Manuel
Carvalho da Silva* - Jornal de Notícias, opinião
Esta
semana foi marcada pela formalização do pedido de saída do Reino Unido da União
Europeia (UE). Com um tom marcadamente anglófobo, a generalidade dos meios de
Comunicação Social portugueses procuraram inculcar-nos a mensagem central de
Donald Tusk: os restantes 27 países estão mais unidos do que nunca no seu
compromisso com a integração europeia. O que vale esta afirmação, quando o rumo
da UE é marcado por profundas contradições e por um acumular de problemas sem
resoluções à vista, no que se refere a elevadas taxas de desemprego (em
particular dos jovens), à situação dos refugiados, a retrocessos sociais e a
fundamentadas desconfianças nos políticos?
Não
se pode nem deve esconder a importância da saída do Reino Unido, a segunda
maior economia europeia e um país com grande importância geoestratégica no
plano europeu e mundial. Sendo certo que os precedentes que se criarem marcarão
muito o futuro da UE, não há forma de os camuflar e ignorá-los seria
desastroso.
À
medida que o processo de integração avança, escamoteando os bloqueios à
democracia, e que a UE se mostra incapaz de resolver os obstáculos criados com
a crise financeira, nomeadamente no que ao euro diz respeito, as tensões
políticas vão-se acumulando por todo o espaço europeu.