segunda-feira, 3 de abril de 2017

À SEGUNDA CAI QUEM QUER


Manuel Carvalho da Silva* - Jornal de Notícias, opinião

Esta semana foi marcada pela formalização do pedido de saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Com um tom marcadamente anglófobo, a generalidade dos meios de Comunicação Social portugueses procuraram inculcar-nos a mensagem central de Donald Tusk: os restantes 27 países estão mais unidos do que nunca no seu compromisso com a integração europeia. O que vale esta afirmação, quando o rumo da UE é marcado por profundas contradições e por um acumular de problemas sem resoluções à vista, no que se refere a elevadas taxas de desemprego (em particular dos jovens), à situação dos refugiados, a retrocessos sociais e a fundamentadas desconfianças nos políticos?

Não se pode nem deve esconder a importância da saída do Reino Unido, a segunda maior economia europeia e um país com grande importância geoestratégica no plano europeu e mundial. Sendo certo que os precedentes que se criarem marcarão muito o futuro da UE, não há forma de os camuflar e ignorá-los seria desastroso.

À medida que o processo de integração avança, escamoteando os bloqueios à democracia, e que a UE se mostra incapaz de resolver os obstáculos criados com a crise financeira, nomeadamente no que ao euro diz respeito, as tensões políticas vão-se acumulando por todo o espaço europeu.

PORTUGAL JÁ GASTOU 13 MIL MILHÕES DE EUROS A SALVAR BANCOS


Na última década, ajuda portuguesa aos bancos foi superior à praticada no Reino Unido.

Os contribuintes portugueses tiveram de suportar um custo líquido com a ajuda à Banca e restante setor financeiro no valor de 12,9 mil milhões de euros, o equivalente a 7% do Produto Interno Bruto (PIB a preços de 2016) entre 2007 e final do ano passado, indicam dados novos apurados pelo Instituto Nacional de Estatística.

A fatura - que sobrecarregou diretamente o défice e forçou a tomada de muitas medidas de austeridade (cortes de salários, apoios e pensões e enormes aumentos de impostos) - foi a 6.ª mais pesada dos 28 países da União Europeia analisados, maior até que a do Reino Unido (RU), economia que é 13 vezes maior do que a portuguesa e cujo setor bancário é também muito maior.

O histórico compilado pelo INE mostra que todos os anos a fatura é grande. Em todo o caso, houve uma pausa em 2016, quando o prejuízo imputado ao défice por causa dos apoios públicos ao setor financeiro foi de apenas 380 milhões de euros. Boa parte virá do universo BPN, que era considerado um pequeno banco.

E a despesa só não foi maior porque nem o Novo Banco foi vendido, nem a CGD recapitalizada em 2016. Isso vai acontecer (está a acontecer) este ano, o que poderá conduzir, de novo, a uma pressão enorme sobre o défice e a dívida; e as negociações duras com a Comissão Europeia e o Eurostat para não sobrecarregar de mais o rácio de 2017, agora que Portugal até já cumpre a regra do défice (foi 2,1% do PIB em 2016, um mínimo de décadas) e se prepara para sair do Procedimento dos Défices Excessivos. A favor das contas públicas, espera-se a devolução da garantia prestada ao BPP.

OFFSHORES & AFINS. FINANÇAS PROTEGEM DDTs DIFICULTANDO COMBATE AO CRIME


O título  e primeiros curtos parágrafos explicam tudo, as leis gizadas por lobies poderosos instalados na Assembleia da República, protegem os que recorrem aos offshores, à evasão fiscal, à lavagem de dinheiro. Podemos acrescentar a palavra mágica: eventualmente. Só que para os plebeus que estupidamente votam em servis aríetes e mainatos desses poderosos lobies que legislam “eles estão todos feitos, são mafiosos com falsas capas de democratas e legalistas”. Por essas e outras é que os deputados estão cada vez mais mal vistos, com razões de sobejo. Por essas atitudes e comprometimentos é que a democracia como a conhecemos – um arremedo de democracia – está cada vez mais desacreditada. Urge pôr cobro a isto. 

Leiam a seguir com os vossos próprios olhos os poderes dos donos disto tudo, os que rapinam o país e os portugueses, protegidos por sigilos que são lei e que só fariam sentido se na realidade constatássemos honestidade por parte das elites económicas e financeiras, entre outras. Não é o caso. Cada dia que passa vimos mais dessa espécie descaradamente envolvidas em situações ilícitas ou para lá caminhando. Certo que depois a máquina da Justiça os acaba por ilibar por via de leis alçapão igualmente gizadas na Assembleia da República por algo que dizem “sagrado e competente”, o legislador. 

A teia tem vindo a ser tecida com quase todos os pormenores prejudiciais à sociedade, às populações, à ralé, aos que de 4 ou de 5 em 5 anos são eleitores. Aqueles que acreditam em mentirosos compulsivos como Passos Coelho, ou na honestidade auto-proclamada por Cavaco Silva. E esses são simplesmente um triste exemplo, os outros dessa estirpe são demasiados. Chegámos à fase em que já não sabemos quem são os honestos. E isso é terrível para o país, para os portugueses... e para os honestos. Mas leia o que vem a seguir. Até parece que estamos perante a normalidade numa sociedade que se deseja livre de impostores, de bandidos. O que não corresponde à realidade. Sigilo para imensos milhares de milhões... Pfff. Pois. (MM / PG)

“DEMITA-SE, SR. DIJSSELBLOEM”, EXIGE O PARLAMENTO EUROPEU


As polémicas declarações de Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, sobre a sua visão acerca da solidariedade Norte-Sul durante a crise, continuam a acumular reações.

Esta tarde, os líderes de todos os grupos políticos do Parlamento Europeu pediram a demissão Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, tanto pelos seus comentários considerados ofensivos como pela recusa em comparecer diante do Parlamento Europeu por alegados problemas de agenda.

Da esquerda à direita, euroconvictos e eurocépticos. Partido Popular Europeu, Socialistas e Democratas, Aliança de Liberais e Democratas, Esquerda Unida Europeia, Os Verdes, Conservadores e Reformistas Europeus, Europa das Nações, Europa das Nações, Europa da Liberdade e a Democracia Direta. Todos os líderes dos grupos parlamentares pediram a demissão do holandês.

José Carlos Lourinho – Jornal Económico

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