sexta-feira, 16 de setembro de 2016

CHOMSKY: EUA E SEUS ALIADOS APOIAM O PRINCIPAL IMPULSIONADOR DO TERRORISMO



“O Ocidente, com os EUA à cabeça, estão bem conscientes de que a monarquia árabe [Arábia Saudita] com os bolsos cheios de dinheiro, procura ampliar o seu domínio e influência na região, no entanto, mantêm-se em silêncio”, sublinha o analista político e linguista norteamericano.

Em entrevista à cadeia libanesa Al-Mayadeen, divulgada no passado fim de semana, Noam Chomsky denunciou o silêncio dos EUA e dos seus aliados perante o “papel destrutivo” no Médio Oriente da Arábia Saudita, que apoia ativamente organizações como o Estado Islâmico (Daesh) e a Frente Al-Nusra (recentemente rebatizada como Frente Fath al-Sham).

O politólogo assinalou ainda que a resistência de Washington à chegada ao poder de governos democráticos na região resulta do facto de esta mudança ser “contrária aos seus interesses”.

Em maio, durante uma entrevista ao Democracy Now, dirigida por Amy Goodman, Chomsky referiu que o apoio dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido à Arábia Saudita, identificada como “o centro do extremismo islâmico radical”, se deve às suas grandes reservas de petróleo, e ao facto de estes países venderam à monarquia árabe “dezenas de milhões de armas e equipamentos militares”.


UM JUIZ POUCO INOCENTE



David Pontes* - Jornal de Notícias, opinião

O juiz Carlos Alexandre deu uma entrevista. Atentemos à palavra "juiz" em conjugação com "deu uma entrevista". Aqui está uma coisa digna de registo, já que não é muito vulgar juízes darem entrevistas. Atores de novelas, políticos, artistas, sim, já juízes nem por isso. E há razões para isso.

Como detentores do poder de administrar justiça é suposto que o façam de forma imparcial e, na medida do humanamente possível, o façam imunes das suas sensibilidades pessoais, das suas inclinações políticas, dos seus gostos. Nós sabemos que ninguém se consegue libertar completamente da sua formação, da sua cultura, mas há, pelo menos, um pacto que consagra uma certa reserva que serve para preservar a ideia da comunidade de que os juízes são aplicadores neutros da lei. É algo que ajuda à nossa confiança numa justiça que tem uma venda nos olhos.

Ao dar uma entrevista, o juiz Carlos Alexandre que, como se sabe, é em Portugal o mais poderoso dos juízes e, como ele explicou, detentor de segredos que ainda bem que não são usados para "o mal", decidiu levantar a venda e piscar o olho ao público. É isso que se faz numa entrevista que não é de natureza técnica, ou que não serve para fazer um anúncio, mas onde se opta, como fez Carlos Alexandre, por tentar construir junto do público uma ideia da nossa personalidade (austera, claro) e daquilo que nos move.

Que a entrevista seja dada na véspera de ser ultrapassado mais um prazo no caso José Sócrates e que no meio dela o juiz tenha referido candidamente que não tem "dinheiro ou contas bancárias em nomes de amigos", não é um acaso. Como só por acaso poderemos acreditar que alguém com a experiência de Carlos Alexandre dê uma entrevista destas sem entender as consequências imediatas dela, que são, objetivamente, enfraquecer a sua própria posição como "vigilante" deste processo.

Por isso, bem pode o grupo dos defensores do "superjuiz" vir falar do "cerco" que Sócrates montou a Carlos Alexandre ou da sua impecável folha de serviços já que, neste caso, foi ele que decidiu tropeçar deliberadamente, ao que tudo indica para tentar escapar a um processo que, com o passar do tempo, esgotando prazo a seguir a prazo, sem uma acusação clara, se torna cada vez mais inabitável para a justiça.

"Toda a gente pensa que eu evitei uma bala, quando eu acho que disparei a arma", canta o norte-americano Greg Laswell. Carlos Alexandre não terá essa franqueza, mas acho que nós já percebemos quem é que aqui começou o tiroteio.

*Subdiretor

Portugal. Grupo Lena diz que Correio da Manhã cometeu crime e quer ser ressarcido



O presidente executivo do Grupo Lena Joaquim Paulo da Conceição considerou hoje que o Correio da Manhã cometeu um crime ao noticiar alegadas citações suas no processo Operação Marquês, que diz serem "absurdas e mentirosas".

"Mentiras absurdas e inventadas não é jornalismo. É crime e têm de ser punidas", disse em conferência de imprensa Joaquim Paulo da Conceição depois de o jornal ter hoje titulado em primeira página: "presidente do Lena confessa subornos a Sócrates", "Grupo Lena procurou apoio político através de Sócrates a quem pagava".

"Vamos pedir (o grupo Lena) para sermos ressarcidos dos danos causados", acrescentou o presidente do grupo de Leiria, depois de ter negado categoricamente que, no âmbito do processo da Operação Marquês, tenha feito pagamentos ao ex-primeiro-ministro para conseguir negócios para as suas empresas, questionando mesmo "os objetivos desta construção mentirosa".

A Operação Marquês conta com 18 arguidos, incluindo José Sócrates, que esteve preso preventivamente mais de nove meses, e que está indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito.

José Sócrates foi o primeiro ex-chefe do Governo a ser detido preventivamente em Portugal, indiciado por corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Entre os arguidos no processo estão o ex-administrador da CGD e antigo ministro socialista Armando Vara e a sua filha Bárbara Vara, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do PS, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Inês do Rosário, mulher de Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Helder Bataglia.

Na quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República informou que concedeu mais seis meses para a "realização de todas as diligências de investigação consideradas imprescindíveis" no processo.

Lusa, em Notícias ao Minuto

JOSÉ SÓCRATES, O GÉNIO SUPERA OS IMBECIS E INCOMPETENTES DA JUSTIÇA?



Mário Motta, Lisboa

A novela Sócrates regressa com ganhos de intensidade. Vimos a Justiça a fazer política e um político a querer que lhe façam justiça. O juiz vedeta, inchado desde que o epitetaram de “super”, lá foi à SIC largar bombardas e bocas porcas. Porcas porque é juiz e não deve dar-se ao luxo daquilo a que podemos chamar “um homem, um espetáculo”. A não ser que consideremos que o “super” juiz vedeta tivesse por intenção dar um triste espetáculo. Se era esse o guião conseguiu em pleno o objetivo. Os produtores da SIC devem parabenizar-se, assim como solicitar a Carlos Alexandre - o tal juiz vedeta – que bise.

A novela é longa, já está no ar há quase quatro anos e não só dois como por aí se diz. É que por cerca de dois anos andaram a roer côdeas de pasquins ditos “da manha” sobre José Sócrates e a justiça a dar fugas daqui e dali como se nada fosse. Depois o “super” juiz vedeta Alexandre deu ordem de prisão preventiva ao suspeito. Lá esteve Sócrates cerca de um ano na prisão de Évora, enquanto o ministério público e o juiz faziam toda a espécie de esforços e malabarismos para encontrar provas que permitissem acusar o ex-PM. Nada. Vem Sócrates com liberdade e o processo a “correr” sempre ultrapassado das fugas e invenções que saíam no tal pasquim carteiro da manha e noutros do estilo… Um ano volvido, praticamente, e não conseguem reunir provas que permitam acusar o suposto criminoso. Já lá vão quase quatro anos e muita tinta correu, muito jogo político foi exposto, mas nada de encontrar provas que culpabilizem de facto José Sócrates. Como se não chegassem todos estes anos de fantochada política e de descrédito ainda maior do setor da justiça em Portugal, vem a PGR Marques Vidal, da era Cavaco, prolongar por mais seis meses a busca de provas que culpabilizem Sócrates e permitam elaborar e pôr em marcha a acusação de facto. Seis meses que podem ser prolongados por mais seis meses, e mais seis meses… E mais quantos anos?

Para quem queira ver isto pela vertente dos génios e dos incompetentes, acreditando que Sócrates realmente é um criminoso, temos de lhe tirar o chapéu porque só um génio comete tamanhos crimes que por aí se escrevem e falam sem que seja possível aduzir prova e respetiva acusação. Ou então estamos perante um bando de graduados funcionários que servem o setor da justiça que são uns imbecis, uns incompetentes…

Qual destas perpetivas devemos abraçar e dar como sendo a efetiva realidade?

Pois. Que venha o diabo e escolha. Verdade que o caso está a tomar foros de perseguição política. Olhem que está. O espetáculo triste de Carlos Alexandre na SIC foi a devassa a que um juiz não devia poder expor-se. Mais uma facada na justiça que devia ser impoluta se Portugal fosse mesmo um Estado de Direito. Infelizmente nada disso acontece. Dá ideia de que são as máfias quem mais ordena. As máfias, as corporações, as elites putrefactas que se sobrepõem a tudo e a todos visando os seus próprios e exclusivos benefícios sem contemplações. Fazendo batotas, baralhando e dando de novo cartas viciadas. E nesse jogo, um dos seus, Sócrates, também é muito bom. Aguentem-se.

O que está por detrás de tudo isto talvez um dia consigamos descodificar. Para já Sócrates está inocente (até prova em contrário). Um génio a superar os imbecis e incompetentes da justiça?

Já agora leia mais, e oiça o génio, na TSF: A entrevista a José Sócrates na íntegra

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