sexta-feira, 21 de abril de 2017

A ABSOLVIÇÃO DE DONALD TRUMP


Agora sim, o presidente dos Estados Unidos age como lhe compete: trata a Rússia como o inimigo que, com todo o descaramento, procura impedir a balcanização da Síria, assim contrariando o incontrariável Israel; e aponta o dedo ameaçador à China, usando a Coreia do Norte como intermediário.

José Goulão* | opinião

As reprimendas duras de amigos e aliados, a revolta caricaturada em manifestações inconsequentes e mesmo as conjecturas sobre um hipotético impeachment de Donald Trump cessaram como por encanto.

Secaram as lágrimas de crocodilo sobre a tragédia dos imigrantes que a Administração norte-americana declara ilegais; os muros e cercas erguidos na fronteira entre os Estados Unidos e o México passaram a ser compreendidos, como tolerados são os levantados na Europa contra a «praga» dos refugiados (David Cameron dixit); o triste fim do pueril Obamacare perdeu o significado como bandeirinha de um protesto hipócrita, acomodada agora nos fundos de uma qualquer gaveta perdida.

Dissolveu-se assim a tempestade sobre Washington, soprada a partir do mundo que se auto define como civilizado durante os primeiros 100 dias da presidência imperial de Donald Trump. Para alcançar tão pacífica acalmia bastaram um bombardeamento contra o território soberano da Síria; o lançamento de uma superbomba contra o Afeganistão supostamente independente – um feito heróico cantado numa babel de línguas, ainda que viole algumas normas básicas da ONU; um piedoso acto de contrição declarando que «a NATO já não é obsoleta»; e uma arenga com ameaças de guerra contra a Coreia do Norte proferida in loco pelo vice-presidente Mike Pence, imitando uma pose do rambo.

UMA SÍRIA A RETALHOS



A Síria, um país com 185.180 km2 situado no Médio Oriente (Ásia do Sudoeste), é actualmente (desde a eclosão induzida da “Primavera Árabe” em 2011), uma manta de retalhos, um labirinto onde se multiplicam os agentes de caos e de terrorismo, que se cruzam com os mais diversos e sensíveis grupos étnicos e religiosos que povoam toda a região, alguns dos quais desde há milénios.

Os manifestantes, conduzidos por agitadores profissionais apoiados pelos ocidentais e seus aliados das monarquias arábicas wahabitas, “produziram” múltiplas “praças Maidan” em todas as cidades sírias praticamente em simultâneo em 2011 e 2012, institucionalizando a subversão a partir de então numa escalada que obrigou a passar do estágio civil para o estágio militar, pois uma parte do recrutamento, incluindo o recrutamento do Estado Islâmico e da Frente al-Nusra, ficaram assim garantidos a partir de rectaguardas múltiplas: Turquia, Israel, Jordânia e Iraque.

Por outro lado a injecção de mercenários nos vários instrumentos da subversão, podia-se então começar a fazer em função das necessidades e da evolução da situação militar, na medida em que também eram fornecidos os armamentos aferidos ao desenrolar das batalhas.

Apesar disso o governo do Partido Árabe Socialista Baath que tem à frente Bashar al-Assad, apoiado pela força-tarefa russa de geometria e sensibilidade variável, assim como pelo Irão e grupos afins que se encontram espalhados desde o Líbano até fronteira iraniana-síria, dominam no essencial do território, nas regiões mais densamente povoadas do país e nas cidades mais cosmopolitas e importantes, como Damasco, Alepo, Homs, Latakia, ou Tartus.

IRÃO: CASO EUA NÃO PARE AQUI O ATAQUE NA SÍRIA SERÁ SÓ O COMEÇO


A nova doutrina da administração dos EUA na Síria é baseada nas sugestões vindas da administração de Israel: reduzir o nível de expansão da influência da Rússia no Oriente Médio, separar Moscou do Irã, colocar contra a parede tanto o Irã como as falanges do Partido libanês "Hezbollah" na Síria, deixar a força aérea russa, BKC na sigla russa, sem combatentes na terra de aliados assim como jogar o exército da Síria de Assad na beira da derrota militar.

Nicolai Bobkin*

Não há dúvidas de que o ataque de mísseis na base aérea militar da Síria sancionado por Trump faz parte desses planos ( этих планов ). Entretanto, o enfiar de uma cunha de separação na boa relação entre Moscou e Teerã não deu o resultado intencionado, ou seja, não teve sucesso. A Rússia e o Irã demonstraram um entendimento sem precedentes e isso num nível de alto escalão militar.

Em 8 de abril deu-se uma conferência telefônica ( телефонный разговор ) entre os generais-chefes do Estado Maior das forças armadas dos dois países, o general-de- divisão Mohammad Hоssеin Bagheri, por parte do Irã, e o general do exército Valério Gerasimov, por parte da Rússia. No mesmo dia o assunto foi discutido na Síria entre o secretário do Conselho de Segurança do Irã, o sr. Ali Shamkhani e, por parte da Rússia, o sr. Nicolai Patruchev. Não houve nenhum desacordo quanto ao fato de que o ataque dos EUA apresentava-se óbviamente como uma agressão planejada de antemão. A intenção do mesmo também estava clara: retardar o avanço do exército sírio e levantar a moral no quadro dos terroristas e seus protetores, patrocinadores e apoiantes.

CHINA E RÚSSIA SEGUEM MAIS UNIDAS QUE NUNCA!


Agência de Segurança Nacional de Trump só blefa

O Ministério de Relações Exteriores da China anunciou hoje cedo que o Secretário Geral de Administração do Partido Comunista da China Li Zhanshu visitará a Rússia nos dias 25-27 de abril, atendendo a convite de seu contraparte, chefe da Administração da Presidência no Kremlin Anton Vaino. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, Lu Kang disse em Pequim que os dois funcionários discutirão relações China-Rússia "como foi combinado entre os líderes dos dois países" e que o lado chinês confia que a visita aprofundará ainda mais as relações sino-russos. (TASS)

MK Bhadrakumar, Indian Punchline*

Li será a segunda alta autoridade chinesa a visitar Moscou nesse mês de abril. O presidente Vladimir Putin recebeu o 1º vice-premier da China Zhang Gaoli (que é também membro do Comitê Central do Politburo do Partido Comunista Chinês) no Kremlin dia 13 de abril, um dia depois, por falar em datas, da visita do secretário de Estado dos EUA Rex Tillerson a Moscou.

Zhang é um dos czares da economia no sistema chinês e a conversa com os russos focou-se nos investimentos chineses na Rússia e na cooperação no campo da energia. Mas parte de sua tarefa foi preparar a visita "de trabalho" que Putin fará a Pequim, no contexto daReunião de Cúpula do Projeto Um Cinturão Uma Estrada, dias 14-15 de maio, que será aberta pelo presidente Xi Jinping.

A “EDUCAÇÃO” PARA O RACISMO COMEÇA NA INFÂNCIA


Vídeo comprova que a crença da supremacia de uma raça superior começa em criança

M. Azancot de Menezes, Díli | opinião

Há tempos recebi uma mensagem electrónica acompanhada de um pequeno vídeo. As imagens do vídeo mostram uma mesa com duas bonecas (uma de cor preta e outra de cor branca), um “pedagogo”, e crianças de «raças» negra e mestiça que são interrogadas, uma de cada vez.

O teste é muito simples: o pedagogo pergunta à criança qual é a boneca mais bonita, ou a boneca má, e a criança tem que apontar com o dedo a sua escolha.

Pois, acredite-se, a resposta, como se pode observar no vídeo, é sempre a mesma: a boneca branca é a mais bonita, e a boneca negra, é sempre, má e ilegal.

As respostas das crianças interrogadas e a forma como respondem, refiro-me aos seus rostos, alguns tão acanhados e humilhados, são profundamente comoventes, enternecedores, um facto revoltante, e por isso convidam-nos à análise e à profunda reflexão.

AINDA E SEMPRE, OS PRINCÍPIOS DE UM ESTADO DE DIREITO


Paulo Baldaia | Diário de Notícias | opinião

A ideia de que os princípios com que se constrói um Estado de direito devem ser vistos em dois planos, o abstrato e o concreto, tem feito caminho no cada vez mais difícil debate sobre a Justiça. Não ignoro que a falta de condenações em tribunal não implica a inexistência de corrupção em Portugal. O que não posso aceitar como cidadão é que se substitua a luta por melhores leis, mais meios de combate ao crime, mais e melhores polícias e magistrados por acusações em despachos de arquivamento ou condenações na praça pública.

Percebo quando Nuno Garoupa diz, no DN de terça-feira, que "continuar a insistir, no debate público, de que só devemos falar de corrupção quando haja condenação transitada em julgado é fugir da realidade de uma justiça penal que não funciona, é ajudar à construção de uma ficção doentia (não há corrupção em Portugal), é alimentar o populismo e o justicialismo, assim como a despolitização do cidadão e o seu alheamento eleitoral, e é tolerar e perdoar a corrupção." Percebo, mas não concordo que exista aí um problema. Não conheço quem, em abstrato, defenda que não se deve discutir a corrupção sem ser em casos concretos com condenações transitadas em julgado, mas li várias pessoas contestando um despacho de uma procuradora que arquiva um processo carregado de insinuações e que nos trouxe de volta ao debate sobre o modo como funciona a Justiça. Cito três exemplos:

1 - Miguel Sousa Tavares, no Expresso: "O despacho em que o MP arquiva os autos é digno de figurar nas colectâneas de jurisprudência e nos manuais escolares como exemplo do que é a distorção da Justiça."

2 - Daniel Oliveira, no Expresso: "O despacho é um conjunto de conjecturas, deduções lógicas e insinuações para chegar ao fim e dizer que nada está provado. Temo que os magistrados já achem absolutamente natural trocarem o processo pela suspeita, a prova pela opinião, a sentença pela notícia."

3 - Pedro Adão e Silva, no Expresso: "Estava convencido de que um inquérito-crime podia ter um de dois fins: acusação ou arquivamento. Pelos vistos, em mais uma das singularidades em que o nosso país é pródigo, há uma terceira possibilidade: o arquivamento com nota de culpa."

Portugal. Passos Coelho e Paulo Portas procuraram "a desforra do 25 de Abril"




Partido Socialista celebrou 44 anos esta quarta-feira e socialista lembra que o partido é o que melhor representa os ideais de Abril.

Com o 25 de Abril aí à porta, Simões Ilharco aproveita a sua crónica na edição desta semana da Ação Socialista para defender “a cumplicidade do PS com os ideais de Abril”, que, segundo o mesmo, “não poderia ser maior”.

“O PS é, com efeito, o partido-mor da nossa democracia. A fronteira da liberdade, como dizia Soares. Celebrar mais um aniversário do PS é celebrar Abril”, começa por escrever, referindo-se ao facto de o partido ‘rosa’ ter comemorado os seus 44 anos de existência no mesmo mês em que se celebra a liberdade.

Ilharco salienta ainda que o partido “andou sempre de mãos dadas com Abril” e que o acordo de Esquerda é uma “experiência inédita da democracia”, que prova isso mesmo.

“A melhor forma de celebrar Abril é a maioria parlamentar de esquerda, que suporta o Governo, manter-se coesa e unida, evitando-se, assim, o regresso da direita anti-Abril”, atira, após de defender que o anterior Governo é responsável por um "mandato de má memória" em que Passos Coelho e Paulo Portas procuraram "a desforra do 25 de Abril, pondo em causa algumas das suas principais conquistas”.

Andrea Pinto | Notícias ao Minuto

TERRORISMO. MILHENTOS RAIOS OS PARTAM!


Mais um ataque terrorista em Paris. A saber não houve notícia de ataques terroristas dos EUA e outros a populações civis, como acontece bastante. Pelo menos não foram noticiados. Em Paris um atirador disparou indiscriminadamente sobre polícias, atingiu três. Parece que foi um que morreu e dois ficaram feridos. Às primeiras horas chegaram a dar por mortos três polícias, mas não. Holland, le president, confirmou que o “estrago” tinha sido menor do que o anunciado no “calor” do sucedido. Entretanto o Daesh reivindicou o ataque logo nas primeiras horas. Teve essa preocupação. É que por vezes, após ataques terroristas – caso da ponte em Londres – fazem silêncio e depois é que vêm reivindicar os ataques. Topa-se à distância que se “colam” a atos de loucos isolados, de esquizofrénicos, de tipos(as) que nem sequer deviam ter nascido, muito menos andarem por aí a desrespeitar as vidas. E o mesmo se aplica a dirigentes de certos países, aos fulanos das drogas e armamentos, do tráfico humano, etc. Afinal todos são terroristas com o propósito de não nos deixarem viver em paz, em harmonia. Milhentos raios os partam.

No Curto com que se vai deparar mais em baixo, se continuar a ler, tem o tema eleições em França, no domingo. Há aquela tipa fascista, a Le Pen – que também não devia de ter nascido – que pode acabar por vir a ser presidente dos “mes amis de caractère chauvin à l'épuisement” (meus amigos de caracter chauvinista até à exaustão), esses, os franceses de raiz e empedernidos. Já nem merecem mais palavras se elegerem tal megera. Depois de 70 anos idos de “levarem” com a bestialidade de Hitler muitos franceses querem voltar ao mesmo com aparentes novas roupagens. Por favor… Milhentos raios vos partam.

O Curto de hoje tem a lavra cafeeira de Miguel Cadete, saboroso e com espuma. Vá ler. Antes, porém, agarramos uma frase que mais lá para baixo, no texto, refere por autor José Miguel Júdice, e diz o homem à direita q.b.: “Passos Coelho está morto politicamente e ainda ninguém lhe disse”. 

Excelência, dom Miguel, estão fartos e refartos de dizer isso mesmo a Passos e a outros dessa nefasta trupe. O que parece é que eles padecem de autismo porque assim lhes convém. É um truque muito usado pelos Chicos Espertos da nossa praça. E agora, dom Miguel, não se ponha frente ao espelho porque de enviesado pode descobrir mais alguém e mais alguns desse jaez…

Bom dia. Bom fim-de-semana. Boa vida… Claro que estamos a brincar, a ironizar sobre essas coisas boas a que temos direito mas que nos são sistematicamente roubadas… por esses tais que falam sem se verem ao espelho.

No topo, na imagem escolhida, fomos buscar Picasso o Pablo. Apeteceu. Esta obra tem por título "Retrato de Dora Maar". Gostamos muito.

Vamos de frosques. Saúde para todos vós. Já é muito bom se assim acontecer.

MM | PG

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