderes e interesses para que seja possível assumir, sem a questionar, a sempre eficaz, mas simplista, divisão entre os inquestionavelmente bons e os definitivamente maus. Como se vê, de resto, pelas hesitações dos EUA, que ora diabolizam o papel da Rússia no apoio (constante, antigo) a Assad, ora colaboram com as forças armadas russas na tentativa de desalojar o chamado Estado Islâmico. O que se passa na Síria é uma batalha longa e cruel, na qual estão envolvidas o exército sírio e milícias do Hezbollah, uma amálgama de grupos terroristas colocados na órbita do Daesh, brigadas com ligações à al-Qaeda, outros grupos islamistas, milícias curdas que controlam algumas áreas no Norte do país e ainda outros grupos apoiados pelos EUA e vários países europeus. No meio disto tudo é preciso contar ainda com os interesses da Turquia, que combate os curdos, que por sua vez combatem o Daesh, do Irão, da Arábia Saudita, do Qatar ou da Jordânia. O olhar perdido no infinito de um rapaz sentado numa ambulância é um olhar acusador. Verbaliza, mesmo se em silêncio, o horror da guerra. O olhar perdido no infinito de um rapaz sentado numa ambulância é o olhar onde se escondem os olhares perdidos no infinito de milhares e milhares de crianças cujo rosto não vemos, às quais as ambulâncias não chegam, nem o olho das objetivas captam. Estão longe, estão perdidas, estão a morrer em silêncio. Mas existem. Em todos os lados de todos os conflitos

OUTRAS NOTÍCIAS

Através do JN ficamos a saber que dezenas de paróquias foram instadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira a pagar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). A ação do Fisco incide sobreresidências paroquiais, salas de catequeses, conventos e largos existentes frente às igrejas. Cá está uma questão com todo o potencial para se tornar polémica, desde logo devido às determinações da Concordata com a Santa Sé celebrada pelo estado Português, segundo a qual estão isentos de qualquer imposto ou contribuição geral, regional ou local os lugares de culto ou as instalações de apoio direto e exclusivo às atividades com fins religiosos. Está uma residência paroquial nessas condições? E o adro de uma igreja? E um convento?

O congresso do MPLA continua a dar muito que falar… em Portugal. O que alguns articulistas pensam sobre o tema pode ser medido pelas opiniões de Ricardo CostaNicolau Santos ou Henrique Monteiro. Com exceção do Bloco de Esquerda, todos os grandes partidos portugueses estão representados no conclave, mas foi a partir do CDS que se libertaram maiores ondas de choque, com Assunção Cistas a manter as distâncias em relação à aproximação angolana de Paulo Portas e a demarcar-se das declarações do deputado Hélder Amaral, segundo o qual o CDS e o MPLA “têm hoje muitos pontos em comum”.

A nomeação de novos administradores para a Caixa geral de Depósitos continua um grande imbróglio. A pergunta, pertinente, deixada no Expresso Diário é: Quem vai ser afinal a administração da CGD?. O Público de hoje garante que o BE e o PCP estão contra as mudanças na lei que permitiriam ao Governo desbloquear a situação. O Negócios assegura que o Governo abdica de 19 administradores, além de que a decisão do Banco Central Europeu sobre a acumulação de cargos e sobre a separação de funções de presidente executivo e não executivo poderá fazer escola na restante banca.

Afinal era tudo mentira. A polícia brasileira confirma que o alegado assalto de que teriam sido vítimas quatro nadadores norte-americanos no Rio de Janeiro, durante a madrugada de domingo, nunca existiu. O que aconteceu é bem diferente e, segundo a versão mais credível agora divulgada, os atletas Ryan Lochte, Gunnar Bentze, Jack Conger e James Feign saíram de uma festa já ia alta a madrugada, entraram num táxi e quiseram parar numa bomba de gasolina para usar os lavabos. Lá dentro tudo terá dado para o torto. Os jovens nadadores provocaram vários estragos na gasolineira, envolveram-se com os empregados, foram obrigados a pagar os prejuízos e regressaram sãos e salvos à Aldeia Olímpica com todos os seus pertences, como de resto o comprovam as câmaras vídeo. A polícia ainda conseguiu impedir que Bentze e Conger seguissem para os EUA, ao contrário do que aconteceu com Lochte. As investigações posseguem. O Comité Olímpico norte-americano já pediu desculpa às autoridades brasileiras.

Quem matou Federico Garcia Lorca? Passaram ontem 80 anos sobre o fuzilamento do poeta nos arredores de Granada. Quatro décadas depois, a identidade dos assassinos, membros das forças leais ao sublevado Francisco Franco, continua um mistério. Têm sido muitas as investigações, mas sem resultados objetivos. Uma juíza argentina, Maria Servini, decidiu agora relançar um inquérito às circunstâncias em que ocorreu a morte do autor de “Bodas de Sangre” na madrugada de 18 de agosto de 1936. Um antigo militar, Antonio Benavides, chegou a reivindicar ter sido ele próprio a cravar duas balas na cabeça de Federico Garcia Lorca.

Quem sabe do negócio é JK Rowling. Depois dos milhões, muitos, ganhos com a saga Harry Potter, a autora britânica volta a atacar e de uma forma muito inteligente, diga-se. Como decidira colocar um ponto final na série de aventuras HP, decidiu agora criar um conjunto de histórias curtas, destinadas a ebooks, baseadas nas personagens da Hogwarts Scholl of Witchcraft and Wizadry.Os ebooks irão estar disponíveis no sítio web da Pottermore. Trata-se da última extensão do inesgotável mundo Harry Potter, com sete livros, oito filmes, três parques de atrações e a sempre esgotada peça em cena em Londres, "Harry Potter and the Cursed Child".

No futebol luso terminou a novela Rafa. O até agora jogador do Braga afinal não vai para o Zenith, nem para o FC Porto, que alguns jornais desportivos asseguravam ser o clube do seu coração. Ruma ao Benfica. Ou mudou de coração, ou as inclinações do seu coração eram exageradas.

Teria preferido dar um destaque de abertura a esta notícia. Como assim não aconteceu, vai a fechar. O homem voa. Se não voa, dá-nos a sensação de poder voar, e nós com ele. Basta fechar os olhos e libertar a imaginação, acompanhar aquele sorriso permanente e olhar para a meta. Já está. Já lá estamos. Na madrugada de hoje em Portugal, Usain Bolt voltou a ser feliz. Venceu a final dos 200 metros nos Jogos Olímpicos. Queria bater o seu próprio recorde do mundo, mas o corpo não lhe fez a vontade. Pela primeira vez na sua carreira, na final não melhorou a marca obtida no dia anterior. No próximo domingo, Bolt cumprirá 30 anos

FRASES

“Na reta, o corpo não me respondeu. Estou a ficar velho”. Usain Bolt, atleta jamaicano, após a conquista do ouro na final dos 200 m no Rio de Janeiro no El País

"Devia haver uma verdadeira auditoria à capacidade de resposta da linha Saúde 24. (...).Se houver mais médicos de família, com menos utentes por lista e horários desfasados nos Centros de Saúde, o problema (das falsas urgências) resolve-se. Mas temos médicos de família a emigrar". José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos na SIC Notícias

“O politicamente correto lixou-nos a todos”. Valter Hugo Mãe,escritor, no DN

“Como todos sabemos, quem leva a vida mais privilegiada em Portugal são os ciganos. Tanto nas tascas como na televisão, importantes cientistas sociais informam-nos que a generalidade dos ciganos vive à conta de benesses do estado. Deve ser um modelo delicioso de viver e, o entanto, é inacessível a Ricardo Salgado”.Ricardo Araújo Pereira na Visão.

“O fenómeno do terrorismo islamita, ou do Estado Islâmico, não é um fenómeno que nos tenha chegado com os refugiados”. Ângela Merkel, chanceler da Alemanha, num ação de campanha da Democracia Cristã no Guardian

“Eu era muito bom assassino. Sou bom para o crime”. John Jairo Velasques-Popeye, ex-sicário de Pablo Escobar, assassino a sangue frio de perto de 300 pessoas no Público (Espanha)

O QUE ANDO A LER, A VER E A OUVIR

Não há como os Jogos Olímpicos para recuperarmos a imagem dagloriosa diversidade do mundo. Conseguiremos imaginar, por exemplo, quantas línguas se falam na Aldeia Olímpica? Teremos a noção de que em todo o mundo são faladas 7 097 línguas? A Ásia é o continente com mais línguas recenseadas: 2 296. A Europa é o continente com menor diversidade linguística. Ainda assim regista 287 línguas diferentes, das quais 52 estão a desaparecer. Surpreendente, não?

Pensei nisso durante a leitura de “Through the language glass – Why the world looks different in other languages”, do linguísta Guy Deutscher. Tentemos ser breves, apesar de a questão ser vasta e fascinante. Provocatório, mas muito inteligente, o livro parte de uma questão central: a língua que falamos afeta o modo como pensamos? Conseguirá um falante de qualquer uma das 832 línguas faladas no reduzido território da Papua Nova Guiné, por exemplo, desenvolver raciocínios tão elaborados como, digamos, um berlinense? Ou sabia que em muitas línguas não existem palavras para nomear o que consideramos cores básicas? Ou ainda que, noutras, não há distinção entre masculino e feminino? As respostas são surpreendentes, às vezes polémicas, em particular quando tendemos a considerar umas línguas mais primitivas que outras. E se, como diz Deutscher, por primitivo pensamos em algo tão rudimentar como “eu dormir aqui” – ou seja, uma língua com apenas algumas centenas de palavras e sem os meios gramaticais capazes de expressar as nuances mais subtis – então é um simples facto empírico que nenhuma língua natural é primitiva. Já foram estudadas em profundidade centenas de línguas das tribos mais simples e nenhuma delas está no nível de “eu dormir aqui”, mais próprio dos filmes de Hollywood, ao estilo “me Tarzan, you Jane”. Isso não existe. O que não significa que todas as línguas sejam igualmente complexas, e muito menos que a complexidade gramatical seja um exclusivo das sociedades mais avançadas.

Carregado de humor, o livro abre com uma deliciosa anedota sobre o Imperador Carlos V, rei de Espanha, arquiduque da Áustria e fluente em várias línguas europeias. Segundo proclamava, falava espanhol com Deus, italiano com as mulheres, francês com os homens, e alemão com o seu cavalo.

Mudemos de pista. Tem como assente que não gosta de ópera? Pior, está convencido que não percebe nada de ópera? Pior ainda, crê que a ópera é um monumental aborrecimento?Então não pode perder a série de documentários “Isto é Ópera”, aos sábados à noite na RTP 2. Comece por procurar o do passado sábado, dedicado a “Pagliacci”, de Rugero Leoncavallo, ainda disponível no cabo, e verá como vai viver uma experiência única e entrar num mundo novo, de tão surpreendente e cativante. Tudo graças à inteligência, à sensibilidade, ao humor, ao bom gosto de Ramon Gener, o ex-barítono e pianista espanhol responsável pela série. Construída a partir de abordagens inesperadas, com conexões improváveis, mas geniais, leva-nos às cidades, aos mistérios, aos bastidores, às idiossincrasias dos compositores, aos matizes das personagens, aos segredos das grandes óperas. No Youtube estão disponíveis muitos episódios em castelhano. Experimente ver, por exemplo, o dedicado a Turandot, de Puccini, e perceba como a partir de uma noite de janeiro de 1980 a célebre ária “Nessun Dorma” ficou para sempre associada a um nome: Luciano Pavorotti.

Termino ainda na música, embora com outro registo. É uma descoberta recente e tem sido a minha banda sonora dos últimos dias.Ouça em recato, porque há algo de sublime na emocionante voz da também flautista belga Melanie de Biasio, como se percebe neste concerto de rara sensibilidade, ou aqui, numa apresentação ao vivo de um dos seus grandes temas: I’m gonna leave you.

Também eu estou de partida. Tenha um bom dia, se possível na companhia do Expresso on line, e, mais logo, do Expresso Diário.

Mais lidas da semana