Martinho Júnior | Luanda
Das
opacidades mais obcenas do capitalismo, desde princípios da década de 90 do
século passado que planeta fora, incontinente, se distende o líquido viscoso,
sangrento e sulfuroso do choque neoliberal, tisnado em chamas e fumo de caos,
terrorismo, desagregação, miséria e morte…
Nesse
material agónico e putrefacto, os mercenários proliferam à rédea solta como
fantasmagóricos cavaleiros do apocalipse, montando rançosos cavalos-alados com
odor a enxôfre, por que dum estado irremediavelmente vulnerável, exangue,
minguante e decadente, privatizar-se-ão sem limites os lucros em benefício duns
quantos, em parcerias que o corroem até à medulla e o levam à exaustão!...
…
As perdas serão assim garantidamente socializadas, precavendo ao mesmo tempo um
destino traumático que artificiosamente desemboca na inércia estupidificante de
nações inteiras e de povos-alvo dessa epidemia em espiral, cúmulos inebriados
de desgraças, de todo o tipo de desgraças e misérias e círculos viciosos,
caóticos e labirínticos… sem saída e sempre em nome da “democracia”!...
O
medo, a violência, o ódio, a decadência, a ignorância, gaseificam-se em
espirais ondulantes na planura da terra arrasada, matriz de propaladas crises
sistémicas, para que mesmo na terapia seja plena a letargia humana, sem
remissão, nem alternativas… e o homem se torne carente flácido da piedade e da
caridade precarizada, hipócrita, cínica e viral dos poderosos e dos ricos sobre
todos os demais!...
Consumados
os ciclos, a vida humana vai-se confinando até no espaço disponível à
sobrevivência e o planeta cada vez pode dar menos garantias de qualidade em
prol da vida, com as transformações de que é alvo desde o início da revolução
industrial!...
Quando
os povos se tornam por fim exangues, dar-se-á sequência ainda, pelas
contraditórias e mágicas artes dum mercado deificado, às efervescências
segmentadas de outros lucros, à custa de sua rendição amorfa injectada pela
terapia neoliberal, por que os milhares de mercenários que foram actores da
guerra se redimem e preparam o terreno para outros milhares de mercenários e
piratas e corsários, que se sucedem e manipulam o consumo nos escabrosos
caminhos duma paz não mais que formatada, não mais que manipulada, por que está
presa desse labirinto… um labirinto consumista de espelhos, de equívocos de
liberdade e créditos mal-parados e irresolúveis, um labirinto que se afunda em
banca-rota e num pré-aviso de guerra civil!...
A
subversão dessa paz leva a miragem à beira do abismo: é uma paz hipnótica que
não passa da expressão estonteante duma barbárie próxima do estertor da “civilização
judaico-cristã occidental”, conforme às doutrinas feudais e fundamentalistas
do “Le Cercle”, inculcadas década após década para que o mundo morra de
tédio nas fogueiras das modernas inquisições, asfixiado de overdose das praças
Maidan e os clérigos desse sistema putrefacto, zelosamente multipliquem, à
sombra de extintos papados, (polaco como alemão), as orgias profanas de etéreas
pedofilias…
…
Por essa injecção de poderosa droga geradora de mentalidade pérfida e sem
qualquer laivo de consciência cívica, humana e responsável, até as sombras dos
claustros, das sacristias e das escolas, se arriscam a sumir nos ocasos da
vergonha, em secretos rituais e práticas à espera de revelação e de
escândalo!...