sábado, 14 de junho de 2025

Angola | UM NACO DE INTELIGÊNCIA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda >

O mundo acredita na juventude angolana, na nossa ciência espacial, no nosso centro de geodados, na agricultura de precisão, na cirurgia robótica feita em Angola. O universo está de boca aberta com a economia espacial angolana, com o nosso controlo urbanístico, com as nossas casas e cidades inteligentes. Temos ferramentas que colocam Angola nos píncaros da Humanidade. A Angotic mostra que já temos serviços corporativos em grande. Graças à Africell que também nos brindou com um modelo de segurança para kupapatas e seus passageiros. 

Comprem à Africell. Confiem no nosso ecossistema social e económico. No nosso ministro Mário Oliveira, o mágico das Telecomunicações e Tecnologias de Informação. Pai da Comunicação Social e inventor do robot Arnesto Bartolobesta. Curvem-se ante o Angosat 2. Amem a Angotic e aceitem os seus desafios digitais. E nunca se esqueçam que sem a Africell Angola nunca seria um país independente. O talento dos angolanos jamais seria reconhecido no mundo. 

Fui à Angotic e comprei mil Kwanzas de inteligência artificial. Cozinhei-a muito bem e comi o petisco com funje de milho. Uma hora depois consegui compreender a página cinco do caderno especial que faz propaganda da entreviste-a gentilmente concedida por João Lourenço ao seu canal privado de televisão. O homem é como Cristiano Ronaldo que compra mulheres, filhos, clubes, selecções, golos, árbitros, jornalistas, guarda-redes, defesas, hotéis, tudo, tudo. O nosso craque compra aviões, prémios, ministros, juízes, deputados, carrinhos, omatapalos, fazendas, empresas, Minoru Dondo, corredores do Lobito, tudo, tudo. 

Depois de arrotar ao manjar da inteligência artificial e feita a digestão do petisco, li, reli e tresli a página cinco do “Caderno João Lourenço” engendrado pela administração do Jornal de Angola, que me deve salários e subsídios legais há dez anos.

O Decreto Presidencial número 69/21 de 16 de Março comprava juízes e procuradores a dez por cento dos “activos recuperados”, devidamente legalizados com sentenças condenatórias ilegais. O Presidente da República de Angola comprou o Poder Judicial às claras, através de um decreto! Violou gravemente a separação de poderes. Desonrou o seu cargo e os três milhões de angolanos que o elegeram. Desonrou o MPLA. 

A agência da ONU para os Direitos Humanos analisou o processo do empresário Carlos São Vicente. E concluiu que o julgamento foi ilegal. Prisão arbitrária. Muitas ilegalidades! Uma delas é o Decreto Presidencial número 69/21 de 16 de Março. Face a esta realidade, a Ordem dos Advogados pediu ao Tribunal Constitucional para fiscalizar o decreto presidencial inspirado nas práticas dos chefes de posto. Foi declarado inconstitucional. Lixo com ele. Os procuradores e magistrado judiciais ficaram sem a comissão de dez por cento. Desde então não houve mais nenhuma condenação. Vamos ver o que vai acontecer depois de 2027.

O Presidente João Lourenço anunciou no “caderno” do Jornal de Angola que recebe em audiências “venerandos juízes do Tribunal Constitucional e do Tribunal Supremo”. Porquê? Para quê? Recebe em audiência a Presidente da Assembleia Nacional! Mas que é isto? O Poder Legislativo pede audiências ao Titular do Poder Executivo a que propósito? O que tem a líder do Poder Legislativo a tratar com o Presidente da República para lhe pedir audiências? 

Graças à inteligência artificial que comprei na Angotic estou em condições de garantir que com João Lourenço Angola não é um Estado de Direito. O Poder Judicial não é independente e imparcial. Juízes e procuradores recebem ordens do Presidente da República, são recebidos em audiência na Cidade Alta e pedem a bênção do chefe. O mundo sabe disto pela agência da ONU para os Direitos Humanos. Carlos São Vicente está preso ilegalmente às ordens de João Lourenço.

Caso o Presidente de todas as entreviste-as não tenha comprado um pouco de inteligência artificial na feira Angotic como eu comprei, envio-lhe amavelmente o Artigo 9º (Orientação ideológica) dos estatutos do MPLA:

“1 - O MPLA é um partido político ideologicamente assente no socialismo democrático que defende a justiça social, o humanismo, a liberdade, a igualdade e a solidariedade. 2 - O MPLA aplica de forma pragmática, os valores universais de uma democracia moderna e dinâmica, compatibilizada com valores socioculturais e com os legítimos anseios dos angolanos, visando sempre o desenvolvimento humano, nas suas múltiplas dimensões.”

O Irão tem um regime teocrático desde 1979 quando triunfou a Revolução Islâmica e colocou no poder o Aiatolá Khomeini. O Xá da Pérsia, Reza Palevi, e sua bela esposa (quase tão bela como a Princesa Canducha do Bairro Operário), Farah Diba, partiram para o exílio. Em 1984, relatórios da CIA garantiam que o Irão estava perto de adquirir armas nucleares. Em 1987 a CIA garantia que o Irão procurava activamente capacidades nucleares. O líder iraniano fez uma lei que proíbe a produção de armas nucleares. Ainda está em vigor.

Início da década de 1990. Os nazis de Telavive alertaram o patrão da Casa do Brancos: “O Irão tem uma bomba atómica até 1999”. No ano de 1995 o Departamento de Estado alertou o mundo: “O Irão daqui a cinco ano tem capacidade para produzir armas nucleares!”

O tempo passou e em 2005 a CIA alertou o mundo das democracias liberais: “O Irão está a dez anos de distância para produzir armas nucleares”. Em 2006 os serviços secretos alemães informaram: “O Irão vai ter uma arma nuclear até 2010”. Chegados a 2010 a agência da ONU que fiscaliza os programas nucleares lançou o alerta lancinante: “O Irão está a fabricar uma ogiva nuclear!” No ano de 2012 o nazi Netanyahu não poupou nas palavras: “O Irão está a meses de distância de fabricar uma bomba atómica”.

Ano de 2025. A agência da ONU contratada pela Casa dos Brancos para a golpada escreveu que “o Irão acumulou urânio adequado para armas, levantando preocupações sobre a sua potencial capacidade nuclear”. Esta madrugada a Casa do Brancos e Londres deram ordens aos nazis de Telavive para atacarem o Irão. Repete-se a aldrabice do Iraque. O resultado pode ser muito diferente. Mesmo com a inteligência artificial que comprei na Angotic fico sem perceber quem quer acabar com Israel. Ma o principal suspeito é mesmo o governo de Telavive.

Os bancos já fecharam. A administração da Empresa Edições Novembro continua sem pagar o que me deve. Caloteiros e ladrões do pão de crianças. Vou pedir a bênção ao deus João Lourenço. Os caloteiros e ladrões estão lixados! Acabam a comer nos contentores do lixo!

* Jornalista

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