terça-feira, 6 de setembro de 2016

CUIDEM-SE QUE VEM AÍ A CLINTON!




1 – O relativo desastre que está a constituir a campanha eleitoral do Republicano Donald Trump leva a supor que a candidata Democrata Hillary Clinton terá vantagens apreciáveis no acesso à Casa Branca.

Para África é doloroso constatar que, tendo sido Hillary Clinton uma das principais entidades impulsionadoras da agressão à Líbia em 2011, enquanto membro da Administração Obama, é ela que está melhor posicionada no pleito eleitoral norte-americano!

África refletirá o carácter desse contencioso, uma vez que a hegemonia unipolar tem exercido as suas capacidades tirando partido das imensas vulnerabilidades africanas, face ao jogo dos carteis de minerais e das multinacionais afins particularmente desde o final da IIª Guerra Mundial, até por que os contenciosos da descolonização sofreram e sofrem (não esquecer o caso do Sahara submetido a Marrocos) com os imperativos da construção do seu modelo exclusivista e imperativo de globalização.

O clã Clinton teve sangrentas implicações geo estratégias no exercício da administração de Bill Clinton, na área decisiva para África, sob o ponto de vista geo estratégico: a Região dos Grandes Lagos.

 De facto os Democratas foram decisivos para a atividade de seus homens de mão na região e, nesse quadro, pela projeção (entre outros) de Paul Kagame, influenciando por dentro em episódios e cenários que vão desde o holocausto no Ruanda, até às guerras crónicas que têm devassado sobretudo os Kivus, na República Democrática do Congo, incidindo precisamente na região circundante ao curso inicial do rio Congo, onde as disputas humanas envolvendo migrações, têm sido mais acérrimas.

O “lobby” dos minerais, quiçá mais elitista e versátil que o do petróleo e do armamento que sustentam o Partido Republicano e com mais comprovada cultura de inteligência em relação a ele, sempre teve geo estratégias económicas dominantes e elitistas em África desde os tempos de Cecil John Rhodes (“British South Africa Company”, a gestação da União Sul Africana, o incremento de implantação de explorações mineiras, caminhos de ferro e portos…), bem por dentro do continente e bem por dentro do seu miolo produtivo, tirando proveito da água interior e das riquezas humanas, ambientais e minerais dessas paragens desde então abertas aos poderes coloniais mais poderosos, por via de Livingstone ou de Stanley…

Os clãs Rockefeller e Rothschield têm muito a ver com isso, pois desde a revolução industrial sorveram os principais interesses em toda a imensa região da África Austral e Central, de certo modo tal qual o fizeram durante o período de expansão para oeste nos Estados Unidos!

Por isso ganhando os Democratas as eleições, vão haver reflexos no miolo do continente africano (tal como antes no exercício de Bill Clinton), não só por que agora pela manipulada contradição o terrorismo necessita de acessos à água interior para sobreviver e ao mesmo tempo expandir-se (tirando partido dos cursos hidrográficos do Níger e do Nilo, assim como do Lago Chade, salvo na Somália por causa da proximidade com a península Arábica), mas também por que as multinacionais que exploram minérios o fazem na esmagadora maioria dos casos bem dentro do espaço continental no sul e no centro do continente (Zimbabwe, Zâmbia e República Democrática do Congo), em processos sobretudo implantados durante o colonialismo e o “apartheid”.

Para fazer face à disseminação do terrorismo que vai permitir a utilização do músculo militar em operações de “baixa intensidade”, o USAFRICOM e os vassalos da NATO (potências tradicionais em África, como a França) contarão com as vantagens da influência já criada no interior, como por exemplo na África do Oeste, no Sahel e em países dos Grandes Lagos como o Uganda e o Ruanda, neste caso tendo os Kivus como alvo, aproveitando as disputas no acesso humano à nevrálgica bacia hidrográfica do Congo.

Na RDC vastas regiões correspondem economicamente muito mais aos estímulos provenientes de Entebe, ou de Kigali, do que de Kinshasa, apesar de Kisangani ser um polo importante aparentemente “híbrido” no leste do Congo, coroando o trajeto inicial sul-norte do poderoso rio.

 Essa atração poderá dar seguimento às políticas de terapia neoliberal que se vão seguindo ao choque que aconteceu sobretudo no Ruanda (com o holocausto) e nos Kivus, influenciando numa paz formatada aos interesses da aristocracia financeira mundial, tendo em conta o que Hillary Clinton representa.

Algo similar irá acontecer a Angola, mas de forma aparentemente mais “suave”, segundo os padrões criados pelos impactos da terapia neoliberal: é o cartel dos diamantes que impulsiona o plano comum de aproveitamento do Cubango (Okawango) e do curso intermédio do Zambeze, (entre Botswana, Namíbia, Zimbabwe, Zâmbia e Angola) pelo que os Parques de Paz Nacionais e Transfronteiriços estão a assistir já a investimentos que correspondem aos interesses elitistas dos Democratas norte-americanos que utilizam a África do Sul como “base impulsionadora e de retaguarda” próxima, (que também é dominante no Índico Sul, no Atlântico Sul e num nicho de iniciativas na Antártida)…

De facto esgotando-se os recursos minerais na África do Sul (cada vez o ouro, a platina e os diamantes estão a ser explorados a maior profundidade, o que aumenta os custos), o cartel e as multinacionais procuram os países mais a norte a fim de operarem com mais incentivos financeiros, o que transformou o Botswana na plataforma mais promissora para os novos kimberlites e outras minas a céu aberto, garantindo a expansão na direção do Cuando Cubango.

O sul de Angola com este tipo de enquadramentos, sob o ponto de vista económico e financeiro, corresponderá muito mais a Windhoek, a Gaberone e a Pretória, em muitos sectores de atividade, do que a Luanda, mas tudo isso num quadro eminente de terapia neoliberal, explorando as potencialidades e as possibilidades da SADC!

2 – Se Hillary Clinton for eleita, o sudeste de Angola assistirá na menos má das hipóteses a um incremento de investimentos elitistas seguindo a trilha da terapia neoliberal, tendo em conta as tradicionais ligações dos Clinton (cobrindo os clãs Rockefeler e Rothschield) aos interesses do cartel do ouro, dos diamantes e da platina, especialmente na África do Sul, mas sempre com particular atenção a uma geo estratégia sensível às questões físico-geográficas e humanas relativas à agua interior do continente.

Se isso pode garantir a atração de interesses para uma Angola sedenta de desenvolvimento sustentável, é também isso que continua a eclipsar a urgente necessidade de implementar um plano geoestratégico de muito longo prazo, gizado a partir do conhecimento e controlo pelo estado angolano da Região Central das Grandes Nascentes, de modo a antecipar e prevenir a avidez de alguns “privados” dentro e fora do país, que a todo o custo indiciam querer apossar-se das áreas onde estão as nascentes dos principais rios angolanos que lhes podem propiciar imenso lucro e até poder de intervenção discreta e a prazo dilatado!

Há mais áreas, bem no centro geográfico de Angola, onde se poderão instalar novas Reservas e Parques Nacionais, em torno e integrando essas nascentes, algo que o estado angolano deveria estar já a preparar por aquelas mesmas razões geo estratégicas, culturais e ambientais que acima apontei, mas também por que a inteligência nacional investigativa sobre o próprio território precisa urgentemente de ser incrementada, tirando partido da panóplia de polos universitários já instalados!

3 – A continuidade do poder adstrito às influências dos Democratas na África Austral e Central, que com sua inteligência elitista reforça os dispositivos no terreno da hegemonia unipolar, pode levar a evoluções do carácter do poder nacional em toda a metade africana a sul do Sahara, ainda que a terapia do capitalismo neoliberal possa não vir a passar por processos mais radicalizados, típicos das “Revoluções Coloridas”, ou das “Primaveras Árabes”.

Na África do Sul o ANC, que tem sido aliás filtrado pelo “lobby” dos minerais desde logo com Nelson Mandela, comprovadamente não está a satisfazer na sua plenitude esses interesses, também por causa da relativa integração nos BRICS, pelo que tal como no Brasil poderão haver alterações mais dramáticas no carácter do poder num processo que irá influenciar por seu turno as duas regiões e cada um dos seus componentes nacionais (é só constatar os últimos resultados que identificam o ANC em perda).

Em Luanda sentir-se-á uma maior ambiguidade sócio-política norte-americana na medida que, com a manutenção dos Democratas no poder nos Estados Unidos, novos investimentos em áreas como da prospeção e exploração do petróleo, indústria mineira, instituições ligadas ao ambiente, ao turismo e à diversificação económica (inclusive explorando a água interior de Angola) resultarão mais “abertas”, correspondendo aos interesses e conveniências da aristocracia financeira mundial que tutela a hegemonia unipolar, em concorrência com os interesses das emergências multipolares.

Esse esforço angariado pelos Democratas na direção de Angola, pode também continuar a atrair investimentos de países arábicos aliados dos Estados Unidos, na sequência de alguns já existentes, até por que incentivos e conexões arábicas não faltam à família Clinton…

Influenciará também por tabela nas próximas eleições angolanas, uma vez que os Democratas conseguem instrumentalizar e manipular com mais ênfase as suas conexões sócio-políticas, económicas e financeiras, por e para dentro da sociedade angolana, procurando criar mais possibilidades à alternância que favorece o jogo dos seus interesses e inibindo qualquer tipo de alternativas!

Perante uma incrementada e diversificada panóplia de desafios da hegemonia unipolar que em Angola se tem vindo a assistir, a inteligência angolana necessita de ser reforçada no sentido patriótico das questões geo estratégicas, sob pena do país ir ainda mais a reboque dos impactos da terapia neoliberal em prejuízo de sua própria afirmação e identidade!

5 fotos que falam por si: Hillary Clinton enrolada pelos grandes falcões?!

A consultar:
- We Searched Hillary’s Emails & Her Relationship With Rothschild/Rockefeller is Now on Full Display –http://thefreethoughtproject.com/searched-hillarys-emails-indicted-win-presidency/ 
- Rwanda, the Clinton Dynasty and the Case of Dr. Léopold Munyakazi – http://www.globalresearch.ca/rwanda-the-clinton-dynasty-and-the-case-of-dr-leopold-munyakazi/5538635
-  Is Kagame Africa's Lincoln or a tyrant exploiting Rwanda's tragic history? – https://www.theguardian.com/world/2013/may/19/kagame-africa-rwanda
- The US was behind the Rwandan Genocide: Installing a US Protectorate in Central Africa –http://www.globalresearch.ca/the-us-was-behind-the-rwandan-genocide-installing-a-us-protectorate-in-central-africa/18540
- La ASESINA Hillary Clinton: Más sanguinaria y FASCISTA que Donald Trump – https://www.youtube.com/watch?v=v-RWLc9eZzI

STIGLITZ, O HEREGE



Mariana Mortágua – Jornal de Notícias, opinião

Esta semana começou com o "baque" causado por Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia, ao afirmar que os custos da permanência no euro são insustentáveis para Portugal. O economista defende mesmo que o melhor para a Europa seria um "divórcio amigável" de alguns países.

O furor em torno da notícia só existe porque na Europa e, muito particularmente, em Portugal se alimentou a ideia de que o euro e a sua construção eram inquestionáveis, indiscutíveis, incriticáveis.

Obcecados pela defesa do seu próprio status quo, eurocratas, instituições e políticos do "consenso europeu" ergueram muros e cerraram fileiras. Rotularam como radicais irresponsáveis todos os que ousaram criticar os caminhos de Bruxelas, recusaram-se a ver os erros e esmagaram todas as alternativas concretas, como a experiência grega.

Pois bem, a heresia de Stiglitz está correta. Seria sempre difícil criar um processo de convergência entre economias tão diferentes. Mas fazê-lo sem qualquer controlo sobre os fluxos financeiros, sem um Banco Central capaz de atuar quando necessário, sem autonomia orçamental ou económica, é impossível. A integração monetária retirou quase todos os instrumentos de política económica, e os que restavam foram destruídos pela austeridade pós-crise. Isto sem falar, é claro, dos permanentes ataques às democracias nacionais, disfarçados de regras europeias, que a maioria prefere naturalizar para não ter de reconhecer a maior evidência: a União Europeia não é um espaço democrático.

Quer isto dizer que a UE e o euro têm que deixar de existir? Não necessariamente. Há muitas políticas que poderiam alterar o rumo da história europeia. A questão é: estarão Bruxelas, Berlim e as direitas europeias abertas a isso? Stiglitz, mesmo de fora, compreendeu que o radicalismo que comanda os destinos da UE mais facilmente levará a Europa à desagregação do que à necessária mudança.

Uma coisa é certa. Há hoje quem entenda que vale a pena enfrentar Bruxelas por mais democracia e pela recuperação de instrumentos de política económica, que vão do investimento público à renegociação da dívida. Do outro lado não há caminho, não há racionalidade, não há proposta. Há um barco que afunda ao som da teimosa e orgulhosa orquestra dos velhos consensos.

* Deputada do BE

INVESTIGAÇÃO SOBRE MEIOS AÉREOS “PROSSEGUE” MAS SEM ARGUIDOS



A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou hoje que "existem investigações em curso" relacionadas com os meios aéreos de combate aos incêndios, mas sem arguidos constituídos.

"Existem investigações em curso relativas à matéria dos meios aéreos de combate aos incêndios", refere a PGR, numa resposta enviada à agência Lusa, esclarecendo ainda que "a designada operação Crossfire não tem arguidos constituídos".

A informação da PGR surge no dia em que a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, afirmou que seguiram para o Ministério Público os resultados do inquérito da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) sobre a gestão dos meios aéreos, que incluiu os helicópteros Kamov.

"Está a decorrer também um processo judicial no Ministério Público. Achamos por bem também enviar alguns resultados do inquérito para o MP", disse Constança Urbano de Sousa.

Na sequência do inquérito realizado pela IGAI, a pedido do anterior Governo, o presidente da ANPC, Francisco Grave Pereira, demitiu-se do cargo.

Em janeiro último, no âmbito da operação Crossfire, a PJ realizou uma dezena de buscas em Lisboa, Porto e Portalegre, nomeadamente na sede da ANPC, em Carnaxide, para obtenção de provas relacionadas com contratos públicos de aquisição e manutenção de aeronaves para combate a incêndios.

Segundo uma nota da PGR emitida na altura, em causa estão suspeitas de corrupção, participação económica em negócio, falsificação e prevaricação na contratação internacional para aquisição de meios aéreos de combate a incêndios.

Em junho passado, na comissão parlamentar de Agricultura e Mar, o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, disse que os três helicópteros Kamov inoperacionais continuam por reparar, estando o processo de manutenção e reparação destas aeronaves a ser investigado pelo Ministério Público.

Lusa, em Notícias ao Minuto

MAIS SEIS MILITARES DO CURSO DE COMANDOS ASSISTIDOS NO HOSPITAL



Depois da morte de um militar no domingo, mais seis homens necessitaram de assistência, nas últimas 48 horas, e um deles acabou por ficar internado no Hospital das Forças Armadas.

Num comunicado em que dá conta do "quadro clínico reservado" mas como "evolução favorável" do soldado Bylan Araújo da Silva, que está internado no Hospital do Barreiro desde domingo, o Exército revelou outros problemas com militares do curso de Comandos.

"No âmbito do mesmo curso, 6 militares foram assistidos no Hospital das Forças Armadas, nas últimas 48 horas, tendo 5 regressado ao curso, 1 ficou internado, sem qualquer risco de vida, em observação de indícios de rabdomiólise" [uma lesão muscular], lê-se na curta mensagem enviada às redações.

Um militar natural da Ribeira Brava, na ilha da Madeira, morreu no domingo à noite devido a um "golpe de calor" depois de um treino do curso de Comandos, informou o Exército.

Hugo Abreu, que frequentava o 127.º curso de Comandos, sentiu-se "indisposto durante uma prova de tiro (tiro reativo)" tendo sido de imediato assistido pelo médico que acompanhava a instrução, que lhe diagnosticou "um golpe de calor", revela uma nota do Exército.

Bylan da Silva, ainda no Hospital do Barreiro, sentiu-se indisposto na instrução técnica de combate (progressão no terreno) e foi diagnosticado com "golpe de calor", tendo sido retirado, numa primeira fase para a enfermaria de campanha, e mais tarde, cerca das 23.40 horas para o hospital do Barreiro.

Na segunda-feira, o ministro da Defesa manifestou "profundo pesar" pela morte de um militar de um curso de Comandos, tendo transmitido à família do soldado a sua "solidariedade pessoal e do Governo neste momento de dor e sofrimento".

Na altura, o Exército esclareceu que apesar da morte de um militar e de um outro ter ficado ferido no domingo, os treinos vão continuar, embora adaptados ao tempo quente que está previsto para o início da semana.

Os incidentes ocorreram ambos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, embora em locais diferentes, sendo que o incidente do militar que veio a falecer ocorreu pelas 15.40 horas e o do ferido cerca de uma hora mais tarde.

Jornal de Notícias com Lusa

CALOR, CHOQUE E ESPANTO… INCÊNDIOS, INCÊNDIOS!



Bom dia… Talvez sim. Provavelmente não. Muito calor, dizem. O ar condicionado faz milagres, para quem dele pode usufruir. Os trabalhadores agrícolas, os da construção civil, os que andam por aí no exterior… esses levam com todas as intempéries e chega ao dia de receberem o ordenado e lá vem uma poia de números rasos que não chegam para viverem uma vida decente. Bom dia para vós, escravos, explorados e oprimidos! Revoltem-se!

Os dótores de canudos comprados, oferecidos e nem por isso, os chulos dos gestores da alta… Os quejandos daquelas estripes nocivas à sociedade justa e igualitária… Bem, esses lá estão abrigados nos ares condicionados, naqueles edifícios cheios de requintes, cheios de mordomias, popós com ar condicionado à maneira, motoristas, madames prostitutas que são amantes e não amantes mas que têm cricas saborosas e bem cheirosas apesar de serem umas grandes mulas a condizer com os seus compradores… Oh diacho, a prosa está a ficar entornada. O melhor é compor porque as verdades, as realidades, são nocivas para caraças, doem, e nem nisso é bom pensar que é para não andarmos a matutar até nos libertarmos e corrermos com essa cambada de salafrários. Bom mesmo é alienarmo-nos.

Futebol, hoje, amanhã, depois… e por aí adiante. Em Outubro é Fátima. O fado… Ele há muito de qualidade. Além disso nas rádios de hoje ouve-se muito pouco. Aliás, as rádios são mais anglófonas que outra coisa. Até a TSF anda a descarrilar e passa mais música que o Geraldo Rapaz do Som aí numa discoteca da moda. À séria é que a TSF já não é nas 24 horas do dia. Foi fundada com uma grande luta para que se estão borrando os que lá mandam. Veio para mudar as rádios e agora está a ficar igual à trampa das rádios do zuca-zuca. Mídia de grupos. Ou será merda de grupos de mídia?

Em frente. Que é o mesmo que escrever adiante. Vem aí o Expresso Curto servido por Pedro Santos Guerreiro. Está morno. A maioria detesta café morno. Para isso metemos no frigorífico uns quantos e bebemos refresco de café, do caseiro. Sem nhanhas. E cai que nem ginjas. Melhor que um expresso curto. Com este calor recomenda-se.

Bora lá, para o fecho desta prosa da treta. Pois.

BPI, bancos, banqueiros. Numa palavra: chulos. Noutra palavra: vigaristas. Ainda noutra palavra: ladrões. É assim que os portugueses vêem os banqueiros. Eles sabem disso mas continuam na mesma. O povinho, ao contrário, corrige-se compulsivamente e em vez de comer menos opta por passar fome. Opta? Que remédio tem!

Estatísticas levam o Guerreiro do Curto a escrever que bebemos mais vinho e a comer mais carne. Pois. O melhor para se estar neste país é andar bêbado. Quanto a comermos mais carne… O caraças! As estatísticas não incluem a triagem real. É que os que roubam comem mais carne, mas os pobres não. Os que vivem à conta dos orçamentos que os portugueses pagam com língua de palmo e meio (políticos, grandes empresários, dótores, etc.) comem cada vez mais carne – até a do nosso corpo. Canibais, pois são. Já chegaram a isso. Quanto aos cada vez mais pobres, perdem a carne do corpo e nem por sombras comem mais carne. Estatísticas da treta que dá para enganar por não especificar que uns poucos comem tudo e não deixam nada.

No Curto vem a abordagem à tropa de merda. Aquela que tem graduados que são umas bestas do tamanho do Evereste. Com um calor do caraças e lá morrem desgraçados de soldados em exercícios. É a mentalidade das exigências desumanas e acachapantes da condição dos direitos dos cidadãos. Estilo: “um soldado não se queixa, não protesta, nem que lhe passem um mangalho pela boca”. Depois, eis o resultado. Pois. O caraças. Por essas e outras é que levei “montanhas de porradas” mas não aparei todos os golpes (caderneta militar nunca a vi). Muito menos essa de quererem convencer que somos super… E blá, blá, blá. O tanas. Somos humanos. E agora apurem lá quem são os responsáveis pelo desastre militar que aconteceu e acontece de vez em quando. Impunidade, é o que vai sair dos inquéritos. Ou então lixam um baixinho, as patentes upa-upa é que não. Esses são os cérebros da treta e da desgraça dos filhos do povo que massacram. Porra!

O caldo está mais que entornado. Aqui não consta nada de jeito. Como neste Expresso Curto, provavelmente. Por mim só li os parágrafos ao princípio e sobre a cultura (livros e etc.). Já não há pachorra. Depois de umas boas férias quem é que é capaz de ler isto tudo? Livra!

Calor, choque e espanto, para hoje… outra vez. Incêndios é o que não vai faltar.

Mário Motta / PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Pedro Santos Guerreiro – Expresso

A vida como ela é...

Hoje Portugal joga contra a Suíça, no primeiro jogo de apuramento para o Mundial.

Hoje o BPI amanheceu com as ações suspensas. Há assembleia geral para ver se há ou não OPA espanhola. Ou se fica tudo na mesma.

Hoje bebemos mais vinho e comemos mais carne do que há um ano.

Hoje quatro em cada cindo jovens estão dispostos a emigrar.

Hoje está calor.

Muito calor.

Hugo Abreu estava no Exército há quase um ano. Na altura em que entrou, escreveu no Facebook uma frase do padre António Vieira: “As feridas são a gala e glória dos soldados, como dos mártires. Quanto mais feridos, mais retalhados e mais despedaçados, tanto mais valentes, mais honrados, mais famosos”.

Hugo morreu num treino por choque de calor. Era da Madeira. “Dava-se bem com toda a gente”, recordam os vizinhos à SIC. O Governo manifestou “profunda consternação” com morte de militar. Dylan Araújo da Silva, outro soldado, deu entrada no hospital em estado muito grave. Tinha a temperatura do corpo seis graus acima do normal. Está livre de perigo de vida.

Calor, calor, calor.

O Algarve e a costa vicentina registaram em julho e agosto a água do mar mais quente dos últimos 16 anos, com temperaturas médias que chegaram a atingir 23,9 graus. Segundo o Instituto Hidrográfico da Marinha, a água chegou a atingir um máximo de 26,5º.

Hoje as temperaturas vão continuar muito altas. Mas amanhã,antecipa o Jornal de Notícias, elas caem e muito. A aproximação de uma frente fria fará descer as temperaturas a partir desta quarta-feira, detalha a Mafalda Ganhão.

Hoje falaremos de Nelson Rodrigues, mas é lá mais em baixo. “A vida como ela é…”.

Lembra-se do “bebé milagre”, que cresceu no útero de uma mãe que morreu antes de ele nascer? Já tem três meses. E, como escreve a Christiana Martins, está tudo bem.

Bom dia, hoje.

OUTRAS NOTÍCIAS

Diana Qer, 18 anos, é espanhola. Está desaparecida desde 22 de agosto, depois de ter sido vista pela última vez na Corunha. As buscas pelo seu paradeiro estendem-se agora a vários países, incluindo Portugal.

Os advogados de José Sócrates defendem que o ex-primeiro-ministro já pode voltar a contactar com os outros arguidos do processo Marquês desde este domingo, 4 de Setembro. A notícia está no Negócios.

Foi detido no Brasil o suspeito de um triplo homicídio em Portugal. Segundo o jornal “Estado de Minas”, Dinai Alves Gomes será encaminhado para a Penitenciária Nelson Hungria, uma prisão de segurança máxima de Minas Gerais. Pode ser condenado a um máximo de 99 anos. O cidadão brasileiro é suspeito de assassinar Thayane Milla Mendes Dias, de 21 anos, e as irmãs Michele Santana Ferreira, de 28, e Lidiane Neves Santana, de 16.

Na Guarda, um pai de 84 anos terá ferido um filho de 64 e morrido com um tiro.

Neste início do ano letivo, o ministro da Ciência e Ensino Superior escreveu uma carta às instituições de ensino superior criticando o “abuso e humilhação” das praxes, revela o Público. Manuel Heitor pede iniciativas alternativas de receção aos novos alunos. O governante “quer afastar comissões de praxe e pôr cientistas a receber novos alunos”, escreve o diário.

A maioria dos jovens portugueses está disposta a emigrar, segundo um inquérito lançado em julho pela rede Universia. 80%. O mesmo estudo mostra que, mais do que o salário, são as perspetivas de desenvolvimento profissional que pesam na escolha do emprego.

Os portugueses estão a comer mais carne, batata e arroz e a beber mais vinho e menos leite. Dados do INE, analisados pelo Negócios. Em média, cada português bebeu 47,6 litros de vinho em 2015, mais 6,5 litros que no ano anterior.

Muitas escolas estão a ignorar a lei e continuam a vender doces embalados e bebidas açucaradas, avança o Diário de Notícias.

Superbactéria volta a infetar doentes em vários hospitais, revela o Jornal de Notícias em manchete. Trata-se da multiresistente KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase ), que no ano passado vitimou três pessoas em Gaia e este ano matou três pessoas em Coimbra. Neste momento, há 10 doentes isolados no Centro Hospitalar Conde Ferreira, no Porto.

Cristas e Passos ao ataque, Jerónimo à defesa: recomeçou o campeonato político, resumem a Cristina Figueiredo e Rosa Pedroso Lima. Depois dos discursos do fim de semana, o “ano político” está de volta, com a proposta do Orçamento de Estado para 2017 em preparação.

Depois de Assunção Cristas e Passos Coelho terem discursado ao mesmo tempo, disputando os diretos das TV, as pazes estão feitas, noticia o DN. Vai haver troca de informação privilegiada entre PSD e CDS no Orçamento.

Outro dos discursos do fim de semana foi de Jerónimo de Sousa. Veja a fotogaleria da festa do Avante!

António Costa está no Brasil, numa visita de quatro dias, e anunciou que vai lançar duas missões de captação de investimento, uma política e outra empresarial.

O Nobel da Economia Joseph Stiglitz disse ontem na Antena 1 que Portugal tem mais a ganhar em sair do euro do que em ficar.O Henrique Monteiro discorda, argumentando que Stiglitz não conhece Portugal. No Jornal de Notícias, Mariana Mortágua escreve que “a heresia de Stiglitz está correta”.

"Aumento de impostos não deve servir para reduzir dívida pública", escreve Vítor Gaspar, citado no DN.

A agência de “rating” Fitch diz que a redução do IVA, as 35 horas e os resultados da Caixa Geral de Depósitos podem prejudicar meta do défice. O governo garante que o cumprirá.

No BPI, é dia de assembleia geral decisiva para a desblindagem de estatutos, que viabiliza ou não a OPA do Caixabank a que Isabel dos Santos tem resistido. A Assembleia Geral pode ser suspensa e dar… em nada. (A Isabel Vicente explica o que se passa no BPI em cinco pontos).

Em Lisboa, as obras para a segunda circular estão suspensa sdepois de denunciado um possível conflito de interesses de uma empresa envolvida no projeto e fornecedora da obra. Aquela que era a principal obra de Fernando Medina está comprometida, a pouco mais de um ano de eleições autárquicas. Fernando Nunes da Silva, antigo vereador de mobilidade da Câmara, diz na TSF que esta é uma mera desculpa para travar um projeto que levaria o PS a perder as eleições. O projeto sempre mereceu críticas. Miguel Sousa Tavares disse ontem na SIC que “querer transformar a segunda circular numa alameda é uma coisa que não tem pés nem cabeça”.

Quer parecer que faz muito? Diga que fez o que ainda não fez. Como um antigo juiz do Tribunal Administrativo de Mirandela, que foi condenado a dois anos e 11 meses de prisão suspensa, pelos crimes de falsidade informática e abuso de poder: dava como concluídos processos que ainda não tinham sentença, de modo a aumentar artificialmente a sua produtividade.

Obama reconhece o direito de protesto a Colin Kaepernick, jogador de futebol americano que na semana passada permaneceu sentado enquanto se ouvia o hino dos EUA, em sinal de protesto contra a discriminação racial.

Angela Merkel teve uma derrota eleitoral nas eleições regionais no estado de Mechlemburgo-Antepomerânia, que foram ganhas pela direita populista. A chanceler admitiu que a derrota está relacionada com a sua política para os refugiados. Mas diz que não vai alterá-la.

Em Espanha, o impasse político mantém-se. Depois da tentativa falhada de investidura de Mariano Rajoy na sexta-feira, o rei Felipe VI pediu aos líderes partidários que entrem num novo período de “diálogo, concertação e compromisso” que leve à formação de uma solução de governo.

Foi por causa do FMI que José Eduardo dos Santos “demitiu” o seu ministro das Finanças, Armando Manuel, explica o Gustavo Costa.

A Organização Mundial de Saúde declarou que o Sri Lanka está livre de malária.

Desporto. A seleção de Portugal joga hoje contra a Suíça, às 19:45. Pode acompanhar na Tribuna Expresso. Nani (capitão até ao regresso do ainda lesionado Cristiano Ronaldo) faz a antevisão: é o primeiro passo para estar no Mundial. Já Fernando Santos diz que não é por sermos campeões europeus que vamos ganhar. “Num peito cheio não cabe a presunção”, escreve o Diogo Pombo, nova contratação da equipa do Expresso.

“Já viste o que teria sido se tivesse jogado com a Geração de Ouro?”, pergunta Paulo Futre ao Pedro Candeias.

Segundo o Diário de Notícias, o Real Madrid apresentou queixa do Benfica no Tribunal Arbitral do Desporto. Em causa está a venda de Garay para o Zenit em 2014, por um valor de que o Real desconfia, por achá-lo demasiado baixo. A decisão está prevista para este mês.

Depois da saída de Antero Henrique, em desacordo com a influência crescente de Alexandre Pinto da Costao seu sucessor Luís Gonçalves já começou a trabalhar no FC Porto.

FRASES

“António Costa vai ter um exercício de malabarismo muito difícil”. Miguel Sousa Tavares, na SIC.

“Vai demorar anos a sair da crise”. Marcelo Rebelo de Sousa, citado pelo Negócios.

“Muitos serão mortos até que o último vendedor fique fora das ruas”. Rodrigo Duterte, presidente das Filipinas, num discurso contra o tráfico de droga.

“Antigamente, a seleção era uma casa de repouso”. Vítor Paneira, antigo jogador do Benfica, na Tribuna Expresso.

O QUE EU ANDO A LER

Já se sabe o que Marcelo Rebelo de Sousa andou a ler e recomendou a António Costa e Pedro Passos Coelho que lessem: Elena Ferrante. Já escrevemos aqui no Expresso Curto sobre os seus livros e a Cristina Margato explica em “a voz que nos persegue” quem é a escritora que não se sabe quem é.

Mas o que eu ando a ler é outro contador de histórias, o brasileiroNelson Rodrigues, que durante dez anos publicou uma coluna no jornal “Última Hora”: “A Vida Como Ela É…” São contos muito pequenos, que já deram origem a livros, peças de teatro e filmes. E de que uma escolha é agora publicada em Portugal pela Tinta da China.

Contos pequenos, sim, de histórias de vidas, crimes passionais, canalhices e sempre muito humor, que nascem desta “conciliação do dramaturgo genial com o jornalista experiente”, como escreve Abel Barros Batista na introdução do livro. “Pode ser que a habilidade de entranhar frases memoráveis em histórias inconcebíveis seja o segredo do sucesso destas”, adita, num texto que abre com esta citação de Nelson Rodrigues:

“A virtude é triste, amarga e neurastênica”.

Nelson, que escreveu que “não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo", escrevia que “a perfeita solidão exige uma companhia ideal”. E se até falou de homens para quem “toda a mulher gosta de apanhar”, admitia que “todo o homem tem pelo menos um momento em que é um canalha”.

“Eu acabo maluco e a família não sabe!”

A vida como ela é. E como ela segue, aqui no Expresso, todo o dia no site, às 18 no Diário e no sáb… enfim, você já sabe o resto.

Tenha um excelente dia.

Visita aos golpistas. Costa separa relações luso-brasileiras e agenda política de cada país



O primeiro-ministro rejeitou hoje, em absoluto, que as relações luso-brasileiras possam ser condicionadas pelos processos políticos internos de cada um dos países e frisou que tanto o Brasil como Portugal já acolheram exilados em períodos de ditadura.

Esta posição foi assumida por António Costa em conversa com a agência Lusa antes de chegar a São Paulo - cidade que marca o início da sua visita de quatro dias ao Brasil -, depois de questionado sobre a antipatia com que parte da esquerda portuguesa encara o seu encontro com o novo Presidente do Brasil, Michel Temer, na quarta-feira, no Rio de Janeiro.

O primeiro-ministro considerou natural que cada um, cidadão português ou brasileiro, faça uma avaliação política da situação interna em cada um dos dois países.

"Mas a nossa relação com o Brasil é Estado a Estado, e esta visita foi marcada para a abertura dos Jogos Paralímpicos, numa altura em que se desconhecia qual o presidente brasileiro que estaria em funções", referiu o primeiro-ministro, numa alusão ao recente processo que conduziu à destituição de Dilma Rousseff, sendo substituída na presidência brasileira por Michel Temer.

No plano diplomático, de acordo com António Costa, "o que seria absolutamente extraordinário era vir ao Brasil e não ter um encontro com o Presidente do Brasil", Michel Temer.

Um chefe de Estado brasileiro que António Costa diz conhecê-lo pessoalmente e que teve a oportunidade de o receber na Câmara de Lisboa na altura em que desempenhava as funções de vice-presidente do Brasil.

As relações luso-brasileiras, no plano histórico, segundo António Costa, "foram sempre de grande amizade, independentemente de quem esteve no poder em cada país".

"Foi assim que a ditadura brasileira não deixou de acolher exilados portugueses antes do 25 de Abril de 1974. E não foi por isso que se deixou de acolher exilados do Brasil durante a ditadura militar brasileira - tudo isto em nada prejudicou a relação entre os dois países. Era o que faltava agora termos qualquer tipo de alteração das relações entre os nossos países em função dos processos políticos internos de cada um", salientou o primeiro-ministro.

Sobre os objetivos da sua visita de quatro dias, que hoje começa em São Paulo e que termina no Rio de Janeiro na quinta-feira, o líder do executivo diz que será uma espécie "de três em um, porque a primeira razão foi representar Portugal na cerimónia de abertura dos Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro".

"Temos uma delegação muito importante e, por este motivo, quisemos enfatizar este terceiro grande evento desportivo em poucos meses, após o Europeu [de Futebol] e os Jogos Olímpicos", referiu.

Além dos Jogos Paralímpicos e dos objetivos económico-empresariais, o primeiro-ministro destacou também a vertente cultural, com a inauguração da Bienal de São Paulo, onde Portugal é o único país europeu representado.

"Juntamente com a exposição da bienal, vamos ter mais duas exposições importantes: Uma no Consulado de Portugal; e outra, muito grande, com muitos artistas portugueses - mas, sobretudo, bastante representativa da pintura contemporânea portuguesa -, que vai ser inaugurada no Museu Afro-Brasileiro, a poucos metros da Bienal", disse.

António Costa afirmou mesmo acreditar que este conjunto de iniciativas ajudará a mudar a imagem do país junto dos cidadãos brasileiros.

"Vai ser um grande momento de presença da cultura portuguesa. Um momento que acontece poucos meses após a Experimenta Design ter levado a cabo uma iniciativa também em São Paulo e contribuiu para dar uma visão do Portugal moderno, que nem sempre está presente no Brasil", acrescentou o primeiro-ministro.

António Costa estará hoje à noite na Bienal de São Paulo, no Parque de Ibarapuera, que apenas é inaugurada oficialmente na terça-feira, ode Portugal está representado pelos artistas Lourdes Castro, Carla Filipe, Gabriel Abrantes, Priscila Fernandes e Grada Kilomba.

Lusa, em Notícias ao Minuto

José Soeiro sente-se "envergonhado" ao ver Costa reunir-se com Michel Temer



Deputado do Bloco de Esquerda lamenta que o novo executivo brasileiro, liderado por Michel Temer, disfarce a situação do país com "linguagem institucional".

É nas redes sociais que José Soeiro, do Bloco de Esquerda, faz um paralelismo entre a situação política brasileira e a atualidade política nacional.

No primeiro caso, contudo, o Bloquista lamenta que o executivo de Michel Temer recorra a “um comunicado em que a linguagem institucional disfarçava a falta de coragem para dizer que o que se passa no Brasil é inaceitável para os critérios de qualquer democrata”.

Apesar da polémica que tem enchido as ruas do Brasil, António Costa já deu a conhecer a sua vontade em reunir com aquele que Soeiro classifica como “o governo golpista” do Brasil.

Apesar de dizer que ganha “um respeito cada vez maior pela capacidade de António Costa liderar uma solução política”, Soeiro lamenta “a decisão de reunir hoje com um corrupto que usurpou o poder de uma presidente eleita e que chefia um Governo que tem como projeto para o Brasil uma agenda de retrocesso social em todas as frentes”.

Esta situação, diz o deputado, fá-lo sentir “envergonhado” com o Governo que o próprio suporta. “Num momento em que a nossa solidariedade deveria estar com quem contesta a legitimidade dos golpistas, a decisão do Governo português envergonha-me e obviamente é uma decisão que não me representa”, termina José Soeiro na sua página no Facebook.

João Oliveira – Notícias ao Minuto

Brasil. GOLPE É GOLPE



Alberto Castro*, Londres

Por mais  que doa aos golpistas, traidores, oportunistas e seus simpatizantes, golpe é  golpe, seja ele militar ou parlamentar. Assim o diz a literatura política e desse modo vê a maior parte do mundo o que se passou no Brasil, inclusive forças políticas e jornais conservadores que presam a democracia acima de tudo. 

E o que se viu? Uma Constituição duplamente estuprada em uma mesma e historicamente vergonhosa sessão parlamentar. Por um lado, um jogo com torcida e arbitragem comprada e de placard pré-definido acabou em destituição de uma presidente sem que sobre ela ficassem claramente provados os crimes de que é acusada.

Por outro, a aplicação do famoso "jeitinho brasileiro" - algo que em outras paragens  significa bandidagem, desrespeito ao próximo ou ao colectivo - para garantir à destituída seus direitos de exercício pleno de cidadania. Tem melhor confissão para o golpe? 

Como disse o comentarista político e escritor Miguel Sousa Tavares, o congresso brasileiro, com todas as suas formalidades coimbrãs do século 19, mais parece um "saco de gatos e de bandidos".

Porém, conhecendo minimamente o Brasil, onde tenho amigos e familiares, recuso-me a colocar todo o imenso país e seu maravilhoso povo no mesmo saco refletido na maioria de seus parlamentares, como sempre o fez, aliás, a grande maioria de brasileiros, e como faz agora, infelizmente, a grande maioria de estrangeiros.

O Brasil é bem maior do que os seus políticos corruptos e traiçoeiros e parte de jornalistas, particularmente da imprensa hegemónica, sem ética deontológica e compromisso com a imparcialidade, denunciados e desmoralizados por colegas e comentadores da imprensa internacional.

-- Artigo de Alberto Castro publicado originalmente em Afropress

*Alberto Castro é correspondente de Afropress em Londres e colabora em Página Global

Brasil. ASSIM SE CONSTRÓI UM NOVO CONSENSO



Basta uma hora e meia na Globo para compreender o que virá após o golpe: a felicidade não está completa, teremos de avançar sobre seus direitos

Priscila Figueiredo – Outras Palavras - Imagem: Luis Buñuel, cena de O cão andaluz

Na edição do Jornal da Globo da última quarta-feira, quando a votação dos senadores decidiu pelo impeachment de Dilma Rousseff, William Waack surgiu como tendo tirado um grande peso das costas. Não só ele, na verdade. A sua locução mais tarde, no bloco tradicional dos gols da rodada, continuaria naturalmente a tonalidade do bloco político. O céu se abriu no jornal e quase sem nuvens seguiria no programa seguinte, com Jô Soares e sua bancada agora de seis moças, risonhas e concertadas. Não se percebia nem sinal de rivalidade ou outra dissonância — estavam todos eram indignados com o fatiamento da votação pelo ministro Lewandovsky: “A Constituição de 88 foi rasgada!”, dizia o humorista. Foi quando esfreguei os olhos e espetei o ouvido meio entupido na esperança de que assistisse a alguma ousadia, alguma travessura, mas então ele explicava: como para Collor valeu uma coisa, e para Dilma outra, que, ao contrário dele, não teve cassado o direito de exercer cargos públicos por 8 anos? A decisão abria precedente para o julgamento de Cunha etc. A Constituição que Ulisses Guimarães veio me trazer logo depois de pronta, com a sua assinatura, foi rasgada!.., repetia Jô Soares desconsolado. Nada mais, simplesmente nada além da dissociação do cumprimento do artigo 52 em dois pleitos, era lembrado como indício de que a Carta era letra morta e revirada. Fiquei pensando se teria sido uma estratégia para despistar a censura do patrão global a ponto de, caso víssemos um replay daqui a algum tempo, com a poeira assentada, nos pareceria óbvio que a única frase importante fora então A Constituição de 88 foi rasgada – um farol no mar de justificativas anódinas que o apresentador pusera na mesa junto com as suas assistentes. Como um Chacrinha irônico, dava uma piscadela rápida para nós, os bons entendedores para os quais uma frase expressiva bastava, uma única no deserto, e o resto do discurso então se revelava, com o recuo no tempo, mero ornamento para entreter os de compreensão mais vulgar. Que soubéssemos nos apegar ao essencial, pois este não nos seria tirado. Conformei-me com a pérola e desliguei a TV bem pouco depois, ainda no início do talk-show.

Pouco antes, na gazeta das onze horas, Sardenberg aparecia explicando euforicamente, com o uso da lousa digital e logo depois do pronunciamento de Temer, por que as privatizações, as reformas trabalhistas e previdenciárias seriam essenciais: não é que o governo vai fazê-las porque escolheu fazê-las, mas porque não tem outra alternativa, é a realidade batendo na porta – ou faz ou faz. Logo virou um bordão, ecoado também por outros enunciados de valor semelhante, que insistiam no destino irretorquível, no fatum diante do qual não havia decisão ou autonomia, apenas sujeição humilde à Agenda que se impõe. Uma tragédia se abaterá sobre o país caso se escape dessa exigência, mas o novo presidente, destituído de pretensões autorais ou ideológicas, é um homem resignado, que se curva a sua missão, dizia a Voz do Brasil. O economista, ainda olhando para o âncora, e não para nós, nos mandava um recado entre parênteses: é, o presidente não contou que essa reforma previdenciária vai significar que as pessoas trabalharão mais, se aposentarão mais tarde, contribuirão mais. Sim, o presidente não entrou nesses detalhes, mas o analista então vai nos explicar – é sua função, não é mesmo? Alguém tem de nos dizer… É verdade que o faz meio correndinho, a título de lembrete:ah, por falar nisso... A concisão de Temer, que não mencionou o quanto tais reformas produziririam de sofrimento social, é então um pouquinho desdobrada na conversa fechada com Waack, face contra face, nenhum se dirigindo a nós explicitamente. É sem dúvida uma informação importante, mas não é tãaao importante assim, que exigisse quebra da “diegese” e olho no olho da câmera. É verdade que nem os jornalistas nem Temer contaram dessa vez que as pensões seriam desvinculadas dos aumentos no salário mínimo, tampouco que não haveria diferença para homens e mulheres (deve ser este, aliás, o único item de todo o governo em que há igualdade de gênero). Enviesadamente, de todo modo, éramos informados que trabalharíamos mais, nos aposentaríamos mais tarde, contribuiríamos mais. Era fácil concluir que a vida ficaria mais dura e instável – também sob aquilo que não hesitavam em chamar “modernização das relações trabalhistas”. É preciso tirar os obstáculos para efetivar plenamente a terceirização, refletia o comentarista. Mas antes que ficássemos tristes com as perspectivas, ele se apressava em esclarecer e ajuizar: sim, não tem jeito, terá de ser assim porque, do contrário, não haverá dinheiro para os aposentados no futuro. Ou faz ou faz, né?, resumiu Waack, aplicando o fecho de ouro. Exatamente, confirmou o outro, satisfeito.E o sinete da noite se consagrava. Terá de ser assim, pois, do contrário… Não parecia tão grande a diferença entre “assim”, aquilo que virá logo, o futuro imediato, e “do contrário”, a hecatombe a ser evitada. Não deixava de ter certa graça como a condição para nos salvar daquilo que nos ameaça parece tão próxima daquilo que justamente nos ameaça. Talvez porque formem o mesmo futuro, apenas fatiado.

A verdade é que tudo se passou muito rápido e não nos deu tempo pra pensar nessas coisas. Sentia-se no entanto uma pontinha de angústia em todo o programa – nem todo idílio é perfeito, e sempre paira uma sombra da realidade que ele reprimiu. Na seção dos “problemas políticos” da tipologia proposta pelo infográfico ultraconciso (havia os internacionais, os econômicos etc.), constava a ferocidade da oposição, palavra que se repetiu mais de uma vez no jornal, assim como o termo pacificação, usado pelo ex-vice — sinônimo da velha reconciliação ou um valor mais alto que se alevanta? Seria algo como a universalização das UPPS com o fim de produzir consenso? Não consigo descolar o termo dos nefandos caveirões, mas talvez Temer consiga. Em todo caso, como aqueles que Waack chamou de vândalos em certo momento, inconformados com a consumação do golpe e exibidos pelas imagens incendiando lixeiras e quebrando vidros de banco (sempre coisas, e não pessoas, estas, no entanto, atacadas e feridas pela PM, sempre em “justo restabelecimento da ordem”), a palavraferocidade, porque escrita com todas as letras no quadro e evocando as imagens da pancadaria, mostrava garras e dentes, adquirindo virtualidades curiosamente icônicas. O governo indesejado tinha caído, mas o endurecimento da oposição ao governo usurpador, oposição petista ou não, também não seria desejável, e antes vinha constituir um lamentável obstáculo – era, aliás, por isso que sua expressão tinha merecido lugar entre uns poucos vocábulos no quadro, todos na verdade obstáculos, em que precisamos nos concentrar para então eliminar. Ela de vermelho, dizendo em seu discurso pós-impeachment que vai voltar, “até breve”, isso não é estranho? Ela pode mesmo voltar?, perguntou Waack a outro nume, cuja aparição, projetada de Brasília, ocorria numa tela mais ampla e imaterial, imagem dentro da imagem: ela não, mas o PT, sim. O Lula ainda tem estofo, como lembrou o deputado Humberto Costa. O futuro do PT, William, depende mais do que nunca de Sergio Moro. Creio que ouvi acordes insonoros.

O senhor imaginava que um dia seria presidente?, pergunta pitorescamente o repórter ao fim de uma curta entrevista com… Rodrigo Maia, depois de ter sido exibido o replay de Temer assinando a posse. Enquanto fazia a narração sobre as imagens retransmitidas, a banda sonora com a voz do repórter, situado no lado de fora da sede do Senado, não teve como filtrar os contínuos gritos de golpista que soltava um homem não visível no quadro, talvez de dentro do prédio. Foi um tempo longo, mas nem Heraldo Pereira nem o apresentador perderam o rebolado, e não precisava mesmo. Os presidentes se multiplicavam alegremente na tela: não era mais Dilma, era Temer, não era mais Temer, era Maia. Devia ser mesmo tudo uma ilusão. Muitos ali, na câmara alta ou baixa, devem ter começado a sonhar que uma hora também poderia lhes acontecer o mesmo: “Você imaginou que algum dia chegaria a presidente?”. O caminho, antes atravancado pelo instituto das eleições, estava aberto.

Num dos intervalos, ora o anúncio de uma série, Justiça, ora de um reality show que promete, a ocorrer no interior de um presídio de segurança máxima. O logo da Globo aparecia esculpido na pedra cinza do edifício sem reentrâncias, desenhado em computação gráfica e através do qual voávamos no embalo de uma espécie de travelling vertiginoso e centrífugo, cuja carreira fazia descer atrás de si, como guilhotina, um a um dos sólidos portões de ferro. Ouvíamos o som cortante a cada queda. O título,Supermax, em princípio não designa nada, coisa ou pessoa, é só um duplo intensificador – poderia ser o nome de uma marca, um anabolizante, um videogame, um acelerador de partículas, um aparelho de derreter gorduras. Poderia indicar também um super-herói ou super-homem, embora, como significante, não muito diferente de hipermega, já não estampasse mais a memória do homem ou qualquer imagem antropomórfica. A ênfase está no superlativo, no dispositivo que otimiza uma natureza, ação ou função. No contexto, é o nome da instituição, ou do tipo de instituição, tão inapelável como aquilo que não tem nome.

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